The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 6
Capítulo Cinco - Gato de Cheshire




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Eu vou superar, eu vou sobreviver. Quando o mundo desabar, quando eu cair e atingir o chão. Eu vou me virar, não tente me impedir. Eu não vou chorar.

Avril Lavigne - Alice in Wonderland

Alley's P.O.V

Algumas pessoas dizem que chafurdar na auto-piedade é uma coisa ruim. Que você deve sempre olhar para frente, tentar encontrar as coisas positivas sobre cada situação, e aprender com seus erros.

Obviamente, essas pessoas são umas idiotas por excesso de otimismo que nunca tiveram seu coração quebrado por um garoto do supermercado.

Fiquei olhando a televisão. Saturday Night Live, mas eu não sentia vontade de rir. Nem mesmo quando Sean Connery disse que levaria 'Famous Titties' por US $ 200, (em vez de 'Famous Titles') em Celebrity Jeopardy. Normalmente, neste momento, eu estaria rolando no chão em um ataque de risos. Louise sempre disse que eu tinha o riso mais indisciplinado que ela já tinha ouvido... ou visto.


Peguei o controle remoto e zapeei aleatoriamente pelos canais. VH1 estava tocando Def Leppard: Behind the Music. MTV mostrou algumas loiras bundudas se empinando sobre um palco em um vídeo de música típica. Tratei de mudar de canal.

Alice no País das Maravilhas estava passando no canal Disney, e eu deixei lá por alguns instantes, imaginando o que no mundo Lewis Carroll havia fumado quando escreveu a história original. Nem mesmo o Discovery Channel, com o seu documentário sobre os hábitos de acasalamento dos dragões de Komodo, me interessou. Eu realmente não sentia vontade de assistir TV, mas não havia mais nada para fazer. Louise tinha ido para a cama, como ela tinha que se levantar em algumas horas para ir trabalhar na parte da manhã, então eu fui deixada sozinha na sala de estar com a minha depressão débil. Uma vez que eu já havia passado por todos os canais, finalmente joguei o controle remoto para o lado com desgosto.



Arrastei-me para o nosso som da sala. Tinha entrada para 5 discos, dois decks, e até mesmo um tocador de vitrola no topo, o que eu achei muito legal. Plantei-me na frente dele, abrindo a porta de vidro transparente que cobria os controles. CDs foram espalhados ao seu lado. Música, eu pensei. Se a música não me fizer me sentir melhor, nada mais o faria. Mas tinha que ser a música perfeita. Uma canção para a rejeição.

Matchbox 20? De onde diabos veio isso? Certamente não era meu. Eu joguei de volta na pilha. Pearl Jam, Soundgarden, Nirvana? Nenhum deles me atraiu no momento. Eu queria sentar e me acalmar por uma voz suave e simpática, não ouvir lunáticos, gritando o grunge de Seattle. Após descartar meia-dúzia de outros discos inúteis, avistei um CD jogado discretamente ao lado. A trilha sonora do filme Pleasantville. Eu me esforçava para lembrar o que estava no disco. Buddy Holly, Elvis, Miles Davis, Etta James ... e Fiona Apple, se bem me lembro. Eu balancei a cabeça. Sua voz melancólica era perfeita para o meu temperamento atual.


Deitei-me no chão, pegando um par de enormes fones de ouvido e pus o disco no leitor. Utilizando o controle remoto, eu selecionei a décima música, ouvindo Fiona, louca como ela poderia ser, perfeitamente articulada a minha dor.


"Só porque eu estou na miséria, eu não imploro por compaixão "

Ela sussurrou em meu ouvido, a voz dela a escolha perfeita para letras Percy Mayfield. " Mas se não for pedir demais, oh céu, por favor me mande alguém para amar..." Fechei os olhos, perdida na canção, deixando que o disco rolasse completamente. Quando a última música terminou, eu apertei o off do estéreo. Bem, eu me sinto um pouco melhor. Talvez, assim, um centésimo de um por cento fracionada melhor.


De repente senti uma lambida quente no meu ouvido. Meu gato listrado, Chester, se esfregou contra mim e ronronou alto. Eu sorri. Talvez ele não fosse um rapaz lindo, mas pelo menos ele me amava.


