And Now...? escrita por Nivea_Leticia, Lorena Harris


Capítulo 12
E agora... Juntamos fatos?




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Danika Chase Jackson

Sinceramente, foi um tempo realmente inútil aquele em que procuramos desesperadamente Amy. Mesmo com Paris a nos dar prováveis indícios de onde poderíamos encontrar algo, sempre que chegávamos, era uma pista falsa. E eu já estava sem esperança de a acharmos tão cedo. Por fim, ao ver que nada daria aquela busca frenética, Lucien girou o volante e pegou a primeira entrada que desembocaria exatamente no hotel em que resolvemos ficar, logo após ter ligado para Kylle avisando sobre como estávamos cansados e que poderíamos continuar, mesmo este afirmando que Paris não desistiria tão rápido, mas por fim, cedeu.

E de certa forma, eu também queria concordar com Paris. Como previsto, este não aceitou muito bem a idéia, brigando e gritando, e só com a força física de Lucien e o novo poder psíquico de Hyanna, que o grandão cedeu, ao ser levado em um sono profundo.

Todos nós estávamos abalados, era como perder parte de uma equipe, mais do que isso até, um membro querido da família, e eu não me encontrava diferente. E completamente perdida, resolvi que deveria ficar um pouco sozinha.

Suspirei, os braços cruzados sobre a pequena grade de ferro que havia no ultimo andar daquele incrível prédio, onde havia apenas uma caixa d’água e a grande e vermelha porta que levava a escadaria, e vistoriei, com a visão um pouco cansada a cidade que parecia completamente acordada, com suas luzes coloridas e o som fraco e incansável de buzinas e pessoas conversando lá em baixo. Por alguns minutos, apaguei minha mente, em pleno estado de relaxamento e apreciei o suave roçar do meu cabelo ao se elevado pela gelada brisa da madrugada. Pela temperatura, sem dúvida que dali poucas horas o sol estaria aparecendo, a dar o ar de sua graça, e eu continuaria ali, sem pregar os olhos um minuto que fosse de tão tensa que eu me encontrava em tal situação. E o pior disso tudo, era saber que, como neta de Atena, eu deveria ter feito muito mais e não havia conseguido. Respirei fundo.

- Agora não adianta reclamar – sussurrei baixinho para mim mesma, fechando os olhos, algumas lágrimas querendo cair. Eu não podia estar mais decepcionada comigo mesma.

Foi quando senti uma mudança drástica no vento e nem precisei erguer o rosto para saber quem era.

- Clima bom aqui em cima – murmurou, como se também tivesse notado que tudo parecia alto demais naquele momento. – Imaginei que estivesse aqui em cima.

Abrindo os olhos, girei minha cabeça para olhá-lo e o vi mexer de leve os dedos com que bateu em Paris por dentro do bolso de sua calça jeans, de leve afastando o suéter de seus pulsos. Ele sorriu, um sorriso afetado e tristonho com os olhos azuis vidrados na paisagem a nossa frente.

Assenti assim que ele fitou-me.

- Precisava de um tempo – admiti, em um fio de voz, de repente muito consciente do calor daquele corpo e a vontade que eu tinha que ele me desse um abraço, louca para que ele restaurasse aquela idéia de proteção que me fora retirada. Mas, era obvio que ele ainda não sabia ler mentes e por isso, me consolei em abraçar-me, sentindo a grande diferença de temperatura que havia no local com aquele vestido. Tremi involuntariamente. – Como está Paris? – eu andava preocupada com ele.

Lucien suspirou, dando de ombros.

- Dormindo feito uma pedra, parece que o poder de Hyanna é bem mais forte do que imaginávamos – sua voz era solene e calma demais. – Mas, as vezes, ele se remexe e parece que vai acordar a qualquer momento e ela o apaga de novo. Concordamos que só iremos acordá-lo mais tarde. De qualquer forma, Kylle está certo de que devemos descansar. Ele estava horrível, parecendo que iria desmaiar a qualquer hora, aparentemente, o poder dele ainda drena sua força e outro desmaiado é o que menos desejamos. Entretanto, tirando isso e o fato principal dessa pequena novela... – outra vez, deu de ombros. – Tudo está calmo.

