Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 18
Capítulo 18 – Quadros




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Uma casa aos pedaços, completamente arruinada. Apenas dois cômodos, feita de madeira. Havia cheiro de terra fétida. Manchas avermelhadas nas paredes mofadas, peles de cobra espalhadas por toda a parte. Era tudo o que se podia ver. A pouca claridade vinha de apenas duas janelas empoeiradas. Alvo se aproximou da única parede empedrada e viu um retrato de tamanho médio pendurado acima da lareira. Um idoso, olhos muito verdes e escancarados, barba lisa e acinzentada. Usava um medalhão de ouro no pescoço, floreado com um 'S' serpentino.

Um ruído sibilante o faz olhar para trás. Então Alvo Potter acorda.

Já era de manhã. A luz do sol iluminava todo o quarto. A maioria dos alunos já tinha se levantado. Podiam-se ouvir risadas vindas do salão comunal. Alvo finalmente despertou.

– Vem, Al. – disse Paul Lovecraft, um dos artilheiros da Sonserina. – Não demore tanto, porque hoje temos treino antes das aulas.

– Ok. Já vou indo. – disse Alvo, levantando da cama. Paul desceu as escadas, deixando-o sozinho.

Uma luz forte chamou sua atenção. Embaixo da cama, lá estava ele: O Tabuleiro Branco, de pilriteiro. Alvo lembrou-se da última vez que o havia usado durante a aula da professora Shaw. Foi um fracasso total. Todos na aula conseguiram se comunicar com as determinadas entidades. Menos ele. O tabuleiro não funcionava sempre. Apenas quando o utilizava sozinho, aparecia algo novo.

''Vamos ver o que você tem pra me dizer, seu pilantra. '', pensou Alvo, juntando o tabuleiro do chão e colocando-o sobre a cama. Olhou para os lados para ver se ninguém mais estava por perto. Assim que se certificou, apontou sua varinha ao objeto:

– Olá? Você está aí?

Palavras esfumaçadas começaram a se formar na superfície:

''Olá, Alvo Potter.''

– Quem está aí?

''Sou eu! Merie.''

Alvo deu um suspiro. Já conversava com a tal ''Merie'' há alguns meses. Pelo que se entendia, era uma garota triste, que morreu muito antes da hora. Alvo aprendeu a lidar com ela. Conversavam inúmeras vezes durante a madrugada. Já podia considerá-la uma amiga.

Ainda apontando a varinha, Alvo sussurrou:

– Que bom falar com você. Sabe, ultimamente têm acontecido coisas muito estranhas.

''Como o que?''

– A marca negra foi conjurada. – a voz de Alvo saiu baixa. Não confessaria nem ao espírito sobre a sua participação naquilo. – Sem falar que vários ex Comensais da Morte fugiram de Azkaban já faz mais de um mês...

Então as letras se moveram bruscamente:

''Isso é horrível! ''

Alvo concordou com a cabeça, desajeitadamente. Logo surgiram novas palavras.

''Estou morta. Pena que não posso ajudar. ''

Alvo pensou durante alguns instantes. Ficara indignado pelo fato de ser tão péssimo em Necromancia. Às vezes se arrependia de ter se inscrito no curso, mas por outro lado, era melhor do que se inscrever para a aula de Estudo dos Trouxas. Pelo que ele se lembrava, nenhum aluno da Sonserina tinha se inscrito nessa. Não seria ele o primeiro. Lembrou-se do que a professora Shaw havia dito: ''Não adianta simplesmente conversar com o espírito. Ele deve ter confiança em você primeiro. Só assim você poderá ajudá-lo. ''

Alvo segurou o tabuleiro sobre o colo. Passados alguns segundos, novas palavras começaram a surgir diferentemente das anteriores. Apareciam e desapareciam rapidamente. As letras se embaralhavam de vez em quando ao formar cada palavra. Aos poucos Alvo pôde ler a frase, as letras quase transparentes:

''O que você mais teme?''

Naquele momento, Alvo sentiu uma sensação estranha. Como se quem estivesse ligado ao tabuleiro lesse a sua mente. Nos experimentos anteriores que teve nas aulas, isso não acontecia.

– A morte. – Alvo continuava apontando sua varinha ao tabuleiro. Suas mãos começaram a tremer. – Desculpe pela minha resposta, Merie.

''Eu te entendo perfeitamente. Eu também temia a morte. ''

– E agora não teme mais, não é? – Alvo tentou parecer inofensivo, apesar da possibilidade da pergunta ofender.

