Listen escrita por Deh Cullen


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, babies :D



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- Droga!

Edward suspirou pesadamente, pela décima vez, enquanto percorria os corredores do supermercado praticamente vazio. Era um domingo de manhã e o local só ficava aberto até o meio dia, mas mesmo assim, não havia quase ninguém ali.

Ele já estava perdendo a paciência. Dividia o apartamento com o irmão Emmett e Edward quem ficava encarregado pelas compras. E agora ele tinha que achar um sabão que a empregada colocara na lista, mas não estava conseguindo.

Então, entrando no último corredor, avistou uma moça. De costas. E ela parecia ser incrivelmente linda, mesmo estando virada. Seus cabelos eram castanho-avermelhados e caíam suavemente em ondas até a cintura. Ela usava a blusa de uniforme do supermercado, mas era incrivelmente justa, então delineava suas curvas. A calça era jeans e não escondia muita coisa, também.

- Ei! – Edward disse, tentando chamar a atenção da moça. Ela não se virou, nem demonstrou nenhuma reação. Ele se aproximou um pouco mais, trazendo o carrinho com as compras. – Ei, moça!

Bufou, irritado. Aproximou ainda mais e tornou a chamá-la, mas ela continuava ali, virada, arrumando os produtos nas prateleiras.

Chamou-a mais uma vez e quando ela não respondeu, pegou seu braço a puxou para si. A moça soltou um grito agudo, assustado, e seus olhos – incríveis orbes cor de chocolate – se arregalaram.

- Desculpe-me – murmurou, soltando-a. – Droga! Você é surda, por algum acaso?

- Sim. – Outra voz disse, adentrando o corredor. Era um homem alto, moreno, cabelos negros e olhos também negros. – O senhor deveria ser mais educado. Essa moça tem um problema de audição e não escuta quase nada.

- Oh! – Edward sussurrou, olhando para a moça mais uma vez, prestando atenção e vendo como ela era ainda mais linda de frente. – Desculpe-me.

- Bom, provavelmente ela não escutou, mas deve ter lido seus lábios. – O homem alto, moreno, tornou a dizer. Edward tornou a olhar para a moça e viu quando ela assentiu, mostrando que tinha entendido seu pedido de desculpas. – Posso ajudar-lhe com alguma coisa, rapaz?

- Eu estou procurando um sabão... – murmurou, seus olhos ainda presos na mulher à sua frente. – Mas não estou conseguindo achá-lo.

- Tem o nome aí? – perguntou. Edward somente assentiu, estendendo-lhe o papel. – Ah, claro.

Ele se aproximou da moça e lhe entregou o papel gentilmente. Depois começou a gesticular com as mãos, como se estivesse... falando com a mulher?

- Bella lhe mostrará onde fica esse sabão, senhor – murmurou o homem alguns minutos depois.

- Como... como se comunicou com ela? – indagou, sem conseguir se conter.

- Linguagem de sinais. – Deu de ombros, sorrindo um pouco. – Não force a barra com ela. Ela é nova aqui e estamos ajudando-a muito.

- Claro – assentiu. – Não é essa minha intenção.

Bella levou-o até um corredor e em um minuto o sabão estava nas mãos de Edward. Ele se achou um idiota por não ter procurado direito.

- Obrigado – sussurrou, movendo os lábios lentamente, para que a moça entendesse. Ela sorriu e assentiu, corando um pouco.

Adorável.

Era simplesmente adorável.

Mais tarde, em casa, não conseguiu deixar de pensar na garota. E no outro dia, de manhã, enquanto se arrumava para ir para o hospital – onde estava cursando seu último ano de residência –, não pôde deixar de pensar nela. Por que ela era surda? Não era muda, ele sabia, porque ela dera um gritinho quando ele a assustara... Então, provavelmente, ela tinha ficado surda depois de ter aprendido a falar completamente.

Mas... por quê? Embora Edward não tivesse nada a ver com isso, ele queria saber.

E muito.

_

- Você fez um belo trabalho hoje. – Carlisle, pai de Edward, disse, sorrindo.

Edward estava em seu último ano de residência médica, no hospital onde o pai era o diretor. Entretanto, como muitos pensavam, ele não estava ali por ser filho de Carlisle Cullen, e sim por seus méritos.

- Pai... – murmurou. – Eu preciso falar com você.

Carlisle estranhou o tom de voz do filho, mas assentiu, levando-o até sua sala. Pediu que ele se sentasse e se sentou também.

- Pode falar – disse apenas.

E ele falou. Contou o que acontecera na noite anterior no supermercado e sobre suas suspeitas. O pai ouviu tudo atentamente, sem interrompê-lo nenhuma vez.

- Provavelmente você está certo. – Referiu-se ao fato de Edward achar que ela ficara surda depois de ter aprendido a falar. – Talvez ela só precise de uma pequena cirurgia e do aparelho auditivo.

- Eu só não entendo... – sussurrou.

- Bom, eu também não posso adivinhar, filho – riu. – Talvez seja irreversível o caso dela.

- É, você deve estar certo. – Levantou-se. Era hora de ir para casa. – Obrigado, pai.

Edward não foi para casa, porém. Pegou um bloco e uma caneta e se dirigiu até o supermercado. Ele precisava conversar com a Bella. Precisa se desculpar corretamente.

O supermercado estava cheio, mas ele continuou a procurá-la. Por fim, descobriu, através de um funcionário, que ela estava em um intervalo. Atravessou a rua e encontrou-a na lanchonete que a colega de trabalho havia dito.

Ela estava sentada sozinha em uma mesa, apenas com uma garrafa de água na mão. Estava lendo, e tinha um sorriso tímido no rosto.