Anuiu quase imperceptivelmente, visto que eu estava caindo de cansaço, e respirei fundo quando outra corrente de ar, essa com cheiro de fritura provavelmente causado por um McDonalds que havia ali por perto, o que resultou em me deixar mais sóbria e com um estomago enjoado todo embrulhado. Tremi com essa agonia e segurei-me no gelado ferro que já descascava por tanto tempo de uso.

Dessa vez, Lucien parece notar, porque se aproximou um pouco mais e ergueu meu queixo, a fitar meus olhos. Os seus, tão azuis, pareciam extremamente preocupados.

- E como você está? – questionou ele, antes que eu tivesse a chance de olhar para o outro lado.

Ainda sentindo-o mover seus dedos, de forma suave pela minha bochecha, suspirei e deixei meus olhos se fecharem, agradecida por aquele conforto tão bem vindo.

- Bem, eu acho, só... – e antes que eu terminasse a frase, empurrei-o para longe e corri um pouco para longe, onde, aparada pela parede quase sem tinta, vomitei, sentindo meu estomago se contraindo de uma maneira horrível. Após sentir como se tivesse jogado meu fígado e tudo mais fora, com o corpo em espasmos agonizantes, limpei minha boca na barra do vestido e percebi que ele segurava-me pela cintura, suas grandes mãos fixando-me ao chão. Suspirei. Tossi. – Acho que estou péssima – e minha voz encontrava-se ainda pior. Com um pouco de dificuldade, encostei minha cabeça na parede gelada, as ondas em meu estomago mais calmas, e o encarei com um sorriso fraco. – E sem duvida essa não foi uma cena muito legal para que você visse.

Ao ver meu pequeno e suave humor negro, ele deu aquele seu sorrisinho de canto que me fez sorrir um pouco mais, dessa vez, com vaaarias borboletas em minha barriga, degelando um pouco esse modo que eu me encontrava. Ele, muito vagarosamente, me puxou para perto de seu peito, seu coração a bater bem acima de minha orelha em um som rápido e delicioso, enquanto seus fortes braços reconfortavam-me, fazendo-me relaxar contra seu corpo e fechar os olhos.

- Isso não foi nada romântico – admitiu ele, com sua respiração assoprando levemente alguns de meus fios negros. Seu tom, parcialmente divertido, com cinqüenta por cento de preocupação. O que foi realmente fofo. Travei meus braços ao redor de sua cintura, contente, mas não menos enjoada que antes. Ele suspirou. –Você não acha que está se pressionando demais? – voz baixa em meu ouvido. – Eu escutei o que você disse e tenho certeza de que não foi sua culpa. Se alguém deveria ser julgado, se fosse o caso, você não acha que deveria ser Paris? Afinal, mesmo você sendo a melhor amiga dela, Amy era a namorada dele e estava em sua companhia quando ela foi raptada. – as lagrimas caíram enquanto escutava. Os dedos dele afagaram carinhosamente meu cabelo. – Todos nós sabemos que como neta de Atena, já deveria ter achado-a, mas, sendo assim, Paris também. – suspirou – Não quero que ache que você estava só desejando demais, mas... Só não se pressione muito, ok? Eu sei o quanto Amy é importante para você, assim como sei, mais do que imaginava, o que Paris está sentindo. É só que... Eu realmente odeio quando você se força, pensando que tem que resolver o enigma sozinha e esquece que estamos aqui juntos. Eu estou aqui para você – ele me apertou o que só percebi ser pelo fato de que eu tremia, a chorar. – Seu corpo não agüenta tanta pressão e te ver machucada é a ultima coisa que desejo, ok? Preocupo-me com você, compreendo suas razoes, mas jamais esqueça que estamos nessa merda dessa missão juntos, certo? – com a sombra de um sorriso em meus lábios pelo seu pequeno palavrão, assenti, apertando-o mais contra mim. – Isso... Confie em mim, Danny. – suspirou e eu quase pude vê-lo fechar os olhos com o rosto contra meu cabelo. – Vamos achar a Amy. Eu, você e todo o pessoal, custe o que custar. E não vou deixar nada acontecer com você, como eu sempre te protegi, o farei outra vez.