Acariciei sua pele, muito macia e perguntei o que queria. De repente, ele miou estridentemente em mim. Olhei para ele, franzindo os lábios. Isso soou como o miau "Eu estou com fome, me dê meus biscoitinhos" Eita. As pessoas pensavam que eu comia muito, mas Chester me ganhava em disparada. Quantas pessoas podem dizer que possuem um gato que pesa quase 20 quilos? Ele é monstruoso.



– Chester, você não precisa de nenhuma comida ... você já passou do estágio obeso, ja esta chegando a morbidez. - Olhei para cima em direção à cozinha.

Comida. Pensei. Essa é uma idéia brilhante. Meu estômago roncou, em seguida, na verdade, no pensamento de encontrar algo para comer. Contornando o meu gato, que parecia muito animado com esse novo rumo dos acontecimentos, eu fui para a porta e entrei na cozinha.


Cambaleei no escuro. Eu não me preocupei em acender as luzes. Abri os armários, ruidosamente atirando para fora caixas e sacos de comida. Biscoitos, e batatas fritas de cebola... Nah. Eu estava com vontade de algo doce, e muito dele. Chester miou com raiva para mim quando ele percebeu que eu não estava alimentando ele, mas a mim mesma. Eu o encarei.


– Desculpe, mas eu acho que eu preciso disso mais do que você agora.- Conversando com o gato. Deus, eu sou tão patética. Não é de se admirar que Jay não se interessa ...


Eu tinha praticamente esvaziado o conteúdo do armário no chão e, com exceção de alguns itens no canto mais ao fundo, Eu tentei ver o que eles continham, mas como eu não tinha ligado a luz,isso era inútil. Fiquei de pé, tateando os pacotes no chão e finalmente agarrei um. Cookies? Eu agarrei o pacote, puxando-o, e apertei os olhos na penumbra. Famous Amos. Porra eu amo cookies Famous Amos. O pacote já estava aberto, então eu cavei e agarrei um punhado.


Sentei-me no chão, descansando a cabeça contra os armários inferiores. Havia caixas de comida ao meu redor - parecia que uma mulher grávida tinha atacado o local. Peguei outro punhado e mastiguei com gosto. Os biscoitos foram sendo digeridos em minha boca, e meio que tinha um sabor estranho, mas eles eram doces o suficiente para mim, e isso era tudo o que eu precisava. Enfiei mais um punhado na boca. E mais outro. E outro ...


Chester me abordava, miando tão alto que eu tinha certeza de que meus vizinhos podiam ouvir. Jesus, quem conhecia de gatos podia me dizer se era normal eles terem um par de pulmões desse tipo? Ele começou a engatinhar no meu colo, farejando, indo para o saco aberto. Eu gritei, segurando o saco no alto para que ele não pudesse enfiar o nariz peludo dentro dele.

– Não! - Eu disse alto. - Não! Não é para você. Senta!



Não estava adiantando e eu tive que empurrá-lo a força para o lado. Ele sibilou com raiva e saiu.

– Seja um bebê chorão, então! - Eu murmurei. - Eu só estou tentando ajudá-lo aqui ... os gatos não podem comer chocolate, de qualquer maneira ...- Disse enquanto enfiava a mão no pacote, peguei outro punhado e mastiguei.


– Allison? Que diabos você está fazendo? - A luz veio de repente e meu espírito quase abandonou meu corpo. Eu olhei para Louise, a minha boca aberta, cheia de migalhas do biscoito. Devo a ter acordado com todo esse barulho por ter gritado com o gato. Eu mastigava furiosamente e engoli antes de responder.

– Eu estou tendo o meu momento de auto-piedade, Louise.Quer se juntar a mim? - Eu levantei o saco de biscoitos como oferta. - E o que você está fazendo? Eu pensei que você ia para a cama.

– Bem, eu ia, mas então eu ouvi todo esse barulho e vim para cá para checar. - Estendeu a mão e a colocou dentro do saco, tirando quase no mesmo segundo. - Minha nossa, você comeu o saco inteiro?

– Sim. Sinto muito.

– Eu juro, você deve ter o metabolismo de uma criança de seis anos de idade ... - Ela balançou a cabeça.

