The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 31
Capítulo Trinta - Meu Anjo Caído


Notas iniciais do capítulo

Tava na hora das coisas voltarem a serem felizes né?Esse capítulo me seduz *-*



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Você mostrou a ele o seu melhor
Mas temo que o seu melhor não tenha sido bom o suficiente
E sei que ele nunca quis você,
pelo menos não da maneira que você queria ser amada.
E você sente como se você fosse um erro

Ele não vale todas essas lágrimas que não cessam

Boyce Avenue - Broken Angel

Bill’s P.O.V

Eu tenho um caso terminal de “síndrome de falar merda”. Um talento para dizer coisas estúpidas nas horas erradas. É isso que torna tão interessante minhas entrevistas, e muitas vezes, constrangedoras. E isso também por várias vezes me fez sentir como um completo idiota, e agora não foi exceção.

Então, como foi a festa?!?!?!?! Brilhante, simplesmente brilhante. A julgar pela expressão em seu rosto, sua maquiagem manchada e seus olhos inchados a resposta deveria ter sido bastante óbvia! Houve um breve momento de silêncio após eu ter feito essa pergunta imbecil e então ela soltou um gemido alto. Era quase desumano e eu fiquei realmente preocupado.

– Hum... acho que não foi muito boa. – Disse dando um tapinha em suas costas me sentindo um idiota insensível.

– Ok. Você estava certo! Você estava certo! Você estava certo! – Ela deixou escapar um soluço antes de retomar a fala. – Só não esfregue isso na minha cara, por favor! Eu aprendi minha lição, tive uma noite muito ruim...

– O que aconteceu? – Perguntei segurando-a pelo braço e indo em direção a sala para que pudéssemos sentar.

– Onde está Louise? – Questionou ela, ignorando minha pergunta.

– Ela deixou um bilhete na cozinha. – Eu disse apontando para um pedaço de papel em cima da mesa. – Só vai chegar em casa mais tarde.

– Ah, ok... – Ela fungou. Eu olhava enquanto ela esfregava os olhos manchando seu rosto com a maquiagem. Ela parecia tão... Desolada. Desanimada. De repente, me senti incrivelmente protetor. Eu queria abraçá-la mais forte, envolvê-la em meus braços e fazer suas lágrimas pararem de cair.

– E então...? – Eu perguntei hesitante apertando levemente seu braço, ela suspirou ainda tremendo um pouco.

– Jay... – Ela parou e, em seguida, cobriu o rosto com uma mão. Meus olhos se arregalaram e eu senti meu sangue ferver.

– O que ele fez com você? – Eu exigi começando a entrar em pânico. Era impossível prever o que aquele idiota seria capaz de fazer. Será que ele a atacou? Será que a violou? Oh meu Deus, ele a violou? Inclinei-me para frente e agarrei seus ombros. – O que ele fez?

Ela me deu um olhar estranho, sorrindo para a minha repentina explosão. Sim, ela realmente deu um sorriso.

– Não Bill... ele não...

Eu exalei profundamente soltando seus braços com alívio. Esfregando meu pescoço sentindo a tensão que havia se formado ali. Graças a Deus... eu teria matado aquele bastardo se ele tivesse feito alguma coisa pra ela... Bem, se eu pudesse tocá-lo né... mas enfim...

– Ele bem que tentou, mas-

– O quê? – Eu bati de volta a atenção.

– Essa nem foi a pior parte ele-

– O QUÊ? – Pior do que tentar agarrá-la? O que ele fez então Jesus?

– Ele... – Ela parou esfregando o rosto com a palma das mãos sujando-o ainda mais. Eu resisti a vontade de rir sabendo que essa não seria uma boa idéia. Ela parecia com aqueles mineiros de carvão ou um urso panda. – Eu tenho que falar sobre isso?

– Sim, desembucha. – Eu disse batendo de leve em seu joelho. – Espere um pouco... Deixe-me pegar uns lenços para você.

– Ok. – Ela murmurou – Obrigada.

Fui para a cozinha procurando por alguma caixa com lenços de papel. Certamente deveria ter algum por ali. Uma inspeção completa na cozinha indicava que não tinha nenhum a vista. Suspirei e continuei por toda a casa até chegar no banheiro. Peguei um rolo de papel higiênico de dentro do pacote e levei para a sala. Bem, era um tipo de lenço também né?

– Aqui está. – Eu disse lhe entregando o rolo de papel. Ela o segurou e olhou para mim com um pequeno sorriso enfeitando suas feições.

