Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 41
Capítulo 41 - A Caravela Gelada


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é comprido. Ele poderia ser muito mais comprido, mas daí vcs poderiam se enjoar de tanto ler. Tentei deixá-lo com detalhes interessantes, espero que gostem.



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Harry Potter, que recentemente havia voltado a trabalhar como chefe dos aurores, sentia-se aliviado e até mesmo mais tranquilo em certos pontos. O boato sobre o possível retorno do Lord das Trevas não chegou a se espalhar, mas parecia que as pessoas pressentiam que os ataques a nascidos trouxas tivessem alguma coisa a ver com Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Houve notícias desses ataques não feitos apenas por Comensais foragidos, mas também por pessoas fanáticas pelo lorde, e consequentemente, adeptas ao antigo movimento de Gellert Grindewald.

Há menos de uma semana, um grupo de bruxos foi preso por tentar assassinar um nascido trouxa que voltava para casa, membro do departamento de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas. Harry estava preocupado com o que poderia vir pela frente. Era possível perceber vários bruxos voltando a revelar suas identidades puristas e preconceituosas. Algumas famílias mais tradicionais faziam questão em enfatizar sua pureza sanguínea quando se apresentavam em locais públicos. Harry temia uma nova revolta, uma nova guerra. Entretanto, era cedo demais para criar pânico.

Alvo passou as férias contando os dias, horas e minutos para que o ano letivo recomeçasse. Hoje era dia 30 de agosto, e o adolescente de quinze anos mal podia conter-se de felicidade. Recebera a carta de Hogwarts, onde nela constava sua aprovação para assistir ao Torneio Tribruxo.

"Potter, Alvo Severo

O senhor foi um dos cinquenta alunos convidados a comparecer à maior cooperação internacional em magia estudantil, o Torneio Tribruxo. A sua participação será efetivada assim que retornar o formulário em anexo com a autorização de seu responsável.

Esperando que esteja bem,

Minerva McGonagall."

Alvo correu para a sala e pôde reparar que seu irmão mais velho lia uma carta parecida, com igual empolgação. Pelo sorriso no rosto dele, era evidente que tinha recebido a mesma notícia.

– Pai, preciso que o senhor assine isso aqui. – Tiago se atravessou na frente do irmão mais novo, quase jogando o pergaminho em cima do pai.

Harry leu o que estava escrito, e pôs-se a procurar uma pena.

– Que bom que foi escolhido, filho. Eu gostaria de ir para lá, mas tenho muitas coisas para fazer aqui. Assuntos da Ordem.

Tiago pegou a carta já assinada das mãos do pai como se pegasse ouro puro. Alvo se aproximou dos dois, finalmente, e estendeu a sua.

– Também fui escolhido, pai. Assine. – o garoto imitou a voz de Tiago, levemente esganiçada.

Harry releu a carta, e deu um suspiro intrigado. O silêncio tomou conta da sala durante alguns instantes.

– É só assinar. – Alvo insistiu, não podia deixar de sorrir. Estava tão entusiasmado quanto o irmão.

– Oh, tudo bem. – Harry, ainda com a pena na mão, assinou o formulário do segundo filho. – Eu não sabia que se interessava por cooperação internacional em magia, Alvo.

– Claro que me interesso. – ele concluiu, de certa forma inocente.

Gina chegou à sala, acompanhada de Monstro.

– Algum dos meninos foi escolhido para assistir ao torneio?

– Sim, querida. Os dois. – Harry disse, tentando parecer contente. No fundo estava preocupado com Alvo.

Gina se surpreendeu, então abraçou os dois filhos, parabenizando-os. Alvo falava desse torneio desde que voltara da escola. Seria muito difícil para Harry e Gina dizerem a ele que não queriam que ele fosse, pois planejavam cuidar dele mais de perto este ano. Mas depois que ficaram sabendo que Minerva iria junto ao Instituto, sentiram-se mais tranquilos e resolveram permitir a ida de Alvo caso ele fosse convocado.

– O que acharia se eu me tornasse o vencedor do torneio, pai? – Alvo disse, delirante, com olhos bem abertos.

Pensa em participar, filho? – Harry se espantou. – Não acho boa ideia. Também acho difícil que seja escolhido pelo cálice. Sem falar que os campões tribruxos são arrogantes, e sempre ficam mal falados.

– Mas o senhor mesmo foi um deles!

