Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 26
Capítulo 26 – Tabuleiro Branco




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Durante o café da manhã, o correio chegara. A maioria dos alunos recebera através de sua coruja o Profeta Diário, onde na manchete se destacava o nome de Harry Potter, com uma foto sua na capa. "Ex Chefe dos aurores ataca Subsecretário Sênior". A notícia contava que Harry Potter lançara um feitiço estuporante contra o assistente de Dolores Umbridge, durante uma reunião que decidiria sobre a continuação de Harry atuando como auror no ministério. Seus filhos, Tiago e Lílian, sabiam o que realmente havia acontecido durante aquele dia, e também sabiam que o que o jornal dizia não era uma verdade absoluta. Para eles estava claro que até mesmo a imprensa queria ver o pai distante dos assuntos ministeriais, expondo-o ao ridículo para que todos pensassem que ele enlouquecera.

O fato era que Harry havia sido demitido do departamento dos aurores. Decisão tomada pelo próprio Ministro, Kraven Norington. Durante a reunião, recebeu a proposta de se transferir para o departamento de Mau uso dos Artefatos dos Trouxas. Contudo, quando se negou a manter qualquer tipo de contato com o ministério e que faria todo o possível para desmascarar os líderes de uma suposta organização criminosa, o Subsecretário impulsivamente tentou petrificá-lo. Mas Harry, com sua incrível agilidade estuporou-o e saiu do edifício de mãos vazias. Por fim, declarou legítima defesa. Nada aconteceu ao Subsecretário.

Assim que terminou de ler o jornal, Gary Campbell começou a rir.

– Do que está rindo, Campbell? – prosseguiu Scorpio, que agora passava entre a fileira da Grifinória acompanhado de Alvo e Sabrina. – Pelo que eu soube, seu pai de sangue-ruim também foi demitido, não?

– Calado, Malfoy! Isto não é da sua conta! – Gary levantara de mesa.

Sangue-ruim!? – intrometeu-se Alvo, indignado. Gary, Scorpio e Sabrina o encararam, esperançosos. – Eu odeio sangues-ruins! Amaldiçoados sejam os sangues-ruins!

Os alunos da Grifinória que estavam perto olharam diretamente para o trio de Sonserinos ao redor. Para a maioria, não se sabia ao certo quem havia berrado a última frase, mas sabia-se que foi dita por um dos três. O acontecimento gerou uma tremenda discussão, que no final acabou em detenção para não menos que os quatro alunos precursores da confusão. Sabrina Carrol, Scorpio Malfoy, Alvo Potter e Gary Campbell. Lázaro Jones os encaminhou até o banheiro feminino, o qual teriam que limpar sem usar magia.

– A culpa foi sua, Potter! – berrou Gary, esfregando o chão de pedras com um rodo. – Se você tivesse ficado de boca fechada nada disso teria acontecido!

– Silêncio! Preciso de silêncio! – os olhos de Alvo estavam quase vermelhos, de tamanha era sua impaciência. Parecia estar procurando por alguma coisa nas paredes ou na pia. – Este lugar... Este lugar foi destruído... Selaram a antiga câmara, não selaram?

– Sim, Alvo. Mas isso já faz tempo. – Sabrina foi até ele, abraçando-o pelos ombros.

Gary era o único que realmente cumpria a detenção. Agora passava um pano nos espelhos com dificuldade.

– Vocês vão me ajudar, ou vão ficar aí parados?

Calado, Campbell! – disse Malfoy, apontando sua varinha ao garoto. – Você pode ir embora. Nós terminaremos o trabalho.

Gary arregalou tanto os olhos, que explanou um certo receio. Largou os instrumentos de limpeza no chão e saiu do banheiro, sussurrando reclamações para si mesmo. Assim que Scorpio se virou aos dois amigos, Alvo deu um pequeno sorriso, como o de quem espera por algo inusitado.

– Finalmente esse moleque Grifinório foi embora! – exclamou ele, aliviado.

– Brilhante! Mas agora o trabalho sobrou pra nós, Malfoy. – indignou-se Sabrina, direcionando um olhar reprovador a Scorpio.

Malfoy? Ah sim, claro. – interrompeu Alvo, aproximando-se do amigo. – O que tens feito ultimamente? O que me contas de novo?

