The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 40
Capítulo Trinta&Nove - Insinuações


Notas iniciais do capítulo

AEEEEEEEEE FOFOLETEEEES!
SAAARRDAADES DE VOCÊS!
Gente, me deessculpa mesmo pela demora, mas voces ja sabem o motivo né?
Beem, de qualquer forma, Enjoy!



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Capítulo 39 – Insinuações


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Me perdoe se eu fico tão tímida
Mas talvez você seja a razão pela qual eu sinta borboletas.
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Joss Stone – Tell me what we gonna do now

Alley’s P.O.V

Três semanas depois

       Outro ano, mais um semestre maravilhoso por vir. Suspirei pesadamente quando estacionei meu carro no estacionamento da universidade. Era, na minha humilde opinião, uma péssima manhã para se estar fora de casa. Eu estava temendo esse semestre pelo simples fato que as aulas de química iam começar às 8:00 da manhã, ou seja eu tinha que levantar as sete, o que era uma desgraça só pra ter aula de química!

       Marchei para a classe, observando como minha respiração formava uma grande névoa em torno do meu rosto. Esse maldito frio também não contribuía para que eu me levantasse cedo. Tudo o que eu queria era estar na minha cama enrolada em meus cobertores e sonhando como um neném... o que provavelmente era exatamente isso o que Bill devia estar fazendo agora. Fiz uma careta imaginando seu rosto de querubim perfeito enrolado em meus cobertores.

       Encontrei minha classe, entrei e cai em um assento no meio da sala, puxando meu caderno e minha caneta, esperando cansada a aula começar. Felizmente, ou infelizmente se preferir destacar, não precisei esperar muito. Exatamente às oito horas uma senhora pomposa e um tanto anã entrou, na verdade o termo mais apropriado seria “marchou” para dentro da sala. Usava óculos de aros redondos e seu cabelo cor de areia estava puxado para trás preso num coque firme. Segurei a vontade de rir, outro estereótipo típico de professor. Onde será que a UK achava esses professores?

       - Bom dia – Ela latiu para nós com sua voz fina e arrastada – Essa é a classe 407 de Química. Meu nome é Nola Tanenbaum, mas vocês me chamarão de Senhora Tanenbaum.

      O quê? Ela acabou de dizer Tanenbaum? Oh meu Deus, não...

      - Antes que me perguntem, sim meu marido e o Senhor Carl Tanenbaum, o mesmo que dá aula de Biologia nessa instituição.

      - Alguém arranque minhas vísceras! – Murmurei melancólica. Por que diabos os piores vinham em pares? – Merda, até que eles são igualzinhos agora que ela mencionou... assim como cada casal de velhinhos que conheço.

      - Eles são mesmo não é? – Um cara riu ao meu lado. – Putz, se isso é uma amostra de como serão o resto das aulas acho que vou pedir minha transferência.

      Olhei para ele e sorri.

      - Eu vou com você!

       Ele sorriu de volta e eu percebi que estava começando a corar. Minha fantástica habilidade social estava dando frutos. Tentei olhar para ele do canto do olho... ele me parecia muito familiar. Mordi minha unha, tentando me lembrar. Ele era muito bonito... eu não costumo ver caras bonitos por aí então, vamos lá Alley, onde foi que você viu esse?

      - Hey – Ele sussurrou – Você ...

     - Vamos começar –  A voz da Senhora Tanenbaum cresceu pela classe. Eu sorri uma desculpa para o cara antes de me virar para frente e dedicar toda minha atenção para  a professora. Se ela fosse como seu marido, o que estava na cara que sim, então esse seria um semestre muito, muito do filho da puta.

       Cinquenta minutos depois finalmente, fomos dispensados. Minha próxima aula era do outro lado do campus, então eu tinha que me apressar no intervalo de dez minutos para não acabar me atrasando. Me virei e acenei timidamente para o rapaz antes de sair apressada pela porta. Ele acenou de volta e sorriu, fazendo meu coração derreter que nem picolé no sol quente.