Edward se aproximou dela e esperou que ela percebesse sua presença. Bella levantou o rosto, ainda sorrindo, e acenou. Edward sorriu também, pegou o bloquinho e escreveu:

Posso me sentar com você?

Ela somente assentiu, ainda sorrindo. Ele se sentou, e inclinou-se, percebendo que ela lia Romeu e Julieta. Ainda sorrindo, tornou a escrever.

Gosto de Romeu e Julieta, também. É o seu favorito?

Entregou o bloco para Bella, e esperou que ela escrevesse. Sorriu quando ela lhe entregou o bloco e viu o quão sua letra era bonita.

Um dos meus favoritos. Gosto de Jane Austen, Emily Brontë, Robert Burns, William Shakespeare e Ernest Hemingway. Esses sãos os meus favoritos.

Sorriu, e tornou a escrever.

Uma boa escolha, Bella. Você tem ótimo gosto.

Passaram a próxima meia hora escrevendo. Edward tornou a pedir desculpas pelo dia anterior, dizendo-lhe o quão se senti mal por aquilo. Bella logo pediu o bloco e escreveu.

Não tem problema. Você não sabia, e eu só me assustei porque realmente não pensava que alguém poderia me puxar. É assim mesmo. Eu até achei estranho o senhor pedir desculpas; não é todo mundo que tem educação.

Bufou, indignado.

Não gosto disso, das pessoas não tratarem você com educação só por ter um problema de audição. Posso te perguntar como aconteceu?

Ele ficou analisando-a, vendo o seu sorriso triste enquanto escrevia. Demorou alguns minutos, mas logo Edward estava lendo o que acontecera com ela.

Eu tinha dezesseis anos quando meus pais e eu sofremos um acidente de carro. Eles não resistiram, e eu passei alguns meses no hospital. Depois que saí, fui mandada para um orfanato. Cerca de dois meses depois que eu estava morando lá, comecei a perceber que estava tendo dificuldades em escutar o que as pessoas tinham a me dizer... Então, quando fui ao médico, descobriram que os remédios que eu tomei no hospital, lesaram o meu nervo auditivo...

Ele parou, chocado por tudo o que ela escrevera. Fitou-a, esperando que ela começasse a chorar ou alguma coisa do tipo, mas por incrível que pareça, Bella sorriu.

Ele queria tanto decifrá-la, entendê-la!

Eu sinto muito...

Edward queria dizer mais coisas. Como médico, ele pensava que ela podia voltar um dia a escutar, mas precisa pesquisar mais, realizar exames, e quem sabe ajudá-la. Não entendia o porquê, mas sentia que devia ajudá-la.

Não sinta. Faz parte da vida. Bom, eu tenho que ir, voltar a trabalhar. Foi um prazer conversar com você, Edward.

Ele sorriu, quando leu, embora não quisesse deixá-la ir.

O prazer foi meu, Bella.

Acompanhou-a até o supermercado e depositou um beijo em sua bochecha, sorrindo ao vê-la corar. Aproximou-se. Queria dizer uma coisa, então ela teria que ler seus lábios.

- Depois conversaremos mais.

Viu-a assentir e se afastar, e, sorrindo como um bobo, foi embora para casa.

_

Naquela noite, Edward sonhou com Isabella. Sonhou com seu sorriso, seus olhos – felizes, embora tenha sofrido tanto na vida –, de sua bela expressão...

Ele não sabia por que, mas queria tanto vê-la de novo.

E era isso que ele faria.

_

Bella acordou se sentindo extremamente disposta. Levantou-se e se arrumou para mais um dia de trabalho, cantarolando uma música em sua mente. Desde que havia parado de escutar bem que ela não cantava em voz alta – sabendo, que, se ousasse falar, as pessoas pensariam que ela estaria gritando, já que não podia controlar o volume de sua voz.

Ela morava em uma casa pequena – havia apenas uma sala, conjunta com a sala de estar, uma cozinha, um quarto e um banheiro –, mas era o cantinho dela, o lugar que ela comprara com tanto custo e decorara com tanto carinho. Por todos os lados, podia-se ver fotos da infância e da adolescência de Bella. Seus pais estavam ali, junto dela. Ao contrário do que aconteceria com muitos, ela não chorava quando olhava para as fotografias. Sorria, porque sabia que era isso que os pais iriam querer dela.

Um dia, ela prometeu para ela mesma, eu vou ser capaz de deixá-los ainda mais orgulhosos.

E, pensando neles, ela foi até o supermercado – que acolhera com tanto carinho.

Cumprimentou todos com um aceno de cabeça, assim que chegou. Rumou-se até os corredores, começando a organizar os produtos nas prateleiras, quando pegou um sabão e sorriu.

Ela não sabia por que, mas não conseguia se esquecer do homem que conversara com ela – até arrumara um bloquinho. Bella não se importava com o que as pessoas pensavam a seu respeito; ela simplesmente vivia sua vida. Mas vê-lo ali, atrás dela, apenas para se desculpar...

Idiota, xingou-se mentalmente.

Estava distraída, ainda pensando no sorriso do Edward e de seus brilhantes olhos verdes, quando alguém, gentilmente, puxou-lhe o braço. Ela se virou e sorriu.

- Oi, Bella. – Leu nos lábios dele, Edward.

Ela acenou gentilmente e o viu com o mesmo bloquinho do dia anterior.

Viu quando ele escreveu e lhe estendeu o bloco gentilmente. Mordendo o lábio inferior, ela o pegou.

Quando você sair do trabalho, topa ir jantar comigo?

