Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 32
Capítulo 32 – Retorno Maldito




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O ano letivo iniciara com uma noite gelada e chuvosa. O castelo de Hogwarts estava protegido pelos mais diversos tipos de feitiços, havia aurores em frente a todos os portões. Após a seleção das casas, as quatro longas mesas do salão principal tornaram-se igualmente curiosas, mas por razões diferentes. A mesa de Grifinória estava atenta ao que dizia Minerva McGonagall sobre as novas normas de segurança. Lufa-lufa estava ocupada demais falando em Quadribol. A mesa de Corvinal estava silenciosa, esperando até chegar o momento em que os professores anunciariam as datas das primeiras provas. E os alunos de Sonserina apenas conversavam entre si, ou então faziam comentários maldosos sobre os professores e funcionários.

– Aos nossos recém-chegados, – concluiu Minerva com uma voz ressonante, os braços muito abertos e um enorme sorriso nos lábios, tentando de alguma forma tranqüilizar os alunos. – bem vindos! Aos nossos antigos alunos: um bom regresso!

Ouviram-se ruídos de apreciação e uma explosão de aplausos quando a comida surgiu do nada em cima de todas as mesas. Múltiplos tipos de carnes, massas e molhos, acompanhados com suco de abóbora à vontade. Quando todos os alunos terminaram de comer, o nível de barulho começou a aumentar. Um pedaço de papel amassado atingiu a cabeça de Scorpio, fazendo-o levar um susto.

– Leia isso, Malfoy! – disse a voz de Gary Campbell, da Grifinória.

Scorpio rapidamente pegou o papel e o desenrolou. Tratava-se
de uma das páginas do Profeta Diário, coluna de emergências. Alvo Potter, que estava sentado ao seu lado, esticou o pescoço para conseguir ler junto, enquanto toda a mesa da Grifinória os observava.

"As investigações decorrentes a respeito dos ataques a nascidos trouxas em todo o país está finalmente caminhando para frente. Alguns suspeitos serão interrogados ainda essa semana pela equipe de aurores, em função do afastamento de Kraven Norington como Ministro da Magia. O magnata de Wiltshire e ex Comensal da Morte, Lúcio Malfoy, 66, foi encontrado na Travessa do Tranco junto ao filho (Draco), comprando objetos nitidamente ilegais utilizados na última guerra bruxa, na manhã desta segunda-feira... (...)."

Scorpio parara de ler imediatamente. Amassou o jornal e o jogou no chão, tentando demonstrar indiferença. Apenas Alvo, que o conhecia bem, sabia que ele ficara preocupado. Mas para os demais alunos, o olhar desdenhoso do garoto deu a entender que ele não se importou. Os grifinórios, desapontados pela falta de fúria de Malfoy, levantaram-se de seus lugares e seguiram o monitor a fim de chegarem ao Salão Comunal.

– Idiotas. – sussurrou Scorpio, assistindo os alunos de gravata rubro-dourada andarem até a porta, cochichando. – Algo está muito errado.

– Deixe pra lá. – disse Alvo, no mesmo tom de voz do amigo, frio e arrastado. – Só fizeram isso para te irritar. Não tem nada de mais o seu avô e o seu pai terem ido à Travessa do Tranco.

– Não, Potter! Algo está muito errado mesmo! – Scorpio se levantou. Seus cabelos louro-brancos estavam jogados para trás. – Antes o Profeta Diário só mencionava o nome da minha família se fosse para falar bem!

– Pelo visto tudo mudou, já que o Ministro não é mais o Ministro. – Alvo continuou – Afinal, não era Norington que dava um jeito de controlar a imprensa a favor dos Comensais?

Scorpio arregalou os olhos cinzentos, então olhoupara sua volta, querendo se certificar de que ninguém tinha ouvido o que Alvo acabara de falar.

– Não seja inconveniente, Potter! Você tem noção da gravidade do que disse?

– Desculpa. – Alvo fez uma cara de profundo e sincero perdão. – Mas você ao menos sabe o motivo por que Norington foi exonerado do cargo?

– Sabe que não, Potter. – Scorpio estreitou o olhar para o inspetor Lázaro Jones, que apressava os alunos para irem aos dormitórios. – Se eu soubesse meu pai também saberia, e ele não teria se arriscado tanto indo até a Travessa do Tranco, o lugar mais suspeito do país.

Alvo balançou a cabeça, conformado. Lázaro olhou para os dois de modo feroz, pois eram os únicos que ainda não haviam saído do salão. Assim que chegaram às masmorras, onde a senha de entrada foi Gellert Grindewald, correram para olhar o troféu de Quadribol do ano passado. Apesar de já terem-no visto dezenas de vezes, não se cansavam de lembrar como a sensação de vitória era incrível. Sem mais crises de amnésia, Alvo estava satisfeito e até mesmo contente com o início das aulas em Hogwarts, já que por pouco não foi parar em Durmstrang.