Os olhos de Scorpio se estreitaram sob pálpebras profundas, duvidosos.

– Por que esse interesse logo agora, Potter? Todas as vezes que eu tento partilhar meus planos, você se fecha, dizendo que não quer se comprometer.

Por um momento Alvo se sentiu confuso, mas logo se concertou, abrindo um novo sorriso.

– Eu sei. Mas depois da demissão de meu pai, tomei juízo, e percebi que estou sendo tolo. Só irei me prejudicar se continuar a me esconder de meus problemas. Afinal, sou da Sonserina, não sou? Estou onde preciso estar. Só quero saber o que me espera e em que tipo de coisa irei me meter se eu souber demais.

– Não deve confiar tanto, Scorp. – Sabrina sussurrou, porém Alvo ainda ouvia. – Meus tios disseram que depois da fuga, a situação está bem complicada pra eles. Os aurores estão muito bem preparados.

– Olha, Alvo, você é meu melhor amigo. – Scorpio falava de modo arrastado e ao mesmo tempo seguro. – Eu sei que posso confiar em você. Mas não confio na sua família.

Alvo concordou com a cabeça, muito calmo. Sabia que Scorpio escondia algo. Ele sempre escondera algo. Mas agora pôde descobrir que Sabrina também estava envolvida.

– Agora não tem mais volta, não é mesmo Potter? – disse Scorpio, provocando ainda mais a curiosidade de Alvo. – Se quer saber, eu não estou nem aí para o que vai acontecer com essa escola depois que os Comensais da Morte assumirem o controle da comunidade bruxa. Hogwarts virou uma piada desde o fim da última guerra.

– Concordo, concordo... Prossiga. – disse Alvo, realmente interessado em ouvir.

– Meu tio-avô, Roldolfo, está morando escondido na casa de meu pai. – Scorpio riu, faceiro, como se tivesse orgulho em confessar algo errado.

– Os Lestrange sempre foram leais. E pelo que estou vendo, ao contrário do que eu pensava, os Malfoy também. – contemplou Alvo, ditosa e serenamente, provocando o assombro dos dois amigos.

– O que me admira é o fato de você estar tão indiferente à situação. – interrompeu Sabrina, com certa desconfiança. – Afinal, você é filho de Harry Potter. Não acha que sua família irá deserdá-lo qualquer dia por ser como nós?

– Ah, tenho certeza que não, menina. Sou eu quem os deserdo. Na verdade, tudo o que... Ah, esqueçam. Vamos acabar logo com essa bagunça, antes que a Murta-Que-Geme apareça para me culpar... Digo, assombrar.

O resto do dia foi monótono. Tiago tentara falar com Alvo a tarde inteira, mas este sempre dava um jeito de fugir. Lílian começara a ficar com medo. A última vez em que viu o irmão, ele estava junto dos demais alunos da Sonserina, criticando os mestiços e nascidos trouxas com tanta maldade que era de se espantar.

No início da noite, Luana Morrigan foi até a Torre de Astronomia, para buscar os livros que tinha esquecido durante a tarde. Assim que olhou para a grade, se deparou com um garoto magro de olhos azuis intensos, solitário e encolhido no canto do edifício. Estava calado como um túmulo. Seus cabelos negros eram quase imperceptíveis em meio à escuridão.

– O que está fazendo aí sozinho, Alvo? Cansou dos seus amigos Sonserinos de sangue puro?

Alvo levantou os olhos para a garota:

– Sei que fiz coisas erradas. Mas não precisa me condenar desse jeito, Lu. Você sabe que não faço por mal.

– Ah, não me venha com essa, garoto! – Luana pôs a mão na cintura, como se estivesse lhe dando uma bronca de mãe. – Você está sendo um completo imbecil agindo dessa forma! Todo mundo na escola pensa que você é louco, bipolar, ou sei lá! E o pior é que até eu estou começando achar que é verdade!

– Mas...

– Mas nada, Alvo! E só te digo uma coisa: quando você quiser dar uma de doido pra cima dos outros, não inclua assuntos tão sérios como Você-Sabe-Quem, gente que já morreu, Comensais da Morte ou seu próprio pai! Você ainda tem a coragem de fingir que está tudo bem, mesmo depois do que nós vimos ano passado no Cabeça de Javali! Merlin! Você precisa de ajuda!

