POV Hermione Granger

Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante 
Me transporto pra perto de você 
Já vi que não posso ficar tão solta
que vem logo aquele cheiro 
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito 
Enquanto você conversa e me beija 
Ao mesmo tempo eu vejo 
As suas cores no seu olho tão de perto 
e me balanço devagar 
Como quando você me embala 
O ritmo rola fácil 
Parece que foi ensaiado

Eu não podia voltar daquela maneira para o dormitório, então corri pro banheiro e parei em frente ao espelho.

-Hermione?

Virei-me tão depressa que minha cabeça girou. Luna estava sentada perto de um dos banheiros e me olhava surpresa.

-Luna, o que faz aqui? – perguntei.

-Estava pensando, há muito barulho no salão comunal! – ela respondeu.

-Ah! – não parecia uma boa resposta.

Ela me avaliou por um momento, depois se levantou e ficou ao meu lado olhando pra nosso reflexo no espelho.

-Parece que você foi atacada por um trasgo! – ela informou.

Eu gemi. Ela riu.

-Eu sei, estou horrível!

-Foi o Malfoy, não é? Vi vocês juntos na biblioteca. Eu estava indo pra lá, mas vi que estava meio ocupada, então vim pra cá. – ela explicou.

-Ele vai me enlouquecer Luna, eu não sei o que fazer. – falei desesperada.

-Primeiro tem que se arrumar, antes que alguém te veja assim, e depois pode me contar, se quiser. – ela falou mexendo numa pequena mecha de seu cabelo incrivelmente loiro, mas não sujo como antes.

-Tem razão, você me ajuda?

-Claro!

Ela subiu minhas meias até acima do joelho enquanto eu recolocava dois botões de minha camisa e arrochava minha gravata, desci a saia até quase tocar as meias. Luna penteou meu cabelo gentilmente e depois passou pó de arroz em meu rosto corado, por ultimo apontou a varinha pra minha nuca e pra minhas pernas e murmurou um feitiço.

-O que você fez? – perguntei curiosa.

-As marcas, - ela riu baixinho. – ele te encheu de marcas!

-Obrigada!

Sentei no chão e ela sentou-se ao meu lado. Eu gostava de Luna, ela era uma boa amiga; não vai me acusar como Harry provavelmente faria, ou falar coisas pervertidas como Gina com certeza falaria. Luna era simplesmente o meio termo, ela me falaria a verdade, ela me daria conselhos baseados no melhor pra mim e não baseados no seu conceito de diversão.

-Ele é extremamente complicado: uma hora me beija, dois minutos depois ta me chamando de sangue-ruim. – eu disse. – nunca o entendo!

-Você gosta dele, não é?

-Acho que sim, mas ele é Sonserino!

Ela ignorou a segunda parte.

-O que você gosta nele?

Fiquei em silencio por um longo tempo, pensando. Luna não pareceu incomodada.

-Eu gosto dos olhos dele, do sorriso verdadeiro que raramente aparece, gosto do jeito como ele fala meu nome e de como ele me toca às vezes com cuidado e às vezes não, gosto quando ele suspira, gosto do jeito sarcástico e superior que ele exibe pelos corredores, eu gosto das suas mãos frias e de como ele parece ficar contente quando estou por perto...

Luna sorriu.

-Quer sinceridade?

Eu assenti.

-Acho que você está apaixonada pelo Sonserino mais canalha e frio que eu conheço. – ela disse.

-Acha que eu não devia ficar com ele? – perguntei.

-Não Hermione, eu acho exatamente o contrario. Você nem imagina o quanto parece feliz, seus olhos brilham só por você dizer o que gosta nele. – ela explicou sorrindo radiante.

-Luna, eu não quero sofrer por ele.

-Hermione, você pensa de mais, se você não sofrer por querê-lo agora, vai sofrer por não ter tentado. Se não fizer dar certo; nunca mais vai saber como poderia ter sido. – ela insistiu.

-O problema é que ele é Sonserino, seus pais me odeiam, ele não me quer e meus amigos não aceitariam. – eu lhe disse.

-Pare Hermione, você está procurando desculpas pra não ser feliz. Você gosta do Malfoy exatamente porque ele é Sonserino, do contrario você teria se apaixonado pelo Ron. Os pais dele? Quem liga pra eles? E os teus amigos te amam, vão aceitar por você.

-Mesmo assim, ele não me quer!

-Se ele não gostasse de você, não teria ficado com tantos ciúmes.

Eu suspirei. Luna me dava esperanças e eu tinha medo delas, eu não sabia se me sentia feliz por achar que ele podia gostar de mim, ou se me sentia triste por querê-lo tanto.

-Tenho que voltar pro dormitório, antes que procurem por mim. – eu disse baixinho.

-Tudo bem!

-Você não vem? – perguntei já de pé.

Ela sorriu e se levantou, andamos em silencio pelos corredores, era calmo ficar com Luna, ela me deixava imaginar.

-Acho que eu viro aqui, bom, pense no que te disse Hermione. Boa noite!

E ela se foi, saltitando, parecia tão feliz o tempo todo, Luna era um exemplo de que apesar dos problemas, tudo sempre tem um lado bom.