– Eu sei que estou chateada, mas acho que não vou precisar de um rolo inteiro.

– Ah, sabe como é... melhor prevenir do que remediar. – Sorri de volta para ela, amando o sorriso doce e vulnerável em seu rosto. – Bem, antes de começar... você quer beber alguma coisa?

– Uma Ale8 seria ótimo! – Ela disse esperançosa.

– Imaginei que fosse dizer isso. – Corri para a cozinha e peguei uma garrafa na geladeira tirando a tampa enquanto caminhava de volta para a sala. – Ok... prontinho.

– Obrigado. – Ele repetiu pegando a garrafa de minhas mãos e olhando profundamente para ela. Parecia estar hipnotizada pelo líquido que estava ali dentro. Eu tossi alto propositadamente – não que eu quisesse soar rude, mas eu estava realmente louco para saber o que ele fez para ela... eu queria ajudar... Ela me olhou por cima da garrafa com os olhos sem brilho. – Eu sou uma idiota.

– Alley. – Eu disse em tom de repreensão.

– Você estava certo. Tão certo. Eu deveria ter escutado você. Por que eu não te ouvi? Caramba Bill, por que você não me fez te escutar? – Ela olhou para o sofá franzindo os lábios, daquela maneira que me fazia perceber que ela estava prestes a chorar.

– Bem, não foi por falta de tentativa. Agora, Alley, amor, eu odeio soar rude, mas por favor, me diga o que aconteceu. – Cheguei mais para perto dela suavizando a voz. – Eu não posso te ajudar a se sentir melhor se você não me contar. – Ela riu inclinando-se para mim e eu cuidadosamente envolvi meus braços em seus ombros.

– Eu não acho que você pode me fazer sentir melhor. Não dessa vez.

Eu fiquei em silencio, ponderando essa afirmação tão incomum de uma garota geralmente otimista. Claro que ela era um pouco neurótica, temperamental e houve alguns momentos em que eu pensei em ligar para uma clínica de reabilitação, mas ela não era do tipo que ficava para baixo por muito tempo... ou de agir de modo completamente perdido e desesperado. Fiquei preocupado e decidi não pressioná-la mais, ela poderia falar quando se sentisse melhor.

Aparentemente, ela não sentiu isso até o presente momento. Suspirei e a abracei mais perto, inclinando minha cabeça sobre a dela. Ficamos ali, em silêncio, pelo que pareceram horas. Sua respiração era lenta e constante, interrompida somente por um soluço ocasional. Em um momento, olhei para o relógio e vi que tinha se passado 30 minutos. Eu apertei-a gentilmente, então lhe dei um beijo suave em sua cabeça, o que eu esperava ser um gesto fraternal e afetuoso.

– Eu me sinto tão inútil. – Ela falou em voz baixa.

– Por quê? – Minha voz era quase um sussurro. Eu tinha a estranha sensação de que se falasse alto poderia machucá-la, quebrá-la em pedaços.

– Todas as coisas que ele disse... – Ela parou por um momento antes de continuar. – Ele estava apenas me usando. O tempo todo, tudo o que houve, não era real.

Olhei para a mesa a nossa frente, sentindo meu corpo tenso de raiva enquanto ela relatava como havia sido sua noite infernal. Ele a tinha usado dessa forma? Eu estava furioso. Sabia que tinha algo errado naquele bastardo infeliz. Sabia que ela não valia o tempo que ela gastava com ele...

– Então quando ele me trouxe para casa ele tentou me beijar. – Continuou ela com a voz monótona e arrastada. – Eu lutei com ele e saí do carro, mas eu deixei minhas chaves caírem, e ele pegou e estava vindo na minha direção com aquele olhar louco no rosto... Eu não sabia o que fazer... só chutei. – Ela riu. – Ele caiu como uma tonelada de tijolos.

– Desgraçado. – Eu resmunguei sob minha respiração. Por que eu não conheci esse filho da mãe em termos justos? Jurei silenciosamente que assim que tivesse uma oportunidade iria dar uma lição nele.

– Sim... –Ela concordou suavemente. – Estou feliz de estar em casa... e segura. – Eu sorri deixando minha raiva de Jay desaparecer um pouco.

– Eu também... Mas por que você não ligou para cá, pra ver se Louise estava e se podia te buscar e não ter que vir com esse monstro?

– Eu não consegui encontrar a merda do telefone daquela casa, e todos aqueles imbecis não queriam me mostrar onde estava. – Ela disse desenrolando várias folhas do papel higiênico e em seguida soou o nariz ferozmente, parecia uma buzina de caminhão. Eu simplesmente não pude deixar de rir.

