The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 4
CapítuloTrês - Kroger


Notas iniciais do capítulo

Thx pelos Reviews minhas amoridaas @.@'

Enjoy :9




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Onde estão as esperanças? Onde estão os sonhos? Minha cena da história da Cinderela?
Quando você acha que eles finalmente verão?

Avril Lavigne - The Best Damn Thing

10 de Junho de 2008

Alley's P.O.V

Existem poucas coisas que eu odeio nesse mundo mais do que limpeza. Isso explica o fato de eu fazê-la aproximadamente uma vez por ano.

“Love me two times, baby… love me twice today… love me two times, girl… ‘cause I’m going away…”

Eu cantava em voz alta, no mesmo nível que minhas caixas de som. As paredes praticamente vibravam com o volume. Em pé, com as mãos nos quadris, examinei os destroços que era o meu quarto. Eu tinha conseguido limpar minha mesa e minha cômoda, mas ainda faltava o armário, a cama, a mesa de cabeceira e todo o lixo espalhado de forma medonha por todo o chão.

– Preciso de uma empregada doméstica. – Resmunguei. – Uma empregada doméstica com muita paciência. – Suspirei e me joguei no chão preparando-me para organizar os CDs que estavam espalhados no tapete em frente ao estéreo.

Uma voz gritou para ser ouvida através da música me deu um susto.

– Oh Meu Deus! Você está realmente limpando esse lixo? – Olhei para cima e vi minha amiga, Louise, que estava em pé na porta olhando para mim com uma expressão de falso-choque. – Você se importaria de abaixar um pouco isso? Os vizinhos vão começar a reclamar a qualquer minuto.

Suspirei, inclinando-me para abaixar o volume da música. Ela estava certa sobre os vizinhos. De um lado morava um casal de velhinhos excêntricos que pensavam que rock and roll era “Coisa do Diabo” e na casa do outro lado moravam duas irmãs que eram apaixonadas por Boy bands e pensavam que Jim Morrison foi o cara que inventou os Muppets. Tinha que admitir que eram um bando divertido. Quando o quarto estava em silêncio, ela sorriu e falou novamente.

– É melhor eu ficar por aqui e assistir! Isso é um evento. O cometa Halley vem com mais freqüência que isso...

– Não agüento mais isso! – Suspirei pesadamente. – Preciso de uma pausa.

– Há quanto tempo você está limpando?

– Hum... faz uns 20 minutos.

Louise revirou os olhos empurrando uma grande pilha de livros sentando em minha cama.

– Então? O que te levou a esse repentino ataque de limpeza?

– O tédio. – Encolhi os ombros. – E o fato de que eu não consigo encontrar meu álbum Quadrophenia, e eu sei que ele está aqui em algum lugar...

– Claro. – Ela riu. – Eu deveria imaginar. Escute, eu estou indo para o supermercado, você quer alguma coisa de lá?

– Supermercado? Qual ? – Eu disse olhando para cima bruscamente com um sorriso no rosto.

– Ah, eu estava pensando... no Kroger...

Kroger? Tipo, o Kroger onde o Jay, o cara mais lindo desse lado do Mississippi, foi contratado? O mesmo cara que eu venho perseguindo há meses, na esperança de que um dia ele perceba minha existência? Pensei eufórica ficando de pé num segundo.

– Se eu preciso de alguma coisa? Eu preciso ir com você!

–Eu sabia que você ia dizer isso. Anda, vamos logo.

– Só deixa eu me arrumar um pouco.

– Ah, qual é – Ela revirou os olhos – Você está ótima!

Ah, Louise. Sempre tentando, com um sucesso limitado, aumentar minha auto-estima. Ela seria uma maravilhosa mãe algum dia, e Deus sabe que eu havia sido uma prática perfeita para ela nos últimos cinco anos. Olhei para minha camiseta velha e surrada e bermuda jeans azul.

– Eu estou parecendo um mendigo!

– Sério só peruas frescas colocam maquiagem para irem ao mercado – Ela me agarrou pelo braço, me arrastando para fora do quarto – Além disso, aparência não é tudo. Se ele não pode ver além disso, então não vale a pena.

– E se ele não conseguir ver além disso? Louise, muitos poucos garotos viram "além disso" só pra te lembrar – Libertei-me de seu aperto e corri para o banheiro – Pelo menos me deixe colocar um calça jeans – Gritei para ela. – Para cobrir essas saracuras extremamente pálidas.

