The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 25
Capítulo Vinte&Quatro - Que papo é esse Alley?




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Eu quero sentir, toda a química aqui dentro.
Eu quero que o sol queime, só para saber que estou vivo.
Não me diga se eu estiver morrendo, porque eu não quero saber.
Se eu puder ver o sol, talvez eu possa ir.
Não me acorde, pois estou sonhando com os anjos da lua.
Onde todos que você conhece nunca te deixam tão cedo.

Thriving Ivory – Angels on the Moon

Bill’s P.O.V

Um mês depois

Às vezes, acontecem coisas que você simplesmente não consegue explicar.

Histórias de fantasmas, os círculos nas plantações, a obsessão dos Estados Unidos em serem sempre os melhores em tudo, Lindsay Lohan se tornar a maior pirada, Paris Hilton achar que é alguma coisa importante, Backstreet Boys acharem que cantam alguma merda, o canal da Discovery Kids...

Minha atração por ela...

Eu realmente não poderia explicar. Será que eu estava amando? Eu não sabia. Tudo o que eu achava saber sobre o amor, como ele funciona ou como se desenvolve, lentamente foi se apagando de minha memória com o tempo passado com Alley.

Ela não era o meu tipo... ou pelo menos, o tipo do qual eu sempre estive acostumado. Eu geralmente fiquei com meninas bonitas, educadas, e, para ser sincero, com o nível de QI não tão elevado assim. Elas eram lindas, um pouco sem graça, mas em geral muito boas para o meu ego. Como Alexys. Eu sempre a achei maravilhosa, apesar de seu pouco talento para conversação. Mas, ei... Eu não precisava falar para me dar bem com ela, certo?

Certo?

Só que... Agora eu não tinha tanta certeza.

Alley era diferente... Ela era a antítese de toda garota da sua idade. Ela era ousada, inteligente e, à primeira vista, não muito marcante no departamento da aparência. Não que ela fosse feia – e Deus sabe que ela não é. – mas ela não é o tipo de garota que iria imediatamente chamar minha atenção no meio da multidão. O tipo de garota que eu teria visto num shopping ou em um show e passaria direto sem dar uma segunda olhada.

Eu tentei me convencer até agora, que eu realmente não gostava dela. Mas como, depois daquele dia? Eu decidi que estava solitário e entediado sem ela por perto... O que era verdade. Quero dizer, com quem é que eu ia conversar? E sempre que ela saia com esse cara eu disse para mim mesmo que o leve puxão que eu sentia em meu peito, eram apenas pelo fato de eu não querer ficar sozinho, Havia uma razão mais importante, subjacente para explicar o porquê de eu me sentir tão feliz quando ela estava por perto, que eu estava com medo de admitir, até para mim.

Era apenas uma paixonite... Tinha que ser. Eu me recusava a admitir que pudesse ser alguma coisa a mais. Deixei-me admitir que estivesse atraído por ela, e que eu gostava dela mais do que apenas como amigos, mas eu tentei não deixar que a palavra amor entrasse nesse meio. Iria apenas bagunçar tudo. Ela não gostava de mim. Ela tinha seu próprio “relacionamento” para se preocupar. Sem mencionar a lógica de que tentar namorar uma garota sem eu ser inteiramente... real, era totalmente estranho e bizarro.

Rolei no sofá tentando não pensar nas reviravoltas inesperadas que minha vida havia dado nos últimos meses. O relógio na parede continuava a se arrastar, Alley estava estudando praticamente sem parar durante dias. Levantei-me e passei a mão pelo meu cabelo bagunçado.

Ela estava sentada na mesa da cozinha com os livros espalhados ao seu redor. Já estava ali durante horas, e eram apenas seis da tarde. Não tinha idéia de como ela era capaz disso, eu mal podia assistir televisão por muito tempo sem ficar entediado.

– Como você consegue fazer isso? – Perguntei. – Não está cansada?

Ela me encarou irritada, com o cabelo desarrumado caindo-lhe sobre o rosto e uma xícara de café ao seu alcance. Seus olhos estavam ligeiramente avermelhados e havia manchas escuras de privação de sono abaixo deles.

