Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 16
Capítulo 16 – Reunião




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O homem se materializou inesperadamente, a alguns metros de distância, numa estradinha rural ladeada por cercas vivas e emaranhadas, iluminada pelo luar. Vestia uma capa preta por cima de suas vestes listradas e maltrapilhas. Mais a frente, ele podia ver pessoas encapuzadas chegarem da mesma forma ao local. O céu estava nigérrimo como um mar obscuro. Aos poucos formava-se um círculo de pessoas em meio a paisagem agreste.

Um outro homem, de feições grosseiras, se aproximou do recém-chegado:

– Como vai, Lestrange? Depois de tantos anos! – disse Yaxley, com um sorriso caloroso e amarelado no rosto.

Rodolfo Lestrange, mais velho e mais maltratado, robusto, com os cabelos encostando as costas, observou o velho amigo, apreensivo. Segurou-o vigorosamente pelos braços.

– Finalmente! Foram-se vinte e um anos em Azkaban! – continuou Rodolfo, seus olhos brilhando esperançosos encarando Yaxley com firmeza. – Onde está meu irmão? Não o vi ainda. Ouvi dizer que ele... ele deve ter conseguido escapar... Rabastan era muito bom nisso... ele deve... deve ter conseguido... Onde está ele?

– Está morto. – a voz calma de Travers chegou aos ouvidos de Rodolfo como uma bomba. – Foi capturado pelos aurores no fim da última batalha. Tentou resistir e acabou morrendo acidentalmente. Sinto muito.

O semblante de Rodolfo se tornou uma máscara de ódio. Seus olhos lacrimejaram de desespero. Ninguém o havia avisado sobre aquilo.

– Maditos sejam! Tiraram Bela de mim e o meu irmão... Eles eram tudo o que eu tinha... – Rodolfo se ajoelhou no gramado. – Belaaaaaaaa!

Os outros ali presentes o encaravam, preocupados. Travers ajudou-o a se levantar. O número de Comensais da Morte havia reduzido drasticamente. A maioria deles esteve presa até um dia atrás.

Uma voz alta e clara começou a falar, fazendo com que todos olhassem para o homem magro de rosto desfigurado.

– Deixando os tristes acontecimentos de lado... Quem de vocês conjurou a Marca Negra? – disse Antônio Dolohov. Diferente da maioria dos presentes, ele usava um terno marrom e elegante.

Houve pequenas discussões entre os Comensais.

– Acho muito improvável que tenha sido alguém daqui. – Draco Malfoy surgiu em meio à neblina. Alto, vestes onerosas, segurando a bengala com a serpente. – Foi vista perto dos terrenos de Hogwarts e Hogsmeade.

Dolohov e Travers se olharam imediatamente, desconfiados. Um bruxo loiro e grandalhão foi até o meio do círculo.

– Vejam só... O menino Malfoy cresceu. – Thor Rowle se intrometeu na conversa, indo para perto de Draco, com a mão indo em direção ao bolso. – Você abandonou a batalha! Podemos considerá-lo um traidor por causa disso!

– Rowle, meu caro... Eu e toda a minha família estávamos sem nossas varinhas. O Lord das Trevas ordenou que meus pais não entrassem no castelo até ele dar a ordem, enquanto isso eu tentei encontrar Potter. E sim. Tive a intenção de entregá-lo.

Os Comensais da Morte prestavam atenção em Draco como nunca tinham feito antes.

– E como podem ver, ele venceu. E nós, fomos condenados!

– Mas você não foi para Azkaban! – continuou Rowle, tentando reunir os Comensais a seu favor. – Você fez como Lúcio! Disse que não fez por mal... que se arrepende... e todo esse blá blá blá de sempre... – finalizou Rowle, fazendo uma terrível imitação de voz de bebê.

– Ah sim! Então você quer dizer que eu seria mais inteligente ou honroso se escolhesse ir para Azkaban? Sinto muito. – Draco estava confiante. Aproximou-se de Thor Rowle furiosamente. – Cada um usa os recursos que lhe são convenientes! Sendo quem sou, tenho minhas vantagens. E se vocês não sabem, minha família foi perseguida durante pelo menos dez anos! O meu filho cresceu com aurores invadindo a casa de meu pai como se fosse deles! Destruíram boa parte de nossos bens. E pior! Destruíram nossa dignidade!

Por um momento Rowle não sabia o que responder. Draco continuou:

– Então devo agradecer a Kraven Norington, que aceita uma pequena parte de minha fortuna. Em troca ele impede que seus estúpidos aurores voltem a nos incomodar.

Antônio Dolohov sorriu. Ele era um dos poucos ali que sabia do que Draco estava falando.

– Exatamente. A partir de que Norington passou ao cargo de Ministro da Magia há cinco anos, os aurores deixaram de caçar ex Comensais. – Dolohov foi para o lado de Draco. – Eu mesmo escapei de ir para Azkaban, graças a ele! Inocentemente, alguns dos guardas foram convencidos pelo próprio Ministro a deixarem a prisão na noite de ontem, para resolverem o assunto da Marca Negra.