A primeira aula do ano era com o professor de poções, regente da Sonserina. Adolf Greengrass estava usando um elegante sobretudo preto com botões prateados em formato de serpente. Seus cabelos negro grisalhos contrastavam os cínicos olhos azuis, que ficaram o tempo todo fixados aos grifinórios sentados nas carteiras da frente, com um olhar de pura maldade.

– A pesquisa valerá trinta pontos. – Greengrass sorriu ironicamente. Desde o início da aula, os alunos pareciam querer sair
dali o mais rápido possível. – Para aplicação dos detalhes visuais, terão que ler as primeiras quinze páginas.

– Ah, que droga! Uma pesquisa dessas logo no primeiro dia de aula! –Luana Morrigan sussurrou para a amiga, entediada. Para seu mal, Greengrass ouviu.

Já vi que a senhorita, sendo uma aluna da Grifinória, é preguiçosa e tem má vontade para estudar. – o professor apoiou os braços na carteira da garota, encarando-a com severidade. – Tirarei dez pontos de sua Casa, está bem assim?

Os alunos da Grifinória vaiaram a atitude, e os sonserinos clamaram afortunados, sorrindo ao saberem que a casa rival estava com pontos negativos já na primeira aula do ano.

– Continuemos a aula. – Adolf Greengrass deu um sorriso medonhamente satisfeito, e Rose pôde jurar que o viu dando uma piscada para o afilhado, Scorpio.

Luana bufou de raiva, entretanto não disse nada. Rose Weasley, que já estava por demais acostumada em se dar mal na aula do professor de Poções, disse para ela que começar uma discussão com ele era de
longe a pior opção. As duas amigas do quarto ano ficaram de braços cruzados e cara fechada até a aula acabar. Alvo, sentado na primeira carteira ao lado de Lavínia Parkinson, olhava para trás de vez em quando, dando risadas. Depois daquela disciplina, haveria intervalo.

O sinal tocou, e os alunos saíram da sala tão depressa que o professor Greengrass teve que se encolher atrás do quadro para não ser atropelado. Alvo Potter estava ansioso para ir até um lugar vazio e utilizar o Tabuleiro Branco, que até agora estava escondido debaixo de sua capa.

– Alvo Severo Potter! – disse Rose Weasley, trancando a passagem do amigo no corredor. – Onde você pensa que vai? Seu pai me fez prometer que nós iríamos passar o intervalo juntos, apenas eu,
você e Luana, lembra?

– Hoje não dá. – Alvo tentou passar, mas Luana o cercou pelo outro lado. – Licença, Lu! Desta vez estou pedindo educadamente.

Por que hoje não dá? – Rose comprimiu os olhos, desconfiada. – Já tem planos com seu amiguinho Escorpião?

– Não, Rose! – Alvo estava começando a ficar irritado. – Pelo menos hoje quero ficar sozinho.

– Sozinho pra que? – Luana o contestou, demonstrando deboche. Desde o beijo na Torre de Astronomia, tratava Alvo com sarcasmo.

– Para estudar, é claro. – Alvo respondeu igualmente, andando para o outro lado do corredor. As duas garotas até tentaram segui-lo, mas ele correu, literalmente, como se quisesse fugir.

Alvo foi até a seção restrita da biblioteca, como sempre fazia quando queria ficar só. Rapidamente, tirou o tabuleiro de baixo da capa e o colocou sobre a mesa. Apontou a varinha ao objeto, que rapidamente se ascendeu.

– Você está aí?

As letras esfumaçadas cobriram a superfície.

"Olá. Meu nome é Lilá Brown."

– Desculpe. Mas não é com você que quero falar. – Alvo gesticulou a varinha para cima do tabuleiro, como se estivesse varrendo-o, e as palavras sumiram imediatamente.

Cerca de dez segundos depois, o tabuleiro brilhou ainda mais, e novas palavras começaram a se formar.

"Bom dia, Alvo, é a Merie. Desculpe a demora."

– Não sabe como estive ansioso pra falar com você! – Alvo sorriu. – Algumas regras de Hogwarts mudaram. Antes se aprendia a aparatar no quinto ano, mas agora mudou para o quarto. Ou seja, poderei me inscrever para as Aulas de Aparatação hoje mesmo!"

As palavras no tabuleiro se formaram grossas e mortiças.

"Isso é fantástico! Deste modo poderá ir até onde eu falei sem que alguém o siga."

– O problema é que não dá pra aparatar dentro dos terrenos de Hogwarts. – Alvo demonstrou desânimo. – Terei que esperar o próximo feriado, ou alguma excursão.