– Claro que estou cansada! – Ela retrucou sacudindo a caneta.

– Bem, faça uma pausa. – Eu sugeri. Faça uma pausa e venha me entreter um pouco...

– Eu não posso Bill. Essa segunda fase da prova é muito importante para eu perder tempo.

– Você está desperdiçando seu tempo de qualquer maneira. Se você trabalha muito tempo em uma coisa sem uma pausa, então sua concentração não se encaixa, e você fica estressado. E o estresse é contraproducente – Eu respondi com sinceridade. – Acredite em mim, eu sei disso. Então faça uma pausa e venha conversar comigo. – Ela esfregou as têmporas antes de responder.

– Falar com você?

– É.

– Por quê? – Eu fui insultado! Ela realmente precisava de um motivo para vir falar comigo?

– Porque eu estou entediado e você me ignorou o mês inteiro. Precisamos ter uma conversa já que você é a única pessoa com quem posso falar.

– Eu não te ignorei! – Ela exclamou um tanto chocada com minha resposta. Lancei-lhe um olhar, minha mãe sempre disse que atos falam mais que as palavras. – Certo, certo. Apenas deixe-me terminar essa página que eu faço uma pausa.

– Tudo bem. – Concordei. Olhei para seu copo com café frio pela metade. – Escuta, você quer que eu faça mais café? – Ela sorriu abertamente para mim e meu coração bateu de forma irritante.

– Isso seria ótimo, Bill!

Eu sorri e me virei para os armários, pegando as coisas necessárias para fazer um grande bule de café. Medi a quantidade de pó necessário e liguei a cafeteira. Alguns minutos mais tarde eu estava derramando o líquido negro em uma caneca de cerâmica.

– Creme e açúcar? – Perguntei.

– Claro que sim. Eu não sei como você consegue beber essa merda preta pura.

– Eu bebo meu café como um homem. – Disse satisfeito. Sorrindo, abri a geladeira para pegar algo para fazer um lanche.

– Ok, eu estou pronta. – Anunciou ela minutos mais tarde levantando e esticando os braços acima da cabeça. – Oh meu Deus... minhas costas. Acho que distendi um músculo.

Ela rolou devagar a cabeça em círculos de lado a lado, esticando seus músculos tensos. Eu olhava atentamente, me odiando por amar a forma como algumas mechas de cabelo tinham se soltado e enfeitavam seus ombros dando um brilho em todos os movimentos que fazia. Eu não gostava dela, não era assim...
Eu me forcei a voltar o olhar para a geladeira, eu não, minha mente insistiu. Eu estava desesperado. A quem eu queria enganar? Pensava nela em cada segundo do dia, me peguei olhando para ela quando ela não estava olhando, eu imaginava como seria beijar seus lábios finos e delicados, ou –

– Eu vou me sentar lá na sala – Ela interrompeu meus pensamentos que estavam ficando cada vez mais perversos.

– Ok, eu vou pra lá num minuto. – Disse de volta sobre o ombro. Pare com isso Bill! Pare de pensar sobre isso! Eu balancei minha cabeça para limpá-la e peguei as duas canecas de café me dirigindo até a sala. Sentei-me ao seu lado, colocando cuidadosamente ambos os copos sobre a mesa. – Aqui está.

– Hmmm... Obrigada amor. – Ela bocejou alto. – Então, sobre o que você quer conversar?

– Hum... nada em particular. – Droga, eu devia ter pensado em um tópico de conversação antes de puxá-la pra cá. – Eu só... você sabe... nós não temos conversado muito nesses últimos dias. – Isso soou tão idiota.

– Hmmm...

Sentamos por alguns minutos sem dizer nada. Eu precisava fazer alguma coisa para me ocupar, ou o silêncio ia acabar me matando. Peguei meu copo e rapidamente tomei um gole. Muito rapidamente. Estava quente e eu gaguejava derramando metade da xícara em minha camisa.

– Argh! – Abanava freneticamente a blusa que começava a queimar meu peito. Maravilha.

– Ai, Bill! – Ela riu e pulou do sofá se retirando da sala. – Sua mãe nunca te disse para ter paciência?

