Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 31
Capítulo 31 – A Segunda Profecia




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Os dois homens altos e encapuzados caminhavam lado a lado pelo pequeno subúrbio trouxa, próximo à Londres. Já era noite, as ruelas sujas e estreitas estavam vazias. Vez ou outra, algum carro passava pela rua principal. Após atravessarem um beco, deram de frente com uma casa antiga, dessas de sobrado, cercada por um jogo de prédios que pareciam ter sido abandonados.

O homem mais velho, de longos cabelos negros e olhos profundamente maldosos, ergueu um fino e comprido objeto, de modo que um foco de luz se formasse em sua ponta. Com a outra mão, fez sinal para que o outro o seguisse. Assim que chegaram em frente a porta da casa, repararam que a mesma estava trancada com os mais diversos tipos de correntes e cadeados. O homem mais jovem deu uma breve risada desdenhosa, como se aquilo pudesse ser algum tipo de gozação.

Bombarda Máxima! – disse o bruxo pálido, e todas as trancas se romperam, causando um barulho semelhante ao de uma explosão.

Os dois continuaram com as varinhas erguidas, e logo passaram por cima da porta caída no chão. Aparentemente a casa estava vazia. Naturalmente não havia luzes acesas, e todas as janelas estavam fechadas. Rodolfo Lestrange tirou o capuz, de modo a revelar um rosto magro, com barba preta e escorrida.

– Tem certeza de que é este o lugar? – disse o mais jovem, iluminando as paredes mofadas.

– Sim, Draco. Esta casa pertenceu àquele que um dia foi seu professor. – Rodolfo viu alguém se movendo em baixo da mesa, e rapidamente apontou a varinha. – Estupefaça!

Um velho homem foi arremessado contra a grande estante de livros, em função do feitiço. A mesa que estava acima dele se virou, fazendo com que os objetos se quebrassem. O Comensal da Morte se aproximou, verificando se a vítima pertencia ao seu mundo. Constatando nenhuma varinha ou artefato mágico nas mãos do homem, concluiu que se tratava de um trouxa.

– Por favor, não me machuquem! – o homem desconhecido se encolheu para o canto da sala. – Aberfoth disse que vocês viriam! Jamais acreditei nele!

– Quem é você, trouxa? O que faz na casa de Severo Snape? – perguntou Rodolfo Lestrange.

– Vim aqui apenas para deixar uma coisa, eu já estava de saída. Meu nome é Louis. Louis Christopher Dumbledore. Não me machuquem, sou apenas um velho! – o homem falava de modo rápido, desesperado.

Subitamente, os dois Comensais da Morte se entreolharam, assombrados.

– Um Dumbledore, não é? – Draco Malfoy iluminou o rosto do homem com a varinha, e reparou como os olhos dele eram idênticos aos do antigo diretor de Hogwarts. – Certamente já ouviu falar de Harry Potter.

– Já ouvi sim. Mas não passa disso, eu juro. Não me envolvo com a sua gente! – Louis engoliu em seco, temeroso ao encarar o rosto pálido e olhar frio do bruxo mais jovem que lhe apontava a varinha bem em frente ao nariz. – Aponte essa coisa para o outro lado, por favor. Já vi o que são capazes de fazer!

Draco abaixou a varinha, e suspirou indiferente. Rodolfo Lestrange olhava para os lados, intensamente desconfiado.

– Qual é a sua relação com os irmãos Alvo e Aberfoth Dumbledore? – perguntou Rodolfo, ainda com a varinha para cima. Sua voz extremamente grave soava ríspida e mal humorada.

– Somos primos distantes. Muito distantes, por sinal. – Louis agora estava sentado no chão. Havia uma ferida em sua testa, causada no momento em que foi estuporado. – Falei três ou quatro vezes com Aberfoth em toda a minha vida. Quanto à Alvo, apenas ouvi falar. Tudo que sei sobre ele, foi Aberfoth quem me contou.

– O senhor está escondendo algo. – Lestrange encarou o velho homem com severidade.

– Juro que não. Como eu disse, já estava indo embora.

