The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 13
Capítulo Doze - Caminhos


Notas iniciais do capítulo

Eu simplesmente poderia deixar a Birdy na trilha sonora de todos os capítulos *u*



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Deus sabe o que está se escondendo naquele fraco e embriagado coração
Eu acho que você beijou as meninas e as fez chorar essas rainhas da desgraça
Deus sabe o que está se escondendo naqueles fracos e afundados olhos
Uma multidão ardente de anjos silenciados
dando amor e recebendo nada em troca.

Birdy - People help the people

Bill’s P.O.V

Eu estava tendo rapidamente a certeza de que Allison Rockencbach era provavelmente a pessoa mais estranha que já conheci. Que alguém já conheceu! Ela deveria começar a levar isso a sério... na minha opinião.


Ela estava em silêncio, olhando fixamente para a tela. Soltei um pesado suspiro e notei algumas de suas pinturas na parede.
– Ei, você que faz isso? – Perguntei apontando para uma pintura, que reconheci ser seu pai na tela. Lembrei-me mentalmente de perguntar sobre ele depois.

– Sim...
Tudo bem, isso não foi lá muito entusiasmado.
– Uau. Eles são realmente muito bons. É isso o que você faz para viver?
– Ahn, obrigada... e não.
Eu hein, qual era a dela com essas respostas curtas e vagas? Espreguicei-me na cadeira... na verdade eu já estava começando a ficar com fome... já eram duas da tarde e eu não havia comido nada depois dos biscoitos que assaltei de madrugada. Eu queria trazer o assunto sobre almoço em algum momento, mas sem quere ser muito atrevido... embora, a julgar pela sua atitude, ela não estava se esforçando muito para ser gentil afinal.

– Bill... – Sua voz muito macia e um pouco sufocada me assustou. – Que... que dia é hoje?
– 25 de junho não é? Isso é o que tava no jornal...
Ela se virou para mim, seu rosto estranhamente simpático
– De que ano?
Respirei fundo.
– O quê? - Perguntei confuso. Levantando-me e caminhando para o seu lado da mesa – De que ano? Que tipo de pergunta é essa?
– Apenas me responda por favor...

Eu não tinha certeza de seu tom, se era brincadeira ou se ela estava falando sério.

– 1965. – Respondi sorrindo. Sua expressão não se alterou, nem um sorriso, nem nada. É pelo visto ela estava falando sério. Eu suspirei. – Tudo bem. 2007. Da última vez que vi... – Ou pelo menos da que eu consigo me lembrar. Eu estava tendo uma estranha sensação por suas palavras tão gentis. Permaneci sustentando seu olhar.
Ela balançou a cabeça lentamente com a expressão um pouco chocada.
– Não... não é.
– Do que você está falando? – Eu perguntei tenso.
Ela se levantou e apontou para onde estava sentada, indicando que eu deveria me sentar ali.
– Leia isso. É a página da MTV de notícias.

Eu não queria. A expressão nervosa e ansiosa em seus olhos foram o suficiente para me deixaram saber que eu não iria gostar do que estava prestes a descobrir... ainda relutante obedeci, recostando-me na cadeira e baixando minha visão para a tela. Meus olhos rapidamente captaram a manchete:
Eu congelei, incapaz de respirar.


_


Algum tempo depois, eu estava no andar de baixo, deitado em seu sofá de couro macio, olhando para o teto. Meus olhos estavam inchados e doloridos e eu me sentia fisicamente esgotado devido às lágrimas que me assolaram uma vez que a notícia se chocou com minha realidade. Eu já estava deitado aqui há algum tempo... eu não conseguia me recordar de como eu havia vindo parar nessa sala, era como se eu tivesse tido uma espécie de experiência sonâmbula e quando dei por mim já estava aqui deitado sobre as almofadas macias.

Eu estava irritado, furioso, quando ela primeiramente me mostrou a página, imaginei imediatamente que era uma piada. Que de alguma forma, ela tivesse feito tudo isso. Mas o que ela teria feito? Hackeado o site da MTV e escrito uma nota de imprensa falsa para me assustar? Absurdo e impossível... e depois, os fragmentos de memória começaram a voltar assustadoramente reais e vivos, eu sabia, de alguma forma, que era tudo verdade...