A ouvi soltar um palavrão, que eu ignorei. Troquei meu jeans e lutei com uma escova para tentar acalmar meus cabelos rebeldes. Meu Deus! Por que eu não nasci com o cabelo igual ao de Louise? Lindos, macios e pretos. Sempre estavam controlados e comportados em seus ombros... Suspirando eu saí do banheiro e me juntei a ela no corredor.

– Você está pronta agora?

– Não... mas vamos nessa.

_




Eu sou muito patética. Sério. Eu sempre soube disso, mas é que em momentos como esse isso se torna gritantemente ÓBVIO.


– O que eu devo dizer a ele? – Perguntei nervosa. Louise, a garota sabe tudo, tinha acabado de me informar que eu deveria puxar assunto com ele. Essa ideia fez minha cabeça pender levemente para o lado. Simplesmente, eu não era boa com garotos. Eu tinha uma irritante tendência a me fechar sempre que a testosterona entrava em cena. Quem nunca pensou que seria tão difícil assim encontrar coragem para falar com o sexo oposto?

– Qualquer coisa! Fale sobre o tempo, esportes... música. É! Você adora música, tenho certeza de que pode falar sobre isso, mas tente controlar o volume da sua voz. – Disse Louise inclinando-se para desligar o rádio.

– Bem... – Concordei, isso era verdade... talvez eu pudesse controlar isso. Mas ainda assim, Jay era um cara lindo. Ele podia apenas olhar para uma garota e ela cairia aos seus pés... e com tantas opções para ele escolher, por que perderia seu fôlego por alguém como eu? Magra, nerd, desengonçada e com o cabelo mais revoltado que o Che Guevara? Não era exatamente uma combinação emocionante. – Talvez. – Respondi por fim.

Inclinei-me para frente e liguei novamente o rádio mexendo com o botão para selecionar as estações. Mas o que Diabos havia de errado com as estações de rádio hoje em dia? Era como se só tivessem 20 canções em seu repertório, e 19 dessas canções eram uma bosta total. Empurrei o botão “procurar” do rádio. 104,5 estava tocando Britney Spears. Oh inferno, nem pensar. 103,3: Blink 182. Naah, não eu não era muito fã de Bilnk. 101,5: The Righteous Brothers – uma estação de oldies. Hmm... até que tinha potencial... Finalmente, 100,1. Eu sorri para Louise quando AC/DC “Thunderstruck” começou a tocar. Acompanhei a canção levantando as mãos em um sinal do bom e velho rock and roll.

– Eu acho que estou ficando surda! – Disse Louise secamente.

– O QUÊ? – Eu perguntei tentando falar mais alto que a voz gritante de Brian Johnson.

– É exatamente isso.


Eu sorri, concordando em abaixar o volume do rádio, e nós continuamos cruzando as ruas. Finalmente, a enorme placa azul da Kroger apareceu em nosso campo de visão. Tamborilei os dedos nervosamente no volante entramos no estacionamento para procurar uma vaga.

– Você deveria estacionar bem longe. – Louise sugeriu. – Assim, ele terá que andar com a gente por mais tempo.

– Você é um gênio. – Eu disse com a voz embargada. Afastei o carro da loja o máximo que pude, sem exagerar. Quando descemos eu tive que rir de quão ridícula parecíamos. Não havia outro carro estacionado a pelo menos 20 vagas antes da nossa.

– Bem, admito que isso foi um pouco exagerado. Mas vamos á feito – Disse Louise. Ela sorriu animadamente para mim. – Vamos?


Andamos rapidamente em direção a porta de entrada. O vento quente de verão chicoteou em torno de nós, muito ruim para o meu gosto. Bem, merda, lá se vai o meu cabelo. Eu, em vão, tentei mantê-lo intacto até chegar a loja, encolhida com os braços cruzados sobre a cabeça e corri para a porta. Louise me alcançou rindo histericamente da minha cara.


– Ah cala a boca! – Eu murmurei, em vão tentando arrumar meu cabelo. – Me ajuda com isso vai?


Louise tirou uma escova e um espelho de dentro da bolsa e eu rapidamente penteei as ondulações nervosas do meu cabelo. Quando em satisfiz entreguei-os de volta para ela com um sorriso rápido.

Pegamos um carrinho e o empurramos pelo super mercado. Olhei para a direita, senti meu coração bater com força em meu peito. Jay ficava no caixa. Ele inclinou-se preguiçosamente para trás, com um sorriso no rosto

– Meu Deus, como ele é lindo! – Murmurei para mim mesma. Cabelos escuros, pele clara, sorriso perfeito, queixo reto, um corpo largo, forte...