– O corpo de uma também - Eu murmurei.

Bem, tudo o que eu sei é que... - Ela parou abruptamente. - Alley? - Ela segurou o cookie na palma da mão, o rosto de repente assumiu uma tonalidade diferente, inquieto doente. Eu franzi minhas sobrancelhas, confusa.

– Sim?

– Qual é a data de validade desses cookies? - Eu não me lembro de ter comprado...

– Eles têm uma validade? - Validade? Eu nem tinha pensado nisso...

Ela rapidamente pegou o saco de mim, olhando para a embalagem.

– Oh, Deus ...


– O quê? - Eu exigi.


Ela segurava o saco, encolhendo-se.

– Janeiro de 2007 ...


Meu queixo caiu. Deus, eu era uma idiota.

– O QUÊ? - Gritei. - Quer dizer que eu comi cookies com 18 meses de validade?


Ela cobriu a boca com uma mão, parecendo enjoada. Com a outra mão, ela lentamente me entregou o biscoito que ela tinha acabado de retirar do saco. Estendi a minha mão, relutando em aceitar.


Oh, não. Olhei para o cookie com horror. Era verde. Grandes manchas de mofo peludo o cobria, como bolinhas. Agarrei minha barriga, imaginando o estrago o mofo estava causando em minhas entranhas.



– Será que tem como meu dia ficar melhor? Quer dizer, honestamente! - Eu lamentei. - Agora eu vou morrer de intoxicação alimentar ...


– Alley, querida, como você não percebeu? Estão cobertos de ... Oh meu Deus ...

– Porque eu sou uma idiota. Uma idiota, grande idiota, que é preguiçosa demais até para acender as luzes quando ela entra na cozinha. - Funguei alto, enterrando meu rosto em minhas mãos. Eu não tinha certeza se era o o acontecimento em si, ou apenas o pensamento do que havia acontecido que repentinamente fez com que eu me sentisse doente. - Eu acho que eu deveria ter escutado a você todas as vezes que você me disse para ser menos afobada e realmente saborear minha comida.


Louise suspirou.

– Vamos lá. Levante-se. Não há nada que possamos fazer sobre isso agora. O dano está feito.


Não protestei quando ela agarrou meu braço e me levantou do chão.

– Vamos lá, vou te levar para a cama. Tenho a sensação de que você vai precisar de muito descanso agora ...


– Descanso? Estes podem ser os meus últimos minutos de vida, Louise - Eu murmurei, me arrastando atrás dela para subir as escadas. Eu agarrei meu estômago com uma mão, sentindo que começava a se agitar. - Então, se você tiver qualquer palavra amável para me dizer antes de eu partir...



– Pare de ser tão melodramática. Você vai ficar bem... você pode enjoar, mas você vai ficar bem. – Cheguei a meu quarto, onde fui imediatamente empurrada para a cama. - Me enrolei formando uma pequena bolotinha no edredom.

– Louise? - Chamei.

– Sim?



– Por que eu sou uma perdedora?



O suspiro que soltou em seguida soou como uma lufada de furacões que sai de um tubo de drenagem.

– Alley, querida... você não é uma perdedora. Você é um ser humano. - Ela se aproximou de minha cama. -Ah, no caso de você ficar enjoada a noite - Ela apontou para a lata de lixo que havia colocado do lado de minha cama. - Eu vou buscar um copo d'água... Mas eu não vou te dar um anti-náuseas, porque eu acho que provavelmente seria melhor se você ... esvaziasse seu estômago.

– Você provavelmente está certa - Eu murmurei, entocando o meu rosto no travesseiro. Ouvi-a sair, e minutos depois, ela voltou para o quarto, com um copo gelado de água. Vi quando ela colocou no criado-mudo.

– Obrigada - Eu disse suavemente.

– De nada. - Virou-se e então ela puxou a minha cadeira do computador ao lado da cama e se sentou.

– O que você está fazendo? - Eu perguntei.

– Eu vou esperar com você um pouco, no caso de você precisar de alguma coisa. Até que você durma.

– Louise ...- Eu realmente parecia uma criança? - Você não precisa fazer isso.