Ela realmente não conseguia acreditar no que estava escrito ali. Nunca tivera um encontro, não depois de perder sua audição. Os rapazes não tinham paciência com ela, e ela também nunca se interessa por nenhum deles.

Ela olhou para Edward, esperando que ele começasse a rir a qualquer momento, mas ele não fez isso, apenas aguardou ansiosamente pela resposta.

Ela hesitou por um momento, mas acabou assentindo. O que podia haver de errado, afinal?

Edward sorriu, tornou a pegar o bloquinho e o entregou a ela.

Ok. Passo aqui às sete.

Hesitando por um momento, ele se aproximou, mas se afastou. Tornou a se aproximar e com mais cuidado do que deveria ter, ele deu-lhe um beijo em seu rosto.

Bella sentiu o coração se apertar e o rosto corar; fazia muito tempo desde que ganhara um beijo no rosto. Ela mordeu o lábio inferior e ficou vendo Edward se afastar.

O dia foi longo, mas talvez fosse porque ela estava extremamente ansiosa. E, então, finalmente, o expediente acabou. Procurou por Edward dentre os corredores, mas não o achou.

Ele só estava brincando comigo, pensou. Tentando esconder a decepção, ela pegou suas coisas e rumou para fora do supermercado. 

Ela não estava muito longe quando ouviu uma coisa bem baixa; parecia que estavam chamando seu nome, mas ela não podia dizer. Não escutava quase nada e não podia ficar seguindo seus instintos. Continuou andando e já estava quase chegando a sua casa – que era bem perto do supermercado – quando algo a puxou delicadamente pela blusa.

Quando ela se virou, viu Edward.

E seu coração explodiu em seu peito, batendo em uma velocidade que poderia ser considerada impossível.

- Bella. – Ela leu nos lábios dele. Ele disse mais alguma coisa, mas ela não conseguiu entender. Percebendo isso, Edward pegou o celular e começou a digitar alguma coisa.

Pouco tempo depois, ele o entregou a ela.

Eu te disse que iria passar lá às sete... Por que não me esperou?

Mordendo o lábio inferior, ela apagou o que ele havia escrito e começou a escrever.

Eu pensei que você tinha desistido. Desculpe. É que não o vi quando saí do supermercado.

Por fim, Bella acabou dizendo a Edward para ir até a casa dela, porque ela precisava se arrumar. Edward quis abrir a boca para dizer que a achava linda com aquela blusa colada e a calça jeans que delineava completamente suas curvas, mas preferiu ficar em silêncio, limitando-se a assentir. Em silêncio, eles percorreram o resto do curto caminho até a casa de Bella.

Edward examinou tudo. A casa era simples, pequena, mas também era muito bonita. Era pintada de um azul claro do lado de fora, com algumas flores decorando a pequena varanda da casa. Ele ficou esperando que Bella abrisse a porta, louco para ver como era decorada por dentro.

Ele não conseguiu conter o sorriso que nasceu em seu rosto. A sala, conjunta com a copa, era extremamente linda, embora fosse simples. Havia apenas um sofá, uma mesinha logo a frente – com alguns livros espalhados – e uma televisão pequena em um móvel também pequeno. A mesa que Bella provavelmente usava para refeições era pequena e tinha apenas um jarro de flor no meio. Havia, também, uma estante, e retratos. Milhares de retratos que Edward estava louco para examinar.

Ele não percebera que Bella havia se mexido até ela aproximar-se dele, entregando-lhe uma folha de papel.

Eu vou tomar um banho rápido e venho, ok?

Vendo que ele somente assentiu, ela se dirigiu ao corredor, que continha apenas duas porta; a do seu quarto e a do banheiro. Assim que Edward ouviu a porta do banheiro sendo fechado e o chuveiro sendo ligado, ele se moveu para perto da estante, começando a analisar os livros. Sorriu ao ler os títulos, pensando em como Bella deveria gostar de ler. Depois, segui vendo as fotografias, sorrindo. Havia algumas de Bella quando pequena, um sorriso enorme no rosto, junto de seus pais. Havia outras onde a mãe estava sozinha com ela, ou o pai estava sozinho com ela, assim como havia algumas onde ela estava sozinha.

Todas lindas; ele não podia negar. Por fim, acabou se sentando no sofá, ansioso, esperando por Bella. E, então, ela apareceu.

Ela estava linda, mesmo estando vestida de forma simples. Era apenas um vestido justo até a cintura e um pouco rodado até um pouco acima dos joelhos. Era azul e de malha.

- Você está linda. – Ele disse lentamente, e, pelo tom que coloriu suas bochechas, ela havia entendido.

Eles voltaram a caminhar até o supermercado, onde Edward havia deixado o carro estacionado. Ele abriu a porta do carro para Bella e depois deu a volta, abrindo a dele e fechando. Ele não sabia o que fazer direito; parecia errado ligar uma música e começar a tocar já que Bella não escutava, então ele só ligou o aquecedor.

O jantar foi agradável. Eles não conversavam muito, mas parecia que tudo que precisava ser dito era dito através de olhares. Quando Edward pagou a conta – mesmo Bella tendo pegado a bolsa e tentado tirar o dinheiro, sendo imediatamente impedida por ele –, eles seguiram de ao carro. Antes que pudessem entrar, Edward percebeu que ela estava com frio e colocou seu casaco em seus ombros. Bella assentiu, agradecendo.

A volta para casa foi igualmente silenciosa. Ele estacionou em frente a casa de Bella e desceu do carro, ajudando-a a descer.

E, então, aconteceu.