– Vamos! – Ela sussurrou para mim. – Vamos lá antes que ele saia para o almoço ou algo assim. – Concordei e saímos pelo corredor. Eu via como ela enchia o carrinho com matérias primas para a nossa casa. Frutas e legumes frescos, especiarias, leite, manteiga... Eu olhei para a pilha de pizzas em minha mão. Bem talvez eu não fosse uma ótima cozinheira, mas pizza era tudo com que eu era capaz de lidar.

Finalmente acabamos nossas compras e nos dirigimos ao caixa. Obviamente, ao caixa onde Jay estava, haviam duas pessoas na nossa frente e três caixas vazios do nosso lado.

– Com licença, senhorita? Eu posso atendê-la aqui. – Uma voz feminina se dirigiu a mim. Virei-me para a caixa que estava a minha direita. Ela me deu um olhar estranho quando eu balancei negativamente a cabeça.

– Uhn, não, ér... nós vamos ficar aqui. Está tudo bem, não estamos com nenhuma pressa, realmente... sabe como é né... – Deus, eu parecia uma idiota. Meu professor de gramática teria atirado bem no meio da minha fuça se estivesse ali. Eu me movimentava um pouco impaciente no lugar enquanto a fila se movia lentamente.

Enfim a fila se esvaziou,chegando a nossa vez. Esvaziei meu carrinho em cima do balcão enquanto lançava olhares incisivos ao Jay. A maneira como ele erguia cuidadosamente cada item e colocava no saco... Eu suspirei profundamente.

Patético? Sim. Definitivamente.

– Olha só isso! – Louise sussurrou para mim. Olhei na direção que ele apontava e vi Jay curvando-se para pegar um saco de batatas-fritas que havia deixado cair. Meus olhos se arregalaram quando sua jeans larga fez o contorno perfeito de seu bumbum de uma forma quase que apelativa. Lembrei-me mentalmente de agradecer a sua mãe, caso eu tivesse a chance de conhecê-la. Eu estava de boca aberta, a oitava maravilha do mundo pairava diante de meus olhos. O molho de espaguete que segurava pulou de minha mão, caindo no chão espalhando um liquido denso e vermelho. Ok, talvez, ele não tenha “pulado” mas eu gosto de pensar assim, de qualquer forma.

– Ah merda! – Eu gritei dando um pulo para longe da bagunça, esbarrando no carrinho que bateu em Louise, bem no meio do estômago, que por sua vez cambaleou para trás batendo em um stand de M&M’s. Os pacotes coloridos se espalharam por todos os lados formando um louco caleidoscópio de cores pelo chão. Louise sentou-se no meio deles, aturdida e massageando o estômago. Eu soluçava de tanto rir, tentando, sem sucesso, me segurar. Fui em sua direção. – Você ta legal? Eu sinto muito.


– Eu estou bem. – Respondeu secamente. – Estou acostumada com esse tipo de coisa.

– Ei, você tá legal? Foi um baita tombo! – Virei-me e vi Jay parado atrás de nós, com um sorriso preguiçoso no rosto. Tenho certeza de que parei de respirar por um instante. Oh Deus. Ele viu tudo! Deve me achar uma idiota! Ele se aproximou de Louise e estendeu a mão para ela, que aceitou, hesitante. Seus olhos estavam fixados nos dela e ela rapidamente encarou os próprios pés. Senti uma leve pontada de ciúmes. Louise olhou preocupada para ele e depois para mim.

– Ah, sim. Eu estou bem!... Hum, Alley Kat, você está bem? – Ela me perguntou incisivamente, esgueirando um olhar para ele pelo canto do olho. – Você não tem nenhum machucado, ou coisa assim? – Louise me encarava, enquanto meu rosto ficava tão vermelho como o molho de tomate que estava em meus sapatos. Jay desviou se olhar dela e me olhou de cima a baixo.


– Ela parece bem pra mim. – Comentou ele.

Garotas analisam as coisas demais. Isso é imutável. Está programado em nosso DNA. Minha mente cambaleou produzindo duas interpretações possíveis para a frase: ¹ Ele estava sendo sarcástico, e dizendo que eu, obviamente, estava ilesa de machucados ou arranhões. ² Ele estava dizendo que eu parecia “bem” como ... hey, talvez eu não fosse tão feia assim afinal e talvez, ele me convidasse para sair algum dia desses? O que ele realmente quis dizer? Eu estava ficando maluca? Ou estava precisando desesperadamente de um psicólogo?

– Mas e você? Você tem certeza de que está bem? – Perguntou Jay imediatamente virando seu foco novamente para Louise. Logo percebi que sua definição de “bem” se enquadrava na primeira opção. Baixei a cabeça envergonhada encarando a monstruosidade vermelha que cobria o chão a minha volta. Mas não tão vermelho quanto meu rosto deveria estar.