Com tais palavras ainda a pairar pelos meus ouvidos, com o roçar de seu casaco de couro contra minha pele, caímos em um silencio cheio de significados que admito não reconhecer. Eu só sabia que era bom, cativante e extremamente confortante sentir meu coração bater mais rápido e ele estar ali comigo. Por alguns segundos, estes envoltos pelo ar mais gelado e o som incansável da cidade, eu senti como se tudo aquilo não passasse de um pesadelo e que ele me trazia de volta a uma realidade imaginada na qual éramos pessoas normais, ótimos amigos e uma dupla perfeita. Isto, até eu sentir o cheiro pesado e denso de gordura, empurrá-lo e ter que vomitar mais uma vez, dessa, com a certeza dos dedos mais grossos segurando o meu cabelo enquanto eu era recoberta por pequenas convulsões. Ao final, me vi sem forças e ele logo resolveu o problema, ao puxar-me para seus braços e me aninhar como costumava fazer ao me levar para o quarto lá de casa, aquecendo-me com sua blusa.

Ele sorriu ao se guiar para as escadas, fitando-me.

- Parece que, afinal, nada mudou muito. – sorri para sua frase. – Só o fato que você está com um cheiro de bebida e mais pesada.

O fracasso de um tapa, deixou-me com a mão em seu peito.

- Tá me chamando de gorda? – ergui uma sobrancelha. – É isso mesmo que eu estou ouvindo?

O seu riso ecoou pelas escadas de incêndio desertas que eram mal iluminadas por uma luz incandescente por andar.

- Eu te chamaria de uma pessoa com mais curvas – ele deu seu sorriso safado de lado. – Alguém que cresceu.

Revirei os olhos, docemente atraída por aquele charme estúpido que ele tinha.

- Em suma, gorda, admita.

Eu e ele rimos.

- Mulheres, por que nunca compreendem que estamos as elogiando?

- Homens, por que são sempre movidos pela testosterona?

Olhando-me de rabo de olho, ele puxou um canto de seus lábios.

- Touché, me pegou dessa vez, mas... – abriu a porta do andar onde nossos quarto e deixou-a fechando-se sozinha enquanto caminhava ao fim do corredor aonde uma grande janela com um mosaico formando a imagem de um lindo anjo com grandes e imponentes asas brancas. Sua espada, de um tom vermelho flamejante dava uma expressão de herói ao personagem e os olhos azuis vagamente recordavam-me de algo, alem de Lucien, é claro. E foi este ser quem me encantou ao mesmo tempo em que minha mente trabalhava naquele quebra-cabeça, sem querer ignorando o que Lucien dizia. Quando ele percebeu que eu não ri, ao me deixar na porta do meu quarto, encarou-me. – Danika? Você está bem? Danika...

- Shh... – coloquei brevemente o indicador sobre meus lábios enquanto aproximava-me daquela figura tão honrosa. Provavelmente confuso sobre minha reação, visto meu estado minutos atrás, ele apenas seguiu-me, com uma mão ao final de minhas costas. Parei de fronte a tal imagem e franzi o cenho, meus olhos se semicerrando ao encarar as plumas, agora, prateadas pelos fios da lua. Havia algo ali... Algo que eu devia saber... Fitei Lucien antes de apontar para o guerreiro imóvel. – Quem é ele?

Surpreso com tal pergunta, suas sobrancelhas tornaram-se arcos e ele sorriu de leve.

- Um anjo, os heróis dos humanos.

Fiz que sim, impaciente.

- Sim, sim, eu sei.... Mas qual o nome dele?

Por alguns segundos, ele analisou a obra, parecendo bastante concentrado, quando voltou-se e fitou meus olhos.

- Na verdade, acho que errei... Ele é um arcanjo, um dos primeiros anjos criados pelo Deus deles, e, a julgar pela sua espada – apontou para o aço flamejante pronto para um ataque, como se o convidasse a uma luta. – Creio que deva ser Arcanjo Gabriel.

Assenti, grata por ele saber, a anotar sobre estudar mais sobre as demais religiões, e toquei de leve o vidro gelado, meus dedos a passarem-se pelas asas tensas e preparadas para um vôo.

