Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 15
Capítulo 15 – Feitiço Extinto




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Tiago estava inconformado por sua derrota no campeonato de quadribol. Nunca havia perdido um jogo contra a Sonserina desde que entrou para o time no segundo ano. Antony Longbottom o consolava dizendo que a Grifinória só perdeu porque não havia como adivinhar a estratégia do outro time. Mesmo assim, ficou sem falar com o irmão durante todo o primeiro trimestre.

Às vezes Alvo e Scorpio passavam a noite em claro, invadindo a sessão restrita da biblioteca. Não possuíam a capa da invisibilidade, mas sim o mapa do maroto, assim permitindo que soubessem se alguém os seguisse. Como estavam no terceiro ano, o assunto das aulas começou a parecer entediante e simples demais para eles. Queriam coisa maior.

Alvo ficara obcecado pelo velho tabuleiro branco que roubara da aula de Necromancia. Sempre antes de dormir o deixava do lado de sua cama. Certa noite, quando estava quase pegando no sono, sentiu o tabuleiro brilhar. Era incrivelmente branco, resplendendo suas luzes possantes em cima do criado mudo. Alvo, que estava ficando experiente na aula da professora Shaw, sentiu que deveria pela primeira vez comunicar-se com um espírito através dele e fora da aula.

Assim que todos estavam já estavam dormindo, puxou sua varinha e apontou ao tabuleiro mágico e pronunciou cuidadosamente:

– Quem é você?

As letras embaralhadas e esfumaçadas começaram a se juntar formando uma frase:

''Um aluno daqui da escola. ''

Alvo ficou surpreso, e um tanto curioso. Durante a aula de Necromancia, ele apenas se comunicou com entidades mortas juntamente com a professora, mas nunca sozinho.

– Você morreu na batalha de Hogwarts há vinte e um anos anos?

''Sim. Mas agora estou preso aqui. Ajude-me a encontrar minha família! Por favor... Sei que pode me ajudar... ''

– O que quer que eu faça? – Alvo ainda apontava a varinha para o tabuleiro, que brilhava intensamente. Seus olhos estavam fixos nas letras difíceis, que se moviam constantemente.

– Quero que você fique quieto e apague essa luz! – disse Scorpio Malfoy, com os olhos entreabertos de sono, levantando seu cobertor. Em seguida se espreguiçou, dormindo instantaneamente depois, como se nem tivesse sido acordado.

Alvo riu. Percebeu o quanto estava sendo ridículo. O que ele ganharia ajudando algum morto que nem ao menos conhecia? Colocou o tabuleiro debaixo da cama e voltou-se ao colchão. Imaginava o dia em que todos acreditariam nele. Estava convicto de que a morte podia ser vencida. Só precisava descobrir um meio seguro, sem ter a necessidade de criar horcruxes. Só de pensar nesse tipo de magia já lhe dava arrepios.

O dia seguinte amanheceu ensolarado. Hagrid retornara a Hogwarts e retomara o seu cargo de professor, depois da antiga professora ter deixado a escola por motivos de família. Hagrid era um grande amigo de Harry Potter nos tempos de escola. Seus cabelos estavam grisalhos e escassos, mas seu sorriso simpático ainda lhe enfeitava o rosto cheio.

O ministro da Magia chegara a Hogwarts naquela manhã. Logo durante a primeira refeição do dia pronunciou um discurso longo e irritante sobre a proibição dos alunos de saírem do castelo sem supervisão. Não havia motivo aparente para tal providência. Mas Kraven Norington adorava ter o poder de proibir. A cada ano arranjava uma desculpa para inventar uma nova lei.

Durante a aula de Defesa Contra a Arte das Trevas, o professor Emperor Hazel comentara sobre os tão temidos dementadores e porque eles não trabalhavam mais para o Ministério. O assunto parecia entreter a todos de um modo surreal. Apenas Scorpio Malfoy estava deitado sobre a carteira, sem prestar atenção.

– Como vocês sabem, dementadores são criaturas malignas. Estão sempre do lado de quem causar mais destruição. Motivo esse pelo qual se juntaram aos Comensais da Morte durante a Segunda Guerra em nosso mundo.

Os alunos ficaram surpresos, apesar de já saberem desta verdade.

– O que eles fazem agora se não são mais os guardiões de Azkaban? – perguntou Gary Campbell, olhando para os lados para se certificar de que ninguém iria reprimir a sua pergunta.

– Estão vagando pelo mundo, fazendo o que sabem fazer de melhor. Alimentam-se de boas lembranças e tornam os dias mais sombrios para quem cruzar seus caminhos. – o professor Hazel hesitou por um momento. – Há casos em que bruxos lhes dão lugar para ficarem, em troca da submissão desses seres.

– Submissão? Quer dizer que dementadores podem ser controlados? – perguntou Rose Weasley, chocada.

– Podem. Já foram controlados pelo ministério, não foram? E descobriram da pior forma que não eram confiáveis. Mas hoje em dia não é algo comum. Na maioria dos casos há magia negra envolvida.

Scorpio Malfoy continuava deitado sobre a mesa, como se todo o assunto da aula fosse algo que já tivesse ouvido mais de mil vezes. Alvo entendeu sua reação. Harry Potter havia lhe contado como foi o dia em que visitou o pai de Malfoy. Se dementadores realmente residissem em sua imensa Mansão, naturalmente Scorpio não comentaria com os alunos durante aquela aula.