***

       As duas aulas seguintes passaram, milagrosamente, de uma forma rápida e descontraída e eu asiosamente dirigia de volta para casa, lutando para permanecer dentro do limite de velocidade. Ainda eram onze da manhã... humm... Eu duvidava muito que Bill já tivesse saído da cama. Eu estava certa de que ia corrigir esse pequeno problema quando chegasse em casa. Até porque não é nada justo que Bill passe todas as manhãs aconchegado nos cobertores enquanto eu fico sofrendo que nem uma sônambula congelada com minha bunda grudada na cadeira assistindo as aulas da Tenebrosa número 2, então para igualar o placar eu passei os últimos vinte minutos planejando minha vingança, eu mal podia esperar!

       Quinze minutos depois, eu estava estacionando meu carro a esmo pela calçada, quase arrebentando o meio-fio nesse processo. Sorrateiramente deslizei pela porta de entrada torcendo para que os ruídos não o acordassem. Lentamente subi as escadas tomando cuidado para que os degraus não rangessem e sorri malignamente. Ele iria me odiar por isso!

       Andei pelo corredor e abri o armário onde guardávamos nossos itens de limpeza. Fui recebida por um esfregão, vassouras, uma pilha de baldes e uma vasta quantidade de produtos aromáticos. Peguei um balde e corri para o banheiro de Louise, já que ele não era tão perto do meu quarto e, portanto, faria menos barulho. Liguei o chuveiro e deixei que o balde se enchesse de água gelada. Ah, ele realmente vai me odiar por isso!

        Segurei o balde com uma mão e me arrastei pelo corredor. Tive que parar antes de entrar em meu quarto para me controlar e não rir em voz alta. Quando me recompus, abri a porta devagar e entrei.

        Bill estava deitado na cama, a boca parcialmente aberta com um braço debaixo da cabeça e o outro ao seu lado. Quando cheguei mais perto, pude ver seus cílios esvoaçando calmamente, como se estivesse tendo um sonho bom. Ele parecia tão perfeito, tão pacífico, tão angelical que eu quase decidi não fazer isso.

       Quase...

      Agarrando o balde pelos lados, eu corri para a outra ponta da cama e tomei uma respiração forte contando até três então, rapidamente derrubei a água por toda sua barriga e rosto.

       Seu grito poderia ter acordado os mortos. Eu pulei para trás, batendo palmas e gargalhando escandalosamente.

       - PORRA! – Ele gritou pulando e contorcendo os braços – FILHA DA PUTA!

       - Olha essa boca hein mocinho! – Eu disse severamente – Assim você me ofende.

       Ele parou e se voltou para mim, com o cabelo colado em seu rosto e a camisa molhada grudada contra seu peito.  Seus olhos se arregalaram quando ele finalmente percebeu o que eu havia feito.

       - Você... – Ele rosnou com sua voz assustadoramente profunda – Ah, você... – Ele chutou os lençóis para baixo enquanto vinha até mim, com os olhos intensos e assassinos sem nunca deixar os meus.

       De repente, comecei a me arrenpender de não ter corrido antes.

       - Tenho que ir – Murmurei fugindo em direção à porta. Eu não estava preparada para o reflexo de Bill,como um felino disparando ao ataque. Consegui chegar em segurança até o corredor quando seus longos braços entrelaçaram meu corpo como uma camisa de força. Ele estava atrás de mim me esmagando contra seu peito. Meus braços estavam presos ao lado do meu corpo. Bill era consideravelmente mais alto que eu então, não importa o quanto eu tentasse chutar eu não alcançava aonde eu queria.

       Ele inclinou a cabeça, com seu cabelo pingando em meu pescoço e ombros. Sua voz acalorou minha orelha com um sussurro ameaçador.

       - Você.... – Ele respirou em meu ouvido – vai se arrepender por isso.

       - Você tá me machucando! – Eu choraminguei, na esperança de isso o comovesse.

