Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 24
Capítulo 24 – Fotografias




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Já era quase meia-noite. O quarto de Alvo Potter era razoavelmente grande. Uma cama larga e um armário embutido no canto das paredes completavam um ambiente organizado. As prateleiras estavam cobertas de livros e artefatos mágicos, incluindo os produtos Weasley.  A única luz vinha da varinha, que iluminava a pequena caixa de madeira, contendo a letra B gravada a ouro, que Monstro carregava.

– Este aqui é o menino Régulo. – disse Monstro, erguendo a foto de um bruxo jovem, com um sorriso engenhoso. – Ele até teve seus anos de honra enquanto lutou por uma causa nobre... Mas depois se deixou levar pela traição. Uma pena.

– Pena mesmo. Outro traidor do sangue na família Black. – completou Alvo, seriamente.

O elfo doméstico concordou com desânimo e voltou a revirar os objetos contidos na caixa.

– Monstro sofreu muito depois que a senhora dele morreu. A casa da senhora virou um centro de perdição quando se tornou a sede da Ordem da Fênix.

Alvo permaneceu sério, como se o que estivesse ouvindo o irritasse por algum motivo.  Harry o havia proibido de falar com o elfo doméstico durante as férias, justamente para evitar conversas como a que estavam tendo agora.

Monstro deu um longo suspiro assim que segurou uma nova fotografia.

– Essa aqui é a Srta. Bela. – disse Monstro, sorrindo de modo agradável. – A última vez que Monstro a viu foi uma semana antes de ela ser levada a Azkaban. Pobre Bela... Que destino horrível ela teve. Depois que Monstro soube de sua morte, ele ficou muito arrasado, senhor. Monstro era muito apegado a Srta. Bela e a Srta. Ciça...

Uma expressão estranhamente furiosa tomou o semblante de Alvo, assim que olhou atentamente para a imagem da bruxa. A mulher da fotografia tinha uma beleza arrogante, assim como seu olhar pesado. Os longos cachos escuros contrastavam seu rosto pálido. Por uma fração de segundo, os olhos de Alvo lacrimejaram.

– Posso ficar com a foto, Monstro? – perguntou ele, em sua voz mais seca e angustiada.

– Claro, senhor. Monstro vive para servi-lo. – o elfo estendeu a foto e fez uma reverência.

O barulho da porta se abrindo causou um susto. A luz que vinha do corredor agora iluminava quase todo o quarto. Alvo apagou sua varinha instantaneamente. Monstro fechou a pequena caixa e se levantou.

– O que os dois estão fazendo? – disse Harry, um tanto aborrecido.

– Monstro e eu estávamos conversando. – prosseguiu Alvo, colocando a fotografia embaixo do travesseiro discretamente. – Mas agora já estou indo dormir. Pode ir, Monstro.

O elfo saiu do quarto rapidamente, cambaleando com a caixa. Harry achou melhor deixá-lo ir e evitar uma nova confusão. Coisa que já estava sendo muito comum nas últimas semanas.

– Filho, por que você tem sempre que me desobedecer? – disse Harry, sentando-se na cama. Alvo recuou para a extremidade oposta.

– Se Monstro o incomoda tanto, por que não o liberta?

Harry sentiu-se envergonhado. Ele sempre fora a favor da libertação dos elfos domésticos e agora ele aprisionava um deles com mais de oitenta anos.

– Olhe, filho... Monstro é um elfo muito idoso. Ele não sabe mais o que diz. Acredite, ele está mais seguro aqui conosco.

– Entendo. – Alvo fechou os olhos, como se estivesse forçando o sono. – Tenho que dormir, agora.

– Tudo bem, Alvo. – Harry levantou-se da cama e foi até a porta. – Boa noite. Amanhã teremos convidados, então, não acorde tão tarde. 

– Boa noite. – Alvo deitou e se cobriu completamente com o cobertor. – Feche a porta quando sair.