- Eu sinto como se... De repente... – olhei para os lados – Eu tivesse que achar algo. Como se ele, esse tal Arcanjo Gabriel fosse me levar para a pista. Algo. Eu tenho que achar. Vamos lá, Danika – andei de um lado a outro, desligando-me dos olhos confusos de Lucien me fitando. – Tem algo, lembre-se. Lembre-se. O que poderia ter a ver com esse Anjo...

- Arcanjo – corrigiu Lucien.

- ... que me leve a algo? O que algo Cristão pode ter a ver com os Gregos? Sim, eu sei, muitas coisas, mas, mesmo assim... Isso não faz lógica. Um Anjo?

Lucien cruzou os braços, revoltado.

- É Arcanjo, Danika!

- Que seja! – joguei minhas mãos para o alto. – O que pode ter a ver... – parei. – Hey, você disse que era um Arcanjo, certo?

Ele bufou.

- Disse isso pelo menos umas três vezes. Sim, e daí?

Sorri, uma idéia brilhando em minha mente.

- Então, qual a diferença entre Anjos e Arcanjos?

- A começa pelo simples fato de que, alem de mais fortes, os Arcanjos foram os primeiros criados na aurora da vida, quando Deus fez os primeiros seres com asas. Eram o braço direito de Dele. – revirou os olhos – O que tem isso, Danika?

Mas eu o ignorei.

- Você disse, Arcanjos e não Arcanjo... São mais de um?

Lucien arqueou uma de suas sobrancelhas loiras, seus olhos azuis muito surpresos com tal fato, como se eu estivesse apenas brincando com ele.

- Serio que você não sabe?

Suspirei, com a minha pouca paciência esgotando-se, e revirei os olhos, cética.

- Lucien, é serio. Eu não sei, então, dá pra logo responder.

- Ok, ok – ele fez o sinal de pare. – Ainda que eu ache que você esteja zombando de mim...

- Lucien.

- Ok. Eles são cinco. – quando ele parou de falar, o pressionei para que continuasse, o que o fez revirar os olhos, mas cedeu. – Arcanjo Gabriel, Arcanjo Rafael, Arcanjo... Acho que é Uriel, algo assim, ouvi falar pouco dele... Arcanjo Miguel e, por ultimo, como filho revoltado da linhagem perfeita, veio Arcanjo Lúcifer. São esses, acho eu, não tenho que me ocupar com eles quando se tem deuses e deusas Gregas vivas.

Absorvendo o que ele havia me dito, comecei a calcular e tentar encontrar as chaves que podiam combinar com aquilo. Andei de um lado a outro, as vezes fitando aquela imagem, outras tentando entender o porque daquilo quando, sem muita pressão, uma dica veio a minha mente e eu o fitei, assistindo o modo estranho que ele olhava para mim antes do mesmo perceber que detinha minha atenção. Logo, pigarreou e sorriu, de leve.

- Este prédio tem cinco andares, certo? – ele assentiu a minha pergunta, pegando um pouco da linha de raciocínio. – Cinco Arcanjos, cinco andares... Se estivermos no segundo, então há mais imagens como essas. Logo...

- Mais pistas – ele confirmou o que eu imaginava. E parecendo recordar de algo, ele franziu o cenho a fitar o Arcanjo. – Só o que acho mais estranho é o fato que eu juro que havia uma parede ao invés dessa janela ai. Alguém teria notado, não acha? É algo que chama muuuita atenção. E que, do outro lado, haja apenas um quadro. Sinto cheiro de perigo nisso.

E eu também podia sentir, mais do que desejava, uma vez que dormíamos ali, mas meu coração não se deixava enganar quando meus instintos me deixavam com um medo diferente dos demais. Concordei com ele, também a fitar o Arcanjo.

- Alguém quer que achemos algo – o olhei, apreensiva. – Só não sei o que poderá ser.

Ele enrugou adoravelmente o nariz.

- Odeio, do fundo do meu coração, essas missões.

