Remus Lupin

- Tem como o dia ficar melhor? – Dorcas comentou enquanto andava de mãos dadas por uma rua movimentada com Remus. – Um dia lindo de sol com você – Remus sorriu para ela e a beijou.

O dia estava realmente muito bom e ele não podia reclamar do seu namoro com Dorcas, porque era uma das melhores coisas que havia acontecido com ele nos últimos tempos. Ambos davam-se muito bem e compartilhavam muitos gostos em comum. Nada poderia atrapalhá-los.

Ou pelo menos era o que ele pensava até que uma voz muito conhecida soou atrás deles.
– Remus?

Remus sentiu algo como se um balde de agua fria houvesse sido atirado sobre ele. Virou-se lentamente na direção de quem o havia chamado e deparou-se com Emmeline Vance, sua ex-namorada.

Tentou aparentar normalidade.
– Emme! – sorriu amarelo. – Como você está? – perguntou e ao seu lado pode sentir Dorcas encará-lo.

– Vou bem – a garota disse e hesitou antes de encará-lo com uma expressão esquisita. – Com saudades só. Você ficou de ligar, mas nunca ligou.
Remus engoliu em seco. A verdade era que, há um ano, Remus havia peço um tempo para Emmeline porque já não gostava dela e disse que ficaria de ligar e, bem, não ligou.

Boa parte da culpa disso era o fato de que conhecera Dorcas.
– Ah, bem... Hmm. Sabe como é, fiquei ocupado – E é claro que ele precisava falar alguma merda para estragar tudo.

Emmeline voltou seus olhos para Dorcas e encarou-a de cima abaixo com as sobrancelhas erguidas. Um mau sinal.

– Percebo – ela falou sarcasticamente.
– Vocês se conhecem de onde mesmo? – Dorcas perguntou parecendo irritada pela atitude de Emmeline. Até mesmo ele queria sair logo dali.
– Ah... A Emme, ela...
– Eu sou a namorada que ele deixou esperando – Emmeline disse e Remus gostaria de mata-la.
Dorcas estreitou os olhos e o encarou.
– Sério? Que coisa... Interessante – ela respondeu sorrindo ironicamente para Emmeline.
Silêncio.
Remus achou que já estava na hora de tirá-la dali, então virou-se para Emmeline
– Bom, então, muito bom rever você Emme... line – ele concluiu ao ver o olhar que Dorcas lançou para ele. – Mas a gente ficou de encontrar uns amigos, então...
– Sei. Bom, foi bom ver você também Remus. Prazer... ãnh...
– Dorcas – sua namorada respondeu em um tom cortante.
– Prazer em conhecer Dorcas – Emmeline disse com um tom que dizia que não havia gostado nada de ter conhecido Dorcas.
Remus praticamente arrastou Dorcas para longe, mas ela simplesmente tirou sua mão de cima dela e parou em sua frente, encarando-o indagativamente.
– Nossa, porque toda essa pressa? – é claro que ela não deixaria aquilo quieto.
– Pressa? Não estou com pressa nenhuma – merda, porque não conseguia usar suas aulas de teatro com Dorcas? Era óbvio que ela tinha percebido que ele estava mentindo.
– Tem alguma coisa que você não quer que eu saiba Remus? – perguntou ela impedindo-o de continuar a andar.

– Olha só Dorcas, não estou escondendo nada de você okay? É só que você não conhece a Emmeline, e eu acho que é melhor você nem conhecê-la também. Ela não é uma pessoa muito legal de se ter por perto.
Dorcas ficou parada por um momento até que concordou com a cabeça.
- Tudo bem então – ela começou e suspirou. – É melhor a gente ir de uma vez, eles estão nos esperando.

Remus concordou e ambos voltaram a caminhar. Ele só rezava aos deuses que Emmeline não fizesse nada para estragar sua relação com Dorcas, pois estava bem demais para perder tudo.

Infelizmente ele conhecia sua ex bem demais para saber que ela era alguém muito vingativa.


James Potter


Duas horas da madrugada e James havia acabado de assistir um filme com Lily e Sirius. Ou melhor, apenas com Sirius, pois Lily havia dormido nos primeiros dez minutos.
– Muito foda esse filme! – James comentou com empolgação para Sirius, porém o amigo não respondeu. – Sirius?

