Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 30
Capítulo 30 – Férias Sinistras




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Já havia se passado alguns dias desde seu aniversário. Quatorze anos, ele fizera. Alvo não quis festa, nem algum presente especial. Exigiu apenas que não comentassem a respeito do que ocorreu na escola uma semana atrás. Não que ele tivesse se arrependido de estuporar o próprio irmão, mas reconheceu que agiu com demasiada impulsividade. Tiago ainda não contara aos pais sobre Laqueus Tarditatem. Contou apenas sobre o ataque com a varinha, e sobre a presença de Scorpio no momento da briga. Por este motivo, Alvo ficou ainda mais distante, receando fazer qualquer movimento brusco que levasse o irmão a entregá-lo.

Godric's Hollow estava mais agitada do que o normal. Alguns funcionários do ministério passavam por lá a todo o instante, coletando pistas e informações sobre os últimos acontecimentos no país envolvendo Comensais da Morte. Lílian estava sentada no grande sofá marrom da sala de estar. Seus olhos verdes, idênticos aos de Harry, olhavam para Alvo à sua frente com certa desconfiança.

– O que está olhando, Lily? – disse o adolescente, carrancudo. – Por acaso estou com zonzóbulos em torno da minha cabeça?

– Não. – a irmã mais nova sorriu. – Só estou tentando ver o que há de errado com você.

– O que pode haver de tão errado comigo, afinal?

– Muita coisa.

– Porque sou sonserino, é isso?

– Não é por isso, Al. – Lílian abaixou o tom de voz. – Você sabe a que me refiro. A sua personalidade mudou muito. Você é outra pessoa desde... desde que conheceu...

– Scorpio? – interrompeu Alvo, seriamente. – Olha, Lily, eu não estou pra discussões hoje. Então por favor, pare com essa conversa agora mesmo. Estou feliz por estar conseguindo me lembrar das coisas, não estou mais tendo amnésia já faz quase um mês. Estou ótimo, melhor impossível! Não estrague tudo com essa sua voz aguda!

Lílian Potter corou. Bateu o pé no chão com força e levantou do sofá, mais irritada do que nunca. No mesmo instante, Harry adentrou a sala de estar, com uma expressão furiosa no rosto.

– Seu irmão me contou tudo, Alvo. Contou sobre a poção, sobre como você fez para tirá-lo das quadras.

– Mais essa agora! – Alvo bufou. Um frio passou pela sua espinha.

– Você tem consciência de que poderia tê-lo invalidado pro resto da vida? Laqueus Tarditatem é um crime! – Harry sentou na cadeira. Tirou os óculos, massageou as têmporas, então o colocou de volta. – Alvo, você passou dos limites.

– Eu posso explicar!

– Não há nada o que explicar. Sabe, filho, está cada vez mais difícil lidar com você.

Alvo andou até a lareira, sorrateiramente. Acariciou o anel com formato de cobra que ganhara de Sabrina Carrow no início do ano. Harry estava zangado, mas aprendera a ser firme e controlar as emoções desde a sua última briga com o filho do meio, na qual o estuporou contra a cômoda.

– Pai, – Alvo deu um longo suspiro. – eu não envenenei Tiago.

– Alvo, não tente jogar toda a culpa para Malfoy. Já sei que os dois tramaram juntos! Os dois o envenenaram!

– Nem eu, nem Malfoy. – Alvo se virou para o pai. – Scorpio apenas disse que envenenamos. Mas foram só palavras.

– Aonde quer chegar? – Harry olhou para o filho de modo estranho, como se desconfiasse terminantemente de alguma coisa.

– Só estou dizendo que não fizemos nada de mais com Tiago, não usamos poção alguma. Tudo se tratou de uma trama psicológica, dissemos aquilo só para assustá-lo. O senhor, melhor do que ninguém, sabe o que é isso.

