Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 8
Capítulo 7




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Capítulo 7

“Essas feridas parecem não cicatrizar

Essa dor é tão real

Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar”

(My Immortal – Evanescence)

Narração: Edward.

Estou desesperado, perdido e fora de mim. Estou mudado.

Não sei se e bom ou ruim o novo jeito que me encontro, e não afirmo que tenha mudado da água para o vinha, apenas sinto, no meu intimo, que algumas coisas mudaram. Não sei rotularas ainda, não sei se e definitivo, só seu que não sou mais o mesmo.

Isso tudo e culpa dela... Culpa de Isabella.

Mesmo tudo isso sendo culpa dela, de essa mudança toda que esta acontecendo comigo, não sinto raiva ou rancor por isso, estou mais para... Agradecido. Não admitiria isso para ela, de qualquer modo, mas acho que quando chorei junto dela ontem, ela pode sentir, ou ao menos perceber, que da mesma forma que estava pra mim quando tudo desandava, ela simplesmente poderia contar comigo, quando toda a situação se desgastasse demais.

A menos que todo o seu desgaste fosse à relação a mim, caso esse fosse o motivo, eu nada poderia fazer, a não ser, evitá-la ao máximo, de modo que ela estivesse totalmente bloqueada da minha vida.

Mas eu não quero, de verdade, que ela fique de fora, porque quando ela está por perto, as coisas parecem se assentar mais e os pesadelos parecem ir embora por um tempo.

Mas o que eu estou pensando?

Levantei-me do sofá e comecei a andar de um lado para o outro. Às vezes fazer isso me ajudava a dispersar pensamentos incoerentes.

Olhei para o relógio de pendulo que tinha no canto e vi que já eram sete horas da noite. Tinha quase que vinte quatro horas que eu havia falado com Isabella pela ultima vez.

Não que de fato eu estivesse contando as horas, era só que... Eu realmente tinha contado.

Soltei um grunhido abafado e revoltado me sentindo frustrado.

Mesmo assim, o pensamento de quando será que ela voltaria se infiltrou em minha mente e ficou por lá, durante longas horas.

(...)

Narração: Bella.

Minhas pequena mochila já está pronta, só a espera de que eu a pegue e parte logo dessa cidadezinha angustiante.

Charlie fez questão que eu ficasse com o cordão da mamãe, que fora há anos atrás da minha bisavó. Não fiz charme, aceitei a lembrança mais segura da minha mãe e coloquei em meu pescoço. Assim, eu conseguia sentir que ela estava um pouco mais próxima do que de fato, ela poderia estar.

- Você pode ficar Bella, sabe disso. – Charlie voltou a repetir isso enquanto eu descia as escadas com minha pequena mochila nas costas.

- Não, eu não posso. – Olhei para ele que ia contestar. – E não quero ficar.

- Porque não? O que há de tão importante que a faz voltar? O seu baixo salário? As suas condições maravilhosas de empregada doméstica? – Ele ironizou. – Você pode escrever seu romance aqui, sem precisar lavar chão. Você pode começar a construir a sua família! Não tem nada a perder se ficar Bella.

- Há certos compromissos que eu não posso e não quero quebrar. – Respondi pensando em Edward. – Algumas coisas muito maiores do que minha simples condição de empregada doméstica.

- E essas coisas são? – Ele resmungou ranzinza.

- Esse assunto só diz respeito a mim e a outra pessoa envolvida. Não vou ficar tagarelando com você. – Respondi dando alguns passos em direção a porta.

- Bella. – Charlie segurou meu braço. – Estou ficando velho, só tenho você de herdeira, na verdade, você e a pessoa mais próxima de família para mim. Logo, eu também vou morrer, e não quero que isso aconteça não tendo conhecido direito minha única filha.

- Você não acha que e tarde demais para querer me conhecer agora? – Perguntei sem olhar em seus olhos. – Algumas coisas não se podem recuperar.

- Mas eu posso tentar não posso? Quero dizer, posso tentar recuperar o amor da minha filha, não posso? – Ele apertou mais meu braço.

- Algumas coisas não se podem recuperar. – Repeti o que tinha dito antes e puxei meu braço, voltando a andar em direção a porta.