       Não tive essa sorte.

       - Não, não estou – Ele disse agradavelmente. Eu me contorcia contra seu corpo enquanto ele me arrastava pelo corredor.

      - O que você tá fazendo? – Eu guinchei.

      - Você vai ver.

       Particularmente eu estava surpresa com a rapidez de seu raciocínio após ser acordado de forma tão brusca e repentina. Quero dizer, cacete ele já tinha tudo planejado! Isso me fazia pensar se ele já não tinha tudo planejado e estava só a espera da oportunidade certa para por em prática.

       Fomos para o banheiro e meus olhos se arregalaram quando percebi quais eram suas intenções e gritei com toda a força de meus pulmões, lutando ainda mais bravamente para me livrar de seu aperto. Ele rapidamente estendeu a mão e ligou o chuveiro, deixando a água correr fria.

      - NÃO! ME DESCULPA! POR FAVOR, EU JURO QUE NUNCA MAIS FAÇO ISSO!

      Bill riu e eu obviamente não gostei nenhum pouco da alegria que ele transpassava naquele sorriso. Ele me ergueu em seu colo e entrou comigo debaixo d’água. 

      - Minhas roupas! – Eu gemia – Meu cabelo!

      - Awwwn tadinha da Alleyzinha – Ele balbuciou me segurando com força – Para de reclamar, foi você mesma que procurou por isso.

      - Você está ficando molhado também!

      - Você já tinha me molhado, isso não importa!

      Ele me segurou ali pelo que pareceram ser horas. Eu me chacoalhei, girando minha cabeça descontroladamente tentando impedir que a água entrasse pelo meu nariz.

       - Eu estou com frio! – Tornei a gemer – Não consigo respirar!

       - Tudo bem, acho que você já ficou aqui o suficiente – Ele inclinou a cabeça para baixo novamente – Agora você vai me dizer o quanto está arrependida.

       - Eu já disse!!!

       - Diga Alley, diga como você sente muito!

       - Eu sinto muito!

       - Humm... Isso não me pareceu muito sincero – Ele riu de novo e eu fiz uma careta. Bill estava com sorte por eu estar com meus braços bloqueados, ou provavelmente eu já teria acertado um soco em seu nariz.

       - Bill! – Eu tentei pisar em seus dedos.

       - Oh.... não! Isso não foi nada bom. Acho que você merece mais cinco minutos – Disse ele esquivando-se habilmente de meus pés frenéticos.

       - ME DESCULPA PORRA!

       Ele caiu na gargalhada com meu desespero.

       - Ok, eu acho que posso aceitar esse – Ele me soltou desligando o chuveiro.

       Pulei para fora do box e saí em direção ao meu quarto. UGH!

       - Allllleeeeeyyyyy – Ele cantarolou. Eu bati a porta e a tranquei imediatamente, procurando por roupas secas. Enquanto isso, Bill batia na porta – Me deixa entrar! Eu preciso me trocar também, você sabe.

       - Vai pro inferno! – Respondi alegremente tirando minha camisa molhada e vestindo uma velha. O que tava difícil de achar eram meus shorts, não havia nenhum limpo, já que faziam séculos que eu não ia para a lavanderia, então comecei a procurar no meio das coisas de Bill. Puxei as caixas que estavam debaixo da cama. Finalmente decidi por uma boxer vermelha brilhante, já que era a única com elástico. Tirei meu jeans molhado e a vesti.

      O botão da maçaneta começou a chacoalhar e de repente a porta se abriu. Bill havia encontrado a tranca do lado de fora. Eu gritei e pulei de onde estava.

      - O que você tá fazendo? – Questionei e ele olhou para mim.

      - Eu também preciso de roupas secas, se você não se importa – Ele caminhou até suas roupas antes de me olhar duas vezes – Por que diabos você ta usando minha cueca?

      - É só uma boxer. E eu não tenho nenhum short limpo.