– Eu sei, filho, mas... – Harry suspirou. – Já contei essa história. Fui forçado, houve uma trama. Eu não queria a glória eterna.

– Pois tudo o que eu quero é a glória eterna! – Alvo sorriu de modo demente, provocando a ira do irmão mais velho, que se irritava ao vê-lo agir como um louco. – Espero que o senhor não se importe com meus métodos, pai. Destruir, persuadir, enganar, iludir, sabotar, corromper... O senhor sabe, dádivas de Slytherin!

Harry bufou. Detestava quando seu filho se empolgava demais com alguma coisa e se aproveitava de sua aptidão por trapaças para conseguir o que queria.

– Ora, Alvo, não comece. Quer que eu mude de ideia e o proíba de ir?

– Está bem, pai. Vou me comportar. – Alvo sorriu, então se jogou no sofá.

A família toda se entreolhou. Já fazia algum tempo que não discutiam nada. Harry visualizou de maneira súbita um rosto pálido, macilento, em sua mente. Um rosto que jamais poderia esquecer, mas que não gostava nem um pouco de lembrar.

– Voldemort... Voldemort. O que estará fazendo agora? – Harry sussurrou para si mesmo, perturbado. Desde o ocorrido com seu filho em Little Hangleton, não conseguia se convencer da morte do lorde.

– Por que disse o nome dele, pai!? – Tiago se assustou, juntamente com Gina.

– Me desculpem, estou pensando alto.

– Fala sério, pai. – Alvo cruzou os braços, irritado. – O senhor só pensa no Lord das Trevas. Vive falando dele! Voldemort isso, Voldemort aquilo! Parece até que está apaixonado por ele!

Harry ficou vermelho. Irritou-se profundamente com o comentário do filho do meio, mas não pôde deixar de reconhecer o lado cômico. Mas a situação atual era estranha. Depois da última guerra, Voldemort ficou anos sem dar pistas, sem dar sinal de possíveis ressurreições. Voldemort tinha morrido daquela vez, isso era uma certeza mundial. Mas por que ele o procuraria agora? Por que não conseguia aceitar a morte como todos os outros bruxos que partem?

Chegou o grande dia. Alvo e Tiago se despediram dos pais na praia do norte. Era proibido pais de alunos acompanharem-nos até o navio enviado de Durmstrang.  A diretora McGonagall cumprimentava e logo encaminhava os jovens para o caz. Depois de deixarem as malas reunidas com as dos demais, os dois irmãos andaram lado a lado até cada um encontrar alguém que considerasse companhia melhor. Tiago encontrou uma menina de sua classe, Lívia Medowes, que o paquerava de vez em quando. Alvo encontrou o melhor amigo, Scorpio Malfoy, que andava majestosamente entre os outros alunos de Hogwarts.

– Pelo que estou vendo, não houve muitos convidados sonserinos. – Scorpio disse, olhando a volta com desdém. Usava um sobretudo extremamente negro e pesado, com um enfeite serpentino nos ombros.

– Está com frio, é? – zombou Alvo, reparando que as vestes do amigo, por mais elegantes e caras que parecessem ser, eram exageradas. Fazia sol, e a temperatura estava fresca.

– Vejo que nada sabe sobre Durmstrang, amigo. – Scorpio disse de modo tão arrastado que parecia estar com sono. – Se eu fosse você, vestiria alguma coisa mais quente antes de entrar no navio.

Antes que Alvo pudesse perguntar o porquê, houve uma grande perturbação na superfície do mar, chamando a atenção de todos. Grandes bolhas se formaram em frente ao caz, e as ondas agora quebravam nas margens da praia com violência. Um rodamoinho se formou, então um varapau comprido e preto começou a emergir lentamente, e aos poucos um velame se ergueu de dentro das águas. Lenta e imponentemente o majestoso navio saiu debaixo do mar, refulgindo a luz do sol. Tinha uma curiosa aparência esquelética, como se tivesse ressuscitado de um naufrágio. A bandeira vermelha de Durmstrang estava bordada na vela principal. Os alunos a olharam admirados e ao mesmo tempo assustados por terem que entrar naquela caravela sinistra.

Um homem muito alto e troncudo, de rosto parecido ao de um príncipe, abriu a porta do navio que dava acesso ao caz. Os alunos começaram a vir a bordo enfileirados, sob seu comando.