– O senhor disse que veio deixar algo. – a voz arrastada de Draco pareceu ainda mais tediosa. – O que seria?

Houve silêncio durante alguns instantes. Louis tremeu o queixo. Rodolfo soltou um lamento forçado, quase infantil.

Crucio! – e a maldição do Comensal atingiu o homem trouxa no peito, fazendo com que ele se contorcesse no chão. – Vamos ver se isto solta a sua língua.

Louis Dumbledore ofegou. Aparentava ter uns setenta anos. Apesar de Lestrange ter aproximadamente a mesma idade, aparentava ter menos, pelo fato de ser um bruxo. E bruxos, naturalmente, vivem mais tempo do que os trouxas.

– Por favor... Eu.. ja-jamais q-quis me envolver... – os olhos azuis de Louis tronaram-se aguados. – Só quero ir para casa.

Crucio! – desta vez a maldição foi lançada por Draco. Louis Dumbledore soltou um grito rouco de dor.

Após alguns segundos deitado no piso de madeira mogno, o velho trouxa suspirou, juntando as duas mãos como forma de súplica.

– Muito pouco conheço sobre o outro lado de minha família, Os bruxos. – Louis ainda soltava ruídos de desgosto, enquanto tentava, de todas as formas, falar de modo compreensível. – Mas contarei a única coisa de que fui informado por Aberfoth há mais de nove anos, poucas horas antes de ele morrer.

Novamente Lestrange e Malfoy se entreolharam.

– Foi no ano de 2006. Eu estava em minha casa, do outro lado da cidade. Um pouco antes de dormir, Aberfoth bateu na minha porta, parecia preocupado. – Louis deu uma pausa para respirar, então continuou. – Sem me dar explicações, entregou-me uma caixa de veludo, contendo dentro dela uma esfera de cristal. Disse para eu escondê-la, apenas. Disse também que se tratava de uma... de uma... Como é que vocês chamam?

Profecia. – concluiu Draco, verdadeiramente interessado.

– Isso mesmo! Profecia. – Louis concordou com a cabeça. – Aberfoth disse que havia acabado de consegui-la com um vidente qualquer. Como sempre foi um velho caduco, achei que ele estava delirando. Não dei muita atenção.

Novamente formou-se silêncio. Rodolfo olhou para uma das cômodas repletas de livros sobre Artes Negras e Poções.

– A caixa de veludo a qual o senhor se refere, por acaso é aquela ali? – disse o bruxo, apontando para a última prateleira.

– É sim, senhor. – Louis começou a suar. Com uma das mãos, enxugou a testa. – Eu não sei muita coisa sobre o mundo bruxo... Mas profecias sigilosas são muito bem guardadas em um tal de Departamento de Mistérios, não? Logo, esta não deve se tratar de algo importante, já que veio parar em minhas mãos não sei por que razão.

– O senhor tenta nos enganar, mas não consegue. Suponho que seja exatamente isto que o senhor veio deixar nesta casa. Logo nesta casa! – Draco Malfoy aproximou-se do trouxa, com um olhar cinzento de pura malícia. – Também suponho que por se tratar de uma imensa responsabilidade, o senhor quis deixá-la toda para Severo Prince Snape, um homem morto, que um dia já foi um de nós.

Dumbledore começou a ajeitar sua camisa e cabelo, de modo a tentar disfarçar o nervosismo.

Accio profecia!

A caixa de veludo flutuou, indo parar imediatamente nas mãos de Lestrange. Quando Draco tentou pegá-la, Lestrange virou para o outro lado, de modo grosseiro.

– Você nunca me deixa assumir as missões! – bufou Draco, exatamente como uma criança mimada faria caso os pais lhe tirassem um brinquedo. – Eu é quem deveria ter feito este feitiço!

– Oras, pare com isso, menino. Está fazendo papel de ridículo. – os olhos irônicos de Lestrange se tornaram entediados. – Vamos ouvi-la de uma vez.

– Já disse para não me chamar de menino.

– Calado!

