Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 19
Capítulo 19 – Hospital St. Mungus




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A família Potter estava reunida em casa, num dia chuvoso e cinzento. Para Alvo, o feriado de páscoa era tão tedioso em Godric's Hollow quanto às aulas de Adivinhação. Teria aceitado o convite que seu melhor amigo fez de ir passar o feriado no palacete de campo da família Malfoy, com toda a mordomia e conforto que se pudesse existir, mas certamente seu pai não permitiu, fazendo com que Alvo ficasse aborrecido durante toda a semana.

Gina estava terminando de fazer uma trança no cabelo de Lílian, enquanto Tiago conversava calorosamente com o pai sobre as N.O.M.S., que havia tido notas excelentes em Defesa Contra a Arte das Trevas e Feitiços. Nem mencionou o fato de ter perdido uma partida de quadribol contra a Sonserina, muito menos que Alvo era um dos batedores do time da casa.

Alvo, como o de costume, estava sentado na poltrona da sala de estar, sério e angustiado. Harry havia tentado conversar com ele sobre os últimos acontecimentos na escola, mas Alvo se recusava terminantemente a dar continuidade ao assunto. Temia que deixasse escapar alguma coisa que não devia. Pelo menos, não havia sinal de que Rose revelara seu segredo, visto que Harry ainda culpava o ministro.

Monstro se materializou na sala de estar, fazendo com que Lílian levasse um susto. Assim que viu Harry Potter fez uma longa reverência. Alvo teve a certeza de que ouviu insultos saindo da boca do elfo referentes a Harry, em murmúrios, para que o bruxo não percebesse.

– Conseguiu alguma coisa, Monstro? – perguntou Harry, levantando-se do sofá.

– Monstro não encontrou nada que possa delatar o ministério, senhor. Monstro apenas viu todos fazendo o seu trabalho da maneira certa.

– E o ministro? Conseguiu entrar na sala dele?

– Monstro entrou.

– E? – perguntou Harry, já impaciente.

– Monstro não encontrou muita coisa. Apenas papéis e galeões. Muitos galeões, senhor. Embaixo da mesa! Monstro procurou embaixo da mesa, para que ninguém visse Monstro.

– Os galeões estavam simplesmente jogados embaixo da mesa, é? – Harry esperava que seu elfo doméstico lhe desse mais pistas.

– Não, senhor. – o rosto enrugado de Monstro demonstrava raiva.

– Então como estavam?

– Dentro de sacos pretos. Monstro viu os galeões porque um dos sacos estava aberto.

– Tudo bem. Viu mais alguma coisa?

– Monstro não viu. Monstro não teve tempo de procurar.

– Por quê? O que aconteceu? – Harry se preocupara. – Pensei que o ministro estava de viagem.

– Sim, meu senhor. O ministro estava de viagem. Mas enquanto isso a nova Primeira Secretária Sênior do ministério estava tomando conta do gabinete principal.

Os olhos de Harry se arregalaram tanto que Tiago pensou que eles iam atravessar os óculos redondos do pai.

– E quem é ela, Monstro?

– Monstro não sabe o nome. Mas Monstro sabe que ela é puro-sangue e já a viu muitas vezes entrando e saindo do ministério ao lado do ministro magrão.

– Como ela é?

– Velha, baixa, vestido cor-de-rosa, laço no cabelo... – o elfo coçou a cabeça. – Monstro não sabe descrever... Ela tem olhos azuis e uma cara de sapo...

Dolores Umbridge! – berrou Harry, furioso. Monstro correu para trás da poltrona onde Alvo estava sentado. – Me desculpem, mas agora fiquei muito indignado! Como podem deixar aquela mulher chegar a um cargo desses! Agora ela é quase a ministra! Se Kraven Norington morresse, quem assumiria o cargo dele seria ela! Por Merlin! Essa louca não desgruda do ministério!

Gina foi até o lado do marido, na intenção de acalmá-lo. Harry observou as marcas que ainda estavam em seu braço: ''Não devo contar mentiras. ''. Respirou profundamente e olhou para os filhos, que estavam tão espantados quanto ele. Principalmente Lílian.

– Mais uma vez me desculpem por minha reação. – Harry foi até a filha mais nova e abraçou-a. – É que ultimamente o ministério tem sido horrível... Já faz um mês que eu estou tentando afastar Norington do poder. Mas agora, se ele sair, quem vai assumir o ministério será a Umbridge. Não sei qual dos dois é pior.