      Ele revirou os olhos e se abaixou, escavando entre suas roupas.

      - Talvez se você começar a lavar roupas isso não aconteceria...

      - Ah, cala essa boca – Bufei cruzando meus braços.

      - Awww Alley... você está brava comigo? – Seu tom rapidamente assumiu um ar travesso e um sorriso bobo atravessou suas feições enquanto ele caminhava em minha direção com os braços abertos na sugestão de um abraço. Ah, mas de jeito nenhum... ele ainda estava todo molhado e eu não estava afim de me molhar de novo.

     - Fique longe de mim, seu maluco! – Eu disse embaralhando meus pés para trás, procurando uma caminho de recuo. No entanto meus pés bateram na cama me fazendo cair em cima do colchão encharcado – Merda! – Eu xinguei sentindo a umidade se infiltrar através da boxer. Tentei rapidamente rolar para fora da cama, na esperança de minimizar os danos, mas é claro que Bill não estava disposto a deixar isso acontecer, eu tinha me desviado dois metros e ele pulou sobre mim, esmagando meu corpo no chão. Porra, para um cara tão magro ele pesava pra cacete... – Eu te odeio! – Murmurei entre Bill e o chão molhado. Eu me mexia em vão. Minhas roupas estavam molhadas novamente.

      - Isso fere meus sentimentos – Ele declarou, embora o sorriso em seu rosto indicasse o contrário – Agora vamos lá, assuma sua derrota.

      - Tudo bem, eu desisto. Você venceu Bill!

      Ele riu alegremente, satisfeito com minha declaração.

      - Excelente! – Beijando minhas bochechas, ele se arrastou sentando-se ao meu lado – Como foi a aula hoje?

      - Um saco! Totalmente fatigante – Eu me virei para encará-lo – Espero que você tenha tido uma ótima manhã aqui na cama.

      - Bem, eu estava tendo. Até que uma jovem mulher enlouquecida, que eu prefiro não citar o nome, chegou em casa.

      - Jovem mulher – Eu ri, aquelas palavras soavam engraçadas para mim – Eu sou uma adolescente.

      - Você já tem 18 anos... Não é mais uma adolescente. E além disso, o termo “garota” não lhe cai mais bem.

      Parei, ponderando esse pensamento. Oh Deus, ele estava certo. Eu acho que não seria capaz de defender o termo adolescente por muito mais tempo. Pra onde foram todos os meus anos de juventude?

       - Verdade – Eu disse finalmente com um suspiro. Analisei seu rosto, seu cabelo negro estava encharcado grudado do lado de seu rosto, então estendi minha mão e tentei penteá-los com os dedos. Ele sorriu suavemente e fechou os olhos – Tá com fome? – Perguntei casualmente.

       - Um pouco.

       - Vai cozinhar alguma coisa para mim?

       - Cozinhar? Depois de tudo o que você me fez?

       - Você já teve sua vingança meu amigo... E eu tive que me levantar no romper da aurora essa manhã enquanto você ficou aqui dormindo que nem um bebê – Ele sorriu com esse comentário – Além disso, eu to cansada de queijo quente e pizza congelada.

      - Talvez você pode começar a aprender a cozinhar para sua própria sobrevivência.

       Suspirei irritada e parei de pentear seus cabelos, me levantando do chão indo em direção a porta.

      - Tudo bem, eu faço alguma coisa pra mim mesma.

      Ele zombou de meu suspiro, imediatamente se colocando de pé e me seguindo.

      - Tá bom, tá bom. Eu faço alguma coisa.

      Eu sorri, me virando para lhe dar um abraço. Que se dane, eu já tava toda molhada de novo mesmo.

      - Obrigado Liebe – Eu disse puxando a última palavra em seu idioma original.

       Ele me deu uma espécie de meio sorriso estranho, tão estranho quanto Bill pode ser. Decidi não mudar de roupas novamente, pelo visto ele também não, então o segui avidamente enquanto descia as escadas.