Quando a noite chegara, Scorpio e Alvo já estavam na Torre de Astronomia, lendo um livro sobre feitiços ilegais, que encontraram na sessão restrita. Nele continha as Maldições Imperdoáveis entre muitos outros feitiços que levavam à morte.

Descobriram, utilizando o Mapa do Maroto, que havia uma passagem secreta que ia da mesma torre onde estavam até o banheiro em que a Murta que Geme assombrava, através de um túnel subterrâneo.

Scorpio, que segurava sua varinha acesa apontando para o livro soltou um urro de curiosidade.

– O que foi, Malfoy? – perguntou Alvo, enquanto olhava janela abaixo, lembrando da cena em que seu pai lhe descrevera um dia: Dumbledore caindo morto torre abaixo, enquanto seu pai não podia se mover.

– Aqui está dizendo que este feitiço foi extinto!

Alvo se aproximou de Scorpio e observou a página do livro, espantado. Já tinha ouvido falar de tal feitiço. E o fato de ele ser extinto incluía motivos suficientes.

– Aqui diz também que os ex Comensais da Morte não podem conjurá-lo mais. Pois afinal, o Lord das Trevas se foi. – Scorpio parecia incrédulo. Como se o acontecimento não fosse algo de seu agrado.

– Vamos tentar. – disse Alvo, tão rápido que Malfoy chegou a se assustar.

– O que?

– Eu disse: Vamos tentar. – Alvo chegou a sorrir desdenhoso. Tão desdenhoso que Malfoy sentira confiança na voz do amigo, que agora sorria como ele. – Aí no livro disse que foi extinto. Só quero ter certeza.

Scorpio Malfoy, que jamais se recusaria a ver a realização de um feitiço poderoso, aprovou. Alvo caminhou até a janela novamente. Respirou fundo, imaginando que não funcionaria, mas a pressão que impôs a si mesmo falava mais alto. Tinha que experimentar. Apontou a varinha para o céu escuro e pronunciou claramente:

Morsmordre!

Então uma espécie de fumaça esverdeada foi se unindo no céu negro. Logo tomou o formato de um crânio com uma cobra saindo por sua boca, aperfeiçoado por estrelas de esmeralda. Um ruído saía da imagem, como o de um monstro. O coração de Alvo começou a bater mais rápido. Não acreditou no que fizera.

Scorpio olhava para a Marca Negra com seus olhos cinzentos e curiosos. Demonstrava preocupação em seu olhar, coisa que era difícil de acontecer. Durante alguns segundos os dois ficaram sem reação. Até a voz de Scorpio finalmente sair:

– Impossível! Como foi que você... Impossível!

Alvo olhou para o amigo. Sua feição estava pasma como a de um fantasma. Sentiu o perigo lhe penetrar a mente. Não podia deixar que fossem pegos. Isso traria sérios problemas ao seu pai.

– Temos que sair daqui! Agora, Scorpio. Agoraaaa!

Os dois recolheram seus pertences o mais rápido que puderam e foram para baixo da escada, onde havia um alçapão que os encaminharia até o banheiro. Assim que chegaram lá, correram para as masmorras. Por sorte ninguém estava no caminho. Mas já era possível ouvir pessoas comentando sobre o acontecimento nos andares de cima. Um pouco antes de chegarem à parede de pedras que levava ao salão comunal da Sonserina se depararam com o aluno vestindo pijamas da Grifinória, Robson Finnigan.

– Parados! Vocês dois!

Alvo e Scorpio pararam instantaneamente, mais assustados do que nunca.

– Vi vocês saindo do banheiro! Vocês dois não estavam dormindo como todo mundo!

Você também não estava dormindo já que pôde nos seguir! – disse Alvo, tentando parecer seguro.

Por um momento, Robson não sabia o que dizer.

– Isso não vem ao caso! Tenho certeza de que os dois estão envolvidos com o que aconteceu agora a pouco! Não vou deixar vocês escaparem dessa vez!

Scorpio tirou sua varinha do bolso e apontou-a para Robson.

Obliviate! – então Malfoy permaneceu alguns segundos mantendo a varinha em frente a Robson. Assim que a retirou, o aluno parecia estar perdido, já caminhando na direção oposta.

– O que estou fazendo aqui? Ah, deve ser o meu maldito sonambulismo. Não é a primeira vez. Odeio quando isso acontece. – murmurara Robson a si mesmo, caminhando para seu salão comunal. Não se lembrava de ter visto Potter ou Malfoy, que já tinham sumido de sua vista enquanto ele se recuperava do efeito do feitiço.

Entraram despercebidos no Salão Comunal. Já que não havia tumulto, Alvo concluiu que ainda não tinham sido avisados. O que era muito comum. A Sonserina sempre era deixada por último em tudo. Scorpio deitou em sua cama, preocupadíssimo. Alvo fez o mesmo. Assim que os dois já estavam debaixo das cobertas, todas as velas do quarto se acenderam. O professor Greengrass entrou e alertou aos seus alunos:

– Alguém conjurou a Marca Negra. Permaneçam todos aqui, enquanto os professores fazem uma busca pela escola a fim de encontrar o culpado. – Greengrass disse isso calma e monotonamente sem nenhuma expressão em seu rosto. Fechou a porta devagarzinho e desceu as escadas.


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