"Perfeito! Não irá se arrepender. Afinal, estou falando de Magia Mui Antiga."

– Exatamente o que eu preciso, de acordo com o que andei estudando. – os olhos de Alvo Potter estavam acesos como dois faróis azuis. – Qual é mesmo o lugar, Merie?

"Little Hangleton. A velha casa dos Gaunt." – e as letras eram cada vez mais ásperas.

– Ah, sim. – Alvo continuava com a varinha apontada à tábua branca. – Não sei por que, mas tenho a sensação de que já sonhei com este lugar. Como se eu já estivesse predestinado a alguma coisa...

O Tabuleiro Branco chamejou intensamente, mais ainda do que antes. As palavras pareciam cada vez mais possantes e espessas.

"Você pode ser grande, sabia... O único dos Potter a seguir a tradição de Slytherin com ardor. E eu posso ajudá-lo a alcançar essa grandeza, não tenha dúvida disso."

No mesmo instante alguém entra na biblioteca, assoviando o hino de Hogwarts. Alvo não imaginava que alguém viria até a seção restrita logo no primeiro dia de aula, motivo pelo qual escolheu o local. O artefato mágico diminuiu sua luz prontamente, como se percebesse a presença de
um intruso.

– O que está fazendo aqui, Sr.Potter? – disse a professora Morgana Shaw, ajeitando os óculos profundos.

– Eu só estava... – Alvo não definitivamente não sabia o que responder.

A professora olhou para a mesa e notou o objeto de sua aula em cima dela.

– Pelas barbas de Merlin, menino!

Morgana se aproximou da mesa, apontando a varinha ao objeto. Pronunciou um feitiço que Alvo desconhecia, porém muito sutil. Instantaneamente, o tabuleiro foi tomado por uma cor negra, quase preta. Os olhos acastanhados da professora se arregalaram.

– Venha comigo, Sr. Potter.

A professora Shaw segurou as vestes de Alvo com uma das mãos, e com a outra pegou o tabuleiro. O garoto foi levado até a antiga sala de Dumbledore, agora pertencente à Minerva. O caminho até lá era um pouco longo, de modo que todos os alunos que assistiram a cena perguntassem entre si o que Alvo tinha feito dessa vez para ser levado daquela maneira até a sala da diretora.

– Professora Shaw, – Minerva, que antes estava sentada em sua poltrona se levantou, então olhou para o garoto. – Sr. Potter.

– Diretora, vim até aqui para falar de algo extremamente sério.

Minerva McGonagall se surpreendeu. Alvo cruzou os braços, irritado.

– O aluno do quarto ano, Alvo Severo Potter, estava na seção restrita da biblioteca junto deste artefato mágico extremamente perigoso. – Morgana ergueu o Tabuleiro Branco e prosseguiu. – Como a senhora sabe, os alunos só tem permissão para usá-lo durante a minha aula, e com a minha supervisão.

A diretora pegou o objeto e o examinou com os olhos.

– Há quanto tempo o senhor utiliza o Tabuleiro Branco, Sr. Potter?

– Desde o ano passado. – Alvo permanecia de braços cruzados, totalmente indisposto a continuar a conversa. – Mas cancelei as aulas de Necromancia depois umas cinco vezes que compareci. Prefiro aprender sozinho.


Morgana pareceu ofender-se pela falta de interesse do aluno em seu modo de lecionar.

– O senhor passou dos limites, Sr. Potter. – a diretora colocou o tabuleiro em cima da escrivaninha. – Mandarei uma carta a seu pai. Enquanto isso, a professora Shaw e eu estudaremos o objeto mais a fundo.

– Não! – disse Alvo, rapidamente. – Eu preciso verificar mais algumas coisas no tabuleiro. Preciso ficar com ele mais um tempo.

– O senhor não se aproximará deste tabuleiro. – prosseguiu Morgana, desafiando o garoto com os olhos. – Quem sabe se o senhor se inscrever para minha aula esse ano, eu o deixe praticar em algum outro dos tantos tabuleiros da minha sala. Mas este aqui ficará sob minha responsabilidade. Sou eu quem precisa verificar com que tipo de gente o senhor andou falando através dele...

Reducto! – disse Alvo, apontando a varinha à tábua mágica, fazendo com que ela se desintegrasse totalmente.

A diretora soltou uma exclamação de pavor, a professora de Necromancia fez o mesmo. O garoto lançou o feitiço tão depressa que alguns objetos da sala, além do tabuleiro, foram danificados. Alvo, por mais que no fundo soubesse que havia se encrencado agindo daquela forma, preferiu destruir o objeto a deixar que as duas descobrissem sobre Merie Tanug, e quem de fato, "ela" era.


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Notas finais do capítulo

Até eu to com medo do Alvo. o.O