Um homem de meia idade, que eu supus ser o gerente do mercado veio em nossa direção. Ele estava vestindo um colete verde folha com um ridículo bótom amarelo onde se lia Kroger e tinha um desenho de uma galinha com uma legenda que gritava “Pergunte-nos sobre nossa incrível promoção de ovos!” Eu provavelmente teria rachado de tanto rir, se eu não me encontrasse em uma situação tão humilhante.

– Ah, nós temos uma bagunça e tanto por aqui heim? – Comentou com um sorriso. Eu gemia interiormente com seu tom alegre. – Bem, querida não se preocupe, vamos começar apenas com umas toalhas e uns esfregões certo?

Perguntei-me brevemente o por quê dessa obsessão em “nós”. Afinal a culpa era toda minha, eu que fiz a lambança toda. Mantive minha boca fechada, optando em mostrar um sorriso triste.

Poucos minutos depois, um dos empregados da Kroger voltou com um esfregão, um balde e panos molhados. Ele fez uma careta quando se inclinou para limpar a bagunça, consegui ouvir trechos de seus murmúrios,incluindo coisas do tipo “Maldito emprego” “Buraco do inferno” “que cheiro de merda tem esse molho” e “Idiota vadia ruiva” . Este naturalmente, foi dirigia a minha pessoa. Estreitei os olhos para seu tom, mas não disse nada. Assim que acabou de limpar o chão, ele se levantou olhando para mim com um sorriso terrivelmente falso... e então sua expressão mudou para uma de irritação suprema.


– Ei, você não é a garota que quebrou a prateleira de pães semana passada? – Perguntou desconfiado.

Eita. Minha filosofia era: Se tentarem lhe vender o pão que está fora de seu alcance, coloquem escadas para que você não tenha que subir nas prateleiras.

– Eu não tenho ideia do que você está falando. – Murmurei. Ele fez uma careta mas não disse mais nada. O vi marchar com raiva para o fundo da loja.

Finalmente, de volta ao assunto em questão. Jay ainda estava olhando para Louise, que parecia cada vez mais desconfortável com toda a situação. Ela recuou até nosso carrinho e começou a despejar o resto das compras no balcão. De repente, olhou para cima.

– Ahn, acho que vou precisar de mais molho para espaguete. – Disse ela rapidamente virando-se para Jay. – Por que você não ajuda Alley Kat a descarregar o carrinho aqui? – Não foi bem um pedido. Louise era bem exigente.

– Sim, claro. – Ele respondeu. Louise saiu em direção aos molhos, nos deixando a sós, eu mexia nervosamente em minha camisa enquanto ele terminava de registrar os produtos. Droga de conselho da Lou. “Aparência não é tudo” na teoria é fácil né? Por que eu não vesti roupas melhores? Por que não me maquiei? E por que diabos eu não conseguia ter uma conversa normal? Eu não conseguia pensar em uma única coisa inteligente para dizer a ele. Ah tá, eu não conseguia pensar em nada inteligente para conversar com ninguém afinal. Jay por fim começou a ensacar meus produtos enquanto eu observava atentamente, esperando ele olhar para mim para que eu pudesse... sei lá, dar um sorriso para ele. Mas a oportunidade não veio.

Louise voltou poucos minutos depois com o molho, que foi acrescentado em nossa conta. Eu paguei com o cartão de créditos.

– Meninas, precisam de ajuda para carregar as sacolas? – Jay perguntou.

– Si-sim. – Gaguejei.

– Claro! – Louise sorriu. Com isso partimos em direção ao meu carro, com Jay empurrando o carrinho de compras. Ele estava um pouco à frente, Louise agarrou meu braço. – Fale com ele! – Sussurrou. – Diga alguma coisa!

– Eu não consigo! – Falei baixinho. – Vamos ter que esperar até outra hora! Hoje não dá. Não depois daquilo.

– Eu vou te dar uns socos se não falar com ele agora mesmo! – Ela deu um passo para trás e me empurrou para frente, assim eu comecei a caminhar ao lado de Jay. Respirei fundo tomando coragem para falar com ele.

– Oi. Eu sou Allison... Mas geralmente me chamam só de Alley.

Ele me olhou com o canto de seus olhos. – Jason. – Disse, não me ofereceu nenhum sobrenome. Bem, eu não precisava de um. Stalker como eu era, sabia o nome até da sexta geração de sua família. Tudo bem, nem tanto.


– Prazer em conhecê-lo Jason... Então... você vai para a UK*? – Perguntei nervosa.