Ele se aproximou dela, querendo se despedir com um beijo no rosto – mesmo estando louco para beijar seus lábios –, mas Bella pareceu pensar na mesma coisa e os lábios dos dois acabaram se encontrando. Eles se afastaram por causa do choque, mas estava escrito em ambas as faces que eram aquilo que queriam, então eles se deixaram entregar.

Delicadamente, Edward puxou Isabella pela cintura, enquanto ela – embora nunca tivesse beijado e não soubesse exatamente o que fazer – enlaçava os braços em seu pescoço. Os rostos foram se aproximando, e Edward puxou Bella mais para si, para que ela não tivesse que se esticar tanto. Os lábios se encontraram em uma explosão de sentimentos, movendo-se graciosamente, em uma dança perfeita. Foi delicado, calmo e longo.

Quando se separaram, eles se olharam e sorriram.

- Boa noite, Bella – sussurrou Edward, sorrindo.

Ela sorriu e assentiu, ainda incapaz de acreditar que aquilo tinha acontecido e incapaz de se separar dele; parecia cedo demais.

Eles se beijaram por mais algumas vezes e enfim se despediram.

Ambos, naquela noite, foram dormir com a certeza de que as coisas estavam mudando, e ainda iriam mudar muito.

_

Os dias se passaram e eles sempre se viam. Era impressionante que Edward sempre estivesse esperando por ela quando saía do supermercado.

Era impressionante que ele quisesse ter algo com ela. Fazia duas semanas desde o beijo e eles pareciam cada vez mais unidos.

Bella não conseguia se imaginar longe de Edward e tinha medo de que ele logo se enjoasse dela. Afinal, eles sempre tinham que conversar através de blocos, mensagens de celular e tudo o mais.

Ela já o amava. E queria muito dizer isso para ele.

Como sempre, ao sair do supermercado naquela noite, ela o viu esperando por ele. Sorriu imensamente e começou a descer as escadas. Prestando muita atenção em Edward, Bella acabou por tropeçar no último degrau e torceu o pé.

Em um minuto, Edward estava ao seu lado, enquanto Bella tentava esconder a careta de dor.

Ela sabia que ele estava falando alguma coisa, mas ela não conseguia ouvir. Viu quando Edward a pegou gentilmente no colo e a colocou sentada no banco do Volvo XC60. Examinou com cuidado seu tornozelo e, por fim, decidiu que era melhor levá-la ao hospital.

Edward sabia que não era nada grave; ela havia apenas fraturado. Mas vê-la quase caindo da escada, imaginando milhares de coisas que poderiam ter acontecido... ele nunca tinha se sentido tão impotente.

Estacionou em frente ao hospital que ele estava trabalhando como residente e seu pai trabalhava. Deu a volta no carro e abriu a porta, e estranhou quando Bella não quis sair.

- Por quê? – murmurou, fazendo com que ela lesse seus lábios. Bella buscou sua bolsa, tentando ignorar a dor, e pegou o bloco e a caneta.

Não tenho seguro saúde, Edward. E nem dinheiro para pagar nem uma agulha desse hospital... Podemos ir a um público, por favor?

Ler aquilo confirmou o que Edward suspeitava, embora nunca tenha perguntado. Bella era uma mulher simples, não ligava para a deficiência e nem para o dinheiro. Ela só queria continuar vivendo a vida dela.

Só que partiu seu coração por ela ter escrito aquilo. Ele queria ajudá-la, queria.

Porque a amava.

E muito.

Respirando fundo, ele escreveu rapidamente.

Por favor, Bella. Só hoje... Eu pago. E, não fique ofendida, por favor. Se quiser, depois, eu te deixo pagar, mas... por favor...

Bella hesitou por um momento, mas acabou cedendo. Edward sorriu um pouco e a ergueu no colo.

A família de Edward já sabia que ele estava se envolvendo com uma moça e já tinham até visto uma foto dela. Sabiam, também, do seu problema auditivo, mas eles não estavam muito preocupados; nunca, antes, tinha visto Edward tão feliz.

Edward caminhou com Bella até a recepção, onde a fez preencher uma ficha rapidamente. Bipou o seu pai e ficou esperando por ele na sala de emergências.

- Edward! – Carlisle disse, assim que viu o filho. Seus olhos passaram de Edward para Bella e sua testa se franziu. – O que aconteceu?

- Eu não tenho certeza – disse. – Não sou especializado em ortopedia, mas acho que Bella torceu o tornozelo.

Imediatamente Carlisle adotou uma postura profissional. Chamou um amigo ortopedista, e, depois que radiografia ficou pronta, os três analisaram-na. Bella tinha fraturado o tornozelo e teria que usar uma bota por duas semanas. Além de ter que tomar anti-inflamatórios e remédios para dor. Depois de quase uma hora ali, eles foram liberados para ir.

Bella se manteve calada durante toda a volta, e, Edward, achando que ela estava com dor, ficou calado, respeitando o espaço dela.

Bella estava distraída, pensando em tudo o que tinha acontecido, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam vir; por isso, não notou que Edward não parara em sua casa. Confusa, virou-se para ele, vendo-o digitar alguma coisa no celular.

Bella... Eu estou preocupado com você, de verdade. Queria que ficasse uns dias na minha casa comigo, só até você melhorar. Só de pensar em você, com o tornozelo machucado, sozinha em casa... Eu tenho um quarto de hóspedes... Você pode ficar lá...

Bella não conseguiu conter seu sorriso. Ele se preocupava com ela, queria cuidar dela.

E pensar naquilo fez com que sentisse seu coração acelerado. Tinha tanto tempo desde a última vez que alguém tentara cuidar dela.