– Que foi? – Ela virou e olhou para mim com os olhos vermelhos, mas as rugas ao redor deles revelavam que ela estava sorrindo por trás de suas mãos que cobriam o nariz cheios de papel. Apesar da maquiagem borrada, do cabelo despenteado e da roupa amassada, ela ainda estava linda... para mim. Jay era um completo idiota.

– Awwww – Eu murmurei. Ela parecia tão triste, tão carente... Inclinei-me e a abracei com ambos os braços e a puxei para o meu colo. – Eu sinto muito, Alley Kat.

– Bill, eu vou te esmagar. – Ela protestou debilmente.

– Não, você não vai. – Eu tinha meus braços firmes envolta de sua cintura e acariciava levemente suas costas.

– Já que você diz. – Ela colocou o braço ao redor do meu pescoço e enterrou seu rosto ali. Eu me sentia tão bem em tê-la em meus braços... seu cabelo fazendo cócegas em meu rosto... sua pele contra a minha. Eu respirei fundo, sentindo um leve puxão em meu peito. Acho que eu poderia te amar Alley... e eu nunca, nunca iria machucar o seu coração.

– Bill, eu sinto muito, muito mesmo! Eu disse coisas horríveis pra você, e eu nem sequer queria mesmo dizer aquilo. – Ela sussurrou após um silêncio de alguns momentos, interrompendo meus devaneios interiores. Comecei a protestar para dizer que ela não tinha que se preocupar com isso, mas ela me cortou. – Eu sou tão idiota! Você foi um ótimo amigo para mim e eu retribuí agindo daquele jeito... me desculpe.

– Sssh. – Eu sussurrei. – Alley-

– Me perdoe... – Ela interrompeu de novo. – Por favor? Eu não quis dizer nada daquilo...

– Eu sei. – Disse. – Está tudo bem. – Eu sorri. – Eu te perdôo. Nenhum dano feito. – Ela levantou a cabeça e sorriu para mim hesitante.

– Obrigado. – Ela disse baixando-a novamente e repousando em meu ombro. – Bill, como você sabia?

– Sabia? – Eu repeti me sentindo um pouco desorientado.

– É... como você pode dizer que tinha algo de errado? Quero dizer você tentou me parar... para que eu não saísse de casa e eu não te dei ouvidos.

– Bem... – Eu disse lentamente, perguntando-me como relacionar a minha descoberta. Eu ainda não podia acreditar que ela não tinha reconhecido ele. Minha boca estava um pouco aberta enquanto eu me debatida com a maneira de dizer isso a ela.

– Bill? – Ela levantou um pouco a cabeça olhando diretamente para mim, com a preocupação fazendo pequenas linhas em sua testa. – Ei... você está bem?

– Sim...

– Você é vidente?

– O que? – Eu bufei um pouco com a surpresa.

– É?

– Não Alley, eu não sou vidente. Mas que coisa louca de se falar.

– Bem eu não sabia que estar aqui sentada no seu colo desabafando com você enquanto na verdade você está numa cama de hospital do outro lad0 do oceano era uma coisa normal de acontecer.

É, ela tinha um ponto a seu favor. Estudei a parede por um momento, ainda pensando e decidi ir direto ao ponto.

– Seu nome é Jay.

Ela curvou levemente os lábios e apertou os olhos.

– Hum, sim... Obviamente. O que isso tem a ver com alguma coisa?

– Ele tem seus olhos escuros e frios, olhar para eles é como olhar para uma sepultura, não há vida. Sue pele é clara e seus cabelos são negros e ele é uma pessoa rude. – Eu disse e ela fez uma careta.

– Eu sei disso agora Bill.

– Há quase seis anos atrás... Eu estava andando pela rua e estava muito frio, eu me perdi de casa e um grupo de rapazes me atacou... Uma menina muito bonita chamada “Alley Kat” e seu pai me salvaram e me levaram de volta pra casa... O cara que mais me bateu tinha horríveis olhos escuros e frios, pele clara e cabelos negros. – Seus olhos se arregalaram um pouco e eu suspirei antes terminar minha frase. – Seu nome era Jay. O cara com que você estava saindo Alley é o mesmo que me atacou naquela época.

– Mas – Ela gaguejou depois parou com um olhar perdido no rosto.

– Eu não pude acreditar que você não o havia reconhecido... mas então me lembrei que aquela noite era muito escura e talvez você não o tenha visto direito...