Não ousei olhar para trás. Eu não queria e muito menos precisava vê a cara de decepção de Charlie. Sei que fui dura com ele, que deveria ter respondi que sim, ele podia tentar recuperar meu amor, mas a situação não era tão simples assim.

Eu tinha rancor, magoas do passado que ainda estavam presas a mim como se fosse coladas com super bonde. E eu não daria esperanças a meu pai, se todo o rancor ainda continuava em mim.

O coração não pode ser mandando. Você não pode obrigá-lo a parar de amar alguém só porque quer, e também não pode obrigá-lo a amar outra pessoa só porque ela pede. E eu não iria me esforça para que meu coração voltasse a aceitar Charlie se ele não queria isso.

Eis que ele teria que aprender que certas coisas ele não tem total controle. E o meu coração, era uma dessas coisas.

(...)

Era quase onze da noite quando eu desembarquei no aeroporto central de NY. Peguei rapidamente o primeiro taxi vago que vi e dei o endereço da mansão. Tinha tido sorte, já que taxi vago há essa hora era quase que um milagre.

Abracei minha mochila e fiquei olhando para fora da janela enquanto nos afastávamos do centro de Nova York para nos infiltrarmos na pequena estrada de terra que levava ate a mansão.

A noite estava relativamente fresca, comparando ao frio que há pouco tempo eu senti em Forks. Gostava desse clima de Nova York, o clima louco que em um dia era chuva e no outro, sol. Isso era bom de verdade, pois deixava tudo mais dinâmico e menos monótono.

Eu já tive monotonia demais em minha vida.

- Chegamos senhorita. – O taxista disse.

Ele parecia ser novo, com cabelos vermelho alaranjado e sardas no rosto. Peguei o dinheiro que estava no meu bolso e entreguei a ele.

- Obrigada. – Ele fez que sim com a cabeça e quando eu sai do táxi deu a partida rapidamente.

Tempo aqui e sinônimo de dinheiro.

Eu tinha as chaves da mansão, por isso, não precisei ficar importunando ninguém para que abrisse o portão para mim. Retirei as chaves da parte da frente da bolsa e abri os grandes portões.

Entrei e fechei novamente o portão.

Caminhando devagar e sem fazer barulho, atravessei à longa distancia entre o portão e a mansão e dei a volta por ela, indo para os fundos. Amanhã eu olharia em que condições a mansão estava... E só amanhã eu veria com que cara eu iria encarar Edward.

(...)

Narração: Edward.

Eu estava sentado na escada de entrada da cozinha encostado na porta fechada. Queria da um “oi” para Isabella, para vê se ela estava bem.

Sei que pareço idiota agindo assim, mas isso era mais forte do que eu. Sem contar, que já era tarde da noite, e ela já deveria ter voltado há tempos.

Escutei passos leves e virei para vê Isabella andando devagar e tentado ser silenciosa, como se não quisesse incomodar ninguém. Ela continuou andando em direção ao seu quarto sem perceber que eu estava olhando-a.

- Isabella. – Chamei seu nome fazendo ela da um pulo e cair no chão.

- Merda. – Ela resmungou.

Levantei de onde eu estava e andei ate ela. Isabella levantou do chão batendo as palmas das mãos na calça.

Todas as luzes da mansão estavam apagadas, tanto as de dentro como as de fora. Por isso, não conseguia vê direito seu rosto, mas sabia que provavelmente ela estava corada.

- Você me deu um susto. – Ela reclamou.

- Desculpe. – Respondi dando um passo para trás.

Ela olhou para a palma da mão direta e soltou um leve resmungo. Estiquei um pouco meu pescoço e consegui vê que saia um pouco de sangue de sua mão.

- Você se machucou. – Entortando minha cabeça um pouco para o lado mordi meu lábio inferior.

- Isso aqui? – Ela levantou a mão e riu. – Não e machucado não, e só uma marquinho bonitinha. – E sorriu. – Bom, eu vou indo dormi, estou cansada.

- Ta... – Concordei com a cabeça. – Mas... – Dei outro passo para trás inseguro. – Você esta bem?

