The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 16
Capítulo Quinze - Dia após dia


Notas iniciais do capítulo

Lindezas, obrigada pelos reviews



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Eu encontrei você aqui, agora, por favor, fique por um tempo
Eu posso seguir em frente com você por perto
Eu te asseguro minha vida mortal, mas isto será para sempre?
Eu faria qualquer coisa por um sorriso, segurando você até nosso tempo acabar
Nós dois sabemos que o dia irá chegar, mas não quero te deixar.

Avenged Sevenfold - Seize the day

Alley’s P.O.V

Uma semana depois

Meus olhos se abriram lentamente. A luz solar entrava através da janela e iluminava meu rosto, me incentivando a sair da cama. Cedi, embora com relutância e olhei para o relógio: 11:00. Era mais cedo que minha hora habitual de despertar sempre por volta de 13:30 ou 14:00, mas eu estava acordando mais cedo por causa de Bill. Eu me preocupava com ele correndo pela casa, sozinho. Não que ele pudesse fazer alguma coisa intencionalmente, mas eu não queria que Louise pudesse chegar e notar algo estranho. Ela já não gosta de filmes de terror, então eu não queria nem ver sua reação a qualquer coisa incomum com relação ao Bill. Espreguicei-me ligeiramente na cama e descansei as mãos abaixo de minha cabeça.

Uma semana já havia se passado. Pensei olhando para o teto. Todo o dia quando eu acordava, olhava para Bill dormindo ao meu lado. Lindo, de uma beleza inquestionável. Lindo, sim, mesmo com um pouco de baba.

Tivemos os últimos sete dias de ajuste aos nossos novos estilos de vida, para encaixar Louise, mas acima de tudo, nós mesmos. Não que eu me incomodasse com sua presença, ele era bastante agradável, mas ele era um cara. Um membro da espécie masculina. Eu não estava acostumada em passar tanto tempo perto de um garoto. Eu morei com Louise e sua família desde que meu pai morreu e quando começamos a faculdade, naturalmente, viemos morar sozinhas. Sem mencionar que eu não tive um namorado bom nos últimos anos. Na verdade, podemos concluir que eu nunca tive um namorado “bom”. Um ou dois meses de namoro, aqui e ali, realmente não constroem uma vida amorosa, em minha opinião. Os caras não sentiam atração por mim, eu não tinha um bumbum grande, ou pernas bonitas, ou o cabelo sedoso e caprichado... garotos estúpidos. Fodam-se, de qualquer maneira. Se eles queriam uma garota confeccionada e superficial para serem suas namoradas então vão ter que procurar em outro lugar, afinal de contas eu não nasci pra agradar ninguém.

Chega de discurso feminista. As coisas eram diferentes agora, eu tinha um Deus grego em minha casa. Pela primeira vez na minha vida, eu realmente me senti autoconsciente. Louise desde sempre foi minha melhor amiga, ela estava tão acostumada com meus defeitos que nem notava mais. Ela não se importava com minha aparência pela manhã, ou como eu cheirava depois da aula de educação física, ou se eu falava muito palavrão. Mas Bill era novo, uma interrupção para o meu normal estilo de vida desleixado. Uma interrupção alta, bonita e charmosa.
Um gemido macio emergiu da figura ao meu lado esquerdo. Bill grunhiu e rolou o braço batendo em meu peito. Se houve uma coisa que eu aprendi nessa semana, era que os membros de Bill tinham vida própria enquanto ele dormia. Ele era o tipo de pessoa que dormia inquieta. Seus braços e pernas se moviam me chutando e me batendo durante a noite. Acordei mais de uma vez durante a madrugada com seu braço quase me sufocando. Sua futura esposa provavelmente teria que vestir uma armadura na hora de dormir. Eu quase senti pena dela, na verdade. Quase...

Olhei para baixo, o braço pálido de Bill estava envolto em meu peito. Sua mão pendia frouxamente, de modo que parecia que ele queria agarrar algo, isso era um pouco arriscado. Comecei a pegar seu braço para tirá-lo de cima de mim, mas então parei, sorrindo e me perguntando como ele reagiria se acordasse e visse essa cena. Cutuquei suas costelas.

– Haan... argh... mmm – Ele resmungou, irritado.

– Bill, eu sei que nos aproximamos muito esta semana, mas eu não sabia que você era tão rápido.

– Do que diabos você tá falando Alley? – Resmungou com as palavras abafadas pelo travesseiro.

– Você se importaria de tirar a mão do meu peito?

Sua cabeça se ergueu e ele olhou primeiro para mim e, em seguida, para seu braço. Sua pele começou a tomar um tom vermelho flamejante e ele rapidamente recolheu o braço de volta para seu corpo. Eu ri com gosto.