Dizer adeus a minha mãe antes de sair de casa... rindo e brincando com Tom e Andreas por nosso equipamento estar tão apertado... como incrivelmente cansado e desgastado eu me sentia, agarrado a uma parede de pedra... o grito aterrorizado de Tom quando eu caí... a sensação insuportável de queda livre... Não é a toa que minha família parecia tão cansada e angustiada. Falando sobre mim como se eu não estivesse lá. Meu quarto limpo e impecável, como se ninguém se atrevesse a entrar nele por muito tempo. Realmente eu não vivia mais lá. Aparentemente, para o resto do mundo, Bill Kaulitz agora residia em um hospital em algum lugar de Hamburgo, em coma...

Minha raiva havia lentamente se dissipado quando minha memória voltou, sendo substituída por algo muito mais sombrio e difícil de lidar, o desespero. O que eu deveria fazer? Havia alguma coisa a se fazer? Rolei, enterrando meu rosto nas almofadas.

– Bill? – Eu levantei meu rosto, olhando para Alley. Ela caminhou lentamente em minha direção, hesitante, como se esperasse que eu explodisse a qualquer minuto. Não me movi e ela finalmente sentou-se perto de mim, senti sua mão descansar suavemente sobre minha cabeça, alisando meus cabelos para trás de uma forma maternal. Era muito agradável... – Eu... Eu não sei o que dizer. Sinto muito...

Só balancei a cabeça, não confiando-me a falar. Eu estava perigosamente perto de deixar minha lágrimas rolarem novamente e realmente eu não gosto de chorar na frente das pessoas, especialmente de garotas... Ela encostou-se no sofá de forma relaxada, ainda passando a mão suavemente pelo meu cabelo.
Ficamos ali sentados em silêncio por vários minutos. Fechei os olhos novamente, ouvindo o som ocasional de carros passando pela rua, ou de um pássaro cantando pela janela. O relógio no canto da parede mostrava que o tempo estava passando, também, de uma forma irritantemente alta. Então eu ouvi um miado e olhei para cima vendo seu enorme gato andando até nós. Ele olhou para Alley por um minuto antes de pular em seu colo. Ela resmungou um pouco quando ele se sentou sobre ela, eu não a culpo. Ela provavelmente perdeu toda a sensibilidade de suas pernas...

– Esse é o maior gato que eu já vi na minha vida.... – Eu disse, minha voz abafada pelas almofadas. Ela riu baixinho.

– Eu sei, ele é uma aberração... – Comecei a me sentar e ela tirou as mãos de meu cabelo. – Este é o Chester.

– Oi, Chester. – Disse formalmente, chegando a acariciá-lo. Aparentemente a invisibilidade não se estendeu para os animas. Especialmente quando ele olhou para mim e rosnando alto pulou do colo de Alley correndo para fora da sala. Cacete, para uma banheira de banha, ele até que corria bem rápido.

– Bem, pelo menos ele pode ver você – Disse ela.

Na verdade eu ri – ela tinha acabado de ler meus pensamentos.

– Sim, - respondi baixinho, dobrando meus joelhos contra meu peito, meu queixo descansando sobre eles. Ela apenas me observava, sua expressão simpática e compassiva, e comecei a me sentir culpado por todos os sentimentos rancorosos que tive anteriormente... pensando que ela era irritante e desagradável. Ela estava, pelo menos, tentando agora amenizar as coisas... para não mencionar que eu tinha certeza de que toda essa provação era tão bizarra para ela quanto para mim. – Eu me lembro agora. – Disse suavemente. – O acidente... e tudo o mais...

– Lembra?

– É... eu estava no alto da parede, e o meu fecho se abriu, quero dizer... eu me esqueci de fechar... então a corda escapou.. eu caí...

– Oh, meu Deus. – Ela sussurrou. – Então... isso é verdade? Há um de “você” aqui e outro dentro de um hospital em algum lugar?

– Parece que sim...

– É impossível de acreditar! – Ela balançou a cabeça – Por quê? Como?

