The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 28
Capítulo Vinte&Sete - Minhas duras palavras




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/121586/chapter/28

Então por que quando eu levanto os meus dedos
sinto que há mais do que distância entre nós?

Rihanna – California King Bed

Alley’s P.O.V

Ora, ora, ora... Bill não era tão magro afinal de contas. Eu sempre achei que ele parecia ter o corpo de uma criança de doze anos de idade que cresceu demais, mas pelo o que eu tinha acabado de ver, eu estava enganada. Ele tinha algumas definições peitorais! Com um pouco de musculação ele poderia até ficar com um corpo de tamanho normal. Ri um pouco ao me lembrar da expressão de espanto que ele havia me dado antes de eu sair. Entrei em meu quarto para procurar suas roupas.

Bill e eu tínhamos decidido manter sua roupa separada da minha e escondida em meu quarto, só por precaução. Eu comprei grandes caixas de plástico para essa finalidade e deslizei com facilidade para debaixo de minha cama. Claro, só depois que eu dei uma faxina por lá para me livrar de toda aquela quinquilharia que eu entocava ali (inclusive meu coelho gigante e horrendo que agora jazia na garagem, pobre Bob, foi um bom companheiro quando eu tinha seis anos de idade).

Ajoelhei-me no chão para puxar as caixas. Cada uma contendo diferentes tipos de roupas. Uma para jeans, outra para camisas, outra para roupas intimas, etc. Comecei pela caixa de camisas, abrindo a tampa e jogando-a de lado.

Ele só está aqui há alguns meses, mas seu guarda-roupa foi rapidamente superando o meu. Com sua enorme pilha de camisas cuidadosamente dobradas e organizadas. Era ridículo. Nenhum adolescente normal veste tudo isso de roupa. Eu por exemplo ficava com a mesma camisa por dias, é claro que nenhum adolescente é como Bill Kaulitz. Agradeci mentalmente a Deus por ele não ter insistido em comprar nada da Dior, ou há essa hora eu estaria falida.

Eu não queria estragar a “organização” que Bill tinha escolhido para arrumar suas roupas, então eu não iria escavar aquela pilha escolhendo uma camisa. Peguei a primeira que vi e joguei em cima da cama. Simples e rápido. Bem essa é a maneira com que eu me visto também, enfim. Enfiei a caixa debaixo da cama e levantei a tampa da outra. Jeans. Lotes e lotes de jeans, o suficiente para estocarem uma loja inteira da Abercrombie, eu podia apostar... Suspirei e peguei a primeira que estava por cima também e joguei por cima da camisa... Bem, ele raramente usava meias ou sapatos por aqui, então não era necessário pegar.

Agora era a hora de pegar as roupas de baixo... Hmmm. Eu abri a caixa cautelosamente, como se esperasse que algo pulasse dali e me mordesse. Rapidamente percorri minha mão ao redor. Ocorreu-me de repente que as mesmas cuecas que eu estava tocando haviam tocado também o seu... deixa pra lá. E elas ainda não tinham sido lavadas, porque não havia necessidade para isso e eu não tinha certeza se ficava enojada ou alerta com esse pensamento, mas de qualquer forma, isso me fez perceber algo. Ele teria que começar a lavar suas roupas agora... isso poderia acarretar alguns problemas. Teríamos que elaborar um cronograma pra quando ele for lavar suas roupas, até porque eu que não vou fazer isso por ele... sem contar que teríamos que dar um jeito de esconder de Louise... Jesus. Toda essa coisa de ‘esconde-esconde’ estava me dando uma canseira!

– Você ainda não escolheu a roupa? – Bill estava parado na porta, ainda enrolado na toalha e com o cabelo molhado e penteado caindo por suas costas. Ele cruzou os braços sobre o peito. – Ainda vai demorar muito?

– Affê... eu já escolhi suas roupas... menos sua cueca. Sabe como é eu estou com medo de tocá-las e meus dedos caírem. – Ele sorriu com meu comentário. – O que me faz lembrar Bill, que você vai ter que lavar suas roupas agora. – Ele jogou as mãos para o alto de forma exagerada.

– Mas o que é isso? Dia do “Lava a jato do Bill”?

– Ué... se você quer vesti-las quando ficarem sujas, aí é com você.

