xx Justin xx Acordei com meu celular vibrando ao meu lado. Abri meus olhos com certa dificuldade. Kristin ainda estava dormindo. Sorri. Peguei meu celular, no visor mostrava uma chamada perdida da Selena. Levantei da cama e saí do quarto. Desci e fui pra cozinha. Retornei a ligação. Chamou e logo ela atendeu. - Jus! Bom dia. – ouvi ela falar de modo animado do outro lado da linha. - Bom dia, Sel. – não consegui evitar um sorriso. - Onde você tá? Quer sair pra almoçar? – ela perguntou. - Pode ser. Aonde vamos? – ignorei uma de suas perguntas. - Depois a gente resolve isso. – ela falou. - Tá, vou me arrumar e já passo pra te pegar. – falei. Demos tchau e desliguei. Subi novamente, Kristin ainda estava dormindo. Vesti minha roupa – que já estava quase seca –, e calcei meu tênis. Dei um beijo na bochecha dela e desci, logo depois saí de lá. Passei as mãos pelo bolso. Droga, onde estão as minhas chaves? – Tentei abrir o carro, estava aberto e vi que a chave estava na ignição. Vi a amiga de Kristin chegando e acenei, ela acenou de volta. Entrei no carro e fui em direção da minha casa. - Ei, Kenny! – o chamei assim que passei pelo portão. Kenny estava passando pelo jardim. Ele virou e deu um sorriso. - Biebs? Acordado há essa hora em um dia livre? Uau! – ele zombou. Revirei os olhos. - Não estou com tempo pra brincadeiras, Kenny. Minha mãe sabe que não passei a noite aqui? – perguntei aflito. - Não sei, Justin. Tava com a namoradinha? – ele riu. - Ahn... É, estava. – falei com um pouco de vergonha. - Mas vocês... Usaram proteção, certo? – ele me pareceu um tanto curioso. Ri. - Não rolou nada, pode deixar. – falei passando a mão na nuca. - Sei... – ele falou e deu uma risadinha zombeteira. - É sério Kenny. Entra aí, não quero enfrentar a fera sozinho. – falei e nós dois rimos. Kenny entrou no banco do passageiro e fui em direção da garagem. Estacionei o carro e entramos pela porta dos fundos. Fui surpreendido pela minha mãe parada perto da porta com os braços cruzados e uma expressão de “fui contratada pra fazer uma maníaca em um filme de terror e aqui estou eu.” - Justin Drew Bieber, onde você estava e por que não dormiu em casa? – ela praticamente gritou. Não falei? - Eu estava com a Kristin, choveu muito e não deu pra voltar. – respondi nervoso. Sua expressão furiosa se suavizou, logo se transformando em um sorriso. - Sobe. Depois quero conversar com você. – ela falou. Sorri em agradecimento. – E você Kenny, não pode me esconder o que esse mocinho faz. – ela falou. Kenny fez uma careta engraçada, parecia uma criança de cinco anos inconformada por não ganhar o que queria no Natal. - Droga, sempre sobra pra mim! – ele falou batendo o pé, fazendo eu e minha mãe rirmos. Subi e fui pro meu quarto. Joguei meu celular e a chave do carro em cima da cama e depois tirei minha camisa. Escutei alguém bater na porta. - Entra. – falei e sentei na cama. Minha mãe entrou. Ela estava sorrindo. - Jus, sei que você já é grandinho e sabe disso, mas... Vocês usaram preservativos? – ela perguntou, estava nervosa. Ri baixo. - Mãe, fica tranquila, a gente não fez nada. Eu fui lá pra pedir desculpas pra ela. – falei envergonhado. Ela pareceu ficar aliviada. - Desculpas? – perguntou confusa. - Ela descobriu sobre mim. – falei abaixando a cabeça. Ela acariciou meu braço. - Uma hora ela tinha que saber, Jus. – falou. Seu rosto tinha um sorriso doce. Sorri. - Eu sei... Mas já está tudo bem agora. – falei. Ela assentiu e levantou. – Mãe? – a chamei. Ela se virou pra mim. - Vou sair com a Selena. Volto mais tarde. – falei. Ela sorriu