Então, ela olhou para Edward, sorriu e assentiu. Ele apenas sorriu de volta, beijou-lhe os lábios levemente e segui até a casa de Bella, para que ela pegasse as suas roupas.

Bella não demorou nada, separando apenas algumas peças de roupas. Antes de sair de seu quarto, sabendo que Edward a esperava na sala, ela respirou fundo e fechou os olhos.

Balançou a cabeça, procurando afastar aqueles pensamentos, e se dirigiu até a sala. Assim que colocou os pés nela, Edward avançou, pegando a bolsa de Bella. Ela sorriu um pouco, andando devagar, por causa das muletas. Edward andou o tempo todo atrás dela, pronto para ampará-la caso ela caísse.

O caminho até o apartamento de Edward também foi feito em silêncio. Não seria a primeira vez que Bella estaria indo até ali, mas seria a primeira vez que dormiria, embora não estivesse preocupada com isso. Ela sabia que Edward a respeitaria e esperaria até que estivesse pronta. Ela estava preocupada com outra coisa. Com o medo que ela escondia tão bem durante todos esses anos.

Vai dar tudo certo, pensou, embora estivesse com medo demais para acreditar que isso era verdade.

_

Edward arrumou a cama para Bella e ficou com ela durante algum tempo. Estendeu-lhe um anti-inflamatório antes de lhe dar um beijo na testa e ir para seu quarto. Bella sorriu, acenou, e, assim que ele saiu do quarto, ela jogou o comprimido fora, e finalmente deixou que as lágrimas viessem.

Porque esse era o medo de Bella.

Desde que seu nervo auditivo fora prejudicado por medicamentos que ela tomou pavor de qualquer remédio e não tomava nenhum desde o acidente.

Por ter dispensado os remédios de dor e o anti-inflamatório, Bella não conseguiu dormir. Tudo piorou porque ela estava começando a ter cólicas. Bella sofria muito com elas, mas, mesmo assim, nunca tomava remédios.

Como não conseguia dormir, Bella pegou suas muletas, e, tentando não fazer barulho, segui até a sala de estar. Sentou-se no sofá e respirou fundo.

Bella não gostava de se demonstrar fraca, mas era em momentos como aquele que ela odiava tudo o que tinha acontecido. E, então, ela se lembrava de seus pais, sabendo que eles não ficariam nada felizes se soubessem como ela se encontrava.

Ainda com dor – tanto da cólica, quanto do tornozelo – Bella se contorceu no sofá, suspirando alto. Estava tão distraída que ela precisou piscar duas vezes para ver Edward a sua frente.

Era claro que ela não escutara seus passos.

Ela nunca seria capaz de escutar nada que viesse de Edward.

E isso só fez com que ela se sentisse mais sozinha e com mais dor.

Droga de TPM, pensou.

Ela apenou se concentrou em Edward, juntando todas as forças que tinha para não chorar. Ninguém nunca tinha visto Bella chorar; não desde a morte de seus pais.

Ela só não queria que todos tivessem dó dela, que a achassem ainda mais coitada.

Não precisava da pena de ninguém.

Edward pegou um bloco,  e escreveu, perguntando se ela estava bem. Ele notara que havia alguma coisa errada.

Eu estou bem.

Edward não achou aquelas palavras nada verdadeiras e não precisou olhar uma segunda vez para Bella para ver que ela mentia. Respirando fundo, ele se sentou ao lado dela no sofá, tentando ignorar o pijama que ela usava – era da Pucca e ela conseguia ficar ainda mais linda com aquela calça e aquela blusa.

Tornou a pegar a caneta para escrever.

Bella, se estiver sentindo alguma dor, qualquer dor, por favor, me diga.

Ela pensou em mentir, mas não conseguia.

Não para Edward.

Corando, só de imaginar que tinha que contar para ele que estava com cólica, ela abaixou o rosto e escreveu.

O tornozelo está incomodando um pouco, mas eu estou com cólica. É normal. Eu sempre fico assim.

Edward assentiu, quando Bella o olhou. Ele viu que ela estava corada e preferiu não insistir no assunto. Escreveu alguma coisa e estendeu o bloco para Bella novamente. Depois, levantou-se.

O coração de Bella acelerou quando ela leu o que estava escrito ali.

Eu vou buscar um remédio para você.

Ela não teve chance de dizer qualquer coisa, porque quando deu por si, Edward tinha sumido. Provavelmente tinha ido buscar um remédio. Bella pensou em milhares maneiras de escapar, mas não via como.

Ela tremia tanto, mas tanto, e seu coração pareceria querer saltar do peito e sair correndo. Não teve como Edward não perceber quando voltou, com uma cartela de comprimidos em uma das mãos e um copo d’água na outra.

Percebendo o estado que Bella se encontrava, ele colocou tudo na mesinha do centro, e tornou a se sentar no sofá. Desesperado, fez com que Bella olhasse para ele e lesse seus lábios.

- Bella, o que foi? – perguntou, tentando se manter calmo e falando devagar. – Diz o que está sentindo, por favor.

Bella balançou a cabeça negativamente; não podia contar.

Mas ao olhar nos olhos aflitos de Edward, para aquelas duas esmeraldas que transbordavam preocupação, ela não foi capaz de mentir.

Nem de ocultar nada.

Ainda tremendo, pegou o bloquinho e escreveu, sentindo, finalmente, que as lágrimas estavam caindo.

E, Edward, quando leu, desejou poder tirar cada dor de Bella.

Ele simplesmente não suportava vê-la sofrer.

Eu tenho medo, Edward. Eu não tomo nenhum comprimido desde que fiquei surda. Nem para uma dor de cabeça. Eu prefiro morrer de dor do que tomar qualquer comprimido. Eu só... eu só tenho medo.

