Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 37
Capítulo 37 – Demência


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, please! Muitas provas na facul =



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Para a infelicidade da boa sociedade bruxa, Kraven Norington voltou ao cargo de Ministro da Magia. Curiosamente, o bruxo que antes o tinha substituído, morreu envenenado há poucos dias. Harry Potter manteve sigilo perante a imprensa sobre o que ocorreu, de modo que até agora apenas o ministro e seu assistente estavam sabendo.

Em um dos grandes corredores do ministério, Norington literalmente fugia de Potter, que o perseguia cada vez mais impaciente. Se não fosse pela relação corrupta entre o ministro e os editores do Profeta Diário, a notícia do suposto retorno do Lorde das Trevas já teria vazado. Mesmo assim, Harry acreditava que mais cedo ou mais tarde aquilo se tornaria um escândalo, no qual ele acabaria sendo tachado de louco. Foi assim quando tinha quinze anos, e a situação atual era parecida, com a diferença de que poucos tinham estado presentes para ver com os próprios olhos.

– Senhor ministro! – o auror gritou. – O senhor pode parar de fingir que não me vê e ouvir o que tenho para falar?

Outros funcionários olharam para os dois. Para evitar constrangimentos, Kraven Norington parou, e fez sinal para que Harry o seguisse até seu gabinete.

– Muito bem, Potter. – o ministro demonstrou desleixo e sentou-se na poltrona ao final da mesa, que era tão púrpura quanto suas calças listradas. – Diga-me o que quer, antes que me cause mais problemas.

Harry comprimiu o queixo.

– Já faz três dias desde o ocorrido-você-sabe-qual.

Norington apenas soltou um ruído de tédio. Harry continuou.

– Pois bem. Quero saber por que os três Comensais da Morte capturados pela minha equipe de aurores ainda não foram levados à Azkaban! E também gostaria de saber por que o senhor ainda não mandou prender Draco Malfoy!

– Ora, Potter! Quanta tolice! – os olhos profundos e negros de Kraven estavam semiabertos. – O Comitê de Imprensa achou melhor pararmos de usar a expressão "Comensal da Morte", considerando que Você-sabe-quem já está morto há muito tempo.

– Ou isso é o que pensamos. – Harry disse mais para si mesmo do que para o ministro. – Não tente me enrolar com discussões de que o senhor nada sabe, Norington! Responda a minha pergunta, agora!

– Não diga "agora" nesse tom insolente! Não se esqueça de com quem você está falando, auror!

– Então, Sr. Ministro, prossiga com a sua resposta. E conforme ela for, deixarei o senhor em paz.

Kraven Norington olhou para seus dedos finos e compridos, cobertos por anéis claramente valiosos. Seu olhar pesado, envolto num rosto estupidamente pálido e ossudo, demonstrou frieza.

– Os supostos Comensais ainda não foram levados à prisão porque deverão ter um julgamento apropriado já que não há provas do que você diz que ocorreu no vilarejo abandonado de Little Hangleton. Há apenas testemunhas, e muito duvidosas por sinal. E quanto ao Sr. Malfoy, prefiro não falar sobre. É de meu conhecimento que você anda cismando com ele já tem mais de um ano, inventando coisas terríveis para incriminá-lo!

– As testemunhas são meus amigos! E estão todas de acordo! Não há precisão de provas! Sei muito bem o que aconteceu! – com raiva, Harry chegou a por a mão no bolso onde se encontrava sua varinha. – Malfoy estava lá! Duelou a favor de Lord Voldemort, assim como os outros!

– Aí que você se engana, Potter. Uma das testemunhas declarou o contrário do que você diz. Sem falar que Draco Malfoy recebeu um convite inesperado para o Festival Internacional de Dragões, na China, exatamente no momento dessa sua história absurda.

– O que?! – Harry espantou-se.

– Isso mesmo que ouviu. – Kraven praticamente atirou o semanário dos bruxos no auror.

A foto da primeira página ocupava quase todo o folheto. Nela havia dois dragões cuspindo fogo numa paisagem oriental, e um deles estava sendo segurado por um homem loiríssimo de vestes negras e elegantes, através de uma grande corrente. O homem era ninguém menos do que Draco Malfoy, emanando seu característico sorriso de desdém ao lado de Astória, sua esposa.