– Acho que sim. – Murmurei observando a mancha crescendo em meu peito. Alley voltou pouco depois com um rolo de toalhas de papel na mão. Ela arrancou várias folhas e sentou ao meu lado, enxugando minha camisa.

– Você está bem? – Ela perguntou – Não tem nenhuma queimadura?

– Não... eu não estou ferido... talvez o meu orgulho sim. – Murmurei. – Ela se recostou no sofá e sorriu.

– Orgulho? E você ainda tem isso?

– Há há. Hilário. – Coloquei as toalhas de papel em cima da mesa. Realmente eu deveria ir lá em cima e colocar outra camisa, mas não me incomodei. Eu havia conseguido que ela fizesse uma pausa então não ia deixá-la sozinha para que pudesse voltar a estudar.

– Eu achei engraçado. – Ela fechou os olhos e suspirou. – Bom... você me fez dar uma pausa, e agora?

– Bem... – Eu realmente não sabia o que dizer agora que ela estava aqui. Desde quando começou a sair com esse Jonathan ou Jason, ou o que diabos seja o seu nome, ela havia lhe dado praticamente toda a sua atenção e havia se tornado um tanto fora de alcance. Não que ela havia me ignorado – eu exagerei um pouco quando disse – mas é que ela sempre estava em algum lugar com ele. Geralmente estudand0, ao que parece. Pelo menos era o que ela me dizia, embora parecesse que um monte de “encontros de estudo” não eram o suficiente. – Como está o estudo? – Ela me deu um olhar estranho.

– Bom. Eu acho... só vou saber mesmo depois das provas semestrais.

– E o seu amiguinho? – Ela sorriu ao ouvir sobre ele. O que me fez ficar de cara feia por dentro.

– Ah, ele está se saindo muito bem. Conseguiu um A no primeiro teste. E ele está indo bem nas aulas. – Ela sorriu docemente. – Ele disse que não sabia o que ia fazer sem mim.

GRRRRR. Eu aposto que pagaria para passar...

– Bem... isso é bom. – Eu disse tentando em vão esconder o sarcasmo em minha voz. – Então, quando são as provas?

– Essa semana eu tenho três. A de Biologia é amanhã.

– Ah... – Balancei a cabeça em compreensão. Não que de fato eu compreendesse como são as provas da faculdade, mas ainda assim eu estava tentando ser solidário.

Ficamos em silêncio por alguns instantes. Mas pelo menos dessa vez foi mais sociável. De repente, ela esticou os braços acima da cabeça e olhou pra mim, com uma expressão idiota no rosto e então se inclinou e deitou em meu colo. Momentaneamente perdi meu fôlego. Ela estava de bruços em minhas pernas com os braços esticados sobre as mesmas segurando levemente meu joelho.

– Me faça uma massagem. – Exigiu.

Eu tentei soltar meu melhor som “insultado” e nervosamente esperava que ela não notasse o nervosismo em minha voz.

– Eu pareço o que? Seu escravo?

– Por favor! Eu estou tão cansada e dolorida. Por favor? – Ela virou a cabeça para me dar um fervoroso e suplico olhar. Um sério e adoravelmente lindo olhar... Caramba Alley...

– Mas... – Eu hesitei. – Ela rolou para trás pressionando sua testa contra minha coxa.

– Vamos Bill. Seja um amigo e um herói. Se você me ama vai fazer isso!

Eu fiz uma careta para sua escolha de palavras irônicas. Seu rosto estava escondido então ela não podia me ver. Um fato ao qual sou eternamente grato. Suspirei alto fingindo irritação, mas amando cada segundo disso.
Seus ombros eram finos e eu gentilmente pressionei sua pele com minhas mãos, podia sentir seus músculos relaxando a cada toque, eu amava calor de sua pele contra a minha...

– Um pouco mais pra baixo. – Segui suas instruções. – Sim, bem aí. – Ela suspirou feliz. – Bill?

– Sim?

– Você tem uma namorada não é?

Merda.

– Bem... sim... mas...

– Eu posso... – Ela rolou novamente e modo que estivesse deitada virada para cima. Seu rosto estava ligeiramente se tornando rosa. – Eu posso... fazer uma pergunta pessoal?