– Mete o pé que eu quero trocar de roupa. Aff. – Ele parou, depois levantou uma sobrancelha olhando para mim. – A menos é claro, que você não queira que eu coloque minhas roupas de volta. – Agora foi a minha vez de corar.

– FUI! – Disse num pulo, passando por ele com rapidez em direção a porta.

Fiz meu caminho lentamente até as escadas, bocejando. Foram muitos acontecimentos num dia só... o convite de Jay, a exposição da minha pintura, a vadia da Jessica, a sujeira recente do Bill... Na cozinha, peguei duas garrafas de Ale8 e levei para sala, sentando-me no sofá. Fechei os olhos. Apenas alguns minutos de descanso para limpar minha mente antes que Bill volte.

Contudo não consegui relaxar, fiquei pensando em Jay e na forma como ele parecia tão estranho hoje. O fato de ele ter me convidado para sair e por alguma razão eu não estava tão animada quanto eu pensei que ficaria. Nada fazia mais sentido, eu precisava de Bill para me acalmar, para me tranqüilizar dizendo para eu ir para a festa e me divertir.

– BOOO!

– AAAAAAAAAAAH! – Senti minha alma quase saindo do corpo quando Bill pulou atrás de mim. – Que diabos você está fazendo? – Ele gargalhou batendo palmas alegremente.

– AH MEU DEUS! VOCÊ TINHA QUE TER VISTO A SUA CARA! FOI CLÁSSICO! – Ele saltou para trás e correu para o outro lado da sala, provavelmente para fugir de ser espancado por mim. Menino inteligente.

Minha respiração tinha saído de controle e eu apoiava uma mão em meu peito, sentindo meu coração bater de forma desregular.

– Bill, se meus joelhos não estivessem tão fracos agora, eu juro que iria até aí e enfiava meu sapato na sua goela.

– Seus joelhos estão fracos? Bem, eu geralmente causo esse efeito nas mulheres. – Disse ele sorrindo e alisando a frente da camisa. Bufei de raiva. Deus, ele estava tão arrogante e cheio de si hoje!

– Não fique se achando querido. – Eu cuidadosamente articulei cada palavra usando todo o sarcasmo possível. Ele havia dito exatamente essas palavras para mim no seu primeiro dia aqui, embora eu não fosse uma pessoa de guardar rancor, confesso que nunca esqueci. Ele realmente me magoou com essa afirmação leviana...

– Awww – De repente toda a sua arrogância desapareceu. Seus olhos se voltaram para baixo e ele me deu um olhar doce e apologético. – Alley, eu nunca quis te dizer aquilo, você sabe... Eu sinto muito. – Ele passou por trás do sofá sentando-se ao meu lado. – Eu fui um idiota e disse sem pensar. Você não tem raiva de mim por isso, tem?

– Você ainda se lembra disso? – Eu sorri meio sem vontade. – Isso foi há meses. De qualquer jeito, não precisa se desculpar. Disse só a verdade.

– Que verdade?

– Eu não deveria me vangloriar por nada. Você é muito mais bonito do que eu. – Sorri, esperando irritá-lo com isso.

– Alllleeeeeeyyyyy... – Ôh-ou. Lá vem uma palestra chegando. Sempre que ele diz meu nome dessa forma lenta e arrastada, eu sabia que ele já ia começar um discurso. Debrucei-me contra ele, levantando meus braços impotentes. Quantas vezes ele fazia uma discurso de auto-estima?

– Tudo bem, vamos lá. Diga-me que eu preciso ter mais fé em mim mesma, e que sou uma garota perfeitamente atraente e que qualquer cara teria a sorte de sair comigo, ou qualquer outra coisa que você queira acrescentar de diferente.

– Eu vou poupá-la agora. – Ele disse arrepiando meus cabelos. – Não quero que sua conversa tão importante fosse adiada.

Ele ainda tinha cheiro de pêssegos, mas não estava mais tão forte assim. Virei a cabeça para estudá-lo, seu cabelo estava úmido começando a secar. Ele realmente estava vestindo o que eu tinha escolhido – uma camisa laranja e uma calça preta que não combinavam em nada – Ele parecia tão normal, tão cotidiano. Sem toda aquela confecção de roupas perfeitamente combinadas, o cabelo arrumado e sua maquiagem habitual.