Ele respirou fundo e escreveu com tanta sinceridade e com tanta convicção que nem um cego seria capaz de duvidar dele.

Bella, pode parecer cedo, precipitado, mas eu te amo. Eu te amo como nunca amei e como nunca vou amar ninguém. E eu te prometo que esses remédios não irão lhe fazer mal. Só peço que confie em mim, meu anjo... Por favor.

Bella não acreditou quando leu que ele a amava também. Seu coração acelerou-se e ela sabia que cairia se não estivesse sentada.

Você me ama?

Edward sorriu ao ler aquilo. Como Bella podia pensar que ele não o amava?

Sim, meu anjo. Eu te amo.

Os olhos da morena se encheram de lágrimas e ela respirou fundo.

Eu também te amo, Edward. E eu confio em você.

Os dois sorriram e se beijaram. Edward deu a Bella o anti-inflamatório primeiro, dizendo-lhe que dali a uma hora lhe daria o remédio para dor. Depois eles ficaram deitados ali no sofá, sem dizer nada.

Mas assim que os olhos dos dois se encontravam – verde no castanho, castanho no verde – eles tinham a certeza de que nada precisaria ser dito.

_

Como Emmett, o irmão que dividia apartamento com Edward, estava passando alguns dias com a namorada Rosalie, Bella foi intimada a ficar mais alguns dias na casa de Edward.

Ela não estava trabalhando, e, como não fazia nada além de trabalhar, passava a maior parte do tempo lendo.

Edward passava o tempo todo no hospital ansioso, louco para chegar em casa e saber se Bella estava bem. Constantemente mandava mensagens para ela, perguntando-lhe como estava e se precisava de alguma coisa.

E, ao chegar em casa, ele não conseguia evitar sorrir quando a via lendo, mesmo que fosse o mesmo livro pela décima vez. Aproximou-se da namorada e beijou-lhe a testa, fazendo com que esta sorrisse.

Você gosta realmente de ler, não é, meu anjo?

Bella, sorrindo, sentou-se e deixou o livro de lado, pegando o bloquinho das mãos de Edward.

Quando eu leio, eu me sinto normal e aceita. Eu me perco desse mundo e me prendo na leitura, Edward. É uma das únicas coisas que eu posso fazer por mim mesma.

Edward não pode negar que ficou emocionado com aquelas palavras; sem saber o que dizer, apenas puxou o queixo de Bella para si e a beijou.

_

Bella voltou para casa assim que Edward julgou que ela estava bem, embora ainda tivesse insistido que ela ficasse um pouco mais.

Bella conhecera Emmett antes de partir e não conseguiu não rir das piadas que ele escrevia para ela todas as noites.

E Edward a buscava todas as noites no supermercado. Às vezes a levava para jantar, às vezes simplesmente passeava com ela, ou ia para sua casa. Edward agora tinha uma chave, já que Bella não escutava a campainha, e Edward tinha medo de que algo de ruim acontecesse com ela.

Naquela noite, não foi diferente; assim que saiu do supermercado, avistou o carro de Edward, e ele do lado de fora, esperando por Bella.

Bella sorriu para Edward assim que começou a descer as escadas.

Ela realmente nunca pensou que um dia isso fosse acontecer consigo. Mas ali estava ele, Edward Cullen, sorrindo para ela. Imediatamente, sentiu seu coração acelerar e suas pernas tremerem. Ela o amava, e, incrivelmente, ele a amava também.

Era em momentos como aquele que ela desejava poder escutar o som de sua voz.

_

Os meses de passaram, e Edward se encontrava extremamente ansioso para poder abordar uma questão que queria desde que conhecera Bella.

A cirurgia para seu problema de audição.

Ele conversara com diversos especialistas, e, de acordo com eles, se o nervo de Bella tivesse sido danificado por causa de remédios, o caso dela não era irreversível.

Convidou-a para um jantar e, nervoso, chegou ao supermercado antes que Bella tivesse saído. Acabou se lembrando que tinha que comprar algumas coisas e entrou.

Bella estava conversando com uma mulher de sua altura, seus cabelos escuros caindo em ondas suaves até pouco abaixo dos ombros. Ele não pôde distinguir o tom certo de seus olhos exatamente, mas parecia ser de um castanho escuro. Ela também usava o uniforme do supermercado, então deveria ser amiga de Bella. A Adriane que ela mencionara certa vez.

Aproximou-se das duas e parou ao lado de Bella. Essa, assim que o viu, sorriu largamente, e voltou para sua amiga, fazendo gestos com as mãos. Edward entendeu apenas alguns, visto que tinha começado a pouco mais de três semanas o curso de linguagem de sinais.

Sorrindo, logo depois, Adriane se virou para ele e lhe estendeu a mão.

- É finalmente um prazer conhecer o cara que encantou o coração de minha amiga – disse-lhe, sorrindo. Edward também sorriu, passando o braço livre pela cintura de Bella e puxando-a para si. – Sempre que tem oportunidade, ela fala de você. A propósito, sou Adriane.

- Edward Cullen. – Ele ainda sorria imensamente. – Importa-se de perguntar a Bella se ela pode sair mais cedo? Eu ainda estou aprendendo a linguagem de sinais...

- Claro – riu. – Eu tive que aprender cedo, porque meu avô era surdo e mudo. Eu e Jacob somos os únicos que sabemos a linguagem de sinais aqui, fomos nós que ajudamos Bella a aprender tudo. E ela já pode ir, Edward. Eu estou encarregada de cuidar de tudo por aqui.