– Hum... ok.

– Qual é a sensação?

– Sensação de ter uma namorada? – Eu perguntei confuso. Que pergunta estranha.

– Você sabe do que eu estou falando. – Seu rosto estava escurecendo e quando encontrei seus olhos ela rapidamente desviou o olhar.

– Não, eu não faço idéia. – Eu estava começando a ficar perplexo.

Ela sentou-se segurando os braços em torno da cintura, então se virou para mim murmurando a pergunta contra o meu peito.

– Sexo... qual é a sensação?

Por um momento fiquei sem palavras e a encarei.

– O quê?

– Esquece. – Ela disse apressadamente. – Desculpe me intrometer.

Não, não. Vamos falar disso.

– Por que você quer saber? – Exigi. Ela estava pensando em sexo? Com ELE? Ah meu Deus... não, não, não, por favor não!

– Bill... – Ela disse desconfortável. – Eu só estou curiosa... quero dizer... é óbvio que eu não tenho nenhuma experiência nesse departamento.

– E o que te faz pensar que eu tenho? – Considerei isso acrescentando a idéia de que se ela realmente gostaria de saber, nós poderíamos subir e descobrir isso juntos... Ela parecia completamente chocada, o que me insultou um pouco.

– Você está falando sério?

– Claro que estou falando sério! O que te faz pensar que eu poderia saber?

– Bill... – ela disse rindo. – Eu só achei que... você sabe... você é uma cara, existem milhões de garotas que fariam tudo para ter isso de você.

– Você me dá tanto crédito. – Eu disse sarcasticamente. – Como se eu quisesse isso das minhas fãs.

– Mas – ela protestou. – Você tem uma namorada né? E acho que vocês já estão juntos há algum tempo...

– Então – eu disse exasperado. – você acha que eu a levei pra cama? Obrigado Alley, eu me sinto um verdadeiro cavalheiro. – Seus olhos se arregalaram.

– Bill, não fique bravo... me desculpe... mas, eu quero dizer... você nunca fez nada? Talvez o sexo não, mas... você sabe... – Senti meu rosto em chamas com algumas memórias que me vieram à mente.

– Bem, sim, um pouco... mas...

– Como o que?

– Alley – eu disse sentindo um pouco de vergonha. – eu não vou dizer.

– Por quê? Quem sou eu que vou dizer, Bill? – Perguntou ela com sarcasmo. – Você acha que eu vou entrar na internet e dizer a todos sobre sua vida sexual? – Eu ignorei isso.

–Por que você está tão insistente quanto a isso? – exigi.

– Desculpe... esqueça... eu só estou curiosa. – Ela ficou quieta por alguns momentos e eu pensei que finalmente tínhamos encerrado esse assunto, mas então ela falou novamente. – Mas... você nunca pensou sobre isso? Ou em fazer?

Pensar sobre isso? Eu tinha dezenove anos de idade com sangue quente correndo em minhas veias gritando minha testosterona e levando meus hormônios a loucura. É claro que eu pensei sobre isso. Mas, mesmo chegando perto de fazer isso em um momento de descuido com Alexys eu não tive coragem de seguir em frente. A falta de confiança de Alley em meu autocontrole, no entanto, era um pouco embaraçosa. O que ela pensava que eu era? Uma espécie de animal no cio? Só porque eu era famoso? Esse cargo se encaixava em meu irmão e não em mim.

– Sim... – eu disse num suspiro, sabendo que ela não ia descansar até obter algumas respostas. – mas entre o pensar e o fazer há uma grande diferença, Alley.

– Eu sei... mas... – Ela tropeçou em suas palavras. Parecia tão incrivelmente mortificada pelo tema que havia trazido... e era irritantemente bonita. Você não pode estar pensando em fazer sexo com esse cara. Eu pensei em desespero. Você quase não o conhece... Você merece coisa melhor... De repente, decidi acrescentar mais dois centavos sobre esse assunto.

– Eu nã0 quero fazer isso com alguém que eu não amo. – Eu disse. – Porque, ao contrário do que parece que você pensa de mim, eu levo isso muito a sério... Só porque eu tenho oportunidade de dormir com outras garotas não quer dizer que eu faça isso ou que eu tenha algum desejo. – Eu pensei que a tinha impactado com minha resposta, mas fiquei surpreso com o que ela disse.