Normal? Não... seus olhos dançavam enquanto ele falava. Havia um tipo de luz específica feita só para eles... Decidi retirar meu pensamento anterior. Ele nunca poderia se parecer com uma pessoa comum, isso não era possível. Ele era bonito demais, com todos os seus traços femininos e delicados. Não importaria se ele cortasse o cabelo, usasse uma roupa diferente ou até mesmo deixasse a barba crescer... ele ainda seria impressionante.

Deixando-me levar por esse pensamento, pude notar sua expressão doce e atenta, percebi que quase doía olhar para ele. Como olhar para o sol ou algo assim... senti um desconforto mexer no meu estômago e tive que desviar o olhar rapidamente.

– Então? Sobre o que você quer falar? – Ele perguntou.

Eu interiormente suspirei de alívio. Retirei meus braços de seu pescoço e inclinei-me para trás deitando no sofá e jogando os pés em cima do seu colo enquanto repousava minhas mãos em minha barriga.

– O que é isso? – Ele resmungou encarando meus pés enormes. Eu levantei um e cutuquei seu nariz com meu dedão. Eu ri quando ele me deu um olhar exasperado.

– Acho que isso é um pé. Um lindo, lindo pezinho. – Ele deu uma gargalhada.

– Jura? E o que eles estão fazendo no meu colo? E na minha cara?!

– Eles estão esperando receber um pouco de amor. – Eu disse docemente. Uma massagem agora seria o paraíso para mim.

– De jeito nenhum! – Ele disse percebendo minhas intenções tentando empurrar minhas pernas para longe.

– Por favor? Por favor, por favor, por favor ... – Eu cantava mais e mais, efetivamente irritando ele. – Se você me ama, então faz isso. Eu tive um longo dia na escola e eles estão doendo... por favor? – Ele exalou ruidosamente, e pareceu concordar. Curiosamente esse argumento sempre funcionava.

– Eu não acredito que estou fazendo isso. – Ele murmurou. Eu sorri com prazer deitada nas almofadas, suspirando feliz quando suas mãos quentes seguraram meus pés.

– Você devia ser massagista. Esquece esse negócio de estrela do rock adolescente.

– Vou pensar sobre isso. – Ele sorriu. – Agora, vamos falar logo ou você me arrastou aqui só para me fazer seu escravo?

– Mas é claro que sim.

– Sorte a minha.

– Sorte a sua mesmo. – Eu concordei. – Tudo bem, sem enrolação. – Eu contei-lhe sobre o meu dia, cada detalhe que pude lembrar... passando sobre o convite de Jay, a irritante da Jessica e a felicidade sobre minha pintura ficar em exposição permanente no museu de basquete, mesmo que isso não tivesse nada a ver com a festa Halloween, ele acenava com a cabeça ocasionalmente, sem me interromper em momento nenhum. Ele era um bom ouvinte.

– Então... eu não sei. Quero dizer, eu quero ir para a festa de Halloween, eu acho. Seria algo diferente... Pelo menos pra me tirar de casa um pouco... não sou muito festeira, mas pode ser legal.

– Não vá.

Fiquei surpresa e em um silêncio momentâneo por sua sugestão.

– O quê?

– Eu não acho que você deve ir. – Ele disse. Eu enruguei minhas sobrancelhas.

– Por quê?

– Porque... ah esquece. – Ele estava começando a parecer terrivelmente desconfortável.

– Não, me diga. – Sentei-me tirando o pé de seu colo e olhando diretamente em seus olhos.

– Eu... eu não acho que esse cara é bom pra você. Ou bom o suficiente pra você. Acho que você está perdendo seu tempo.

Fiquei chocada por vários momentos. Definitivamente não era isso que eu queria ouvir. Eu queria ter certeza de que tudo estava bem, que eu estava sendo boba.

– O que te faz dizer isso? – respondi um pouco direta demais, eu não conseguia manter a estabilidade de minha voz. Ele se inclinou colocando a cabeça entre as mãos e esfregando suas têmporas.

– Alley...

– Não me venha com “Alley”. Para dizer isso é porque tem algum motivo, e eu quero saber qual é.

– Eu... eu só não tenho um bom pressentimento quanto a isso.

– Por quê? – Exigi. – Droga, Bill. Você diz para eu não ir e fala que é por um pressentimento? É melhor você ter um argumento melhor que esse.