– Desculpe. – Disse ele completamente envergonhado.

– Tudo bem, Bill – Eu respondi. – Eu sei que sou difícil de resistir.

Ele revirou os olhos e sorriu.

– Que horas são?

– Um pouco mais de 11:00. – Rolei olhando para o relógio novamente. Hmm quase hora do almoço...

Ele virou-se, ficando com a barriga para cima e suspirou olhando para o teto.

– Outro dia lindo.

Perguntei-me se ele estava sendo sarcástico. No entanto não proferi essa pergunta em voz alta, optando por virar minha cabeça em sua direção para vê-lo por um momento. Sua expressão estava em branco e eu desisti de tentar desvendá-la e suspirei.

Após um momento de silêncio, levantei da cama e fui em direção ao banheiro. Corri para a pia e joguei água fria em meu rosto. Depois de secá-lo e trocar de roupa, voltei para meu quarto e vi Bill, outra vez adormecido, enroscado nos lençóis. Suspirei, considerando a idéia de pular sobre a cama e obrigá-lo a acordar, mas meu lado bondoso pensou melhor. Se ele queria dormir, então eu ia deixá-lo descansar.

Desci as escadas em direção a cozinha e Chester correu para mim, miando e se lamentando por comida.

– Awn gatinho – Eu murmurei. – Calma eu já vou pegar sua comida. – Depois de tê-lo alimentado foi a minha vez, comendo uma pizza fria e batatas fritas. Era gorduroso, com alto índice de colesterol e completamente delicioso.

Eu me perguntava em que tipo de louca aventura Bill iria querer embarcar hoje. Na semana passada, mergulhou em meus livros. Acho que eu poderia dizer que ele estava se adaptando bem ao novo ambiente. Além de explorar cada canto da casa, ele também se aventurou por fora, onde descobriu nosso velho pula-pula enferrujado. E, claro, insistiu em ficar pulando nele. Ele também descobriu meu Playstation e passamos horas jogando. Numa dessas maratonas de jogos, quase nos pegou. Louise tinha voltado mais cedo para casa e perguntou por que o jogo estava no modo “2 players” e eu lhe disse que eu nunca ganhava da máquina e estava cansada de perder. Incrivelmente estúpido, eu sei, mas ela acreditou. Eu já fazia coisas estranhas antes...

Então, sim, Bill estava se estabelecendo muito bem, pelo menos tão bem como uma celebridade inconsciente poderia estar, preso e vivendo em Lexington com uma garota como eu. E nesse processo de colonização, ele estava me cansando. Eu o seguia por toda parte, certificando-me que ele não causaria problemas. A quantidade de energia que esse garoto tinha me surpreendeu, eu me sentia uma pateta de meia-idade comparada a ele.

Arrastei-me para a sala e desabei no sofá. Chester me seguiu, pulando no sofá e ronronando. Enquanto eu zapeava os canais na televisão, desesperada por algum entretenimento, eu esperava que Bill acordasse logo, eu estava ficando entediada.

Resolvi deixar no NBC, que estava passando uma reprise do Saturday Night Live. Angelina Jolie era a anfitriã, Sting, o convidado musical. Inclinando-me para trás, eu me apoiei na almofada enquanto observava com desgosto. Droga. Ela era tão bonita. Seu cabelo caía-lhe pelas costas, macios e comportados, ao contrário do meu indisciplinado cabelo cor de fogo. Ela era magra, mas tinha tantas curvas. Eu também era magra, mas aparentemente meus quadris nunca ouviram falar na palavra puberdade. Sua pele, levemente bronzeada, o que nunca se aplicaria a minha pele cor de neve, branca igual papel. E não era só isso, ela ainda era casada com Brad Pitt. Algumas pessoas realmente nasceram viradas para a Lua.

Ouvi um barulho seguido por várias batidas, o que indicava que Bill estava descendo as escadas. Chester olhou em alarme e balançou a cabeça peluda.

– Está tudo bem, querido, é só o Bill.

Chester me lançou um olhar desconfiado, mas cedeu e descansou a cabeça novamente. Eu tinha certeza de que ele estava sofrendo de ciúme felino. O que era plausível, ele estava acostumado a ser o rei da casa, ter toda a atenção. Com Bill aqui, no entanto... Eu assisti rindo Bill se aproximar da sala ouvindo um rosnado baixo se formar na garganta de Chester.