– Bem, se você passar mal, eu não quero que você esteja sozinha ...

– Volte para a cama - Disse. Sentia-me culpada o suficiente acordando-a em primeiro lugar. E agora ela estava esperando só para se certificar de que ficaria tudo bem comigo? Ela tinha que levantar às cinco da manhã ... - Eu vou ficar bem - Insisti.

– Alley ...

– Eu vou ficar bem - Repeti. - Além disso, não sou eu quem tem que acordar cedo aqui.

– Certo, certo ... - Disse com um suspiro. Ela se levantou. - Eu vou voltar para a cama. Mas ouça, me acorde, se você começar a sentir muito mal, ok?

– Ok. - Vi-a recuar em direção à porta. - Você deveria ter muitos filhos, Louise ... você seria uma ótima mãe.

– Eu, crianças? - Ela parou na porta e sorriu. - Nah. Estou pensando em ser a tia perfeita que estraga os seus filhos, Alley.

Pensei em dizer-lhe que as crianças são produzidas através do ato sexual, o que envolve um membro da espécie masculina, que era algo que eu ainda tinha que atingir, mas eu pensei melhor. Eu não estava com disposição para uma palestra de auto-estima, principalmente quando eu estava me sentindo enjoada. Em vez disso, eu simplesmente sorri.

– Você seria uma ótima tia, também - Disse.

Ela sorriu e acenou com a cabeça. - Claro que sim. Alguém tem que tem que corrompê-los adequadamente.

Eu ri baixinho e mergulhei mais fundo no edredom. - Boa noite - Eu murmurei.

– Boa noite. E lembre-se, venha me chamar se precisar. – Ela começou a sair, e parou, voltando-se para me olhar uma última vez. Estava escuro, mas seu perfil foi iluminada, para que eu pudesse ver um sorriso triste em seus lábios. - O que eu vou fazer com você, Alley Kat?

Eu não respondi. Em vez disso, só fechei os olhos, exausta com os acontecimentos do dia, rezando para ter um descanso. Ouvi a porta fechar suavemente. Surpreendentemente, eu comecei a sentir sono quase de imediato. Rolei sobre minhas costas, gentilmente cobrindo meu estômago borbulhando com minhas mãos, esperando que eu estivesse inconsciente em breve.

Boa pergunta, Louise, eu pensei quando ela voltou para seu quarto. Porque Deus sabe que eu não consigo cuidar de mim.


_




Eu estava presa em um labirinto, com a grama impecavelmente aparada, corri, persegui desesperadamente alguém que eu era incapaz de acompanhar. No sonho, eu sabia de alguma forma, porque você sempre sabe apenas em sonhos, que essa pessoa era a chave. Que ele (porque mais uma vez, embora eu não tenho visto o rosto dessa pessoa, eu só sabia que era um "ele") sabia o caminho, e se eu queria fugir, eu precisava dele. Eu estava correndo tão rápido quanto pude, mas era completamente inútil ... havia grandes pedras no caminho, e minha velocidade foi diminuída quando tropecei, o que aumentou a distância entre nós ainda mais. Finalmente, cheguei a um conjunto de caminhos bifurcados, e parei, sem saber qual caminho que ele tomara.

– Espere! - Eu gritei, ofegante, encostando-me nos arbustos espinhosos. - Por favor, espere por mim ... - Minhas pernas tremiam por causa do esforço, e eu lutei para ficar em pé. Não houve resposta, apenas o assobio do vento soprando nos meus cabelos. Eu lutei contra as lágrimas com raiva. Eu não sabia o que fazer ... para onde ir ... Fantástico. Eu estava perdida, presa para sempre entre as altas cercas vivas e irritantemente aparadas.

Frustrada, girei e chutei uma das pedras com toda força que tinha. Ela navegou pelo ar, batendo contra o chão e rolou para longe, quando eu ouvi um grito de indignação.

– Eu acho que você deveria se desculpar por isso. - Devagar me virei, meu coração batendo forte em meu peito. Eu pensei que estava sozinha...