– Alley, não faça isso... você pediu minha opinião e eu a dei. Eu me preocupo com você, isso é tudo.

– Diga-me. – Eu exigi mais uma vez. – Bill, há algo que você está morrendo de vontade de me dizer, então diga.

– Tudo bem, eu vou te dizer. Mas isso vai te chatear.

– Sério?

– Sim.

– Vá em frente.

– Você está perdendo seu tempo. Já posso dizer que isso não vai dar certo sabe por quê? Porque você não está sendo você mesma. Você acabou de dizer que não faz o tipo de festas. Então por que você quer ir para algo que é garantido que não vai se divertir? E também, o fato de ter dúvidas em relação a ir. Indo só por causa dele não vai fazer isso valer a pena. Se ele realmente se importasse com você Alley, ele se esforçaria para fazer as coisas que você gosta de fazer. – Ele parou para respirar por um minuto. Eu sentia meu rosto ficar quente rapidamente. – Você mudou sua maneira de se vestir... sempre foi tão natural, e agora você está agindo como...

– Como o quê? – Eu disse sem rodeios quando a voz dele sumiu.

– Como... Bem, confie em mim... Eu já vi muitas meninas fazerem esse tipo de coisa, elas tentam fazer de tudo para nos chamar a atenção. Elas pensam que tem que se vestir e se comportar de certa forma só para nos agradar, mas isso não é certo. Não é porque não deu certo com ele antes que você tem que mudar quem você é só para agradá-lo. Não foi você que me disse que não iria mudar por causa de ninguém?

Bem... sim, eu havia dito isso. Mas eu não mudei tanto assim, mudei? Eu ainda era a Anabelle Alley, a mesma idiota que derramou Coca-Cola na camisa ontem e quase caiu da escada do prédio de Biologia. Aparentemente ele ainda não estava satisfeito.

– É tão frustrante ver você agir assim. E não é só isso, você disse que não sabe quase nada sobre esse cara, mesmo tendo passado todo esse tempo com ele. Se ele gostasse de você, ele se abriria, falaria sobre si mesmo... perguntaria sobre você... Eu não entendo. Você nem parece notar que há algo de errado. Ele a tem aonde ele quer, Alley. Você está tentando mudar para o tipo de pessoa que acha que ele gosta. Mas o que vai acontecer quando ele conhecer quem você é de verdade? A que eu vejo todos os dias? Você vai viver se escondendo atrás dessa nova máscara? Você vai ficar triste e insatisfeita, Alley. Você tem que ser você mesma. – Ele repetiu. – E você acha que um cara tão superficial que é incapaz de ver como você vale sendo quem é de verdade, vale a pena? Eu não acho.

– Interessante. – Eu comentei com frieza. – Mas o que te leva a achar que ele é superficial quando você nem ao menos o conhece?

– Baseado no que você me disse, que, a menos que você tenha mentido ou exagerado, eu acho que meu ponto é muito preciso. E sabe de uma coisa? Eu acho que você sabe disso também, e é por isso que você está hesitante sobre toda essa questão. Então... é melhor se você acabar com isso agora. Que vai te poupar muita dor de cabeça e problemas mais tarde.

Fiquei em silêncio. Eu estava fervendo, minha raiva ameaçando transbordar. Quem era ele para me dizer o que eu estava pensando? Era para ele ser meu amigo, ser solidário, se oferecer para me ajudar a fazer as unhas, pelo amor de Deus! Suas palavras continuavam ecoando em minha cabeça. Se ele realmente se importasse com você... Se ele gostasse de você... Senti as lágrimas brotarem em meus olhos, e com raiva lutei contra elas. Quem diabos ele achava que era pra dizer que Jay não gostava de mim? Ele nunca nem o viu!

Bill respirou fundo, esfregando nervosamente os polegares juntos.

– Alley...

– O quê? – Minha voz poderia ter rachado um cimento.

– O meu ponto é... Existe alguém que é perfeito pra você, que ama todos os seus defeitos e aprecia tudo o que você tem pra oferecer... e você não deve se contentar com menos do que isso. Você merece o melhor.

Mantivemo-nos no sofá por alguns minutos em silêncio sepulcral. Bill respirava apreensivo, quase com medo de me encarar depois desse discurso acalorado. Depois de um tempo reuniu coragem para falar, já que ficou óbvio que eu não iria dizer mais nada.