– Sabe... – Ela disse em voz baixa. – Ele mencionou uma vez que quando era mais novo morava na Maxwell... é perto da High e da Oldham Street... Oh meu Deus! – Ela passou os dedos nervosamente pelo cabelo. – Eu não posso acreditar... Oh meu Deus! Eu não posso acreditar que fiz isso! Eu sou praticamente uma traidora. Bill... é por isso que você parecia tão transtornado... por que você não me disse?

– Eu não sabia até que ele apareceu aqui essa noite. Eu o reconheci. E você disse que seu nome era Jason, nunca tinha dito Jay até aquele dia... Depois algo meio que ativou na minha mente.

– AAAAAAAAH! – Ela gritou com raiva e se inclinou pra frente escondendo o rosto. – Meu Deus, eu sou tão estúpida Bill! Eu tive uma sensação ruim sobre ele durante essas semanas, mas me recusei em admitir!

– Por quê? – Eu perguntei perplexo. – Por que você continuou saindo com alguém se estava se sentindo mal com isso? – Assim que as palavras saíram de minha boca eu sabia que estava agindo como um hipócrita, afinal quem é que estava namorando uma garota da qual nem gostava mesmo? – Ela fungou um pouco e me olhou com culpa.

– Bem, por sua causa. Não você em questão, mas o que você disse.

Ah, o discurso lindo e mal entendido que eu havia feito.

– Desculpe por isso. – Eu disse calmamente.

– Não, não. Não se desculpe. Você tinha razão, e como tinha! – Ela recostou-se sobre mim mais uma vez e suspirou. – Olha, você disse que ele não estava interessado em mim... sei lá... pela primeira vez eu achei que um cara queria namorar comigo e você meio que quebrou meu sonho... Eu fiquei com raiva, me sentia tão... feia e sem nenhum valor... acho que o que tive foi uma reação instintiva.

– Alley, você não é feia ou sem valor. Você é linda, talentosa, engraçada... Você é uma das melhores pessoas que já conheci, sério.

A risada curta que ela deu, foi o suficiente para me deixar saber que ela achava que eu estava apenas brincando.

– Obrigado, Bill – Ela disse sarcasticamente. – Mas acontece que você estava cert0. Acho que eu estou destinada a ficar sozinha e morrer uma solteirona. Eu vou ser uma daquelas velhas doidas com uma centena de gatos correndo pela casa para me fazer companhia. Todo mundo da cidade vai falar da velha louca Anabelle que nunca sai de sua casa e assusta todos os vizinhos quando aparece pela manhã para pegar o jornal.

Ela continuou a divagar sobre seu futuro infortúnio por vários minutos. Eu queria rir – o que ela estava dizendo era ridículo – mas ao mesmo tempo eu suspeitava que ela queria mesmo dizer isso. Ela realmente pensava que ninguém a queria. Deus, ela era tão ingênua! Eu queria lhe dizer que meu sangue do sexo masculino e heterossexual fervia de desejo por ela, talvez isso a fizesse se sentir melhor – ou talvez não.

– Você não acha que está sendo um pouco dramática? – Eu a interrompi.

– Não.

– Ah, para... está sendo sim! Você vai se casar, ter filhos e levar uma vida completamente maravilhosa.

– Não, eu não vou. Eu tenho certeza disso. Olhe para mim Bill, você sabe o que eu vejo todas as manhãs quando me olho no espelho?

– Você não quis dizer sua bola de cristal? – Eu disse fazendo uma alusão a sua fantasia e ela bufou.

– Não, estúpido. Estou falando sério aqui. Eu vejo a maneira como estou agora e então eu imagino que serei assim quando eu tiver trinta, quarenta ou oitenta anos... sozinha. – Quem vai me querer? Eu sou feia, desajeitada, boca suja, desengonçada, nerd, magrela, azarada, cafona-

Eu a apertei mais perto de mim interrompendo sua fala.

– Não, você não é. Você está sendo boba e exagerada. Você só tem dezessete anos e ainda tem muitos anos pela frente pra se preocupar com essas coisas. Na verdade você não tem que se preocupar com isso.

– Tanto faz.

– Olha... – Eu comecei com uma idéia se formando em minha cabeça. Na verdade eu roubei do filme ‘O Casamento do Meu Melhor Amigo’, no começo eu fiquei irritado por Alexys ter trago esse filme para assistirmos, não fazia o meu tipo, mas agora eu estava feliz em tê-lo visto porque tinha acabado de me dar uma idéia. – Se nenhum de nós tivermos nos casado até completar trinta anos, então você casa comigo tá bom? – Ela soltou uma gargalhada.