– Não faço ideia... Você supostamente é a esperta por aqui... – Ela parecia confusa com essa declaração, eu resolvi explicar. – Eu olhei seu anuário ontem a noite. Vi que Louise escreveu “Alley Kat” e foi aí que me lembrei da briga. E eu.... ahn... li algumas das outras mensagens. – Disse timidamente. – Aparentemente você é muito inteligente.

– Então você sabe que eu sou uma nerd agora. – Ela suspirou. – Sim, é verdade.

Não pude deixar de sorrir.

– Bem, você sabe, é melhor ser inteligente que estúpido, eu acho...

Ela arqueou uma sobrancelha

–Escuta... você está com fome? Quero dizer... você ainda... come?

Olhei para ela esperançoso.

– Sim, eu como.


_

Quinze minutos depois, estávamos sentados novamente em seu sofá com um prato de sanduíches de queijo grelhado. Eu tinha acabado de aprender minha primeira lição de culinária sobre a Alley: Se envolver mais de três ingredientes, está fora de sua lista.

– Desculpe... – disse ela mordendo seu lanche. – Eu não sou muito de cozinhar...

– Tudo bem... – eu murmurei. Olhei para meu sanduíche desconfiado. Ele estava um pouco queimado nas bordas, mas pareciam ser comestíveis...

– Mas a Louise... Ahh ela deveria ter seu próprio show de culinária. – Disse Alley. – Ela pode fazer qualquer coisa... oh. Deus, ela faz o melhor bolo do mundo... – Ela continuou divagando sobre alimentos por um tempo, eu eu comecei a suspeitar que ela estava tentando me distrair, tirar minha mente daquela situação. Eu simplesmente balançava minha cabeça de forma ocasional, mastigando metodicamente meu sanduíche.

Tomei um gole do refrigerante que ela me trouxe – as garrafas verdes na geladeira, eu havia descoberto que não eram cerveja, mas soda. – Eu engoli cuidadosamente tentando decifrar o sabor. Era uma espécie adocicada e ao mesmo tempo quente, como tequila que desce pela garganta... não era ruim, tinha um sabor interessante.

– Eu nunca vi uma dessas antes. – Comentei estudando a garrafa verde escura, `ALE8´ o lado da garrafa tinha uma pequena descrição do homem que inventou a bebida e eu comecei a lê-la com interesse.

– É porque ela só vende aqui no Kentucky. – Disse ela tomando um gole na garrafa. – Incrível não é? É carregada com cafeína também. Se beber mais de uma garrafa vai sair por aí pulando os muros.

Quando acabamos de comer, algum tempo depois, ela se levantou e acenou para que eu lhe desse os pratos. Entreguei-o com um sorriso.

– Dê meus cumprimentos ao chef. – Brinquei.

Ela revirou os olhos indo em direção a cozinha. Evidentemente eu me sentia um pouco mais calmo e sob controle, agora que eu tinha comido alguma coisa. Um minuto depois ela voltou, caindo ao meu lado no sofá.

– Então... – disse ela.

– Então... – eu repeti.

– O que vamos fazer? – Ela perguntou.

– Eu não sei.

– Eu também não.

– Bem. – eu disse secamente. – Perfeito.

– Eu sinto muito... é que eu nunca tive experiência com coisas sobrenaturais... eles não ensinam esse tipo de coisa na escola...

– Bem, eu não posso dizer que já tive alguma experiência ou... – Passei os dedos pela almofada. – Eu só queria algum tipo de explicação.

– Sim... – Ela olhou para o lado perdida em pensamentos. Levantei-me, não querendo ficar parado por mais tempo.

– Ei... – eu disse – você fez esses aqui também? – Apontei para a parede onde mais três pinturas retratando paisagens estavam penduradas na parede a uma altura impressionante.

– Sim... todos eles são meus. Minhas iniciais estão logo no rodapé.

– Uau... – eu murmurei aproximando-me para observar mais de perto. – Há quanto tempo você faz isso?