O tabuleiro brilhou mais intensamente do que o normal.

''Só estou entre os dois mundos em função desse meu medo. ''

Um garoto alto e loiro entrou no quarto bruscamente. O sorriso branco em seu rosto se desfez assim que reparou quem estava no quarto. Segurava uma prancheta nas mãos:

– O que você está fazendo aí? – berrou Topher, percebendo que Alvo ainda estava de pijama.

Alvo jogou o tabuleiro para baixo da cama e levantou-se prontamente:

– Já estou descendo!

Depois do café da manhã, houve treino de Quadribol. O antigo goleiro da Sonserina fora substituído por um aluno do quinto ano, a quem seus descendentes sempre foram do time da casa. Seu nome era Adam Flint. Um menino magérrimo, porém muito rápido.

Alvo estava sentado no pé da escada térrea. Lia um livro sobre Herbologia. Essa era uma das matérias que ele tinha mais dificuldade. O professor Longbottom estava de licença. Recebera a ótima notícia de que sua mãe havia se recuperado parcialmente depois de tantos anos internada no Hospital St. Mungus, portanto a diretora lhe concedera o direito de poder visitá-la.

Alvo se sentia exausto, como se tivesse passado dias sem dormir. A preocupação que acercava sua mente era muito grande. Apesar de não ter acontecido nada de tão alarmante, ficara sabendo através de uma carta que seu pai estava enfrentando o ministério para que houvesse uma busca imediata pelos foragidos da prisão, a qual o ministro se recusava a realizar.

Uma voz feminina, a quem Alvo sentira muitas saudades nos últimos meses, chegou aos seus ouvidos:

– Olá, Al. – disse Rose Weasley, sentando ao lado dele. – Quanto tempo que não nos falamos...

– É. Pensei que havia se esquecido da minha existência. – Alvo deixou escapar um riso.

– Não é assim, e você sabe. O senhor mesmo é que anda muito estranho, se isolando junto daquele seu amigo... – Rose ficara vermelha. – Malfoy.

– Você tem razão, Rose. Eu sou estranho. – os olhos azuis de Alvo começaram a lacrimejar. – Se você soubesse...

– Soubesse o que? – Rose se fixara no rosto do amigo. – O que, Alvo?

– Não sei se devo lhe contar. – Alvo virara para o outro lado, de braços cruzados, fazendo de tudo para que Rose não percebesse sua aflição. 

– Você deve! Eu sou sua amiga, Al. Precisa confiar em mim.

– Não vai mais querer ser minha amiga quando eu contar.

– Experimente. – disse Rose, começando a ficar preocupada.

Alvo se aproximara de Rose. Seu queixo tremia de insegurança. Lembrou-se quando Scorpio disse para ele não contar a ninguém. Mas naquele momento sentiu que devia confiar em sua antiga amiga.

– Eu... – alvo suspirou. – Eu... conjurei a Marca Negra.

Rose olhou Alvo como se nunca tivesse visto algo tão medonho. O garoto percebeu a sua reação e colocou as mãos sobre o rosto, envergonhado.

– Está falando sério? – a voz de Rose saiu apavorada.

Quando Alvo tirou as mãos do rosto, Rose percebeu que estava vermelho.

– Claro que estou falando sério! Por que eu mentiria? Por quê? – Alvo começara a falar mais alto.

Rose estava decididamente assustada. E mais ainda preocupada. O que os pais de Alvo fariam quando soubessem daquilo? O ministério inteiro estava procurando o culpado. Nos jornais, dizia que quem conjurou a Marca Negra era o responsável por auxiliar na fuga dos ex Comensais.

Rose deu um suspiro profundo e demorado:

– Agora me conte, Al... Quão grande foi a participação do Malfoy nisso? – disse ela, num tom aguerrido.

– Como sabe que Scorpio tem alguma relação a isso?

– Deixa eu ver... Ele é um Malfoy. Minha mãe me falou tudo sobre os Malfoy, principalmente sobre Draco. A família dele sempre usou o dinheiro para subornar o ministério. O pai e o avô do seu amigo Scorpio eram Comensais da Morte, a tia avó dele foi a maior seguidora de Você-Sabe-Quem, ele mesmo admite aos quatro ventos que...

– Já chega. – interrompeu Alvo, já irritado por sua amiga falar mal de Scorpio sempre que tinha a oportunidade. – Quem conjurou a Marca Negra fui eu, não ele. Scorpio só estava junto naquela noite.

Rose cerrou os dentes.

– Sabia que ele estava envolvido!