– Ah claro, essa é uma idéia brilhante Bill! E não diga que pensou nela sozinho porque eu vi esse filme também.

Merda.

– Você está sendo sarcástica senhorita Anabelle? – Eu perguntei indignado. Senti meu orgulho levemente ferido. O que tinha de errado com essa idéia? Parecia muito boa pra mim...

– Claro né Bill! Quais são as chances de você não ter se casado até completar trinta anos? Você pode ter a garota que quiser, basta apontar que ela cai aos seus pés. Você pode se casar a qualquer momento Bill, isso não vai funcionar.

– Você não sabe o que diz. – Eu disse uniformemente. – É verdade que muitas garotas dizem “eu te amo” para mim e quase no mesmo segundo dizem “Transa comigo” para o Tom. Isso é amor? Você acha que eu vou ficar com alguém assim? Alguém que não sabe realmente quem eu sou? Eu certamente não vou me casar com alguém que não me conhece.

– Ainda assim – Ela enfatizou. – Meu ponto é: Você tem muito que escolher para perder seu tempo comigo. – Eu balancei minha cabeça.

– Você ainda não entende...

– Desculpe. Acho que você pode adicionar “estúpida” na minha lista de qualidades.

– Alley! – Eu estava começando a ficar frustrado com ela. Parte de mim queria jogar toda a cautela pelos ares, segurar seu rosto em minhas mãos e dar-lhe o beijo mais intenso, quente e apaixonado que ela já recebeu e lhe dizer exatamente o que eu sentia. Ela não fazia idéia do quanto eu estava apaixonado por ela, era inaceitável ter que ouvi-la dizer que ninguém a queria enquanto eu estava sentado bem na sua frente sonhando com o momento quase impossível que ela se apaixonasse por mim.

– Desculpe. – Ela pendeu a cabeça para o lado e riu baixinho. – Acho que estou meio dramática mesmo. – Ela suspirou. – Mas existe outra razão para que isso não funcione Bill.

– E qual seria?

– Quando você voltar para a Alemanha, eu não tenho muita certeza de que você vai se lembrar de mim

Suas palavras me congelaram. O quê? Não me lembrar dela? Como eu poderia esquecê-la?

– Do que você está falando? – Eu ri nervosamente. – Você é inesquecível Alley Kat. – Disse apertando seu braço carinhosamente.

– Não é isso... sabe, quando você apareceu aqui você não conseguia se lembrar dos acontecimentos do outro lado né?

Meu coração batia forte. Ela estava certa, mas...

– É... mas eu me lembrei, e não demorou muito!

– Você se lembrou quando eu encontrei o artigo que dizia o que tinha acontecido. Ele desencadeou na sua cabeça algo que trouxesse tudo a sua memória. Quando você voltar para Hamburgo, não haverá nada sobre mim, nem Louise ou até mesmo algo que te lembre o Kentucky para acionar sua memória como aconteceu aqui. – Sua voz era delicada e triste.

– Ahn... – Eu estava sem palavras. Não, não, não... nós com certeza iríamos dar um jeito nisso, pensar em algum tipo de plano, sei lá. – Hum, eu acho que devemos fazer alguma coisa em relação a isso. Eu não quero... uhn... você sabe, nunca mais te ver depois que eu for embora. – Ela sorriu.

– O que você tem em mente?

– Bem, eu não sei... mas vou pensar em alguma coisa. – Droga, é claro que eu iria fazer algo a respeito disso. – Mas de qualquer forma, voltando a minha sugestão inicial... 30 anos de idade, ok? Você me liga no seu trigésimo aniversário

– Bill! – Seu sorriso iluminado se alargou e ela balançou a cabeça de tanto rir.

– Hein? – Eu levantei minha mão. – Promessa de mindinho?

Ela suspirou, mas sem tirar o sorriso do rosto quando entrelaçou seu dedo no meu.

– Promessa de mindinho.

Eu ri lhe dando um abraço apertado.

– Excelente! Viu só? Agora você não tem mais que se preocupar com isso, tem um plano B. – Embora eu quisesse ser sua primeira opção e não seu último recurso, não reclamei afinal eu iria ganhar o que pudesse levar.

– É eu acho que eu tenho. – Disse ela ironicamente. Ela abraçou-me de volta com força. – Obrigada por me ouvir... você é um grande amigo. – Ela suspirou e então acrescentou quase timidamente. – Bill... estou realmente feliz por você estar aqui.

– Eu também. – Respondi. E sabe de uma coisa? Isso era totalmente verdade.


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