– O desempenho de seu irmão na escola não foi dos melhores esse ano. Deve haver alguma explicação. – Harry estava disposto a terminar a conversa o mais rápido possível, mas não podia deixar de defender o mais talentoso apanhador da família.

– O mau desempenho se deve à incompetência dele, e não a mim! – Alvo cruzou os braços. – Scorpio só disse que o envenenou pra criar caso, já estava combinado. Foi pura provocação!

– Se foi isso mesmo, por que não nos contou logo toda a verdade? Por que deixou seu irmão pensar que você o queria mal?

– Porque é engraçado provocá-lo, simplesmente. – Alvo deu um sorriso irônico. – Papai, o senhor sabe que tenho um grande senso de humor! Onde está Tiago?

– O que...?

– Preciso me desculpar com ele! – Alvo desfez o sorriso, e arregalou os olhos. – Se é para a família toda ficar feliz, pedirei desculpas até de joelhos! Tudo em nome da paz!

– Se você diz, filho. Fico feliz que tudo tenha sido uma brincadeira de mau gosto. Menos mal. – Harry virou-se para a porta que dava acesso a sala de jantar. Uma sensação estranha lhe perturbava a mente a cada vez que Alvo sorria. – Por um momento achei que você estivesse...

– Não se preocupe, papai. – interrompeu Alvo, que voltara a sorrir. – Tudo irá ficar muito bem.

Passaram-se alguns dias e a família Potter parecia estar se tranqüilizando aos poucos. Tiago, por mais magoado que estivesse pela suposta 'brincadeira' do irmão menor, conseguiu perdoá-lo, apesar de tudo. Lílian mal se importava com toda a situação dentro de casa. Estava mais preocupada com sua amiga da escola, cujo pai fora morto por Comensais da Morte dois dias atrás.

Depois do jantar, Tiago foi pro quarto. Gina e Harry ficaram consolando a caçula, que a cada dia ficava mais angustiada. Alvo estava lá apenas como ouvinte, mas não dizia nem uma palavra. Um barulho foi ouvido perto da cozinha. Era Monstro, que andou até os demais com um sorriso podre no rosto.

– Senhores Potters, desejam mais alguma coisa de Monstro?

– Não. Já pode ir dormir. – Harry ajeitou os óculos, abraçando Lílian de lado.

– Monstro vai. – o elfo deu as costas por alguns momentos, mas depois se virou novamente para a família, mais precisamente para Alvo. – O senhor está com boa aparência, Sr. Potter. Tão sério, que chega a fazer Monstro lembrar da antiga senhora dele.

Harry e Gina se entreolharam, irritados.

– Tudo te faz lembrar Walburga Black, Monstro. Só, por favor, não comece a perturbar meu filho falando de seus antigos senhores outra vez. – Ginevra o encarou furiosamente. – Vá logo!

Monstro fez uma longa reverência, então voltou para a cozinha. Harry suspirou, indignado pelo elfo fazer questão em induzir o filho do meio com conversas maleficamente idealizadas. Sangue puro, Sonserina e Família Black eram seus assuntos mais freqüentes.

Lílian desejou boa noite à família e subiu as escadas, deixando os pais a sós com o irmão.

– Filho, – Harry olhou para o garoto sentado na poltrona em frente a sua. – sua mãe e eu andamos pensando...

– Não quero deixar Hogwarts! Aquela escola é muito importante pra mim! – interrompeu Alvo, com ar melancólico.

Gina arregalou os olhos e olhou para o marido, surpresa pelo fato de o filho já saber do que iriam falar.

– Não queremos o seu mal, Alvo. Era apenas uma idéia. – recuou Harry. – Pensei que talvez você pudesse se adaptar melhor em Durmstrang, por exemplo. Os professores de lá são tão bons quanto o de Hogwarts, e a instituição tem um ritmo mais pesado.

– Mas eu não quero! – Alvo levantou da poltrona. – O que irei fazer tão longe daqui? O que será dos meus amigos sem mim?