– Você não ama sua namorada? – Ela me olhou horrorizada. O que? Quem se importa com minha namorada? Eu estou tentando falar sobre você fazer sexo com esse cara idiota que fica bajulando!

– Bem... – eu comecei. – Não, nem nunca amei.

– Então por que você está com ela então? – Ela me estudou, o tom avermelhado desaparecendo de sua tez. – Isso não parece certo.

– Não. – Concordei – Eu sei disso Alley. Eu saí com ela uma vez, e depois outra e então ela começou a vir mais um monte de vezes... e eu continuei saindo com ela. Era mais como uma relação de convivência e familiaridade. Eu gosto dela, ela é uma garota legal eu acho. – Exagero massivo do ano. Tom me daria um soco se estivesse aqui. – Mas eu não a amo.

– Isso é muito triste Bill. – Ela olhou para o chão absorvendo o que eu disse. – Esse não é o jeito que as coisas deveriam ser.

– Eu sei. – Disse calmamente. – Mas as coisas acontecem assim às vezes.

– Por que você não termina com ela? Você está desperdiçando o seu tempo e o dela desse jeito.

– Bem, sim... eu farei isso quando voltar. Eu estava pensando sobre isso já há algum tempo, nós não nos falamos muito antes do acidente. Eu a estava evitando, para ser sincero. – Encolhi os ombros. – Então ela já deve saber que isso vai acontecer.

– Há quanto tempo estão namorando? Qual é o nome dela?

– O nome dela é Alexys. Sem contar o tempo que estou nessa condição... – Eu mentalmente calculei o tempo. – Hum... deixa eu ver... cerca de um ano e meio. Apesar de agora serem quase três anos.

– Uau! – Ela murmurou. – Você está com ela esse tempo todo sem gostar dela. Você não acha depois de um tempo iria começar a amá-la, Bill? Sabe como é... depois de um tempo perceber que ela é a única.

– Não – eu admiti. Era a verdade. Especialmente agora não. Nem quando eu não estava sentindo esses sentimentos afetuosos e irritantes pela ruiva louca sentada ao meu lado.

– Bill! Por que então? Por que ficou com ela esse tempo todo?

– Eu fiquei com ela... acho que porque eu não queria ficar sozinho. E... – eu comecei um pouco envergonhado. – era bom para a minha reputação ter uma namorada.

– Sua reputação?

– É Alley. Você mesma zombava de mim quando me conheceu. Por causa da minha aparência.

– Sua aparência? – Ela ia ficar repetindo tudo o que eu estava dizendo?

– Droga, Alley... as pessoas acham que eu sou gay. O cabelo, a roupa, o rosto, a voz, o estilo, tudo! Eu estava cansado de ouvir isso, por isso achei que seria bom ter uma namorada. Acho que é por isso que Tom não gosta dela. Apesar de que o plano não foi muito bom porque agora eu tinha que aturá-la agarrada em mim em tudo quanto é canto.

– Bill... – ela deu um risinho sem graça. – Quem se importa com o que os outros pensam? E eu nunca achei que você fosse gay... eu apenas pensei que você meio que parecia uma garota. Haha... deixa pra lá.

– Obrigado por isso. – Disse azedo.

– Ah, vamos lá. Você é lindo e sabe disso.

Ela acabou de dizer que eu era bonito? Isso é bom ou ruim? Antes de pensar em uma maneira de dizer “Obrigado” sem soar como um idiota prepotente, ela falou novamente com um olhar contemplativo em seu rosto.

– Então, você não está apaixonado por essa garota. Alguma vez você já se apaixonou por alguém? Sabe como é isso?

– Ahn... se apaixonar é meio assustador. Você não sabe que isso está nascendo, até que um dia você meio que se dá conta... uhm... – Eu parei por um instante sentindo meu rosto cozinhar. É só uma paixão, é só isso... Deixei essa linha correr em minha cabeça, mas sabia que não era verdade. – E pode te ferir também. Especialmente se a pessoa não te ama de volta, ou pelo menos não da forma que você gostaria que amasse.