Harry leus as primeiras frases do semanário, e não conseguia acreditar. Passou pela sua cabeça a ideia de aquilo ser um disfarce, que fosse outro homem servido da poção polissuco. Mas o sorriso desdenhoso de Draco era a principal coisa que o caracterizava, desde a época em que o conheceu. Ninguém saberia imitá-lo tão bem. Tão idêntico. A não ser é claro, Lúcio.

– Este não é Draco! – Harry quase furou o pergaminho com o dedo. – Pelo sorriso, só pode ser o pai! Draco estava em Little Hangleton, já disse!

– Não seja tolo, Potter! Lúcio Malfoy está gravemente adoentado! – Kraven Norington fez sinal para seu assistente, que até agora estava no corredor esperando por alguma ordem. – Draco não estava nessa confusão que você e seus amigos se meteram!

– Mentira! – Harry gritou. – Hermione e Rony também o viram lá! Hazel, Longbottom, meu filho! Todos o viram!

– Lembrando que seu filho declarou não ter certeza sobre o que viu. Disse que era alguém, de fato, parecido com Malfoy. Mas estava quase certo de que não era ele. – Norington sorriu ironicamente, com seus lábios finos e maldosos.

– Meu filho sofre de sérias perturbações mentais. Não devemos levá-lo em conta! – Harry já estava vermelho, sufocando em seu próprio desespero. – Ministro, por favor, o senhor tem que fazer alguma coisa! Não sabemos com o que estamos lidando! Não se tratou apenas de um confronto entre ex-presidiários e aurores! Foi algo muito maior! Voldemort está...

– Já chega desse nome! – a voz extremamente aguda do ministro soou ainda pior. – Levem este homem daqui.

O assistente do ministro e mais três seguranças foram na direção do auror. A vontade de Harry era de ir contra todos eles e acabar com Norington ali mesmo. Sabia que isso só causaria ainda mais problemas para sua reputação, e consequentemente, poria em risco a de sua família, portanto resolveu manter a calma.

– Eu sei onde é a saída. – disse Harry, se soltando dos seguranças. – Esse assunto ainda não acabou, ministro.

A madrugada em Hogwarts estava tranquila como um rio cristalino. Alvo voltara para a escola depois da suspensão. A diretora recebeu uma carta de Harry, que convocava um encontro entre todos os membros da antiga Ordem da Fênix. Ela ainda não sabia o que de tão importante ele tinha para contar, mas supôs imediatamente que se tratava de alguma coisa relacionada a Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, pelo modo como Harry explicitou a urgência.

Lá estava Alvo Severo, sentado no enorme sofá preto em frente à lareira do salão comunal da Sonserina. O restante dos alunos estava dormindo, de modo que o silêncio e a escuridão fossem os únicos presentes além dele naquela rica e grandiosa sala fria. O garoto estava quieto, preso em seus próprios pensamentos. Na manhã posterior ao confronto ocorrido na velha casa dos Gaunt, Alvo omitiu diversos detalhes aos aurores e, inclusive, mentiu sobre coisas que seriam cruciais para a tomada de alguma atitude do ministério, para a fúria de seu pai.

– Potter... – uma voz fria e arrastada soou atrás dele como um sopro. – Precisamos conversar, não acha, amigo?

Alvo se virou e notou um jovem pálido de cabelos quase brancos, vestindo um oneroso roupão verde escuro.

– É claro. Senta aí, amigo.

– É bom ver que está tudo bem com você. – Scorpio Malfoy tentou falar alegremente, embora estivesse um tanto nervoso por ter que iniciar um assunto tão indelicado. – Antes de tudo, obrigado.

Alvo assentiu com a cabeça. Seus olhos estavam arregalados, cheios de energia.

– Não seria um ato de amizade se eu testemunhasse contra seu pai.

– Meu pai jamais lhe faria mal, Potter. – Scorpio disse quase em tom de perdão. – Na verdade ele tem grande admiração por você. E tudo que quis fazer foi para o seu bem. Para o bem dos... você sabe... sangues puros.

Alvo fechou os olhos lentamente, então os abriu. Suspirou de forma dramática e deu um sorriso pungente.

– Scorpio, Scorpio... Você não é tão bom oclumente quando está nervoso.