Alvo sabia quem era Dolores Umbridge. E pelo que seu pai contou sobre ela, parecia ser uma mulher sádica e sem escrúpulos. Já o atual ministro Norington era muito persuasível e manipulável, tornando-se marionete de quem lhe oferecesse mais dinheiro.

Gina deu um beijo na bochecha de Tiago e Lílian, e pegou sua bolsa que estava sobre a cômoda. Assim que ia se despedir de Alvo, ele se levantou da poltrona:

– Aonde vocês vão?

– Eu e seu pai vamos ao hospital, visitar o tio Jorge.

– O que aconteceu com ele? – perguntou Lílian.

– Nada grave. Um pequeno acidente na loja. Uma das prateleiras de poções escorregou ... Sabe como é o tio Jorge, sempre aprontando. – Gina deixou escapar uma risadinha. Voltaremos daqui uma hora. Tiago, você toma conta dos seus irmãos.

– Eu quero ir junto. – disse Alvo, olhando diretamente para seu pai.

Gina sorriu. Adorou a idéia de Alvo se preocupar com seus parentes.

– Tudo bem, você pode ir. – disse Harry, desconfiadamente. Em seguida olhou para Tiago e Lílian. – Qualquer problema que tiverem, mandem Monstro me comunicar.

O elfo fez uma careta. Harry fez sinal para que Alvo segurasse em sua mão. Em seguida Alvo e seus pais aparataram até o Hospital St. Mungus. Era um lugar grande, com muitos bruxos levando outros em macas para todos os lados. A família Potter foi até o setor de Acidentes com Artefatos.  

Enquanto Harry e Gina conversavam com Jorge Weasley em um dos quartos, Alvo retornou ao corredor. Pôde ver seu professor de Herbologia Neville Longbottom descer as escadas, vindo parar no andar térreo.

– Boa tarde, Alvo. – disse o professor, com um simples sorriso no rosto. – Seus pais estão com você?

– Sim. Estão ali no quarto 108, visitando meu tio. – disse Alvo, apontando para uma das inúmeras portas do corredor. – O senhor estava visitando a sua mãe?

– Estava sim. Ela recuperou boa parte da memória e não está mais fazendo confusão ao conversar. Pena que ela só teve esse progresso depois de tanto tempo internada. – Longbottom tornou a sorrir. – Hoje ela até conversou com o meu filho. Está realmente muito melhor.

– Meu pai me contou o motivo pelo qual ela ficou naquele estado. Fiquei sabendo que ela era muito corajosa. – Alvo sorriu.

– Ela era. Ou melhor, ela ainda é. Tenho orgulho de ser filho dela. Meu pai se estivesse vivo, ficaria felicíssimo se soubesse o quanto ela progrediu. É quase um milagre ela ainda estar viva.

Os olhos de Alvo brilharam de empolgação.

– O senhor se importa se eu for visitá-la?

– De maneira nenhuma. Pode ir. Você não sabe como ela fica feliz ao receber novas visitas! Ainda mais de um Potter. – Neville virou as costas. – Ela está no quarto 415.

Alvo acenou com a cabeça e seguiu em direção as escadas. O corredor do quarto andar era bem menos movimentado. Andou até o quarto branco, onde estava hospedada uma velha senhora.

Sentada em uma cadeira coberta por um lençol, Alice Longbottom observava o infinito. Havia algumas velas flutuando naquele pequeno quarto. Uma canção contornava o ambiente num antigo toca discos, e o vento soprava forte, fazendo com que as cortinas brancas sacudissem. A cadeira balançava, fazendo um terrível ruído. A bruxa sentada nela sorriu, assim que viu quem acabara de entrar.

– Olá, rapazinho. – disse Alice, numa voz doce e envelhecida.

– Olá. A senhora não me conhece, mas sou um dos alunos do seu filho. Me chamo Alvo, senhora. Alvo Potter.

– Neville já me falou sobre você.

Alvo se surpreendeu.

– Disse que é muito inteligente e ambicioso. Foi para a Sonserina, não foi?

– Sim. – Alvo respondeu, crispando os dentes, esperando que Alice fosse condená-lo por isso.

– Não fique assim, menino. A Sonserina é uma casa boa, a qual coisas ruins aconteceram. Mas creio que depois de tantos anos, algo tenha mudado.

– Não, senhora. A Sonserina é a mesma que sempre foi. Forte, digna e impenetrável! – Alvo defendia sua casa de tal maneira que muitas vezes seu pai chegava a se enfurecer.

– Ora... Isso é uma pena.

– Pena? – Alvo ficou indignado. – Por que a senhora acha isso?