– Ahn... eu faço essas pinturas, de uma forma ou de outra, desde que tinha dez anos. Mas, desenhos e coisas do tipo faço desde que me lembro por gente. Eu adorava meus lápis de cor. Papai sempre me comprava diversas caixas e pelo menos dois dias depois eu já havia usado e desgastado todos. – Ela riu. – Ele finalmente decidiu que se eu gostava tanto ele ia me comprar materiais mais difíceis de usar, como as tintas, e ver até onde eu iria.

Eu sorri.

– Parece que funcionou... são excelentes. Ele deve estar muito orgulhoso... – Ela permaneceu rígida, e não disse nada por um minuto. – O que ele achou do quadro que está lá em cima? – Lembrei-me da pintura que havia visto no escritório, onde estava ela e seu pai, muito bem desenhados. – Quero dizer, eu o reconheci de cara, e olha que eu só o vi uma vez...

– Bem... – ela disse baixinho. – Ele nunca chegou a ver... Ele morreu quando eu tinha doze anos.

Eu gelei. Sentindo-me absolutamente miserável. Céus, seu pai havia morrido? Eu já suspeitava que ela era órfã de mãe pelas fotografias que vi. Eu realmente não sabia o que dizer...

– Me... me desculpe. Eu sinto muito...

– Ahn... tudo bem – Você não precisa se desculpar.

– O que... o que aconteceu?

– Acidente de carro... – Ela não entrou em mais detalhes.

– Isso é terrível... – Eu lentamente me sentei ao lado dela. Há quanto tempo isso tinha acontecido? Ela parecia beirar a minha idade... – Quantos anos você tem? – Perguntei, percebendo que soou um pouco grosseiro.

– Tenho dezoito anos. Dezenove em novembro...

Dezoito... eu mentalmente contei para trás. Ela deve ter perdido ele não muito tempo depois que os conheci, há quase seis anos atrás... Era um sentimento tão desagradável... saber que alguém que você conheceu faleceu logo após que você falou com ele...Me sentia tão estranho. Eu queria perguntar-lhe mais, mas a julgar por sua expressão, ela não estava com vontade de falar sobre isso. Engoli em seco, optando por manter minha boca fechada. Eu precisava de algo mais para falar e quebrar aquela tensão.

– Posso te perguntar uma coisa? – Eu disse de repente. – Como vocês se formou em 2007, se agora você só está com dezoito anos?

Para o meu alívio, ela sorriu.

– Eu pulei dois graus quando estava na escola primária;

– Sério? – Perguntei rindo um pouco. – Uau. Você é uma nerd.

– Obrigada. – Disse ela secamente. Inclinei-me e peguei seu anuário e o folheei até que encontrasse sua foto de novo.

– É... eu percebi que você aparentava ser mais nova que o restante da turma. – Comentei pensativo. – Como foi isso? Foi difícil?

– Na verdade... não. Eu realmente era jovem mas, com o tempo a idade pareceu não fazer diferença.

– Aaah... – Eu suspirei, aliviado por estarmos tendo uma conversa normal e educada. – Então, você acabou o High School, e agora..?

– Vou para a UK... três vezes maior. Estudar para Química e Arte.

Eu soltei uma risada.

– Mas isso é bem distinto não acha?

Ela sorriu, e eu notei como seu sorriso se espalhava pelo resto de seu rosto, fazendo seus olhos brilharem, quase como o sorriso de Julia Roberts.

– Concordo... eu realmente queria fazer Arte, mas meu orientador na escola disse que era perda de tempo... – Ela suspirou. – Então eu estou tentando fazer as duas coisas...

Isso pareceu muito rude, dizer a alguém que a sua paixão era perda de tempo.

– Será que o seu orientador já viu o seu trabalho? – Perguntei incrédulo. Ela balançou a cabeça e eu levantei as sobrancelhas. – Bem ele é um idiota.

– Obrigada... – ela disse. – Bem, e você? Eu não sei nada sobre você, Bill... exceto a vez que você urinou sobre o telhado de um prédio... – De repente ela riu com isso e eu a olhei com raiva.

– Ah sim... obrigado por isso. – Eu parei por um momento. Parecia que eu estava em alguma entrevista ou algo assim. Eu não sabia por onde começar. – O que você quer saber?


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