– Você faz isso soar de uma forma horrível – Ela disse um pouco chocada.

– Bem, não... não é tão ruim... É realmente bom ás vezes. Sabe, a inocência de um sorriso, a forma como ela olha pra mim, quando ela me abraça ou até mesmo quando me xinga... Quero dizer, por mais que doa às vezes eu não deixo de sonhar, e ninguém pode tirar isso de mim. Mas nem tudo são rosas e chocolates do tempo todo... – Ela piscou o olho e apertou os lábios, pensando.

– Então, só pra esclarecer... Você não é apaixonado por sua namorada. Mas já se apaixonou?

– Eu estou- uhm... é isso mesmo. – Cortei minha frase rapidamente.

– Por quem? Uma fã? Uma vizinha? Você está tendo um caso ilícito Bill? – Ela perguntou animada.

– Não, eu não estou tendo um caso. – Eu tive que sorrir para o seu entusiasmo. – Essa garota não sabe que eu a amo. Bem, eu não diria que estou completamente apaixonado por ela, mas é esse o processo... ela é apenas uma amiga minha.

– Uma amiga?

– Tem um eco aqui? Você está repetindo tudo o que eu falo hoje. – Mudei de assunto rapidamente. Isso está ficando muito próximo à verdade para o meu gosto.

– Me desculpe só estava tentando aprender alguma coisa aqui! – Ela se endireitou depois se inclinou para trás, sua cabeça se encaixando perfeitamente na dobra de meu pescoço. Hesitante, coloquei meu braço em torno de suas costas. Ela soltou um pesado bocejo.

– Então, o seu interrogatório é para chegar até esse ponto? Você acha que está apaixonada por ele ou algo assim? – Por favor, diga que não, diga que não...

– Ah, não eu não iria tão longe. Eu não o conheço o suficiente para saber isso – Ela disse rindo e eu suspirei interiormente de alivio.

– Bem, mas e o cara do shopping? Você disse que estava “apaixonada” – Terminei a frase com um tom de falsete zombando dela. – E você o conhecia a menos de cinco minutos.

– Admito que aquilo foi um exagero. Mas eu acredito em amor à primeira vista.

– Eu não.

– Eu já sei disso. Mas você tem uma razão para isso. O mundo do estrelato te fez uma concha muito fria. – Embora eu não pudesse vê-la senti o seu sorriso.

– Ah sim – eu disse secamente. – Bill Kaulitz, o reservatório frio e amargo na figura de um homem... esse sou eu.

Ela deu uma risadinha.

– Sabia que você ia ver as coisas do meu jeito.

– Então – Eu disse desviando a conversa de volta para ela. – você acha que pode começar a amar esse cara? – Por favor, diz que não, diz que não...

– Ah... eu não sei... – Não era a resposta que eu estava esperando, mas era melhor do que um retumbante “sim”.

– Bem, por que você está saindo com ele então? – Zombei dela.

– Ah, porque eu estou testando as águas... Pode haver algo lá, eu só tenho que checar.

– E se não tiver nada?

– Então adeus e fim de história.

– Sério? – Eu a encarei um tanto espantado. Ela estava tendo todo esse trabalho pra chamar a atenção do cara... e agora está dizendo que simplesmente daria um tchau? Ela virou a cabeça para trás e inclinou seu rosto para que pudesse olhar pra mim.

– Sim! – Disse revirando os olhos. – Por que eu iria perder meu tempo com alguém com quem não vou ter um futuro? Eita, Bill. Eu nunca tive um relacionamento sério antes e sei mais dessas coisas.

– De alguma forma eu acho difícil de acreditar.

– No que? Em eu me livrar dele se não tivermos química?

– Não. – respondi. – Em você nunca ter tido um namorado.

– Bem – ela disse laconicamente. – nenhum real.

– Ué, então você teve de mentira? Tipo um urso de pelúcia gigante? Então aquele coelho horrendo que tinha debaixo da sua cama era seu ex-namorado? – Eu gargalhei bagunçando seus cabelos.

– Cala a boca, Bill. Você sabe o que eu quero dizer. Os caras não se interessam por mim.