e saiu do quarto. Fui pro banheiro, tomei meu banho e fiz minhas higienes. Saí à procura de alguma roupa boa. Peguei uma calça jeans e uma blusa gola ‘V’ branca. Vesti a roupa e calcei meu Supra roxo. Peguei meu celular e a chave do carro. Desci. - Bom dia, flor do dia. – escutei Chaz falando. Eles estavam tomando café. - Bom dia. – falei sorrindo fraco. - Biebs, sua namoradinha é a maior gata. – Ryan piscou pra mim. - Sem gracinhas, Ryan. – meu sorriso desapareceu. Eles riram da minha reação. - Relaxa cara, gostei mais da loirinha, Rebecca. – Ryan falou mordendo o lábio inferior. Bufei. - Que seja. Mas, ela é muita areia pro seu caminhãozinho, Ryan. Se anima não. – falei e fui pra garagem. Entrei no carro e antes de sair mandei uma mensagem pra Selena, dizendo que já estava a caminho. Quando estava quase chegando, recebi sua resposta. Em alguns minutos eu já estava na rua dela. Parei em frente à casa grande, de cor esverdeada. Buzinei e logo Selena entrou no carro. - Oi Jus. – ela sorriu e me deu um beijo na bochecha. - Oi Sel. – sorri fraco. - Senti saudades. – ela falou fazendo bico. - Eu também. – ri. Não havia um dia desde que nos vimos. - Então, aonde vamos? – perguntou animada. Pensei um pouco. Não estava com tanta fome assim. - Pode ser no McDonald’s? – mordi o lábio inferior. Ela riu. - Não está falando sério. Está? – ela fechou a cara. Suspirei e assenti. Selena estava difícil. Ela cruzou os braços e virou pra frente. - Qual é, Sel. Você me perguntou e eu respondi. Que tal irmos ao cinema depois? – perguntei tentando fazê-la aceitar. - Você parece uma criança, Jus. – ela riu. - Ei! Pelo menos eu sou uma criança feliz. – falei pulando no banco, fazendo Selena ter um ataque de risos. - Tá, vamos ao seu McDonald’s. – ela falou com a cara amarrada. Sorri. Não demorou muito pra chegarmos. Estacionei o carro, Selena ficou lá, ela não queria comer com todo o mundo pedindo autógrafo e fotos. Fiz nossos pedidos e tirei fotos com algumas fãs, em questão de minutos já estava saindo de lá, com os pedidos nas mãos. Estava voltando pro carro quando vi aqueles cabelos castanhos e longos. Sorri. - Esse não é o carro do... – ouvi a amiga da Kris, Becca, dizer. A interrompi. - Surpresa. – as duas se viraram e minha direção. Kristin estava sorrindo. - Por que não me acordou? – perguntou fazendo bico. Eu ri. - Você estava tão linda dormindo que não quis te acordar. – falei e sorri. - Não deu nem um tchau? – perguntou ficando na ponta dos pés e me dando um beijo na bochecha. - Ahn, Kristin, sabe como é né... – respondi meio nervoso. - Tudo bem. Vai comer isso tudo sozinho? – ela riu. Assenti e dei um sorriso, aposto que não fui nada convincente. Ela arqueou as sobrancelhas. - É que eu estou com a minha mãe, entendeu? – falei piscando algumas vezes. Ela já devia ter sacado que eu estava mentindo. De novo. - Fala a verdade, Jus. – ela me olhou nos olhos. Suspirei. - Eu estou com a Selena. – falei. Vi que Becca estava boquiaberta. - Ahn... Temos que ir. Tchau. – Kristin falou apressada. - Espera. – falei. Ela se virou novamente, mantinha um sorriso. - Sim? – falou. - A gente só está saindo como amigos. – eu falei em minha defesa. Seu sorriso aumentou. - Tá tudo bem, Justin. Sério, você não precisa me explicar nada, até porque a gente não tem nada e você não precisa me dar satisfações. – ela falou. Ouvir aquilo foi doloroso. Baixei a cabeça, estava triste. - Tchau. – falei baixo e fui pro carro. Selena estava com uma careta. - Por que demorou tanto? – perguntou impaciente. - Uma... Fã veio falar comigo. – suspirei