- Somos dois, mas, venha, preciso de você. – sem esperá-lo, caminhei para o outro lado até estar de frente a obra. A principio, eu havia imaginado que seria algo extremamente simples e feito em tinta a óleo, mas eu estava enganada. Era uma foto, visualmente antiga pela seu suave desbotar do negro e pelo fato de ser preto e branco. E o que mais se destacava, era um homem, em tamanho muito maior, com uma bonita mulher, que eu imaginei ser de um filme, trajando um longo vestido, deitada em um bonito divã segurando o que parecia ser uma maça. E aquilo chamou minha atenção. – Se fossemos pela idéia dos Cristãos, esse seria Eva, certo?

Lucien franziu o cenho, apesar de assentir.

- E você tinha dito que não sabia.

Revirei os olhos.

- Não é como se eu não soubesse nada sobre isso. Apenas desconhecia os Arcanjos. De toda forma, o que Eva faz no mesmo corredor que o... – olhamos para o outro lado do corredor. – Arcanjo Gabriel? Não pode ser simples coincidência. Seria pedir demais.

Com um sorriso, Lucien assentiu e pegou minha mão.

- Vamos descobrir o que achamos nos demais andares.

Concordando, ele me guiou pelas escadas. No primeiro pavimento, havia um outro arcanjo, este de olhos levemente avermelhado por um poste que incidia a luz bem ali, tornando os olhos que deveriam ser brancos em um tom rubro, quase sangue. Este, segurava uma espada com um fogo mais brilhantes e vermelho que o de Gabriel e, juntando o fato deste ser moreno, Lucien decidiu-se de que aquele era o Arcanjo Rafael. Apesar de eu pouco compreender sobre isto, assenti, a confiar em sua palavra e fui ver a outra imagem, no lado oposto deste mesmo corredor. Dessa vez, era uma obra em aquarela, mas que de algum modo deu muita realidade ao desenho. Com um vestido de mesma cor da espada do Arcanjo, encontrava-se uma moça, não mais jovem que eu, fitando artisticamente o céu, com o que parecia ser carinho em seus olhos, que pela pouca luz (outro fato estranho), não soube me decidir se era escarlate ou roxo. Ao perceber que seria perda de tempo ficar triturando tal idéia, passamos para dois níveis acima, onde um guerreiro, com asas bronze, cabelos negros como ônix e olhos de tom verde, estava de lado, a espada rente aos seus musculosos braços. As chamas que pareciam crepitar delas eram de um tom azulado, tom de água e que criou uma idéia em minha mente. Lucien disse que este era Arcanjo Uriel. Ao fitar a imagem, outra vez uma fotografia, esta era colorida, havia um homem, um pouco forte, com a camisa a balançar pelo vento, sentado a beira de um precipício com um mar extremamente verde com os cabelos sendo remexidos pela brisa. Entretanto, como se encontrava de costas para o fotografo, não havia como ver sua face. Sem entender tais fatos, Lucien e eu olhamos um ao outro e continuamos a jornada. E o mais estranho, foi ver que, no próximo, a sua espada tinha um fogo, mas diferente dos demais, eram de um branco ou azul muito claro que talvez estivesse sendo afetado pela pouca luz vinda de fora para aquele andar. Mas, os olhos, deixaram claro que era exatamente aquela idéia que o artista queria ao criá-lo, ao serem de mesma cor da espada. Os cabelos eram muito loiros, e o rosto, fechado demais. O que levou Lucien a concluir que fosse Arcanjo Miguel. E a pintura do outro lado, de um homem olhando os céus, aumentou ainda mais minha idéia.

- E eu acho que já sei quem vamos achar lá em cima – sussurrei para ele, um pouco ofegante enquanto parávamos a um metro do ultimo. De olhos muito negros, quase carvão, contando com a luz provinda do luar, este Arcanjo tinha a espada acima da cabeça com as duas a segurá-la, como se fosse, de uma vez, cravá-la em algo que estivesse abaixo de seus pés. Seus cabelos negros levavam alguns fios caindo sobre seu rosto e suas asas, de um dourado radiante, mostravam-se mortíferas ao espectador. Surpresa com a beleza daquele ultimo, assim como Lucien, toquei de leve a luz rosada que aparecia em torno da lamina. Parecia o próprio...

- Nascer do Sol – murmurei, encantada com aquilo. – Laranja, vermelho, azul... É como pegar todas as cores que vemos e colocá-las aqui.

Lucien soltou um “aham”.