Durante alguns instantes, os dois ficaram em silêncio. Logo, soluços começaram a sair da boca de Alvo. Luana abaixou-se em frente a ele e viu seus olhos lacrimejarem. Coisa que ela jamais tinha visto antes.

– Você está chorando?

– Não! – Alvo fazia todo o possível para segurar as lágrimas, secando os olhos com as mangas de sua blusa. – Preciso mesmo de ajuda. Estou me tornando algo que eu não quero ser.

– Do que está falando, Alvo? – preocupou-se Luana, colocando as mãos nos ombros do adolescente.

– Nem eu sei. Mas coisas muito estranhas têm acontecido comigo nesses últimos anos. Não sei nem como estou conseguindo te contar tudo isso, já que todo o tempo me sinto preso, impedido de falar o que eu sinto. É como se eu mesmo me recusasse. Muitas vezes esqueço o que eu digo ou o que eu faço. Várias vezes acordei de manhã sem saber o que fiz no dia anterior. Fico sabendo através de terceiros as coisas horríveis que eu andei dizendo e no fim...

– Tem certeza de que não está querendo chamar a atenção? – interrompeu Luana, incrédula.

– Já disse que não! – desta vez, Alvo enfureceu-se. Suas lágrimas secaram quase que instantaneamente. – Essas coisas geralmente acontecem quando estou sozinho. Porém, hoje mesmo durante a detenção, aconteceu de novo. Sei que fiquei durante um tempo limpando o banheiro, mas não me lembro de detalhes ou de alguma conversa, nem nada. É como se minhas lembranças sumissem por algum motivo...

– Isso parece sério. – Luana estava realmente preocupada. Não imaginava que todas as loucuras de Alvo estavam refletidas em um grave problema como aquele. – Alguém pode estar de azarando com feitiços da memória.

– Não é isso, Lu. Azarações tem efeito temporário. Não é possível que alguém me azare a todo o instante!

– Vai saber... Aquele Escorpião maldito que você chama de amigo me parece muito capaz de te sacanear.

– Não comece, Luana! O que você e Rose têm contra Scorpio afinal?

– Tudo! Garoto metido, insuportável e arrogante! Dentre todos os Sonserinos você tinha que se tornar logo amigo do Malfoy? – Luana deu um longo suspiro entediado. – Enfim, o assunto não é ele, e sim você. Então me conte... Tem alguma coisa com que você tenha mexido sem o cuidado necessário? Alguma poção, ou algum artefato mágico perigoso por exemplo?

– Na verdade não. O único objeto que eu uso escondido dos professores é o Tabuleiro Branco de Necromancia. Mas de perigoso, ele não tem nada.

– Como sabe que não é perigoso?

– Porque eu sei! Aliás, ele foi a minha salvação nas férias, já que meu pai me proibiu de conversar até mesmo com Monstro.

– Pelo que eu soube, você desistiu das aulas de Necromancia desde o ano passado. Ou seja, você nem deve saber de nada. – Luana deu uma longa risada, aproveitando para irritar o amigo.

– Olha, vamos parar de falar disso! Eu simplesmente adoro conversar com os espíritos e não pretendo parar por nada.

– Nem pela sua saúde mental?

– Já disse que eles não tem nada a ver com isso. Eles não são perigosos! Como já dizia o falecido Colin Creevey , "Quem são perigosos são os vivos! É deles de quem devemos ter medo, afinal foram eles que me mataram!".

– Você já falou com Colin Creevey usando essa coisa? Seus pais estudaram com Colin! O coitado morreu na batalha de Hogwarts, quando tinha apenas 16 anos. – disse Luana, admirada. – Enfim, não retiro a minha opinião. Esse tipo de tabuleiro deve conter alguma coisa perigosa.

– O que pode existir de tão perigoso neste simples objeto? – Alvo começara a se incomodar com a insistência da amiga.

– O que pode ser perigoso, não necessariamente precisa ser o material com que ele é feito, mas sim com quem você andou falando através dele.


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Notas finais do capítulo

Meus amores! Ficarei um tem sem postar =(
Mas não se preocupem, não abandonarei a fic. Apenas preciso arrumá-la, e logo postarei mais!
obrigada a todos que acompanharam! Mandarei um recado quando eu voltar a postar!
mil beijos