– Ei, ta fazendo o que? – Bill entrou na sala, passando a mão pelos cabelos. Fiél a sua palavra, ele ainda não parecia estar sujo ou desgastado. Ainda vestia a mesma camisa preta e calças skinny de todos os dias anteriores. Ele sentou-se ao meu lado tentando fazer amizade com o gato. – Oi garoto, como você ta? – Perguntou ele, passando a mão em sua cabeça gorda e listrada. Chester, com raiva, pulou do sofá e correu para a cozinha, presumivelmente para acalmar seus nervos numa tigela de leite.

Bill parecia tão triste que eu tive que rir.

–Dê um tempo para ele. – Eu disse. – Acho que ele está apenas com ciúmes. Ele estava acostumado a ser o homem da casa...

– Então você está dizendo que eu sou o homem da casa agora? – Bill levantou uma sobrancelha sugestivamente.

Senti meu rosto corar ligeiramente.

– Eu só estou dizendo que... você está invadindo o espaço dele. Os gatos são criaturas muito territoriais.

– Ah, notei... - Ele disse se virado para a cozinha. - Acho que vou pegar um pouco de comida.

– Ok.

Ele se recostou no sofá alguns minutos depois, com um sanduíche e um pacote de batatas fritas. O último pacote de fritas. Vou matá-lo.

– Você comeu todas as fritas.

– Não, ainda não. Mas estou prestes a fazer.

– Droga, agora vou ter que ir ao mercado comprar outro. - Minha conta no mercado essa semana ia ser astronômica. Bem, isto é, se eu tivesse coragem de colocar minha cara naquele lugar. Uhg. Eu gemia com o fato de ver Jay após aquele espetáculo semana retrasada.

– Hum, qual é o problema? - Bill peruntou.

– Eu não me sinto a vontade de falar sobre isso ainda... Vamos dizer que eu preciso encontrar outro super mercado.

Bill mastigou por alguns instantes e logo depois limpou a garganta.

– É sobre o balconista? Você disse algo a respeito no meu primeiro dia aqui... Algo sobre um cara que trabalhava na Kroger. Você gosta dele ou algo assim?

– Sim... - Eu disse lentamente

– O que aconteceu?

Eu resmunguei irritada.

– O que é isso? Um tipo de sessão de psicólogo? - Eu não estava muito a fim de falar de minha vida perdedora.

– Não... Vamos lá, me diz! Por favor! Por favoooooooor! - Ele arrastou a palavra dando um falsete dramático. Droga, ele conseguia ser chorão quando queria. Revirei meus olhos.

– Tudo bem. - Eu suspirei. - Bem, basicamente o que aconteceu foi que Louise e eu fomos até a loja e eu tentei flertar com ele só que fracassei miseravelmente porque eu não tenho absolutamente nenhuma habilidade social. Não foi só isso, eu derrubei um stand de M&M's e deixei cair uma garrafa de molho de espaguete bem na frente dele. Então, agora ele acha que eu sou uma idiota completa e absoluta.

Bill soltou uma gargalhada, mas logo depois parou.

– Desculpe, é que foi engraçado.

Olhei para ele com desgosto.

– Engraçada é a minha bunda. Mas, eu acho que você "Sr. Rockstar pega geral" não tem que se preocupar com esse tipo de coisa.

– Ah, vamos lá, isso não é justo.

– É perfeitamente justo e exatamente verdadeiro. - Pensando bem, eu queria uma dessas batatas. Inclinei-me e peguei um pouco do saco em sua mão.

– Não, não é. Então, você fez uma bagunça, mas e daí? Você ainda pode convidá-lo para sair.

– Não, não posso. Ele cantou a Louise quando estávamos no estacionamento, bem na minha frente.

Seus olhos se arregalaram um pouco.

– Ooh...

– Pois é.

– Isso é péssimo... - Bill acabou com as batatas e lambeu os dedos pensativo.

– Bem, como dizem, há muitos peixes no mar. Um dia você pesca um.

Eu tive que rir. Outra coisa que eu aprendi sobre Bill, é que ele parecia fantasiar ser uma espécie de filósofo. Aristóteles, Sócrates, Bill Kaulitz...

– Bill... - Eu comecei, mas depois parei balançando a cabeça. Garotos nunca entenderiam essas coisas

– O que foi?

– Esquece. Deixa pra lá.

– Bem, bem, se você quer assim.

– Então... - eu comecei, mudando de assunto. - O que vamos fazer hoje? E não se atreva a dizer algo que envolva meu pula-pula ou qualquer outra atividade física. Minhas costas ainda estão doloridas, e você quase quebrou minha costela ontem.