- E este é Lúcifer, a Estrela da Manha, algo assim. O filho revoltado e o primeiro de todos os Arcanjos.

Franzindo o cenho, o encarei, fitando-o de baixo, exatamente como se ele estivesse a ponto de me matar e toquei sua espada. Era estranho, e a minha idéia deixou de fazer lógica.

Sem nem que eu pedisse, escutei os passos de Lucien afastarem-se, enquanto eu mantinha-me a fitar o ultimo Arcanjo daquele prédio, a procura de achar uma lógica, quando escutei um “uow” proveniente do outro lado. Virei-me para ver Lucien, mas de longe, pouco conseguia enxergar com clareza. Só que era um quadro meio escuro e havia uma pessoa nele, assim como em todos os outros.

- Quem é esse ou essa, Lucien?

Desviando-se, como se saísse de um transe, ele me fitou, surpreso.

- Sem duvida alguma, é Hades.

E foi como se todas as peças se encaixassem. Eles queriam que nós uníssemos os que havia de Arcanjo com o que havia dos Cinco Deuses mais poderosos do Olimpo. Então, por tal lógica, Arcanjo Rafael, era Hestia, a mais Gentil assim como o Arcanjo,pelo que Lucien me dissera enquanto subíamos as escadas, logo, o ultimo a ser criado e não menos importante. Depois, vinha Hera como Arcanjo Gabriel, a Valente. Em terceiro, Arcanjo Uriel, ou seja, Poseidon, o Protetor, sempre a manter a ordem do seu jeito extrovertido. Logo, chegava Arcanjo Miguel, o Chefe, que sempre detinha a ultima palavra tão igual quanto Zeus. E por ultimo, Hades, o filho revoltado que fora expulso do Olimpo, assim como Arcanjo Lúcifer foi do Céu por Miguel. Só o que não fazia lógica nisto tudo, era a Ordem dos fatos. Zeus fora o ultimo filho e não o segundo, então o que haveria de diferente ali?

Enquanto encaixava as ultimas peças, fiquei a fitar o Arcanjo, com uma certa curiosidade de saber o que aquilo dizia no instante em que percebi que um fruto, nada menos que uma Romã, escondia a ultima parte da grande gravura. Um pouco surpresa, apanhei tal fruta e olhei, só por um instante o que havia ali. Uma estrela, que parecia prestes a raiar, igual ao sol aparecia. Mas não era a de uma maneira normal. Ao meio, havia o que parecia ser um nome. Quando forcei meus olhos, as palavras, um pouco difusas pela minha dislexia, se remexeram e ao traduzir do Latim, tudo se encaixou e a ultima coisa que senti foi o carpete vermelho fofo contra meu rosto, uma luz estranha vinda janela e Lucien correndo em minha direção, chamando por meu nome de uma maneira que eu jamais conseguia escutar. Quis corresponder, mas, com uma força surpreendente mãos me puxaram para o escuro e eu apaguei.

Lucien Grace Castellan

O quadro de fato era estranho, transformando-se no que parecia ser uma reprodução exata de quando Hades entregava a Romã para Perséfone, o que a impediria para sempre que ela fosse embora. Eu estava ali, fitando aquela imagem com muita curiosidade, quando um comichão começou a puxar minha blusa de frio. Era chato e por poucos segundos imaginei que fosse Danika, afinal só éramos eu e ela ali. Foi então que, revoltado, me virei para ver o que era e compreendi, surpreso, que havia mais do que apenas nós. Um pouco a minha frente, de um tom bem mais negro, uma forma se sobressaia. Se eu fosse menor, juraria ser um fantasma e a sua cor me deu um súbito arrepio gelado pela minha coluna. Contudo, ele parecia querer me dizer algo. Eu podia ver o formato de sua boca movendo-se, de forma incompreensível para mim, sua mão invernal roçando em minha blusa e a sua grande corcunda, a dar-lhe um aspecto ainda mais sombrio. E foi ao seguir seu dedo indicador em direção do outro lado do corredor que eu entendi. Danika, tentava dizer ele. Parecia querer gritar. E ao olhar para ela, encarando algo na obra, que compreendi que ele queria que eu fosse lá. Subitamente, surpreso com aquilo,eu me voltei para a Sombra e então, o som de algo, um corpo pesado, caindo ao chão, se alastrou pelo corredor. Não foi necessário outro chamamento da Sombra para que eu corresse, desesperado, ao vê-la de olhos abertos. O tom verde, vidrado, encarando um ponto sem fundo, infinito. E, por instante, meu coração congelou. E só o que eu pensava, ao correr, como um verdadeiro neto de Hermes, era que ela estava morta.