– Foi então que conseguimos fugir. – disse Yaxley, ajeitando seus longos cabelos grisalhos para trás. – Assim que soube que a Marca Negra foi conjurada eu senti meu braço queimar depois de anos! E isso me deu forças. Logo, aqui estamos nós! Vivos! Jamais me esqueci do que o Lord das Trevas nos disse um dia antes da Batalha de Hogwarts...

''Meus ardilosos amigos! Depois da Guerra nós seremos o futuro! Assim que tudo isso acabar, nos encontraremos no vilarejo Little Hangleton. Viva a Salazar Slytherin! Viva aos sangues puros!''.

Thor Rowle ficara quieto. Enquanto esteve em Azkaban sentira raiva. Não aceitava a idéia de Lord Voldemort ter caído. Quando a Marca Negra lhe queimou sentiu alguma esperança. O que mais o incomodava era o fato de não poder mais conjurá-la aos céus. Tentou isso um pouco antes de ser capturado. Mas não havia mais jeito. O Lord das Trevas se foi.

Rodolfo Lestrange estava trêmulo e inquieto. Estreitava o infinito. Seus olhos cor de avelã estavam cobertos pelas olheiras. Todos olharam para ele quando começou a sibilar:

– ''Vai passar, meu amor. Vai passar. Ignore os dementadores! Logo nos uniremos outra vez... O Lord das Trevas irá nos libertar. '', ela me disse a primeira vez em que fomos levados a Azkaban. Depois disso só a vi depois de quinze anos.

Um homem ligeiramente gordo, alto, apareceu atrás no matagal. Não usava a capa preta como os demais. Mas sua marca negra era visível.

– Eu achei que tudo tinha terminado! Vocês não vêem? Nós nunca venceremos! Lord Voldemort está morto! Tudo isso é uma perda de tempo! Tenho sorte por ter conseguido fugir! Eu vou é mudar de país e me esconder! Só depois não digam que eu não avisei!

Avada Kedavra! – Rodolfo apontara sua varinha no coração de Walden Macnair. O corpo dele caíra morto sobre o chão. – Fiquem sabendo que o Lord das Trevas ainda possui um... recurso. Mais algum de vocês ousa questionar a memória dele?

Ninguém se manifestou.

– Estamos no local combinado, companheiros! – prosseguiu Dolohov, encostando sua varinha no braço esquerdo. Todos os Comensais da Morte a sentiram revigorar em sua pele. Ardendo como nunca. Houveram risadas profundas e urros de ansiedade. – A Marca Negra voltou a funcionar! Só nos resta saber quem foi o responsável por isso.

Então os bruxos encapuzados aparataram, criando fumaças negras assim que saíam. Aquele mesmo local se tornaria um ponto de encontro. Aos poucos todos foram sumindo, restando somente dois deles.

– Obrigado, Malfoy. Se não fosse você, eu teria ido para Azkaban.

Draco deu um leve sorriso a Antônio Dolohov.

– Quero deixar claro que não fiz isso por vocês. E sim pelo meu pai. – Draco aparatou, seguido pelo velho bruxo pálido.

''Fuga em massa de Azkaban''. Era o que dizia na manchete do Profeta Diário, com várias fotos de ex Comensais da Morte.

O Ministro da Magia, Kraven Norington foi seriamente intimado a dar explicações sobre o recente acontecimento na prisão e na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Inúmeros editores do Profeta Diário cercaram o ministério. Os aurores ficaram de tocaia nos arredores da escola logo que foram avisados.

Os alunos discutiam sobre o assunto, apontando inúmeros bruxos famosos como culpados. Àquelas alturas já estavam sendo criadas incontáveis confusões e hipóteses sobre o que teria provocado aquilo. Foi feita uma busca por todo o castelo. Levaram de lá o velho Espelho de Ojesed, o Armário Sumidouro, e até mesmo a espada de Godric Gryffindor, supondo estarem relacionados à situação. Havia muitos suspeitos. Não ousariam interrogar um por um sem obter provas.

Minerva McGonagall tentava explicar que a Marca Negra jamais poderia ter sido conjurada de dentro da escola, já que somente Comensais tinham esse poder. Mas até onde se sabia, nem eles conseguiam mais. Foi decretado isso há mais de vinte anos. Ainda havia foragidos depois da Segunda Guerra, mas não era possível acreditar que estariam tão perto do Ministério.

A imagem do crânio esverdeado tinha se formado no céu, próximo a Hogsmeade, que podia ser vista da Torre de Astronomia. O pequeno vilarejo foi encurralado por aurores. Os moradores e comerciantes estavam apavorados. O efeito que a marca D'Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado ainda era assustador e possante, mesmo depois de tantos anos. Os alunos nascidos trouxas não compreendiam muito bem a gravidade da situação. Já os alunos que sempre conviveram no mundo bruxo, sabiam muito bem quem foi Lord Voldemort.


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