Olhou na direção do amigo que estava parecendo um morto deitado no sofá.
– Que le-gal! – James resmungou enquanto desligava o DVD e atirava-se para deitar ao lado de Sirius. Lily estava tão esparramada em sua cama que praticamente não sobrava nenhum espaço para ele deitar.

Estava quase caindo no sono quando um berro o fez acordar assustado.
– AHHHHHHHHHHHHHHHHH – o grito de Lily fez com que todos os pelos de seu corpo se eriçassem. Parecia que ela estava sendo torturada ou qualquer coisa do tipo.

– O que foi Lily? – perguntou preocupado, levantando-se do chão (onde havia caído por causa do susto).

Sirius, que também havia acordado com o berro, acendeu o abajur e James encarou uma Lily parecendo extremamente desesperada.

– Eu quero Castanha-do-pará James! – ela disse desesperadamente.
– Castanha-do-Pará? – James perguntou com receio. – Mas, Lily, nós estamos na Inglaterra e que eu saiba isso só tem no Brasil.

– Eu quero James! – Lily olhou mortalmente em sua direção fazendo-o engolir em seco. – EU QUERO! EU QUERO! EU QUERO!
Ótimo.


– Cara, eu devo te amar muito pra não te matar por me fazer sair às duas da manhã pra comprar Castanha-do-Pará. – Sirius resmungou enquanto ajeitava o casaco em cima de seu pijama. Estava frio e ambos estavam completamente amassados por ter acordado no meio da noite.

– Eu sei cara, eu sei. – James respondeu sentindo-se culpado.
Ambos estavam em uma rua qualquer de Londres, numa noite fria, tentando achar algum lugar onde encontrar a tal da castanha que Lily tanto queria.

Estava óbvio que seria mais fácil ressuscitar Harry do que achar a maldita fruta.
– Você tem noção de que vai ser impossível a gente achar isso essa hora não é? – Sirius disse e bocejou logo em seguida.
– Sim, eu tenho – James responde com mau humor.
– Então é melhor ir se acostumando com a ideia de ter um filho com a aparência de uma castanha-do-pará.
James lançou um olhar mortal na direção do amigo que ficou instantaneamente quieto.

X---X

UMA HORA DEPOIS.

Ainda à procura da castanha perdida, ambos encontravam-se em mais uma rua escura, com frio, com sono e com fome. Uma ótima madrugada. Sério.
– Cara, sinceramente, isso está ficando ridículo. Está na cara que nunca vamos achar essa coisa que a Lily tanto quer.
– Castanha-do-Pará – James murmurou.
– Que seja - disse Sirius enquanto sentava em uma escada na porta de alguma casa. - Ou você acha mesmo que por algum milagre dos Deuses vai aparecer um restaurante brasileiro ou algo do tipo na nossa frente que venda essa castanha?
James preferiu não responder. Era bem verdade que eles não iam encontrar nunca a tal fruta. Estava prestes a dizer para Sirius que era melhor  irem para casa quando as luzes da rua se acenderam e bem em frente de onde eles estavam um letreiro bem grande apareceu com as palavras que fizeram dele o cara mais feliz do mundo: Brasileirinho - o restaurante verde e amarelo de Londres.
– ‘Tá brincando! – Sirius disse completamente incrédulo.
James não disse nada, estava tão incrédulo quanto Sirius.
– Cara, eu acho que meu discurso sobre a morte do Harry deve ter tocado o coração de Deus. Só assim pra esse milagre acontecer - disse Sirius levantando imediatamente da escada onde estava sentado. - Sabe o que isso significa James?
– Que meu filho não vai ter cabeça de castanha? - perguntou feliz, afinal, quem é que quer um filho com a cabeça parecendo uma castanha?
Sirius deu um tapa em sua cabeça e respondeu:
– Também. Mas eu não estava falando sobre isso, eu estava falando que agora faltam poucos minutos até a gente poder voltar pra casa e dormir.

 X—X

Depois de terem chegado em casa com uma sacola cheia de castanhas subornadas de um chefe de cozinha rabugento, Lily comeu tantas castanhas quanto podia (o que foi realmente muito).