Harry saiu do quarto. Por mais que odiasse quando seu filho o rejeitava, sabia que logo passaria. No fundo, era compreensível. Alvo estava muito só. E o único com quem ele realmente conversava era Monstro. Mas a idéia não o agradava nem um pouco. Ultimamente Monstro tinha se rebelado contra a família Potter e só sabia falar em seus antigos donos, a quem ele tanto venerava.

Na tarde seguinte o salão de visitas estava cheio. Em todos os aniversários de Harry, os amigos mais chegados se reuniam em sua casa. Entre eles, Neville Longbottom, Simas Finnigan e toda a família Weasley. Até mesmo John Morrigan, o pai trouxa de Luana foi convidado.

Depois de uma deliciosa refeição seguida de guloseimas mágicas, os convidados olhavam o livro dos anuários de Hogwarts, o qual continha gerações e gerações de alunos. Alguns se divertiam aos ver seus antepassados e outros se envergonhavam a lembrar de como eram engraçados nos tempos de escola, como foi o caso de Neville.

– Como Tiago está parecido com você nessa foto, Harry. – disse Simas, em seguida passou o livro a John.

– A não ser a cor do cabelo. – completou Tiago, bagunçando ainda mais seus cabelos acaju. Rose e Lílian deram risadas.

– Já seu outro filho, apesar de também parecer você, Harry... parece mais ainda com esse garoto aqui... – disse John Morrigan, apontando para a foto de um rapaz da Sonserina dos anos 40. Ajeitou os óculos profundos e começou a ler o nome embaixo da imagem com dificuldade. – Tom Servolo Riddle.

Depois do mórbido silêncio gerado na sala de estar, houve uma pequena discussão de palavras. Todos encaravam Alvo. John percebeu que falou algo que não devia. Mas não entendeu exatamente o que era.

– Bom... Não importa... – continuou John, tentando quebrar o clima de tensão. – O que importa é que segundo minha filha, Alvo é o menino mais bonito da escola.  Não é, Luzinha?

Luana ficou tão vermelha e tal envergonhada, que seu pai chegou a se assustar. Alvo olhou para o homem, furioso. Além de John ter envergonhado sua própria filha, envergonhou a ele. E desde que o trouxa havia pisado em sua casa, Alvo já quis tirá-lo dali o mais rápido possível.

– Eu vou tomar um ar. – disse Alvo, desajeitadamente, indo para o lado de fora.

O quintal estava calmo. O garoto sentou na cadeira de balanço que havia ao lado da sebe. As aulas começariam no dia seguinte, e ele mal podia esperar por isso. Suas férias haviam sido extremamente monótonas, enquanto as de Tiago foram perfeitas. Sem brigas, sem discussões e repleta de vantagens. Uma delas foi a notícia de que ele se tornara monitor da Grifinória.

Minutos depois, a voz de uma garota se aproximou:

– Alvo... Meu pai só estava querendo curtir uma com a minha cara... Na verdade eu...

– Não precisa explicar nada. – Alvo sorriu. – Não fiquei aborrecido de verdade. Só me aproveitei da situação para sair dali.

Por um momento, Luana não sabia o que dizer. Mas assim que reparou o olhar furioso do garoto, posicionou-se em sua frente.

– Pode me contar o que está havendo com você?

Alvo permaneceu calado durante alguns segundos. Respirou profundamente e olhou para cima, encarando os olhos verdes de Luana:

– Não.

– Por que não? – Luana indignou-se, colocando as mãos sobre o ombro do amigo, que se esquivou de forma rápida. – Alvo, eu posso ajudá-lo.

– Ajudar-me? – Alvo deu uma gargalhada longa e espalhafatosa e levantou-se da cadeira. – Não, obrigado. Eu dispenso.

– Acho melhor você começar a ouvir os conselhos que te dão. – disse Luana. Alvo continuava sorrindo, como se o que estivesse ouvindo fosse realmente engraçado. Agora Luana estava realmente irritada. – Bem que Tiago disse que você tem sido muito estúpido ultimamente.