baixo. Selena revirou os olhos. - Espera... Não é aquela mesma fã de ontem? Jus, ela deve estar nos perseguindo! – Selena falou em pânico. Não consegui conter o riso. - Calma Selena, foi só uma coincidência. – sorri fraco. Ela segurou uma de minhas mãos e sorriu. - Eu amo você, Jus. – falou chegando mais perto. Eu sabia que era errado. - Selena, não... – minha voz saiu quase como um sussurro. Antes de poder fazer qualquer coisa, senti seus lábios se chocarem contra os meus. Seu beijo era bom, mas não tinha paixão, se moviam sem razão. Por alguns segundos retribuí, até que me dei conta do que estava fazendo. A empurrei de leve. Ela tinha um sorriso vitorioso. - Droga, Selena! – gritei. Ela me olhou de modo que dava pena. Me senti culpado. Vi algumas lágrimas borrarem sua maquiagem. – Me desculpa, eu não... – eu não fazia ideia do que dizer. Ela saiu do carro e começou a dar passos apressados. - Selena, volta aqui! Selena! – a chamei algumas vezes. Liguei o carro e fui a seguindo. – Selena, entra nesse carro, agora. – falei alto. Ela continuou andando. Parei o carro no meio-fio e desci. Corri até ela e segurei seu braço com força, fazendo-a parar. - Me solta, por favor. – ela pediu baixo. - Entra no carro, Sel. Por favor. – pedi. Ela tentou puxar seu braço, sem sucesso. - Justin, me larga. – pediu mais uma vez. - Solto. Mas só se você entrar no carro. – respondi. - Só me responde uma coisa, Justin. Tem outra garota? – ela perguntou visivelmente triste. Assenti. Ela suspirou e foi em direção ao carro. - Desculpa. – falei seco. O caminho até a casa dela foi silencioso, um silêncio que já estava me corroendo. - Tchau. – falei parando em frente a casa dela. Ela abriu um sorriso falso e saiu do carro, entrando em sua casa logo em seguida. Eu estava fazendo tudo errado. Me afundei no banco e bufei. Dirigi até o parque. Estacionei o carro e desci, logo senti aquele cheiro de terra molhada. Andei um pouco, não parava quando as pessoas me chamavam, eu estava com a cabeça quente, precisava pensar em paz. Fechei um pouco os olhos. Senti o vento acariciar meu rosto. De repente senti um corpo quente se chocar contra o meu. Abri os olhos, espantado e vi uma garota no chão. Ela usava roupa de ginástica e tinha um iPod nas mãos. Estendi minha mão pra ela, que segurou. Ajudei ela a levantar. - Desculpe por isso. – falei sorrindo. - Tudo bem, a culpa foi minha que estava distraída. – ela falou. Ela possuía um sotaque diferente. Britânico talvez. – Me chamo Elizabeth. – sorriu. - Justin. – sorri também. Ela era bonita. Não como a Kristin, mas parecia uma boneca. Ela tinha pele clara, cabelos dourados e ondulados, olhos azuis e algumas sardas por volta deles. Evitei pro corpo dela, mas naquela roupa foi quase impossível. - Desculpe perguntar, mas, o que fazia parado aqui no meio? – ela perguntou. Seus grandes olhos azuis me fitavam com curiosidade. - Eu estava... Pensando. – falei sem graça. - Quer conversar? Sei que sou uma estranha, mas você parece um pouco... Triste. – falou com um sorriso amigável. - Não sei se devo... – falei em dúvida. Ela assentiu. - Não se preocupe, não sou nenhuma fã alucinada. – ela falou rindo. Algo me dizia que eu devia confiar nela. - Tudo bem. – cedi. Seu sorriso aumentou. Ela sentou na grama e eu sentei ao seu lado. Contei toda a história pra ela, desde o dia em que conheci Kristin até hoje. Eu me senti mais aliviado. Ela dava alguns conselhos, fazia caretas, estava sendo compreensiva. Começava a escurecer, ela disse que eu devia esperar um pouco pra falar com a Kris. Eu tinha que ir pra