– Eu já disse que eu amo vocês? – perguntou ela enquanto colocava outra castanha na boca. James sorriu com a visão, era tão estupidamente hilário tudo o que eles tinham feito para que ela pudesse comer aquelas benditas frutas.
– Umas dez vezes só essa noite – Sirius comentou enquanto comia mais uma castanha.

Ao que parece Lily não era a única que parecia estar prestes a morrer se não comesse aquelas frutas.

Finalmente, depois de tanto sofrimento e dor – que Deus abençoe o drama – James finalmente conseguiu dormir em paz.

Ou pelo menos foi isso o que achou.
– James querido - a voz de sua mãe o chamava das profundezas de seu sono.
– Ãnh? – ele resmungou com a voz engrolada pelo sono.
– Está na hora de você levantar, se não você vai se atrasar – falou ela.
Ãnh? Como assim se levantar? Não fazia nem 2 horas que ele tinha deitado e ela queria que ele levantasse? Nem f*dendo.
– Me deixa dormir – ele falou tapando-se até a cabeça.
– Nada disso mocinho! Hoje você tem que fazer a prova da vestimenta para o casamento lindinho. Você não vai se atrasar! Não mesmo. Agora que você vai ser pai, tem que arcar com suas responsabilidades.
Cara, ninguém merecia esse negócio de prova de vestes. Como se não fosse ruim o suficiente saber que ele iria ter de casar aos 17 anos.

Não que ele não gostasse da ideia de casar com a Lily, claro que não.

Era só que ele pensava nesse tipo de coisa só para alguns dez ou mais anos no futuro.
Levantou-se lenta e com muita má vontade, sentindo a noite mal dormida parecer roer seus ossos. Quando ele baixou, Sirius também estava com uma cara nenhum pouco legal de quem foi acordado antes da hora.
– Eu juro, se sua mãe não fosse tão legal comigo e se a Lily não fosse sua futura esposa eu matava as duas. Cara, eu fiquei a maior parte da noite caçando castanhas e quando finalmente eu fui dormir sonhei que eu morria soterrado por milhares de castanhas-do-pará malucas. E como se não bastasse sua mãe me acorda duas horas depois de eu conseguir dormir. Eu mereço. Você tá me devendo uma James. – bufou.
– É cara, desculpe por isso – James resmungou.
O som da campainha soou e a mãe de James foi atender.

Era Remus.

– Hey – Remus os cumprimentou.
– Hey, que cara é essa? – foi a primeira coisa que Sirius disse ao ver o amigo.
– Vocês não vão acreditar. – Remus resmungou e foi para o lado deles. – Ontem eu stava com a Dorcas na rua, quando Emmeline Vance me parou e começou a provoca-la.
James suspirou. Emmeline não era a pessoa mais legal do mundo, longe disso.

– Mas você acha que ela seria capaz de fazer algo com vocês? Tipo, tentar estragar o namoro e tudo o mais? – Sirius perguntou parecendo preocupado, o que era estranho pois há um ano atrás ele estava super empolgado por Remus estar saindo com Emmeline (a gostosa).

Lene devia estar fazendo um bom trabalho no garoto.
– Não sei, acho que não...  acho – Remus disse com incerteza na voz.

Bem, James rezava para que ele estivesse certo.
– Vamos garotos? – perguntou a mãe de James com as chaves do carro balançando na mão.

X---X

Assim que chegou na loja de vestes, James pensou que preferia ficar um mês procurando castanhas para Lily de madrugada do que aquela tortura. Ele foi obrigado a trocar de roupa pelo menos um trilhão de vezes.
– Eu odeio andar de terno cara – James resmungou assim que finalmente achou o terno ‘certo’.
– Tem razão, você fica parecendo um pinguim – Remus disse enquanto recuperava-se de um ataque de risos por causa das reclamações de James com relação aos ternos.
– Eu não pedi sua opinião Remus – James disse irritado.
– Owun, meu filho ficou tão fofo com esse terno! –  sua mãe disse, lágrimas brilhavam em seus olhos pela emoção. – A Lily vai amar! Você parece um ursinho! 
Ótimo! Tudo que ele mais queria era estar no altar parecendo um ursinho. Não ia ser demais?
Definitivamente não.