Apenas um pouco a minha frente, um gato gordo e peludo, de repente apareceu, cuidadosamente lambendo as patas ... só, não era o meu gato. Chester certamente não têm listras rosas e roxas ... Este gato parecia que tinha caído em uma caixa de tinta guache. Ele olhou para cima, e ... sorriu. Um enorme, sorriso mostrando os dentes. Mas como assim? Gatos não podem sorrir ...

– Perdeu algo? - Perguntou ele. Esqueça o que eu disse sobre sorrir. Desde quando os gatos falam? Percebi, então, a pedra que eu tinha chutado caída ao lado dele. Devo ter-lhe acertado acidentalmente.

– Desculpe por isso ...- eu disse lentamente. O gato apenas assentiu com a cabeça - Eu não vi você.


– A maioria não vê ... - Eu olhava, maravilhada, como o gato de repente, desapareceu do nada, parte por parte ... primeiro as orelhas, o rabo ... o nariz e os olhos, as pernas ... até que tudo o que restava era aquele sorriso medonho. Não é à toa que eu acidentalmente bo acertei mais cedo ... que tipo de criatura poderia tornar-se invisível? Pisquei. Espere um minuto ... gato de Cheshire? Ah, entendi ... Alice, Alley ... nomes parecidos, certo ... Agora, onde está a Rainha, ou o Chapeleiro Maluco?

O momento mais surreal, desorientando você pode eventualmente ter um sonho é o momento em que você realmente torna-se consciente de que você está sonhando. Quando você para de levá-lo tão a sério, porque você percebe que toda a loucura é apenas um produto da sua imaginação hiperativa. Você permanece neste mundo irreal, incapaz de controlar suas palavras ou seus atos, simplesmente aguardando o momento em que sua mente vai acordar. É muito chato para falar a verdade.

– Então ...- Eu não poderia me impedir de falar novamente, apesar de me sentir muito idiota por fazer isso. - Qual caminho devo seguir? - A pergunta surpreendeu até a mim. O que ele vai fazer, puxar um mapa do bolso inexistente e me dar as direções?

– Bem, isso depende de onde você deseja chegar.

– Eu ... eu não sei, não sei de quem, ou do que, eu estou atrás, exatamente ...

– Então, o caminho que você escolher realmente não importa.

Ok, isso não me serviu nenhuma maneira ... claro, eu não estava certa porque eu esperava a intervenção de um gato de cor-de-rosa falante ...

– Obrigada. - Murmurei. - Você realmente me ajudou bastante.

– De nada. - Olhei para cima, seu sorriso cresceu de uma forma assustadora e medonha. Era enervante. Cambaleei alguns passos incertos para trás e gemi, agachando-me e enterrando meu rosto e minhas mãos. Quando finalmente olhei outra vez, o gato tinha sumido. Depois de alguns minutos de sua partida, eu suspirei.

– Ótimo! - Murmurei. - Estou perdia, sozinha, no meio de um sonho que está me deixando maluca...

– Perdida? Talvez. Sozinha? Nunca. - Olhei ao meu redor, confusa procurando pela voz. De repente, o sorriso apareceu, flutuando no ar como uma espécie de balão com gás hélio, formando uma meia lua. - Louca? Claro que sim. Somos todos loucos aqui... você é louca... na verdade, os melhores são.

Lentamente, o resto do corpo apareceu, uma parte de cada vez, até que mais uma vez o gato completo estava sentado no chão na minha frente.

– Como você faz isso? - Perguntei.

– Fazê-lo ?

– Isso?

– O quê?

– Eu perguntei primeiro.

– Não perguntou nada! - Eu estava terrivelmente confusa. Me sentia uma imbecil por não conseguir ter uma simples conversa com um gato, e mais imbecil ainda por ter tido esse pensamento ilógico. Franzi minha testa e voltei meu olhar para o labirinto... tudo parecia ser melhor do que ficar por aqui com essa coisa estranha.

– Você precisa se apressar. Ele está esperando por você.

– Eu duvido disso ... - Eu disse num suspiro. - Eu não posso alcançá-lo, mesmo se eu soubesse pra onde ele foi. Já deve estar a milhas de distância ...

– É ele?