– Que seja! Agora já está feito. – Alvo mudou o tom de voz. Se tornara sombrio e impetuoso. Encarava os olhos castanhos claros de Rose com uma certa repulsa. Detestava quando ela o avaliava.

Uma voz extremamente arrastada surgiu atrás dos dois, na escada.

– Potter! O que está fazendo? – Scorpio Malfoy parara em frente ao amigo.

– Ele estava me contando... – começou Rose, com a voz novamente aguerrida de pura raiva.

Alvo deu uma cotovelada em Rose. Esta percebeu o porquê imediatamente. Era evidente que Alvo não queria que Scorpio soubesse que lhe contara o que aconteceu.

– Contando o que? O que ele estava contando? – os olhos frios e cinzentos de Scorpio demonstravam fúria e preocupação.

– Ele estava me contando sobre o treino de quadribol. – Rose tremeu um pouco ao reparar a feição pálida de Scorpio.

Alvo concordou com a cabeça. Depois contaria a Scorpio que revelara o segredo a Rose. Mas não enquanto ela estivesse por perto. Era mais do que provável que Scorpio lhe lançaria um feitiço da mente, assim como fez com Robson Finnigan.

Alvo Potter levantou da escada, sem dizer uma palavra. Temia que Rose quisesse continuar o assunto. Sentia uma pitada de arrependimento por ter lhe contado. E se ela contasse a mais alguém?

Assim que Scorpio e Alvo foram até o corredor no terceiro andar, em direção a sala de Feitiços, Scorpio parou e olhou para o amigo.

– Você contou a ela que conjurou a Marca Negra. – disse ele, decididamente sério.

– Eu não contei... – Alvo suspirou nervosamente. – Tá bom. Eu contei!

– Por que você fez isso? Você acha que ela não vai espalhar, hein?

– Não vai. Eu sei disso. – Alvo tentou parecer o mais seguro possível, embora não estivesse. – Ela é confiável, Malfoy.

– Quanto a ela eu não sei. Mas e aquela amiga dela, a sangue-ruim? – Scorpio fez uma careta.

– Luana? – Alvo se lembrou-se da menina de cabelos longos que sempre sentava perto dele nas aulas.

– Sim. Esta mesmo! Acha que a Weasley não vai contar a sua melhor amiga sobre isso?

Alvo demonstrou preocupação. Era fundamental que o segredo não fosse espalhado a mais ninguém. Qualquer sinal de que Alvo estivesse envolvido com a Marca Negra seria fatal.

– Viu só, Potter! – a voz arrastada de Scorpio retornara. – Só eu, apenas eu sou confiável. E essa sua maldita mania de se associar a mestiços e sangues-ruins! Na Grifinória o que mais tem é gente dessa laia! E não sou nem eu o único a dizer isso! O meu pai também concorda! Então faça um favor a si mesmo, Alvo, e...

O restante das palavras de Scorpio não foram ouvidas com clareza. Alvo não prestou atenção no que seu amigo acabara de dizer. Uma coisa o fez parar para pensar quando olhou alguns quadros que estavam na parede. Um era de Alvo Dumbledore, seguido por Godric Gryffindor, Rowena Revenclaw e Helga Hufflepuff. Como todos nas imagens já haviam morrido, os olhos deles estavam todos fechados.

– ...E fique sabendo que isso é para o seu próprio bem. Pois como eu já disse um milhão de vezes, sangues-ruins são a escória da Terra. – continuou Scorpio, sem perceber que Alvo nem prestava atenção. – E se eu estou te falando isso, é porque quero o melhor para você. Será que já não basta existir alunos nascidos trouxas em Hogwarts? Agora ter que se unir a eles já é demais! Eu sempre achei...

– Já entendi! Já Chega, Scorp! – interrompeu Alvo, frustrado e cansado de ouvir Scorpio tagarelar e mandar sermões. – Acabei de reparar uma coisa: Por que não há quadros de Salazar Slytherin no castelo?

Scorpio Malfoy fez uma cara de indignação tão intensa que chegou a assustar:

– Pois é! Eu também já havia notado isso e fiquei com ódio. O único dos quatro bruxos fundadores que tinha valor significativo não tem uma homenagem aqui!

– Ou simplesmente foi o próprio Slytherin que retirou os quadros antes de abandonar a escola. – completou Alvo, já sendo experiente em acalmar o amigo.

A indignação de Scorpio desapareceu instantaneamente:

– É. Pode ser. – disse Malfoy, em sua voz mais calma e tranqüilizadora.


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