– Espero que a gente não morra afogado quando essa coisa afundar. – brincou Alvo, depois reparou que as janelas de vidro estavam cobertas por cristas de gelo. Botou o pé pra dentro do navio, e sentiu um grande sopro gelado. – Nossa, está frio mesmo aqui dentro.

– Eu avisei. – Scorpio disse, convencido, ajeitando seu sobretudo elegante. – Já dei uma volta neste navio uma vez. Meu pai e o diretor de Durmstrang são bons amigos.

– Não me surpreendo. Seu pai sempre é amigo dos importantes. Enquanto que o meu... – Alvo pensou durante alguns segundos. –... é amigo dos que sempre se metem em confusões e acabam parando nos jornais.

A diretora McGonagall foi para um aposento exclusivo, e os alunos se reuniram no lobby da caravela gelada. Sabia-se que do outro lado do navio estavam alojados alunos de outra escola de magia, mas até então ninguém os tinha visto, nem mesmo sabia de onde eram. O diretor de Durmstrang fez questão em mandar seu navio para buscar os convidados das escolas participantes, a fim de evitar confusões na hora da chegada.

O mesmo homem troncudo que chamou os alunos para entrar, pigarreou, e com um sotaque semelhante ao de Nicolau Krum, começou a falar.

– Bom dia, alunos de Rrrógwarrrts. Meu nome ser Sacha Holski, e eu ser o monitor de vocês durrrante suas estadias no Instituto Durmstrrrang!

– Por que aqui dentro é tão frio? – perguntou Rose Weasley, levantando a mão delicadamente. Tirou um casaco de sua bolsa, e começou a vestir.

Sacha arregalou os olhos verdes, como se facas saltassem de seu olhar.

– Escute aqui, menina brrritânica. Durmstrrrang é localizada no extrrremo norrte da Rrrrússia, a temperaturrra é tão baixa quanto à inteligência de um trrrasgo. O navio se mantém gelado parrra que possa se igualar ao gosto e costume do nosso prrrestigioso dirrretor, Vlad Czarcov.

Rose ficou muda, e constrangeu-se pela aspereza do monitor. Os oito e únicos alunos da Sonserina presentes, incluindo Nicolau Krum, deram risadas fastidiosas. O navio começou a afundar e todos os alunos se inclinaram às janelas. Para o desapontamento da maioria, não era possível ver o fundo do mar, mas sim uma grande escuridão. Sacha Holski aparentava ter uns trinta anos. Tinha cabelos claros e usava uma capa vermelha com pelo de lobo na gola, semelhante à de um cavalheiro monarca do exército russo. Poderia ser considerado bonito, se não fosse à gritante grosseria de seus modos.

A viagem não demorou mais que duas horas. O navio era grande, e apesar de assustador, gozava de muita comida e conforto. O monitor foi até a porta, e com sua varinha, fez a grande porta do navio se abrir. Os alunos quinta, sexta, e heptanistas de Hogwarts perceberam que o lado de fora era ainda mais frio do que dentro do navio. A paisagem era toda branca, mas não havia sol.

Descendo ao caz feito de pedras, pôde-se notar sete montanhas de gelo formando um círculo em volta da grande paisagem onde se encontrava a construção de pedras, semelhante a um forte bárbaro. Havia árvores gigantescas cercando as montanhas, cobertas pela neve. O mar congelou imediatamente após todos terem descido do navio. Certamente, todo o local era constituído por magia.

– Alunos de Rrrógwartts! Sigam-me! – gritou Sacha, fazendo sinal com uma das mãos.

– Alunas de Hydrrra! Venham por aqui! – gritou uma voz rouca e feminina, também com sotaque eslavo. Vinha de uma mulher com um vestido inteiramente vermelho, e por cima um xale de pele de lobo. Parecia-se com Sacha um bocado, provavelmente era irmã dele.

Os alunos de Hogwarts olharam para o outro caz. Da porta esquerda do navio, desciam jovens bruxas, todas muito silenciosas e comportadas. Alunas da escola chamada Hydra, que era uma escola egípcia muito renomada.

Os alunos de Hogwarts entraram no grande Instituto Durmstrang separadamente das alunas da outra escola. Minerva, juntamente com o monitor Sacha,  os encaminhou aos aposentos de hóspedes.

– Coloquem seus uniformes. Dentro de meia-hora desceremos ao salão principal. – disse a diretora, gentilmente.