O tom da sua voz era divertido e um pouco condescendente. Eu o ignorei e mordi meu lábio, avaliando as minhas opções. Eu poderia apenas esperar por aqui até que eu acordasse ... mas isso significaria ter de gastar mais tempo na companhia do gato, e ele era realmente irritante. Aparentemente eu não tinha paciência, mesmo quando inconsciente. Comecei a tomar um passo hesitante em direção ao caminho do lado direito quando ele falou de novo.

– Ah, a propósito, ele foi por aqui. - Quando eu rodei a cabeça para olhar, o gato tinha uma pata-cor-de-rosa levantada no ar, indicando o caminho para a esquerda. Ele deu um sorriso medonho uma última vez antes de desaparecer.

– Obrigada - Disse com a voz pastosa, mas não obtive uma resposta. Ele foi embora de novo e, aparentemente, desta vez, não iria voltar. Suspirando, eu segui as suas indicações, tomando o caminho certo...

Virei em uma curva e, a partir do canto do meu olho, peguei um flash de movimento. As sebes se movimentaram à frente, como se alguém tivesse passado por elas. Eu franzi minhas sobrancelhas - era ele? Como isso era possível? Certamente ele deveria estar a quilômetros na minha frente agora. Acelerei meu passo, esticando o pescoço para verificar os outros cantos. Eu parei, ouvindo passos suaves logo a minha frente.

Que droga ... é só um sonho. Poderia muito bem ver quem é ...

– Hey! - Gritei. - Devagar! - Naturalmente, isso não funciona com todos - na verdade, eu tive certeza que ele acelerou ainda mais. Mesmo nos meus sonhos, os caras estavam correndo em outra direção. Eu fiz uma careta e corri em alta velocidade, pulando sobre as pedras e pelas cercas cortantes. Em um ponto, eu sabia que estava perto - ele estava ao virar da esquina próxima, se eu pudesse intensificar-se um pouco mais rápido ...

Obviamente, esse seria o ponto onde a minha graciosidade natural de nascença - ainda evidente, mesmo no mundo dos sonhos - entrou em cena e efetivamente arruinou qualquer chance de alcançá-lo. Senti meu pé pegar em uma das rochas, e a próxima coisa que eu sabia, eu estava navegando através do ar, minha força me impulsionando para frente. Eu vi o caminho de terra vindo em minha direção e me encolhi, embora eu sabia que não ia doer. Eu bati no chão duro, gritando.

_



– ARRE! - Eu acordei ereta na cama, batendo a mão sobre meu peito. Gotas de suor se formavam em minha têmpora, e lentamente escorria pelo meu rosto, traçando linhas molhadas através da pele.

– Jesus! - Engoli em seco. - Que sonho mais ferrado. - Gato de Cheshire? Labirintos? Isso iria me ensinar não ver mais televisão antes de ir para a cama.

Eu caí para trás contra os travesseiros e tentando voltar a me orientar, o que era uma coisa difícil, eu me sentia ainda mais doente do que antes de ter adormecido. Combine isso com uma sensação de tontura incontrolável, e, bem ... de repente eu estava muito contente por ter a lata de lixo ao lado de minha cama. E Deus, eu estava com sede. Estendi a mão, timidamente para o copo de água que Louise tinha deixado para mim. Minha mão o agarrou e sentei-me a meia altura, embebedando-me. Eu queria mais ... minha boca ainda parecia que estava recheada de areia. Inclinei-me e acendi a luz, encolhendo-me quando ela queimou meus olhos dilatados.

E então eu gritei com toda a força de meus pulmões.

Havia um menino estranho sentado na cadeira do meu computador na frente da janela. Ele tinha cabelo preto macio que lhe caía em torno de seu rosto, e até mesmo à luz da lâmpada fraca eu podia ver seus olhos profundos e castanhos. Sua pele era lisa e muito branca. Embora que ele estivesse sentado, eu poderia dizer que ele era alto pela maneira que suas pernas estavam dobradas. Ele estava com uma camisa preta confortável e calças cáqui. Basicamente, ele personificava o que eu sempre tinha retratado como aparência de Adônis, exceto com calças cargo, Doc Martens, cabelo escuro e um pouco mais afeminado na aparência do que eu imaginava. Mas, sendo Adônis ou não, ele estava invadindo minha propriedade.