Ah, o pula-pula velho e enferrujado. Uma vez que tinha sido descoberto, Bill me arrastou até ele pedindo para que pulássemos juntos. Afinal, ele não poderia pular sozinho, já que o brinquedo ficava em meu quintal com vista para a rua e alguém poderia ver os movimentos estranhos, só que ele esqueceu de me dizer que nunca tinha brincado em um desses antes. Quando um só pulava, já necessitava de uma quantidade de auto-controle. Duas pessoas pulando ao mesmo tempo (especialmente quando uma delas não tem nenhuma coordenação motora, e não estamos falando de mim aqui) naturalmente resultou em um caos total, incluindo vários chutes no meu rosto e Bill chutando minha canela me fazendo cair para fora do brinquedo estatelada na grama.

Ele me deu um olhar magoado.

– O quê?

Eu ri.

– Você sim, admita!

– Olha, eu não sou um ginasta. DES-CUL-PE.

Eu sorri para ele.

– Está perdoado, por enquanto. Mas você está me devendo uma massagem nas costas mais tarde. E não pense que vai ser daquelas fáceis, suas mãos vão ficar com cãibras.

– Certo, certo. - Ele consentiu - Mas, eu realmente tive uma idéia do que poderíamos fazer hoje... Se você não se importar... – Encarei aqueles olhos castanhos profundos e brilhantes, um pouco desconfiada.

– Diga...

– Vamos ao shopping!

Enruguei minha testa confusa com suas palavras.

– Shopping?

– Sim. Por favor, podemos comprar outras roupas para mim? Essas estão me matando!

– Mas elas não estão sujas... Você mesmo disse.

– Sim, mas eu estou cansado de vestir a mesma coisa todos os dias. É só comprar algumas peças pra eu ter o que trocar. Eu vou com você, vamos lá. Por favoooooor?

Fiquei imaginando quantas vezes eu iria ouvir isso hoje.

– Eu não sei Bill. - Sair? Para um lugar público com um amigo invisível? Isso soava como uma receita para uma situação caótica.

– Vamos lá, você não gostaria de vestir a mesma coisa todos os dias.

– Na verdade, eu usei esses shorts nos últimos quatro dias e não me incomodou nem um pouco.

Ele deu um soco no sofá, com uma careta.

– Você sabe o que eu quero dizer. É só uma ida rápida ao shopping, o que pode dar errado?

– Por que você apenas não usa algumas coisas minhas?

– Porque eu não quero usar roupas de menina.

– Sem comentários, mas eu vi umas fotos suas na internet e... Calças apertadas, camisas justas e vários acessórios não compõe um visual muito masculino na minha opinião.

Essa observação resultou em uma almofadada em meu rosto e, em última análise, uma luta que terminou comigo com o estômago no chão, as mãos presas nas minhas costas e Bill sentado sobre mim cantando triunfante. Ele era realmente muito mais forte do que parecia, vai entender.

– Me solta! - Eu resmunguei. - Você está esmagando meus rins.

– Não até você dizer: Me desculpe Bill, você é o homem mais viril que eu conheço e eu vou te levar ao shopping.

– Em primeiro lugar, essa afirmação é contraditória a si mesma, em segundo lugar: NUNCA!

– Diga!

Cinco minutos se passaram. Eu teria acolhido meus princípios a mais tempo, mas para defender meus princípios é preciso estar respirando. Cedi, xingando até a sexta geração de sua família.

– Tudo bem! VAMOS VAMOS! - Eu gritava. - APENAS ME SOLTE POR FAVOR!

Ele se levantou fazendo o 'V' da vitória.

– Isso mesmo Alley querida.

Levantei-me um pouco tonta. Eu teria um lindo hematoma amanhã de manhã.

– Ok. Bem, talvez tenhamos que fazer uma parada na Emergência para eu ver se meus rins estão no lugar.

Jeeeezz*. E vai procurar seus sapatos.

Jeeeezz? Essa expressão era minha! Aquele ladrãozinho! Interrompendo meu verão, comendo minha comida e agora roubando meu vocabulário? Ele me empurrou em direção a escada.

– Você quer chegar lá e voltar antes que Louise chegue em casa não é?

Bem, na verdade ele tinha razão. Subi depressa as escadas e troquei de roupa, logo após calcei meus sapatos. Quando desci, Bill estava parado perto da porta de braços cruzados, um sorriso no rosto e a chave do carro pendurada nos dedos. Peguei-a e abri a porta.

– Vamos Alley Kat. - Ele sorriu alegre me dando tapinhas nas costas. Jesus, ele parecia uma criança de 5 anos no Natal. - Let's make Rock and Roll!

– Rock and Roll? O que você sabe sobre Rock and Roll? - Fiquei supresa quando ele me pegou pelo braço e me virou.

– Querida, muita coisa, com certeza até muito mais do que você.

– Duvido. - Murmurei quando pisamos na calçada. - Vem vamos embora, vamos acabar logo com isso.


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