casa. - Elizabeth, tenho que ir agora. – levantei. Ela levantou em seguida. - Foi bom passar esse tempo com você. Podemos fazer isso mais vezes? – ela perguntou sorrindo. Pensei um pouco, não sabia o que fazer. - Ahn... Pode ser. Qual é o seu número? – perguntei. Ela sorriu mais ainda. Anotou seu número no meu celular. - Pronto e... Ah, Justin. Me chame apenas de Lizzie. – falou. Assenti e dei um abraço rápido nela. A soltei e fui andando de volta pro carro. Entrei no carro e fui pra casa, eu estava me sentindo bem melhor. xx Kristin xx Passei algum tempo chorando, eu estava me sentindo tão mal. Eu conhecia o Justin há no máximo duas semanas, mas eu sinto algo muito forte por ele. Já me decepcionei tanto com ele que talvez não valha à pena. Enxuguei minhas lágrimas e fui até o banheiro, lavei meu rosto – que estava vermelho e inchado – e fiquei um tempo ali, me olhando no espelho. Eu estava começando a sentir novamente que a vida estava escapando de dentro de mim. Eu estava pálida, tinha olheiras fundas e meus olhos perderam o brilho. Talvez Justin só estivesse me fazendo mal. Mas ao mesmo tempo, sinto que ele é a única coisa que não consigo mais viver sem. E o abraço dele é o que eu mais preciso agora. Dei um soco forte no espelho, fazendo o mesmo se quebrar em pedacinhos. Minha mão estava sangrando um pouco. Lavei e coloquei uma toalha em cima. Talvez eu estivesse sendo muito dramática, mas eu não estava conseguindo mais lidar com tudo isso ao mesmo tempo. Queria nunca ter conhecido Justin. Enchi a pia. Peguei um caco de vidro grande e afiado e o posicionei em meu pulso. Apertei um pouco, fazendo um pequeno corte. Estava ardendo, mergulhei minha mão na pia e deixei que a água escorresse, levando o sangue junto. Meu coração estava disparado, eu estava me sentindo cansada. Coloquei a toalha no pulso, estava sangrando mais do que antes e o corte parecia ser maior do que eu achava. Voltei pra sala e sentei no sofá, liguei a televisão e vi que Justin estava aparecendo em um programa de fofocas. Tinham algumas fotos dele com a tal Selena, pareciam ser de hoje e também tinham fotos comigo. Mudei de canal, coloquei em um filme de terror e acabei dormindo. - Kristin! Ai, meu Deus! O que aconteceu aqui? – acordei com a voz estridente de Becca. Puxei uma almofada e coloquei por cima da toalha. Rebecca estava olhando assustada pro banheiro, que estava cheio de cacos de vidro espalhados pelo chão. - O que foi? – perguntei meio grogue. Ela apontou pro chão do banheiro. - Ah, isso. Eu estava varrendo e acabei batendo a vassoura com força no espelho. – falei dando de ombros. Eu não mentia muito bem, mas Becca sempre acreditava. - Tem certeza, Kris? – ela pareceu duvidar. Assenti despreocupada. Ela deu um meio sorriso. - Fiquei com medo de você ter feito alguma besteira. Passei aqui rápido, mas se você quiser eu posso ficar. – falou. - Tá tudo bem por aqui, Becca. Pode ir. – sorri. Ela ia falar alguma coisa, mas desistiu. Sorriu, deu um beijo na minha cabeça e saiu. Esperei um pouco e assim que ouvi seu carro partir, retirei a almofada de cima da toalha, que estava encharcada de sangue há essa hora. Já estava escuro. E confesso que esperava que Justin viesse pedir desculpas. Suspirei. Estava cansada disso. Lembrei que nunca fui visitar meus pais, então iria no dia seguinte. Desliguei a televisão, coloquei a toalha na lavanderia e subi. Coloquei o mesmo pijama que usei na noite passada. Coloquei um band-aid no corte e deitei. Aspirei o cheiro de Justin que ainda estava impregnado nos lençóis. Dormi tranquilamente.