Ele somente assentiu, deixando que Adriane informasse tudo a Bella. Depois de se despedirem e Edward comprar tudo o que ele precisava, eles seguiram até o apartamento de Bella para ela se trocar e até o apartamento de Edward para que ele pudesse guardar as compras.

Assim, eles jantaram, e depois, seguiram até uma praça, um lugar que estava calmo àquela hora.

Durante horas eles escreveram. Edward explicou a Bella tudo o que o médico dissera, explicou-lhe absolutamente tudo. Disse, também, que ela poderia fazer faculdade, poderia construir uma vida para si.

Por fim, Bella suspirou, e pegou o bloco, demorando alguns minutos para escrever. Quando entregou a Edward, Bella sorria meigamente.

Eu estou esperando na fila, Edward, para conseguir uma avaliação médica e uma cirurgia, mas toda vez que sou chamada fico imaginando quantos crianças vão ser prejudicadas se eu me beneficiar, e eu simplesmente deixo-os passarem a minha frente. Por fim, decidi juntar dinheiro para pagar por todos os custos médicos. Confesso que vai demorar bons anos até eu conseguir todo o dinheiro, mas um dia creio que conseguirei. E, quanto a faculdade, eu tentei freqüentar uma, mas desisti depois de um ano, quando ninguém parecia aceitar o fato de eu ser surda...

Edward tentou conter a raiva que ele sentiu ao ler tudo aquilo. Respirou fundo, e, procurando se controlar, fez a proposta final.

E se eu te ajudar a pagar? Você deve ter mais ou menos metade do dinheiro e eu posso te ajudar com a outra metade. Se isso a te ofende, sinto muito, mas eu só quero o melhor para você. Eu te amo, Bella. Então, por favor, me deixe cuidar de você.

Como Bella parecia apreensiva, tentando convencer a Edward que ele não precisava gastar tanto dinheiro com ela, ele pediu que ela apenas pensasse, que ele estaria com ela na decisão que ela tomasse.

Naquela noite, Bella sentiu vontade, como nunca, de ter os pais por perto, assim como desejou poder tocar piano. Porque, sim, Bella tocava. Apenas algumas músicas, mas músicas que a acalmavam e a faziam muito bem.

No outro dia, como era um sábado, e Edward estava trabalhando, já que seu período como residente estava terminando, ela seguiu até uma escola de músicas que havia naquela região e se sentou diante do piano.

Assim que começou a tocar, as lágrimas escorreram por seus olhos. Ela não conseguia escutar o que tocava.

E só assim, junto com os soluços, vários pensamentos começaram a surgir.

Ela não podia ouvir a voz de Edward, nem o som de seu coração. Não podia ir até a mesinha que havia em seu quarto e pegar o CD preferido de seus pais e colocar para tocar, porque ela não podia ouvir. Nunca poderia ouvi-lo tocar piano... Eles nunca poderiam tocar juntos.

E Edward nunca ouviria a voz de Bella, já que ela não era capaz de controlar o volume, e, quando falava, acaba gritando.

Quando se entregasse a Edward, ela também nunca poderia escutar o som de seus gemidos, nem o sussurro de suas palavras...

Mas ela também não queria parecer que estava aproveitando do dinheiro dele, então...

Deus! O que ela deveria fazer?

Papai, mamãe, pensou, por favor, mostrem-me o que devo fazer.

Bella ficou ali por tantas horas que, quando piscou, viu Adriane a sua frente, sorrindo.

- Eu sabia que você estaria aqui. – Ela disse, movimentando as mãos para que Bella entendesse.

- Ah, oi. – As mãos de Bella estavam trêmulas e ela precisou respirar fundo algumas vezes. – O que você faz aqui?

- Edward foi atrás de mim no supermercado, porque, de acordo com ele, você nunca sai nos sábados, e ele está preocupado. São mais de três da tarde e ele entrou na sua casa e não te achou.

- Ah, meu Deus! – Levantou-se, limpando as lágrimas e pegando a bolsa. Por fim, se voltou para a amiga. – Obrigada, Dri.

- Bella, Edward me contou que vocês conversaram ontem. Você não precisa falar nada, apenas me escute. – Bella prestava atenção em cada movimento das mãos de sua amiga. – Olha, siga o seu coração. Não pense em dinheiro nem no que os outros vão pensar. Edward te ama, ele só quer o melhor para você. Ele só quer cuidar de você. Aceite isso, amiga. Ele não é um cara que vai te abandonar daqui alguns anos, porque não deu certo. Ele realmente te ama.

Bella sorriu e assentiu, abraçando a amiga. Quando ela se afastou, sorriu ainda mais.

- Obrigada, Dri. Quando eu me casar, você vai ser a madrinha.

As duas sorriram, e, depois de se despedir, Bella seguiu até seu apartamento. Assim que chegou, viu Edward andando de um lado para o outro.

Ele suspirou aliviado quando a viu e a puxou para seus braços. Bella sorriu para ele, beijou-lhe nos lábios, e, ao se afastar, movimentou a boca, apenas para que Edward lesse seus lábios.

- Eu aceito. Eu aceito fazer a cirurgia.

_

Durante as semanas que se seguiram, Bella freqüentou vários médicos, até que, enfim, a cirurgia foi marcada.

Ela estava nervosa, embora toda a família Cullen e Adriane estivessem apoiando-a. Quando o dia chegou, Bella acordou tão nervoso que nem conseguiu beber água.

Edward a acompanhou até o hospital, massageando suas mãos e prometendo-lhe que ficaria ao seu lado o tempo todo.

E assim foi.