De repente, uma luz, muito mais forte, brilhou naquele corredor. Era branca, quase translucida e escondeu de mim, por milésimos o vestido vermelho de Danika, até que encurvei-me sobre a garota  e senti, com um péssimo pressentimento, o vidro acima de nós, quebrar-se e desmanchar-se em pequenos pedaços que caíram como chuva em minhas costas. Como se por ironia do destino, eu havia virado o rosto, para o lado onde um minuto atrás eu me encontrava, e lá, iluminado por aquela explosão, a Sombra esticou suas asas, por poucos segundos defini uma imagem de um Anjo, para então, juntamente do Brilho, sumir misteriosamente.

Esperei por algum tempo antes me mover, para minha alegria, como eu mesmo pude conferir, o peito de Danika movia-se, em um movimento relaxado que me fez ter a certeza de que ela havia caído em um sono profundo e que não conseguiria acordá-la tão rapidamente. Devagar, a puxei para meus braços, testando seus pulsos e vendo se havia machucado-se. Ao fim, percebi que meu corpo, afinal, havia a protegido dos cacos, o que foi muito diferente de mim. Ergui a cabeça e fitei o buraco retangular que trazia o vento gelado da madrugada, assobiando loucamente, fazendo-me recordar da imagem que ali havia. E depois olhar para a Romã, toda repartida e espatifada no tapete, para enfim encarar Danika. Sua expressão era impassível, estranha e muito peculiar. Não parecia exatamente dormir, nem algo assim, era algo mais...

- Danny, o que está acontecendo? – sussurrei ao abraçá-la com força, a fechar os olhos enquanto pequenas lágrimas caiam contra a minha vontade em meu rosto. Apertei-a mais contra mim e depositei um beijo em sua têmpora. – Você tem que voltar, Danny. Eu prometi te proteger, volte. Por favor. Danny, Isso só pode ser brincadeira. Danny, volte.

Por um tempo inderteminado, chamei-a, de todos os modos possíveis, com ela em meus braços, sempre a dormir. E nenhuma vez fui correspondido. As horas foram sumindo, e quando o sol nasceu, eu ergui minha cabeça, ligeiramente atordoado por ter perdido aquela quem eu mais dava valor, sentindo que a ficha caia aos poucos, olhei para sua mão, ainda com um pedaço da fruta estourada e deslizei um dedo pelo seu rosto, um pouco molhado pelas minhas lágrimas, a afastar alguns fios que grudavam em seu rosto. Suspirei, apreciando o contorno de sua boca e controlei minha fúria deste modo, a encará-la.

- Danika – suspirei de olhos fechados. - O que você descobriu?

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Notas da Sumida *---*

Caramba, eu estou, sem duvida, muiiiito enferrujada. Por que né...

Demorei três mil anos, mas o capítulo chegou *FINALMENTE* E talvez tenha realmente ficado sem noção. But, quem consegue entender essa minha mente louca e muito sem linha de raciocinio? Pois é, nem eu mesma .-. LOL 

Mas, ai, quem vocês acham que era aquela Luz e a Sombra? *sou má* E levei mais uma da historia... Agora o negócio tá ficando bom MUUUAAAHHHH *Curinga em Açaão* (adoro Batman *---* [acho que já notaram]) Então, quem será que pegou a Danika? Mas, será que ela foi raptada mesmo? 

Na proxima novela das oito, escrito por Nívea Letícia...

Globo - A Gente se vê por aqui (para sempre assim)

Ok, vou indo nessa que eu to morrendo de sono... São 05:40 agora e estou seriamente ferrada. Mas, de todo modo, Saudades de Vocês *------------* Feliz Ano Novo e espero que tenha tido um ÓTIMO Natal. ^^


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