No primeiro andar, depois de atravessarem vários corredores, os alunos se depararam com uma grande porta de madeira. Havia desenhos indecifráveis talhados nela, lembrando escrituras vikings. O edifício era todo feito de pedras, e por mais que houvesse milhares de lareiras, nenhuma estava acesa. O frio, pelo visto, era prazeroso para os anfitriões.

Alvo e Scorpio eram os últimos da fileira. A grande porta se abriu, e os alunos de Hogwarts entraram no salão cantando o hino de Hogwarts, como haviam ensaiado na viagem. Os alunos de Durmstrang eram muito parecidos uns com os outros, todos com uniformes de capa vermelha e peles de animais. As mesas eram gigantes e quadradas, havia umas vinte delas. O salão era ligeiramente maior que o de Hogwarts. Espaçoso, continha cabeças de dragão e outras criaturas tão terríveis quanto, penduradas nas paredes. Minerva, andando na frente dos alunos de sua escola, chegou até o diretor e o cumprimentou com beijos nas duas bochechas.

– Minerrrva! – o diretor disse, com um sorriso horrivelmente sujo. Ele vestia uma capa enorme e preta, e usava um chapéu peludo também preto. Tinha cabelos louro escuros até os ombros, e uma barbicha presa em duas pequenas tranças. – Há quanto tempo não nos vemos!

– Estou certa de que será um grande torneio, Vlad. – Minerva disse contente, reparando como os alunos de Durmstrang eram comportados e altivos. Havia bem poucas meninas na escola, cerca de vinte.

– Acomodem-se, amigos da Grrrrã-Brrretanha! – Vlad Czarcov fez sinal para que os alunos de Hogwarts e a diretora deles se sentassem em uma das gigantescas mesas, que estava vazia. – Agora iremos receber as magníficas moças da Academia Hydra e sua adorável diretora Kaziri Lamsés!

A grande porta se abriu novamente, e aproximadamente vinte bruxas começaram a entrar no salão cantando, em frente a elas uma mulher negra, cabelos lisos e compridos, vestindo uma espécie de toga dourada. Muito bonita, tinha olhos amarelos, e uma voz grave. O uniforme de Hydra era um longo vestido preto e dourado, com um adereço de por no cabelo semelhante a uma tiara, só que maior. Cantavam uma canção em egípcio enquanto andavam até a mesa do diretor, semelhante a uma cantiga de ninar.

– Belíssima como semprrre, Kaziri. – disse Vlad, ao cumprimentar a mulher.

– Criamos a música para o senhor, Czarcov. No meu país a música representa admiração, e é o que todas nós sentimos pelo seu Instituto.

– Sinto-me honrrrrado. – Vlad pôs a mão em frente ao coração. Suas unhas eram grandes e mão cuidadas. – Podem se sentar. Antes do banquete, darei algumas palavrrrinhas. Antes de falar do Torneio Tribruxo, gostarrria de deixar claro algumas regrrras.

O silêncio foi brutal. Os alunos das três escolas estavam todos sentados, todos olhando para o diretor russo, que continuou a falar.

– Meu nome é Vlad Czarcov, e antes de dirigir Durmstrang, fui pesquisador de Artes Negrrras, e dei palestrrras em diverrrsos países da Eurrropa Orrriental. Amo esta escola, e sou rigorrroso com disciplina. Meus coordenadores estudantis, os irmãos Holski, foram orientados para ajudá-los no que precisarem. Seus nomes são Sacha e Mila, e tenho certeza de que irrrão se dar muito bem.

Alvo e Scorpio se olharam, comentando sobre cada aluno que viam. Nicolau Krum, sentado ao lado dos dois, acenava a todo o instante para algum de seus antigos amigos. Alvo reparou que Tiago conversava alguma coisa com Rose, só não tinha certeza se era boa ou ruim. A única certeza é que era sobre ele. Enquanto o diretor de Dumstrang proferia um discurso que ninguém estava entendendo, os alunos comentavam entre si quem seria digno de participar do torneio. Alvo estava decidido. Ele iria se inscrever.


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Notas finais do capítulo

Ps.: Eu sei que a outra escola de magia além de Hogwarts e Durmstrang, deveria ser Beauxbatons. Troquei a escola para não ficar repetido ao HP4, vcs sabem. Espero reviews, pois esse capítulo foi enooooooooorme. Beijoooos