Ele olhou assustado com o meu grito, na verdade, quase com medo mesmo.

– Quem é você? - Eu perguntei, minha voz tremendo, apesar de meus esforços para soar dura e ameaçadora. Eu queria acrescentar mais uma ameaça, mas eu estava chocada demais para até mesmo pensar em qualquer outra coisa.

Ele me olhou, aqueles belos olhos castanhos se alargando. Seu queixo caiu.

– Você pode me ver! - Ele sussurrou. - Oh, meu Deus ... você pode me ver ...

– Eu vou chamar a polícia. - Eu ameacei. Onde estava o meu telefone? Meus olhos se lançaram ao redor, vasculhando o quarto em busca do meu aparelho. Oh, Deus ... Se eu tentasse gritar novamente, será que Louise conseguiria me ouvir, mesmo através da nossa porta fechada?

Ele ainda estava gaguejando.

– Você, você pode me ver! - Foi minha imaginação, ou seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas? Vi, com horror, como ele se levantou e começou a caminhar em minha direção, sua expressão congelada em choque.

– Cai fora! - Eu gritava estridentemente, puxando meu endredom em volta de mim para cobrir meu corpo. Para minha surpresa, ele concordou, parando e andando lentamente para trás até que ele estava sentado na cadeira novamente. - Quem é você e o que você quer? - Eu consegui sussurrar. - É dinheiro? Pode levar. Tem mais na minha mesa, há uma jarra com mais de 500 dólares...

– Não, não ... - Ele disse. Eu não conseguia entender a perplexidade em seu tom. Jesus, eu não era cega, e é claro que eu poderia vê-lo. - Eu... me desculpe, eu não queria assustá-la. Mas ... você pode me ver, certo? Você pode ver que eu estou aqui?

Ele é louco. Esse é o que o seu problema. Lindo, porém fodidamente louco. Meus olhos dispararam de novo, finalmente avistando o telefone no chão, ao lado de minha mesa. Se eu pulasse ali, e ele se assustasse, talvez eu poderia obtê-lo antes que ele o fizesse ... - Eu vou chamar a polícia! - Repeti.

– Não, por favor, ouça ... - ele começou a falar, mas eu não ouvi uma palavra. Eu estava muito ocupada tentando descobrir uma maneira de sair dessa bagunça ilesa. Bem, minhas ameaças de chamar a polícia não pareciam intimidá-lo, então eu tentei outra tática.

– Ok, amigo, eu sei taekwondo, por isso, se você sabe o que é bom para você, você sai agora! - Eu rosnei, interrompendo-o. Bem, isso foi realmente uma mentira total, como o meu "método" de auto-defesa envolveria provavelmente chutá-lo diretamente nas partes baixas e sair correndo, mas me pareceu uma boa idéia mesmo assim.

Ele olhou para mim.

– O quê? Eu não vou te machucar. Escute, eu preciso de sua ajuda ... por favor, só me escuta ...

– Ajuda? - Eu repeti. Ajuda com o quê? Geografia da casa? Isso é tudo que eu poderia fazer. Eu estudei sua fisionomia, tentando lembrar porque ele parecia tão familiar para mim, quando eu tinha certeza que eu não o tinha visto pelas redondezas. Eu estava bastante certa de que eu lembraria se visse alguém tão atraente andando por aqui. - Quem é você?

Ele me olhou bem nos olhos, na verdade, parecendo um pouco surpreso de que eu ainda não sabia.

– Meu nome é Bill.

– Bill ... - Eu parei, indicando que queria um sobrenome. Eu estava chocada, ainda freneticamente tentando pensar no meu melhor método para escapar. Olhei para o relógio na minha cabeceira. 05:34. Droga. Louise já tinha saído para o trabalho ... o que significava que eu estava sozinha em casa. Olhei para ele. Ele não parece tão forte assim, eu pensei. Talvez eu pudesse derrubá-lo ... Eu estudei a meu abajur, imaginando-me levantando e quebrando sobre sua cabeça.

– Kaulitz - Completou. - Bill Kaulitz.

Parei, resistindo à vontade de cair na gargalhada.

– Kaulitz? - Eu repeti, incrédula. – do Tokio Hotel?

