Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich
Nas últimas semanas Alvo andara mais tranqüilo. Tentava esquecer os motivos pelos quais tanto havia se estressado recentemente. Às vezes se irritava com Luana e Rose, que o procuravam quase todos os dias, com a desculpa de que queriam ajudá-lo de alguma forma a vencer seu obsessivo costume de falar com os mortos. No fundo, ele tinha a certeza de que estavam ainda mais preocupadas em tentar afastá-lo de Scorpio.
Era um início de tarde aparentemente perfeito para um início de semana. Enquanto a maioria dos alunos aproveitava o dia ensolarado do lado de fora do castelo, Alvo estava na biblioteca, sozinho, na seção restrita. O Tabuleiro Branco ao seu lado permanecia apagado, opaco e vazio, sem nenhum sinal a mais. Alvo, cansado de tanto estudar e não resistindo a tentação de novamente mexer no objeto, apontou sua varinha a ele, com certo receio:
– Alguém?
O Tabuleiro apenas esfumaçava sua superfície, de modo que sua cor ficava cada vez mais inerme. Alvo começara a ficar irritado. Aquilo nunca havia acontecido antes. Até o dia anterior o artefato funcionava normalmente.
– Alguém aí, fale comigo!
Ao término de sua frase, palavras grandes e grossas se formaram subitamente no plano:
"Livre-se disso, Alvo. Livre-se do Tabuleiro Branco."
O garoto não sabia se o que via poderia ser verdade. Algum de seus conhecidos mortos estava mesmo pedindo para ele se livrar no único meio de comunicação que poderia haver entre eles? Ainda com a varinha na mão, Alvo prosseguiu a conversa:
– Me livrar do Tabuleiro? Por quê?
"Apenas faça isso."
– Espere, primeiro explique-me o porquê!
As palavras começaram a enfraquecer, ficando difícil de enxergar algumas letras:
"Não t..nh... muit... tempo. El.. pode... voltar."
– O que pode voltar? Tente me explicar, por favor. – Alvo estava determinado a descobrir porque todo mundo parecia repudiar a tábua mágica desde que falou com Luana.
"E... não é... quem vo... pensa que é. Eu imploro! Fique junto dos amigos. Os verdadeiros amig...s."
– Tudo bem, tudo bem. – Alvo sentiu um arrepio passando por suas costas. – Ao menos diga-me quem você é!
"Almofadinhas."
E as letras do tabuleiro desapareceram por completo. Alvo pôs a mão sobre a tábua, e ela pareceu estar mais gelada do que o de costume. A seção restrita era pequena, com apenas uma janela no canto, o que tornava o ambiente ainda mais escuro. O lampião ao seu lado simplesmente se apagou. Alguns livros em cima da estante se moveram. Quando Alvo pensou em deixar o lugar, o tabuleiro caiu no chão, causando um terrível baque contra o piso de pedras. Estranhamente, o garoto começou a sentir sono. Pegou o objeto e colocou debaixo do braço. Saiu da biblioteca, pensando em mais nada a não ser em se jogar em um sofá qualquer.
No corredor, alguns alunos da Grifinória liam o Profeta Diário, e discutiam a difícil situação em que o Ministério se encontrava. O ministro, Kraven Norington, estava prestes a perder o cargo. Se não perdeu ainda, foi pela ajuda recebida por outros bruxos influentes. Dolores Umbridge freqüentemente tentava abafar os ataques ocorrentes nos vilarejos, afirmando para a imprensa que "o ministério já estava agindo".
Rose Weasley estava sentada no primeiro degrau da escada principal. Acabara de falar com o irmão mais novo, Hugo, que lhe pedira ajuda com a tarefa. Alguns instantes depois, Luana apareceu, segurando um livro de Feitiços.
– Rose, você viu o Alvo por aí?
– Não. Deve estar na biblioteca, como sempre.
– Não está, acabei de voltar de lá.
Rose levantou a sobrancelha.
– Já procurou no campo de quadribol? Ele pode estar treinando.
– Hoje o campo está reservado para o treinamento da Lufa-Lufa. – Luana fez um bico de descontentamento. – O último jogo da temporada será daqui alguns dias, pouco antes de as aulas acabarem.
– Sonserina contra Lufa-lufa, argh! – Rose sorriu falsamente. – O que pode ser pior?
– Eu não sei. – Luana deu uma risada. – Tiago deve estar arrasado. A Grifinória perdeu todos os jogos desde o início do ano. Poxa, todos confiavam nele como apanhador. Foi só o irmão entrar para o time adversário, que logo perdeu o pique.
– Tenho pena é do Alvo.
– Pena por quê? – o sorriso de Luana se desfez.
– Eu desconfio que esteja doente, ou sei lá. Deprimido, talvez.
– Ah, me poupe, Rose! Ele está é "sonserinizado"! Virou um babaca, e não quer admitir! Às vezes eu tento ajudar, mas ele só dá mancada! Esses dias o vi chorando na Torre de Astronomia, igual um bebê. Depois daquilo, até pensei que ele estivesse disposto a mudar, mas ontem mesmo eu o vi azarando o Jack, que é nascido trouxa.
– Mesmo assim tenho pena, sabe. Ele é meu primo, não consigo ter raiva. – Rose ficou muda por alguns instantes, mas resolveu continuar. – Você gosta dele, não gosta?
– Não! – Luana arregalou os olhos. Suas bochechas enrubesceram. – Até gosto. Mas é um gostar de amiga, apenas isso.