– Ele disse, foi? Então me deixe facilitar as coisas... O dia em que eu precisar de conselhos de uma sangue-ruim ou de um irmão traidor do sangue, eu falo com vocês... – Alvo deu as costas e seguiu para dentro da casa. – Enquanto isso... Contento-me em falar com meus amigos do mundo dos mortos, já que até as corujas me proibiram de usar.

Luana ficou arrasada. Por mais que seu orgulho a forçasse segurar o choro, não se conteve. Inúmeras lágrimas começaram a escorregar por sua face rosada. Não conseguia acreditar que Alvo fora capaz de falar aquilo. Ela não contou aos outros o que havia acontecido. Mas depois que voltou a festa, seu choro foi o suficiente para que Harry Potter percebesse que Alvo tinha a ver com aquilo.

Quando a festa acabou e os convidados já tinham ido embora, Tiago e Lílian apedrejaram Alvo com xingamentos, acusando-o de ter estragado o aniversário. Por ordens de Harry, Monstro havia ficado em seu "armário" durante o dia todo, para evitar mais confusões ainda, em função da presença de um trouxa na casa.

Alvo subiu as escadas e foi em direção a seu quarto ansioso para dormir e na manhã seguinte saber que iria retornar a Hogwarts. Assim que abriu a porta deparou-se com seu pai, ao lado da cama, segurando a fotografia de Belatriz Lestrange nas mãos.

– Pode me dizer o que isto estava fazendo embaixo do seu travesseiro, filho?

Alvo pareceu congelar. Seu rosto enrijeceu tanto que nem chegou a piscar.

– Eu estava guardando... Monstro a esqueceu aqui, então, devolverei amanhã quando ele acordar... – Alvo estendeu a mão para apanhar o objeto. – Me dê aqui...

– Não será necessário, Alvo. – Harry tirou sua varinha do bolso e apontou-a para a fotografia. – Incendio!

– Nãooooo! – gritou Alvo, ao ver o objeto pegar fogo. Em seguida pôs a mão em frente a boca, arrependendo-se de ter gritado.

– Pare com esse teatro, Alvo! Eu realmente não sei a quem você está querendo impressionar! Mas exijo que pare com isso agora mesmo!

Os olhos de Alvo estavam vermelhos de fúria. Por mais que Harry tivesse certeza de que aquilo estava sendo uma cena apenas para chamar atenção, estava bem convincente.

– O que está acontecendo aqui? – disse Tiago, parado em frente ao quarto. Muito rapidamente a porta bateu, deixando-o para fora. As cortinas começaram a balançar como se houvesse uma ventania dentro do local.

– Eu sei que está nervoso, filho... Mas esse tipo de comportamento não vai ajudá-lo a superar o ciúme doentio que você...

– Ora, ora, ora... Que situação... – interrompeu Alvo, que agora voltou a sorrir. Sua voz estava sibilante, como se quisesse falar baixo. – O grande Harry Potter, O-Menino-Que-Sobreviveu, ainda não consegue compreender o motivo pelo qual os Comensais da Morte estão conseguindo vencer...

– Pare!

– Mas é claro que não posso culpá-lo, Harry. Seu não é tão grande como todos pensam...

– Pare agora! – Harry estava furioso.

– O Lord das Trevas deixou suas marcas, não é mesmo? Tome cuidado, Harry Potter... Pois da próxima vez você não será capaz de resistir a uma maldição da morte.

– Já chega! – gritou Harry. Alvo foi arremessado para trás, batendo contra a cômoda. Harry ficou abismado com o que foi capaz de fazer. Agiu por impulso, sem pensar. Estuporou seu próprio filho, que ficou desacordado por alguns instantes. O mais estranho, foi quando acordou. Não se lembrava da discussão que acabara de ter. A última coisa de que se lembrava era da conversa que teve com Luana, e ainda não se lembrava dos detalhes.

Gina ficou furiosa quando descobriu o que Harry fez. No fim das contas, Alvo desculpou seu pai, sem ressentimentos. Principalmente por não se lembrar do motivo que gerou a discussão. Mas ficou extremamente espantado consigo mesmo ao saber que havia mencionado Lord Voldemort.


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