– Ah, meu querido... Muitos bruxos se deixam levar pelas tendências. E às vezes essas tendências podem levá-lo ao caminho errado.

Alvo ficou quieto durante alguns segundos. Percebeu aonde Alice Longbottom queria chegar. Mas ele não seria influenciado a seguir a tradição de sua família. Queria ser diferente de Tiago. Queria mudar o trajeto de sua linhagem.

– E a senhora? Já está recuperada pelo que eu estou vendo. – Alvo tentou parecer simpático.

– Estou. Queria que o meu marido suportasse como eu suportei. Gostaria de olhá-lo nos olhos e dizer que agora tudo está bem, que Lord Voldemort foi morto, que o nosso trabalho na Ordem não foi em vão. – os olhos de Alice começaram a choramingar.

Alvo não conseguiu pensar me nada pra dizer. A bruxa enxugou as lágrimas e pegou um porta-retrato que estava em cima do criado-mudo.

– Como é sofrer uma maldição imperdoável? – Alvo deixou escapar a pergunta, involuntariamente. Alice Longbottom olhou-o espantada.

– Qual é o seu interesse em saber sobre algo tão terrível como isso?

– Me perdoe. É que a senhora é uma heroína. Conseguiu sobreviver! – Alvo chegou mais perto e sentou-se num banquinho ao lado dela. – Apenas fiquei curioso. Como conseguiu ser tão forte? Que tipo de magia a senhora usou?

Alice segurou a mão de Alvo.

– Não foi magia, Alvo. Foi a vontade de viver. O amor que eu tinha pelo meu marido e meu filho que fizeram com que eu resistisse à morte.

– Mais nada?

– Mais nada. Compreenda um coisa, menino. O amor é coisa mais poderosa que existe no mundo.

– Não consigo acreditar nisso. – Alvo ficou sério instantaneamente. O brilho de seus olhos se apagaram completamente, tornando-os frios.

– Pois comece a acreditar. O seu próprio pai foi salvo desta maneira.

Alvo ficou calado novamente. Sabia que de nada adiantaria iniciar uma discussão. Alice Longbottom acariciava o porta-retrato de seu marido, Frank.

– Bem... Tudo está acabado mesmo. – prosseguiu Alvo, levantando-se do banquinho. –Já que o Lord das Trevas...

– Não diga isso. – interrompeu Alice bruscamente, arregalando os olhos. – Apenas eles o chamam assim, ''Lord das Trevas''.

– Eles quem?

– Os Comensais d-da Mo-morte. – a voz de Alice saiu trêmula e baixa. – Por um momento achei que fosse me esquecer daquela noite. Mas agora...

– Desculpe, Sra. Longbottom. – interrompeu Alvo. – Mas o que aconteceu na noite em que foi torturada? Qual era o real motivo dos Comensais quererem silenciá-la?

– Não faz sentido eu lhe contar. Lord Voldemort se foi. Não há porque falarmos dele. – A velha bruxa se levantou da cadeira de balanço e olhou em direção a parede, onde havia fotos dos antigos integrantes da Ordem da Fênix.

– A senhora está querendo dizer que sabe de coisas sobre o Lorde das... – Alvo suspirou. – Lord Voldemort, e não vai revelar a ninguém?

– Sim, Alvo. Há coisas que ficam melhores onde estão.

– A que a senhora se refere?

– Já chega. – Alice se virou para Alvo. O garoto retirara sua varinha do bolso. – O que vai fazer com isso, menino?

– Sinto muito senhora. Mas preciso saber mais...

Alice Longbottom sentou novamente na cadeira.

– O que você quer saber?

– A verdade.

– Que verdade?

– Sobre Lord Voldemort. Sei que a senhora está escondendo alguma coisa. Vi isso pelo modo como falou.

– Já está tudo acabado. Estou velha, Alvo. Não quero que o passado de Lord Voldemort volte a nos assombrar.

Alvo chegou mais perto da bruxa, encarando seus olhos enrugados.

– Vários comensais da Morte fugiram de Azkaban, a marca negra foi conjurada, e está todo mundo pensando que o Lord das Trevas está morto. Mas eu não acredito nisso... Estou ficando confuso, e até com um pouco de medo. Preciso saber de mais detalhes...

– Você não deve procurar o que não pode vencer, Alvo. Fique junto da família e nada de ruim lhe acontecerá.

– Bobagem! Isso nunca dá certo. Sou eu mesmo que vou ter que lutar pra conseguir o que eu quero. – Alvo levantara sua varinha.

A velha bruxa cubriu o rosto com as mãos:

– Menino, não faça isso!

Legilimens!


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