– Você está brava comigo? – Sua voz era suave, tensa e preocupada.

– Sim. – Ué eu tinha que ser sincera.

– Eu imaginei. – Ele coçou o braço distraidamente, ainda me estudando. – Mas, só estou dizendo isso pra você porque sou seu amigo, e me preocupo.

– Ah, então você está dizendo isso para o meu próprio bem. É isso? – Deus, como isso era irritante.

– Não faça soar assim.

– Assim como?

– Como se eu fosse seu irmão mais velho... que quisesse cuidar de você ou algo assim. Como se eu fosse o vilão de tudo e insensível. Eu só disse o que eu penso Alley, como um amigo.

– Obviamente.

Cruzei meus braços e virei a cabeça para longe dele. Por que ele estava fazendo isso? Eu me sentia tão inútil. Basicamente se resumia a isso: Ele estava me dizendo que o único cara que tinha mostrado algum interesse em mim, na minha memória recente, realmente não gostava de mim. Isso doía, e muito. Eu não estava acostumada a ter um relacionamento e estava realmente feliz por ter encontrado alguém em potencial. Por que ele não podia simplesmente ser feliz comigo? Será que ele não percebia que se eu não aproveitasse essa chance agora, certamente não haveria outra? Ou será que ele quer que eu morra uma solteirona?

Talvez você esteja exagerando – minha voz interior me advertiu. – você tem agido estranho ultimamente.

Com raiva afastei esse pensamento. NÃO! Ele estava sendo o estranho por aqui. Qualquer apreensão que tive em ir para a festa desapareceu quando meu lado rebelde entrou em cena. Eu iria para essa festa sim, e iria me divertir pra caralho. Só para provar para o Bill o quanto ele estava errado. Qual era o problema dele afinal? Estava com ciúmes?

– Bem. – Eu disse friamente. – Suponho que você não vai me ajudar a escolher minha fantasia. – Ele torceu o nariz e olhou para mim.

– Uma fantasia?

– Sim, é uma festa Halloween, eu preciso de uma fantasia. – Ele suspirou de novo com mais força.

– Alley-

– Não, escuta aqui você – Cortei-o rapidamente, percebendo que ele estava prestes a dizer algo que arruinaria qualquer coisa que eu falaria a seguir. Dei espaço para minha raiva transbordar. – Sabe o que eu acho, Bill? Você está com ciúmes. Porque Jay está ocupando meu tempo, o tempo que eu não tenho sido capaz de passar com você. Você está com medo de nós dois começarmos a sair e eu não estarei por perto para entretê-lo. Sabe de uma coisa? Ao contrário do que você imagina meu mundo não gira ao seu redor. E eu não sei por que eu fui escolhida para ser sua babá espiritual através dessa provação toda, mas saiba que eu não me candidatei ao cargo. Eu vou a essa festa com Jay, vou me divertir muito, quer você queira ou não.

– Você acha que estou aqui por minha própria vontade? Acha que despenquei de uma parede de sei lá quantos metros me dando um edema cerebral só pra ter ciúmes de você? Acha que eu quis abandonar meu gêmeo, minha família, minha musica, meus fãs estando em coma do outro lado do Atlântico? Acha que eu quis infligir essa dor a todos eles e ser esse estorvo para você? Me desculpe, ao contrário do que você pensa, você não é o meu mundo Alley. Mas no momento é tudo o que eu tenho.

Oh, Deus, o que eu fiz? Isso é horrível... Não Bill, eu não queria te dizer isso, eu não... Respirei fundo espantada e completamente horrorizada com as palavras duras que tinha acabado de escapar da minha boca. Minhas mãos tremiam, e eu tentei me acalmar sem saber o porquê de ter feito isso. O rosto de Bill estava virado para baixo e vi quando uma lágrima silenciosa desceu, mas para o meu espanto ele a limpou rapidamente.

– Acho melhor você subir Alley, precisa decidir o que vai vestir.

Levantei-me e saí da sala, pisando os meus pés como uma criança pequena todo o caminho até as escadas. No meu caminho até lá eu ainda podia ouvi-lo murmurando o nome de Jay mais e mais para si mesmo, como se estivesse tentando dar sentido a tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The World Behind My Wall" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.