Rodolfo abriu a caixa, e retirou a pequena esfera cristalina de dentro dela. Draco apontou novamente a varinha para Louis, que parecia cada vez mais amedrontado. O objeto redondo tornou-se ligeiramente brilhante, e em questão de segundos após encostar-se à pele do bruxo, uma voz masculina e jovial soou através dele:

"Aquele que originará o retorno do Lord das Trevas se aproxima... Nascido do homem que o derrotou na última guerra, nascido no mear do sétimo mês deste ano... e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, pois o menino não será atingido pelos ideais do pai e da família... Nenhum dos dois irá morrer, se o Lord das Trevas conseguir pegá-lo. Um objeto necromante será a fonte do despertar, e uma arma antiga será a chave para acoplar as duas almas. Um só poderá viver enquanto o outro sobreviver...aquele com o poder de trazer o retorno do Lord das Trevas nascerá durante o sétimo mês."

Após ouvirem o prenúncio, os dois Comensais da Morte olharam para seus braços esquerdos, erguendo a manga de suas capas. A Marca Negra gravada a fogo se movia lentamente, como um sinal. Em seguida, olharam para o velho homem.

– O senhor disse que esta profecia foi concedida no ano de 2006! – os olhos de Malfoy estavam escancarados, como se neles houvessem chamas. – O ano em que meu filho nasceu. O ano em que o segundo filho de Potter nasceu!

Louis Dumbledore ficou mudo. Apesar de ser um trouxa, já ouvira falar tanto de Harry Potter como do tal Lord das Trevas, através de alguns familiares. Jamais se interessou pelo mundo bruxo. Na verdade, tinha asco.

– Eu já contei tudo que sei. Agora preciso ir para casa. Tenho que dar comida aos meus cachorros.

Lestrange ultrapassou os passos de Louis, e pôs o braço em sua frente.

– Não podemos deixar o senhor ir embora. Não depois do que acabamos de saber.

– Eu moro sozinho, não me associo à gente como vocês.  – Louis Dumbledore colocou a mão sobre o peito, como se ainda sentisse alguma dor. – Por favor, me deixem ir.

– Sinto muito, Sr. Dumbledore. Não podemos deixar que estrague tudo. – Draco, que ainda lhe apontava a varinha, soltou um falso lamento. – Avada Kedavra!

Um jato de luz verde fez com que o velho homem caísse para trás, sem vida. Rodolfo Lestrange colocou a varinha dentro das vestes e aplaudiu dramaticamente.

– Quem dera se você tivesse agido desta forma com o outro Dumbledore, há mais de vinte anos!

Draco bufou, fingindo nem ter ouvido o comentário do marido de sua falecida tia.

– Veja só, Draco. – Rodolfo continuou falando. – Viemos aqui com o propósito de achar alguma pista sobre Milorde junto às tralhas de Snape, e acabamos achando é um tesouro!

– Era tudo que precisávamos saber. – Draco sorriu, desta vez contente. – "Nascido do homem que o derrotou na última guerra,...". Só pode ser o filho de Potter, como eu suspeitava! O garoto é tão diferente do pai, chega a ser assustador!

O sorriso de Rodolfo era sujo e maldoso, nem parecia que estava sorrindo de felicidade. Seus olhos cor de avelã brilharam pela primeira vez desde que fugira de Azkaban. O cadáver de Louis Christopher Dumbledore caíra em cima do tapete, coberto em poeira.

– Vamos indo, Malfoy. – Lestrange recolocou o capuz. – Temos um encontro com alguém muito importante politicamente amanhã.

Draco cobriu o rosto com uma máscara metálica, formada por sua varinha. Rodolfo fez o mesmo, então recolocou a profecia dentro da caixa. O bruxo mais jovem olhou uma última vez ao velho, e por um instante, sentiu um frio passar pelas costas, como se a morte ainda estivesse presente no local. Os dois Comensais aparataram para longe, deixando a velha casa de Snape destruída, e junto a ela um morto chamado Dumbledore.


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Notas finais do capítulo

Próxima semana outro cap! uhehe, agora a história tende a ficar cada vez mais preocupante *-*