– Sim.

– Eu também! – Exclamei como se isso fosse a coisa mais emocionante que eu ouvi o dia todo. – Hum... então? O que vai estudar lá?

– Biologia.

– Ah legal, legal. Estou estudando Química e História da Arte... estranho, eu sei. Vou estudar para sempre, eu realmente queria fazer arte, mas meus amigos estão convencidos de que vou acabar desempregada e sem teto se eu tentasse essa carreira. Então me sugeriram farmácia, que tem um enorme mercado de trabalho agora, e eu sou boa em química, então eu finalmente concordei com eles e – Eu parei percebendo que ele estava balbuciando. – Desculpe, você não quer ouvir isso tudo. Então? Você gosta de bichos e tudo o mais?

– Aham.

E assim por diante. Perguntei-lhe sobre escola, trabalho, animais de estimação, tudo o que vinha na minha mente. Ele respondeu a cada uma delas de maneira monossilábica e entediada. Por fim desisti e permaneci em silêncio até chegar em meu Jetta. Mais uma falha no departamento amoroso de minha vida.


– Bem, é aqui. – Murmurei debilmente enquanto descarregava as compras em meu carro. Jay sorriu e balançou a cabeça em sinal de aprovação.

– Belo carro. – Comentou. – Eu amo Volkswagens. Nada como engenharia alemã. – Senti minha auto-estima levantar um pouco, afinal não era toda garota de dezessete anos que tinha um carro como aqueles, então voltei a sorrir e respondi.

– É verdade. É o meu bebê. – Sorri batendo levemente na lataria prateada lisa de meu Jetta. Então me veio uma coragem ou estupidez se preferir. – Se quiser podemos dar um passeio um dia desses. – Louise sorriu feliz para mim aprovando minha ousadia recém descoberta. Ele balançou a cabeça lentamente, com um olhar pensativo no rosto.

– Você disse que é boa em química? – Disse ele de repente. Senti meus olhos se arregalarem. Então ele estava ouvindo?

– Sim! – Eu disse com entusiasmo, sabendo que me entusiasmo me fez soar como a maior nerd do mundo, completei. – Quer dizer, eu acho.

Esperei que ele respondesse, mas surpreendentemente ele disse apenas um “Legal” então, para o meu horror ele se virou para Louise.

– Então, Louise certo? – Perguntou. Ela assentiu com a cabeça inquieta. – Escuta... você não quer sair um dia desses? Eu tenho que trabalhar amanhã, mas eu tava pensando que na próxima sexta-feira seria uma boa. Vai ser divertido. – Seu tom era suave. Senti como se minha respiração tivesse sido desligada de meu corpo. Eu estava estática com a cena diante de mim, uma cena horrível e injusta. Eu mal ouvi Louise suspirar e dizer “Eu sinto muito, tenho namorado”. Porque o mundo inteiro agora era um amontoado de emoções. Eu assisti incrédula quando ele deu de ombros e voltou casualmente para a loja.

– Ah, e foi um prazer te conhecer Alice. – Ele disse como uma “reflexão tardia”

– É ALLEY! – Cuspi de volta com raiva. Virei-me de costas e me joguei dentro do carro, batendo a porta com a maior força que encontrei em mim. Olhava para frente, meus olhos desfocados e vidrados. No que eu estava pensando? Que eu teria alguma chance? Que alguém tão lindo como ele iria realmente me dar uma horinha do dia? Meu Deus, eu era idiota! Idiota, idiota, idiota!


Louise havia entrado no carro e eu nem percebi.

– Querida – Ela disse suavemente deslizando a mão pelos meus braços – Eu sinto muito. Eu não-

– Eu sei. – disse calmamente. – Você não precisa se desculpar. – Funguei ruidosamente. Ótimo! Eu ia começar a chorar agora? Patético. Patético. Patético.

Ela sorriu com simplicidade enquanto eu virava a chave de ignição. Se tem uma coisa que eu adoro em Louise é isso: Sabe quando e o que falar, mas principalmente sabe quando ficar em silêncio. Fomos para casa, nós duas em silêncio e perdidas em nossos próprios pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Esclarecendo alguns pontos: Jennifer é a namorada do Tom, e o Bill não vai muito com a cara dela porque tem ciúmes do irmão.Alexys, é a 'pseudo-namorada' do Bill, e o Tom não gosta dela porque tem ciúmes [?]

Os dois na verdade, não as amam, mas curtem sair com elas, assim um implica com o outro sempre que pode :~É que ainda não defini isso muito bem, mas é por ai? :B



#grilos#