– Alvo, você não tem muitos amigos por aqui, sabe disso. – Gina levantou e pôs sua mão sobre o ombro do adolescente. – O diretor de Durmstrang ouviu falar de seu talento, e está mesmo precisando de um batedor para o time.

– Já disse que não quero. – Alvo se esquivou da mãe. Andou até Harry, e transmitiu um olhar de súplica. – Não quero ficar afastado da minha própria família. Não quero me afastar de você, pai.

Ao reparar o desespero do filho, Harry o abraçou, juntamente com Gina. Ficaram cerca de um minuto os três abraçados. Alvo soluçava de vez em quando, dando a entender um choro enrustido.

– Você sabe que eu jamais o forçaria a estudar em outro lugar. – Harry soltou o filho, que parecia querer esconder o rosto. – Se você não quer, sem problemas. Foi apenas uma sugestão.

– Aposto que foi uma sugestão do Tiago! – mudou o tom de voz. – Bem que Scorpio me avisou isso iria acontecer.

– Esse Scorpio... – Gina cruzou os braços. – Não agüento mais esse nome.

– Não vamos mais discutir, está certo? – Harry olhou para a esposa e para o filho, tentando apaziguar. – Alvo continua na escola.

O garoto subiu as escadas, desta vez com um sorriso. Mal podia esperar para ficar sozinho em seu quarto e utilizar o seu artefato mágico favorito. Já era quase meia-noite. Assim que trancou a porta, correu apressado buscar o Tabuleiro Branco, onde deixara escondido em baixo da cama. Sentia-se melhor desde o início das férias, já que nem uma vez voltou se esquecer das coisas.

– Pode voltar, Merie. Já estou aqui. – disse Alvo, apontando a varinha ao objeto.

A tábua mágica começou a flamejar. Letras negras formaram-se lentamente em sua superfície.

"Olá, Alvo. Vejo que está feliz."

– Feliz não. Apenas aliviado. – Alvo suspirou e colocou o artefato sobre o colo.

"Alvo, me sinto na obrigação de te alertar sobre algo."

– Diga, Merie. Sabe que confio em você.

"Sei que você detesta quando te dizem isso. Mas você deve tomar muito cuidado com esse Tabuleiro."

– Você também vai vir com essa agora? – Alvo bufou e virou de costas. – Eu sei muito bem como lidar com essa coisa, já disse!

"Estou te alertando porque sei que há pessoas mal intencionadas tanto no mundo dos vivos quanto no mundo dos mortos."

– Ora, não nasci ontem! Sei me cuidar!

"Só estou querendo ajudá-lo, Alvo."

– Ah, vamos mudar de assunto! – Alvo continuou com a varinha apontada, tentando disfarçar a irritação. – Não estou mais tendo aquelas crises de amnésia. Não é ótimo?

O Tabuleiro Branco brilhou intensamente. Sua luz chegara a ser tão forte, que Alvo comprimiu os olhos.

"Isto é um perfeito sinal!"

– Sim. Sinal de que estou bem. – Alvo pegou um pacote em cima do criado-mudo, e deu uma mordida em um dos saborosos biscoitos de chocolate. – Por que esse troço está brilhando tanto? Faça-o parar.

"Desculpe." – o tabuleiro foi diminuindo a luminosidade. – "Isso acontece quando fico muito feliz, ou com muita raiva."

– Ah bom. – Alvo mastigava os biscoitos tão ferozmente, que os farelos chegavam a cair sobre o objeto. – Nesse caso, só há o que comemorar.

"Com certeza. Sabe, você está cada vez mais pronto."

– Hum... – Alvo estava de boca cheia. – Pronto pra que?

"Para começar a se importar com seu maior objetivo, é claro."

– Eternidade. – Alvo engoliu o alimento, então sorriu vigorosamente.


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Notas finais do capítulo

uhuul, mais um cap! O próximo sai semana que vem! xD