Ele parecia muito irritado com o comentário.

– Sim.

Eu olhei para ele, tentando ignorar a tontura inquietante em meu estômago

– Bem, já posso atirar em você agora.


– Por favor, não. - Ele não gostou da minha resposta. - Agora, se você me deixar explicar...

Ignorei tudo o que ele dizia nos próximos dez minutos ou mais. Kaulitz? Que porra é essa? O que estava acontecendo aqui? O que Bill Kaulitz, a estrela pop/ extraordinário símbolo sexual estaria fazendo sentado na cadeira do meu computador no meio da noite? E como ele conseguiu chegar aqui? Pela da janela? Eu nunca trancava, eu nunca pensei que eu teria a necessidade. Meu quarto ficava no segundo andar, seria necessário um ato de guerrilha para subir pelas minhas janelas... então com certeza não. Será que eu me esqueci de trancar a porta de baixo?



No entanto ... Bill Kaulitz? O quê? Não fez sentido algum ... por que ele estaria aqui? O que ele queria? Hmmm.Talvez ele tivesse ouvido dizer que uma garota chamada Allison do Kentucky passou a maior parte de 2007 tirando sarro da sua banda de garotas... E se ele tivesse me caçado planejando me matar por isso? Muitas dessas celebridades iam ao fundo do poço. E se ele pretendia me raptar e me levar de volta ao seu esconderijo secreto e me fazer sua escrava? E se ele planejava abusar de mim?


Concentrei minha atenção de volta para ele brevemente, observando seu corpo magro e rosto lindo. Bem, talvez essa última não seria tão ruim. Na verdade, não seria considerado abuso se fosse consensual, certo? Errr ...


– E eu estava andando por aí fora, porque eu precisava de um pouco de ar fresco, e quando eu voltei para minha casa -

Minha nossa, ele ainda estava falando? Sacudi meus pensamentos tentando ouvir.

– Então, quando eu acordei, eu estava deitado lá fora, na sua poltrona - ele dizia.

Acordou?
Oh, Deus. Claro ...


– Eu ainda estou sonhando! - Disse em voz alta, interrompendo seu longo discurso. Um alívio tomou conta de mim. Ainda sonhando ... Uau, isso foi seriamente estranho. Gato de Cheshire, labirintos e, agora, Bill Kaulitz? O que dava uma estranha combinação. As imagens do gato e do labirinto pode ser explicado pelo fato de que eu tinha visto na TV, mas eu ainda não tinha dado um segundo de meu pensamento com Tokio Hotel fazia um bom tempo. - Eu nunca mais como aqueles biscoitos de novo...


– O quê? - Ele olhou para mim. - Você não está sonhando, eu estou realmente -


– Claro, claro - Eu disse com desdém. - Mas eu estou cansada, e eu vou voltar para a cama. Só não se esqueça de me acordar quando as Spice Girls chegarem. Ah, e ouvi dizer que Justin Timberlake está vindo para o chá da tarde, assim que chegar pode deixá-lo entrar.


Ele deixou escapar um ruído irritado, como uma espécie de resmungo indignado.

– Isso não é engraçado! Eu..


– Ok, me desculpe - Eu interrompi. Qualquer coisa para fazê-lo calar a boca e me deixar voltar a "dormir" . Ele estava pior do que o gato. - Tudo o que você quiser, Bill. - Bocejei, deitando-me em minha cama. - Boa noite.

– O-o que? ... Eu o ouvi resmungar catódico - Me escuta!

Eu o ignorei, enterrando meu rosto no edredom macio. E eu tentava bloquear todos os pensamentos mais loucos de Bill Kaulitz ou gatos Cheshire. Estava relaxada, já não lutava contra a sensação de tontura que vinha ameaçando-me durante a nossa conversa inteira.


– Bill Kaulitz - Eu repeti sonolenta pouco antes de minha vista se tornar escura. - Mas que ideia...


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Notas finais do capítulo

WEEEEE !

Querem saber como é que o Bill foi parar ali? Hmm'
Só vou contar amanhã HAHAH'


Críticas e sugestões liguem para o SAC
Mas eu acho bem mais fácil, só deixar um review...

Qtal?


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