      - Então, o que você vai cozinhar pra mim? – Eu perguntei sentando-me no balcão, observando Bill pegar as panelas.

      - Você vai ver – Ele murmurou – Vai ser uma surpresa.

      - Eu não gosto de surpresas.

      - Claro que você gosta, você gosta de mim – Ele se virou e me cintilou um sorriso cheio de dentes.

      Bem, é verdade. Mas eu gostava de manter seu ego num nível estável, o nivel não arrogante. Então revirei os olhos.

       - Isso não merece nem uma resposta.

       A porta da frente abriu e bateu levemente e som de passos ecoaram pelo corredor revelando a figura de Louise carregando diversas sacolas.

      - Oi meninos!

      - Oi! – Eu disse levantando-me e a ajudando com as sacolas – O que é isso tudo?

      - Ah, coisas da faculdade. Cadernos, lápis e tudo de mais chato que pode existir.

      - Aaaah... – Eu concordei – Bill está preparando meu almoço, você quer alguma coisa?

      Louise olhou levemente chocada.

      - Claro. O que ele está fazendo?

      - É uma surpresa! – Disse Bill.

      - Ooooh – Disse ela revirando os olhos para mim.

      - Apenas sorria e concorde – Eu disse – Ele também não quis dizer pra mim.

      - Entendi – Ela parou na porta por um minuto, primeiro estudando Bill, depois a mim com um leve sorriso no rosto. Então ela se virou e se dirigiu para as escadas – Ei Alley, por que você não vem aqui me ajudar um minuto?

      - Te ajudar com o que?

      Louise suspirou.

      - Só vem até aqui por favor.

      - Tudo bem, tudo bem... – Levantei-me da bancada e Bill olhou para mim – Eu volto já -  Eu disse e ele balançou a cabeça, voltando para seu negócio. Eu sai em disparada pelo corredor saltando os degraus de dois em dois. Louise estava em seu quarto trocando de roupa - Sim? – Perguntei de pé à sua porta.

      - Por que suas roupas estão molhadas? – Ela perguntou olhando para mim.

      - Bill – Eu disse, acho que não precisava de mais nenhuma explicação.

      - Aaah – Ela disse lutando contra outro sorriso – E você está vestindo as boxers dele?

      - Sim – Eu disse – Ele molhou minha outra roupa e eu não tinha mais nenhum short limpo, então eu peguei uma boxer dele e...

      Ela murmurou algo por baixo de sua respiração que não consegui entender o que era, mas a julgar pelo seu sorriso, com certeza era algo que me irritaria.

       - O quê? – Eu exigi – O que você disse?

       - Nada. Me ajuda com isso.

       Olhei para pequena pilha de livros em cima da cama.

       - Você não precisa de ajuda. Por que me chamou aqui?

       Ela olhou pra mim, optando por não responder minha pergunta.

       - O Bill é um cara legal né?

       - Hum... é...

       - É... e bonito também – Ela assobiou – Na verdade, lindo.

       - É... – Eu respondi lentamente. Essa conversa estava tomando um rumo muito estranho. Claro que ele era lindo, mas também era o Bill, e eu já havia visto o suficiente do seu lado não-sexy que assustaria até as mais raivosas fãs de Tokio Hotel.

       - Hummmm... – Ela murmurou – Ele tem namorada?

       O quê? O que estava acontecendo?

       - Tem – Eu disse – Uma garota chamada Alexys.

       Ela ficou em silêncio por alguns segundos antes de continuar.

       - Sério? Eu não o vi mencionando ela desde que o conheci... eles tem um relacionamento sério?

       - Por que você está me perguntando isso? – Eu exigi.

       - Estou só perguntando Alley.

        Eu suspirei. Louise poderia ser muito estranha as vezes.                                         

       - Bem... não sei. Na verdade acho que ele não gosta muito dela. Ele disse que vai romper assim que acordar.

       - Ah, exatamente como eu imaginei! – Ela disse alegremente.