– E-eu n-não estou nervoso, Potter, eu só...

– Veio até mim com o propósito de me fazer perguntas, não foi? – Alvo continuava sorrindo. – Perguntas que seu querido pai não quis lhe responder.

– Sim. Você acertou. – os olhos cinzentos de Malfoy encheram-se de malícia. Mas rapidamente voltaram ao estado suplicante. – Meu pai não quer me envolver em mais nada. Mas preciso saber exatamente o que houve. E só você pode me contar.

– Entendo. Acredito que meu pai faria o mesmo comigo. – Alvo deixou de sorrir, e foi tomado por uma expressão séria e monótona. – Me diga o que você já sabe.

Scorpio Malfoy olhou para os lados para ter certeza de que estavam sozinhos. Aproximou-se do amigo, e disse quase em sussurros:

– Sei apenas que houve um encontro de Comensais da Morte em Little Hangleton com o objetivo de convencer você a unir-se a eles. Sei também que pretendiam encontrar uma arma, mas não sei se a encontraram e nem pra que ela serve.

Alvo deu uma risada.

– Foi mais ou menos isso. Mas seu pai esqueceu de lhe contar um pequeno detalhe.

– Qual?

– O retorno do Lord das Trevas. – Alvo disse calmamente, como se o assunto fosse tão corriqueiro quanto um jogo de Quadribol.

Scorpio levantou do sofá num pulo só. Deu um sorriso de lado, convencido de que aquilo era uma brincadeira.

– Não está falando sério.

– Ah, estou. – Alvo levantou também, com um olhar demente. – Se duvida, olhe para isto.

O garoto retirou debaixo das vestes a varinha de Teixo e pena de Fênix, facilmente reconhecida. Embranquecida, com a garra do pássaro cravada nela.

– Deixe-me ver! – Scorpio esticou a mão na direção da varinha, mas Alvo a esquivou e recolocou dentro das vestes. – Potter!

– Malfoy! – Alvo cerrou os dentes.

– Potter!

– Malfoy! – disse Alvo, segurando um riso.

– Potter! – Scoprio riu. – Isso não tem graça. Por que estamos rindo?

Por que estamos rindo? – Alvo se colocou de pé em cima do sofá. – Por que estamos felizes, oras. Felizes apenas.

– Mas, Potter, c-como você pode estar com a varinha dele? Você contou isso a mais alguém?

– Não achei que fosse necessário. – Alvo subitamente voltou à expressão séria. – Sei que você não contará a ninguém.

– Claro que não vou contar. Eu não sou idiota! – a voz arrastada retornou forte, como se tivesse sido ofendido. – Mas... Não me faça pedir por favor de novo... Me conte o que aconteceu, sim?

– Conto. – Alvo se esparramou no sofá, então encarou a lareira ainda acesa. – Mas você também irá me contar algumas coisas.

– Eu nada escondo de você, Potter!

– Sei que não. Mas também não faz questão de me contar sobre o que se passa na sua casa a meu respeito, por exemplo. – reclamou Alvo, com uma pitada de raiva.

– Pois passarei a contar. – Scorpio finalizou com um olhar cínico. – Está bem assim?

Um barulho de passos descendo as escadas dos dormitórios fez os dois amigos levarem um susto. Era apenas um dos alunos sonâmbulos, que logo voltou para a cama. Por mais que Malfoy e Potter implicassem ao extremo entre si, e por diversas vezes se tratassem como bons inimigos, eram quase irmãos. Irmãos em questões de ideais. Irmãos procedentes de Salazar Slytherin.

– Amanhã conversamos. – disse Scorpio, indo em direção ao quarto. – Você não vai dormir, não?

– Não. – Alvo Potter permaneceu onde estava. – Acho que vou estudar um pouco.

Scorpio Malfoy terminou de subir as escadas, enquanto inúmeros pensamentos invadiam o seu estado de tranquilidade. Quando olhou para trás, pôde jurar que ouviu Alvo falar com alguém.

Alguém que não estava ali.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Desculpem mais uma vez pela demora. Como estou em andamento com duas fanfics (essa e a "Sangue Puro"), vou alternando as postagens por semana. Semana passada postei a outra. Bom...prometo tentar não demorar tanto quanto dessa vez. Beijooos, queridíssimos!