– Sei. – Rose riu.
– Óbvio! Como eu poderia realmente gostar de um sonserino psicopata?
– Agora ele é psicopata? – Rose riu ainda mais. – Você gosta sim, confesse.
– Chega desse assunto. – Luana cerrou os dentes, irritada.
– Se não foi para uma declaração de amor, estava procurando ele com que objetivo então? – disse Rose, em tom provocativo.
– Eu iria apenas devolver este livro idiota! – Luana ergueu o livro que segurava. Falou tão alto a ponto de que os alunos que passavam à sua volta a olhassem, surpresos.
– Não está mais aqui quem perguntou. – Rose levantou da escada, e mandou um beijo invisível. Deixou escapar mais um riso, então foi para fora do castelo.
Luana Morrigan estava vermelha. Sentiu vontade de largar o livro no chão e esquecer que a melhor amiga fez uma suposição daquelas. Alvo Severo Potter não saía de sua mente desde que o mesmo a chamou de sangue ruim, no aniversário de Harry há vários meses atrás.
Passaram-se a aula de Herbologia e aula de Defesa Contra a Arte das Trevas. E nada de o garoto aparecer. O sol estava prestes a se por. Matar aula não era uma atitude comum vinda de Alvo, que sempre fora tão obcecado por estudos avançados. Luana pediu a Rose para que perguntasse aos alunos da Sonserina sobre o paradeiro do amigo. Todos a responderam secamente, afirmando terem-no visto na Torre de Astronomia, dormindo. Quando Luana soube, bufou de raiva. "Fiquei procurando o moleque o dia inteiro, droga!", pensou.
A Torre estava aparentemente vazia. Luana subiu as escadas, ainda com o livro de Feitiços nas mãos. Olhou para o canto do local e notou Alvo deitado próximo a janela. Quando se aproximou, conseguiu reparar uma garrafa ao lado dele, contendo uma substância semelhante a suco de maçã.
– Está aqui o seu livro. – disse Luana, colocando o livro ao lado do garoto. – Me lembre de jamais voltar a lhe pedir algo emprestado. Esse seu livro está coberto de rabiscos e desenhos esquisitos! Mal pude lê-lo!
O garoto não respondeu nada. Estava de olhos abertos, porém, parecia cansado.
– Bons sonhos pra você. – continuou Luana, agora com as mãos na cintura. – Fica aí matando aula... Oras, onde já se viu!
– Não... Não matei aula. To tranqüilo. – Alvo finalmente falou, sorrindo levemente. – Não sei se você sabe, mas o Almofadinhas era padrinho do meu pai.
– O que?
– Um, dois, três, quatro... – Alvo soluçou. – Eram quatro amigos, marotos. Meu avô era o melhor amigo dele. Hoje me pediu pra ficar junto dos verdadeiros...
– De que diabos você está falando, garoto? – interrompeu Luana, já farta das confusões do amigo. – Você parece um trouxa bêbado! O que tinha nessa garrafa?
Alvo pegou a garrafa a seu lado, lentamente. Revirou-a várias vezes, como se tentasse procurar algum defeito.
– Ah, nada não. Scorpio me disse que era bom pra relaxar.
Luana respirou fundo, e logo reparou que o garoto estava deitado em cima de algo semelhante a uma tábua branca. Já supondo do que se tratava, se abaixou, furiosa.
– Vai me dizer que voltou a mexer com essa coisa?
– Não to mexendo com nada. Eu só mexo com meu cérebro. – Alvo apontou o dedo para a testa.
– Pare de ser retardado, e me entregue isso agora! – Luana tentou puxar o Tabuleiro Branco de baixo do garoto. – Você não vai mais mexer com isso, já disse! Vamos, me entregue!
– Não! – Alvo levantou-se rapidamente, e pegou o tabuleiro, tentando se esquivar da amiga de todas as formas. – É meu!
– Não, essa coisa é da professora Shaw!
– É coisa da escola! E o material da escola está disponível para o aprendizado de todos os alunos! – Alvo rodopiou, e bateu contra o telescópio. – Posso usar quando eu quiser!
– Acontece, Alvo, que você não está mais usando. Você está dependendo disso. – Luana deu um puxão no tabuleiro, causando um grande impacto contra o garoto. – Peguei!
Os dois caíram no chão, para o outro lado. Luana finalmente agarrou o objeto. Alvo deitou ao seu lado, sossegado como um bom perdedor, e suspirou:
– Você venceu. Se eu soubesse onde está minha varinha, teria lhe derrotado facilmente.
– Não seja convencido, Potter! Estou decidida a impedir que você se afunde ainda mais por causa desse...
Antes que Luana pudesse terminar sua frase, Alvo lhe deu um beijo. Um beijo simples, porém profundo. Luana ficou muda e estática, como se o tempo ao seu redor tivesse parado. Alvo deu um sorriso, e rapidamente tirou o Tabuleiro Branco das mãos da garota, que piscou repetidas vezes, se dando conta do que acabara de ocorrer.
– Ah, era o que você queria, não? Um beijo. – Alvo se levantou, carregando o objeto causador da discussão. Juntou a garrafa do chão, e foi até a saída, andando em curvas. Luana pode ouvir o barulho da garrafa quebrando, assim que o amigo terminou de descer as escadas.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Depois de um teeeeeeeempão sem publicar, resolvi postar o cap 27!!! Quis fazer alguma cena meio de "romance", hahaha, mas o Alvo é mauzinho hein hhuehue espero reviews!
Semana que vem cap 28!