        -Ah, sério? – Perguntei. Essas súbitas perguntas de Louise haviam aguado minha curiosidade – Por que está tão interessada?

      - Ué, por nada – Ela sorriu para mim balançando a cabeça.

      Por nada? Que mentira! Passaram-se algumas semanas desde que Louise finalmente aceitou a história sobre Bill. Embora ele passasse a maior parte do tempo comigo, eles ocasionalmente saiam juntos, para compras e caminhadas. Sem mencionar os olhares que eles trocavam imaginando que eu não podia perceber o que estava acontecendo bem dabaixo do meu nariz. Estreitei meus olhos para ela.

      - Você está gostando dele não é? – Eu disse de repente. Não sei por que, mas essa ideia me afligiu. Talvez pelo fato de meus dois melhores amigos terem encontrado o amor enquanto eu continuava com minha vida de perdedora e sozinha.

       - O quê? – Ele perguntou , a confusão genuína estampada em seu rosto.

       - Você me ouviu – Eu disse em voz baixa esfregando minhas mãos. Pobre Steve... eu realmente gostava do cara... eu sempre imaginei que ele fosse pedi-la em casamento e coisa e tal – Você quer que eu fale com ele sobre você? – Embora desanimada eu tinha que ser otimista.

       Louise suspirou alto, jogando a camisa na cama com frustração.

       - Alley, as vezes eu me pergunto seriamente sobre você...

       - Por quê? – Eu perguntei.

       - Só... ah esquece! – Ela revirou os olhos e praticamente me empurrou para fora da porta – Vai lá pra baixo que eu já vou descer.

       - Não! Me diga o que você quer dizer! – Eu plantei em sua porta.

       - O que eu tenho pra dizer? Você é tão irremediavelmente cega, Alley! Eu nem sei por onde começar.

       Ela estava me confundindo mais a cada minuto.

       - O que diabos você quer insinuar

       - Hey, vocês duas! – A voz de Bill soou do primeiro andar – O almoço já está pronto!

       - Já vamos! – Gritei de volta e encarei Louise - Então?

       - Vem, vamos comer. Nós podemos falar sobre isso outra hora, quando você for menos cega.

       Cega? Eu me irritei com isso.

       - Mas...

       - Outra hora. – Ela encerrou o assunto.

       Soltei um suspiro pesado.

       - Ótimo! – Dirigimo-nos para a escada juntas – Mas pelo menos me dá uma dica. Pra que isso tudo?

       Ela olhou para mim.

       - Você acredita em destino?

       - Destino? – Eu repeti – Tipo predestinação? Não.

        - Bem, talvez você devesse acreditar. O Bill acredita.

       - O que você quer dizer com isso? – Enruguei minha testa.

       - Ué... – Ela disse quando entramos na cozinha – Você costuma ser a inteligente por aqui.

       - Por que vocês demoraram tanto? – Bill exigiu – Eu pensei que ia esfriar! – Ele apontou para uma grande panela cheia de massa ao lado de uma bacia com molho Alfredo. Ah! Minha boca encheu-se d’água com antecipação. Peguei um prato e tratei logo de me servir.

       - Meu favorito! – Eu disse com um sorriso, me sentando à mesa e enrolando o macarrão no garfo dando uma mordida gigante. Estava delicioso!

      - Eu sei – Ele respondeu facilmente e sorriu de volta antes de sentar ao meu lado. Do canto do olho, notei que ele e Louise trocavam um daqueles olhares cheios de significados e cada vez mais irritantes. Deus, o que estava acontecendo com esses dois? Eles estavam formando algum tipo de clube secreto para o qual eu não fui convidada a entrar? Decidi ignorá-los e terminar meu almoço em silêncio.


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Notas finais do capítulo

Okay, esse é um dos cap que eu mais me mijei de rir!
Aiai... bom sei que não mereço mas espero ver seus reviews por aqui hein!
Beijones ;*