– Ah, para. – Eu persuadi. – Claro que sim.

– Não, Bill. Eles realmente não se interessam. Então não se discute.

– Se interessam sim! – Me arrependi de ter dito isso assim que as palavras saíram de minha boca. Eu estava ficando muito perto de novo... Ela sentou-se abruptamente, com um olhar de dúvida no rosto pela forma enérgica com que falei.

– E como você sabe?

Minha boca se abriu um pouco e eu rapidamente tentei pensar em uma resposta adequada. Hmmm... eu poderia dizer “esquece” mas isso certamente a faria me perturbar mais... Eu poderia dar um discurso de como ela era uma pessoa maravilhosa e que diversos rapazes obviamente se interessam por ela, no que ela também não acreditaria... Eu poderia... confessar que sei disso porque sou um cara que é interessado nela... ou eu poderia cair no chão, tendo um falso ataque epilético que me impossibilitaria de falar alguma coisa e a faria esquecer do que estávamos falando.

Essa última opção me foi a mais atraente nos segundos que se passaram. Olhei para o chão, mentalmente julgando aonde eu deveria cair para não causar muito prejuízo, quando o telefone tocou estridente. Seus olhos se arregalaram e ela saltou do sofá para atender. Eu sabia quem era, e ela também ao julgar pelo seu olhar. Era ele.

– Olá! – Ela exclamou ao telefone. – ah só estou dando uma pausa. – Ela se arrastou para fora da sala, o que teria me deixado ofendido se eu não estivesse tão aliviado.

Estendi-me no sofá e cobri o rosto com as mãos. Whoa... as coisas quase saíram de controle por um segundo. Discutir sobre sexo e amor com a garota que eu gosto? TEN-SO... Honestamente não era o meu melhor assunto, especialmente em minha atual condição. Eu não sei por quanto tempo vou permanecer aqui, com ela. Então não queria por a perder nossa atual condição, apenas amigos. Se eu tentasse ir mais longe isso só a apavoraria então as coisas iriam ficar bem difíceis. No momento ela estava disponível apenas como minha amiga.

Calma, Bill.

Respirei profundamente e me sentei de volta. Já me sentia um pouco melhor. Esfregava as mãos nervosamente esperando que ela voltasse. Pouco tempo depois ela o fez. Com um grande sorriso sonhador no rosto, eu a olhei. Queria ser a pessoa que a faz sorrir assim...

– Então – comecei sarcasticamente. – quando é o casamento?

– Cala a boca. Vamos nos encontrar amanhã para estudar. – Ela colocou o telefone no lugar e retornou a sua posição no sofá. – Então, você estava falando alguma coisa?

– Não – Eu disse apressadamente.

– Tem certeza? – Ela perguntou com a testa franzida. – Desculpe, eu levantei tão rápido... não queria te interromper.

– Você não inter– olha são quase oito horas. – Levantei minha voz nessa ultima afirmação. Talvez fosse uma desculpa estúpida para desviar sua atenção, mas funcionou. Ela olhou para o relógio, deu um gritinho e se jogou no sofá agarrando o controle remoto. Estava na hora dos Simpsons, o que mais teria funcionado? Agradeci mentalmente a Matt Groening por essa distração conveniente.

Eu adorava esse desenho. Mas Alley ainda mais. Ela não apenas ria assistindo, ela gargalhava. Se sacudindo e dando tapas no joelho. Observando-a assistir ao desenho, ás vezes era mais engraçado que o próprio desenho em si. Eu tinha trinta minutos para reorganizar meus pensamentos. Felizmente houve tempo o suficiente, quando o programa acabou ela se levantou.

– Ohhhh – ela bocejou de novo esticando os braços acima da cabeça. – Bem, está na hora de eu voltar ao trabalho, muita coisa a fazer. – Ela se inclinou e me deu um beijo na bochecha. Um afetuoso e fraternal beijo que elevou minha pressão arterial muito mais do que devia. – Obrigada, Bill. Isso ajudou muito. E nós tivemos uma boa conversa.

– Sim – eu disse baixinho enquanto ela saia da sala. – Tenho certeza que tivemos.


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