A cirurgia não foi muita longa, embora para Edward parecesse que tinham se passado anos quando o médico chegou e disse que tinham terminado. Para saber se tudo tinha dado, certo, eles iam ter que esperar Bella acordar.

_

Assim que abriu os olhos, ela viu que não estava sozinha. Havia uma faixa em volta de sua cabeça, tapando-lhe os ouvidos, mas ela sabia que tinha dado certo, porque, embora estivesse com essa proteção, ela conseguia ouvir alguns ruídos.

Edward sorriu para ela e beijou sua bochecha lentamente. Bella sorriu para ele e voltou seu olhar para Adriane, que também sorria para a amiga. Alguns minutos depois, Carlisle e o médico de Bella adentraram o quarto, fazendo com que todos ficassem apreensivos.

A faixa foi, cuidadosamente, retirada da cabeça de Bella, e ela sorriu ao conseguir escutar muito mais que antes. O aparelho que ela teria que usar – tão pequeno que era quase impossível vê-lo – foi colocado, e, então, ela podia escutar tudo.

O bip irritante do hospital nunca foi tão bem-vindo. Ela podia escutar os passos, as vozes. Ela podia escutar tudo.

- E, então, Bella? – Bella virou a cabeça e sorriu ao escutar a voz do médico.

- Eu... – murmurou, ainda um pouco hesitante. – Eu posso escutar.

Edward sorriu ao ouvir a voz, mesmo que ainda um pouco hesitante, de Bella. Doce e suave. Muito melhor do que ele imaginava.

Carlisle e o médico conversaram com Bella por mais alguns minutos e deixaram-na, dizendo-lhe que voltariam em uma hora para tornarem a avaliá-la. Adriane deu uma desculpa de ir buscar algo na cantina e deixou os dois a sós.

- Eu posso escutar, Edward – disse, sorrindo. – Eu finalmente posso escutar.

- Sim, meu bem. – Bella sorriu; a voz de Edward era mais bonita do que tinha imaginado. – Você pode. Eu te disse que você iria conseguir.

Ele se aproximou dela e a abraçou forte.

- Eu te amo – Bella sussurrou. – Obrigada por tudo.

- Eu também te amo. E você não tem que agradecer por nada.

Eles ficaram ali mais alguns minutos, até que Edward se afastou, e, hesitante, pegou uma caixinha de veludo do bolso.

Ele não iria fazer aquilo, iria? Bella pensou, sentindo seu coração acelerar.

- Eu comprei isso tem algumas semanas – confessou –, mas queria que fosse o momento certo, queria que fosse especial. E não vejo porque não agora. – Respirou fundo, como se buscasse forças. Temia que Bella não fosse aceitar, embora não tivesse dúvidas algumas quanto ao amor dela. – Isabella Marie Swan, eu lhe prometi uma vez e reforço essa promessa, de te amar e cuidar de você além do para sempre. Você me daria a honra de ser minha esposa?

Bella pensou em lhe dizer que achava cedo, que ele podia mudar de ideia e muitas outras coisas. Mas ela queria tanto aquilo quanto ele, por isso apenas se jogou nos seus braços, enquanto dizia que o amava e dizia um sim embargado.

- Eu te amo – Edward disse, colocando o anel em seu dedo e depois o beijando com carinho.

_

Já era noite e Edward e Bella estavam deitados na cama do hospital, abraçados. Há poucos minutos Adriane deixara o quarto, feliz pelo casal, e feliz por ter sido chamada para ser uma das madrinhas, também.

A família Cullen também estivera ali, desejando felicidades ao casal.

E, agora, estavam apenas os dois.

Dando conta disso, Bella o abraçou mais forte, certa de que nunca tinha se sentido tão feliz como se sentia naquele momento. Edward correspondeu à mesma altura, enquanto não cansava de sussurrar que a amava e que sempre a amaria. O anel pesava no dedo de Bella, mas não de uma forma ruim. Seu coração batia extremamente alto diante de tamanha felicidade.

Ela se separou de Edward um pouco, apenas para olhar nos fundos de seus olhos.

- Eu te amo – sussurrou. – Obrigada por existir. Eu não sei o que seria de minha vida se você não tivesse aparecido naquele supermercado.

- Eu também te amo, meu bem – sorriu, limpando as lágrimas que Bella mal tinha percebido que tinha derramado. – E eu prometo te amar além do para sempre.

Ela tornou a sorrir e o abraçou ainda mais forte. Encostou a cabeça do lado esquerdo de seu peito e suspirou.

Finalmente ela podia ouvi-lo. Ouvi-lo dizer que a amava, podia dizer que o amava sem medo de sua voz sair extremamente alta... E, principalmente, Bella agora podia ouvir o som de seu coração.


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Notas finais do capítulo

n/a: Hmm... Oi, amores. Como estão? UHAISHAU Então, primeira one do ano, hein?

Bom, eu pesquisei muito antes de escrever essa fanfic. Existem casos de pessoas que ficaram surdas por causa de remédios e que recuperaram a surdez com cirurgias e aparelhos auditivos. Eu pensei muito ao escrever essa fanfic, porque não são muitas pessoas que aceitam as deficiências, mas, por fim, consegui terminá-la do jeito que eu queria.

Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu.

Gostaria de agradecer a Adriane – a quem, carinhosamente, chamo de Cappy – pelos surots, ameaças e tudo o mais. Se não fosse por ela, eu demoraria muito mais para postar. Por isso, nada mais justo do que colocar o nome da amiga dela de Adriane. Obrigada mesmo, Cappy! :D

Então, povo, é isso.

Comentem, comentem e até a próxima!

Beijos, Deh C.