- Sim. – Ela balançou a cabeça fazendo seus cabelos compridos voarem para seu rosto. Ela sorriu graciosamente e ingenuamente para mim. – Na verdade, estou bem graças a você. Muito obrigada.

- Ah... – Senti um calor desconhecido invadir meu rosto, e soltei uma risada sem graça, dando outro passo para trás. – De nada, eu acho. – Enfiei minhas mãos dentro do bolso do meu moletom.

Em um ato rápido, Isabella envolveu seus braços no meu pescoço e beijou minha bochecha. 

- O que você fez por mim, foi à coisa mais legal que uma pessoa que me conhecia tão pouco já fez. – Ela disse ao me soltar e riu ai perceber que eu estava um pouco paralisado.

Isabella ajeitou a mochila nas costas e continuou seu caminho para seu quarto.

- Boa noite Edward. – Ela disse quando destrancou a porta e acenou. – Tenha bons sonhos.

E fiz um movimento rápido com a cabeça e entrei dentro da mansão. Fechei a porta e toquei minha bochecha quente onde ela há pouco tempo tinha beijado.

Agora mais do que nunca eu não sabia o que pensar. As únicas poucas coisas que nesse exato momento eu podia afirmar era que eu estava feliz que ela estivesse de volta, e o meu coração estava acelerado.

(...)

Não consegui dormir. Estou me sentindo incomodado com sentimentos e pensamentos que eu nunca tive um dia. Não direcionados a mim mesmo pelo menos.

De repente, ao cair da madrugada, eu me pego pensando em como seria ter uma família, com filhos, esposa, e tudo que uma típica família americana teria. Me pego angustiado querendo ter essa normalidade americana. Quero ser um pai chato que fica perguntando onde seus filhos estão indo toda hora, não ligaria de ter que ir a escola deles vê suas notas ruins ou pega-los por terem sido suspensos. Eu sinceramente, daria qualquer coisa para poder ter só isso. Esses problemas tão rotineiros na maioria das vidas americanas.

Já tive sim meus sonhos de ter meu final feliz, minha própria normalidade. Mas nunca, em nenhuma das diversas vezes que sonhei com isso, eu quis ter uma companheira ao meu lado, ou crianças.

Mas agora eu quero. Agora, depois que eu senti os lábios de Isabella em minha bochecha e meu coração acelerar de emoção com aquilo, eu quero. Quero ainda mais que seja com... Não!

Interrompo a linha louca de meu raciocínio para não concluir algo que está aqui, cravado no meu cérebro e na ponta da minha língua.

Eu mal a conheço, isso seria tão irreal da minha parte, tão ridículo e bobo.

Por Deus, no que eu estou me transformando? Não me reconheço mais. Pareço mais com um estranho qualquer do que comigo mesmo. Eu não sou assim! Não posso ser assim!

Mas porque não?Porque não pode ser assim? Normal? Escutei uma voz sussurrar em minha mente perguntas que eu não tinha respostas. Se você quiser, você pode! A voz continuou a sussurrar-me bobagens.

Sentei-me na cama e colei meus joelhos no meu peito, apoiando minha cabeça neles. Dei algumas batidas fortes na minha cabeça, enquanto movia meu corpo para frente e para trás.

Isso tinha que parar, eu não tinha mais espaço para mais perturbações.

Porém, a maldita voz continuou a sussurra em minha mente: “Se você quiser, você pode!”  Isso estava me deixando louco, porque eu sabia que não podia.


(...)

Quando eu acordei não sabia ao certo que horas eram. O quarto estava abafado por eu não ter deixado o ar ligado, e os lençóis embaixo do meu corpo encontravam-se molhados.

Praguejei o maldito calor, e me levantei da cama, jogando as cobertas no chão. Caminhei ate o banheiro e fiz minhas necessidades. Joguei água gelada em meus olhos inchados, e sai do banheiro. 

Escutei barulho no corredor, e me sentindo entediado abri a porta do quarto para vê Isabella passando aspirador de pó no carpete, mexendo os quadris. Ela estava totalmente alheia a tudo que acontecia ao seu redor, e as únicas coisas que parecia prender-lhe a atenção, era a musica que cantava baixinho – acompanhando de alguém aparelho eletrônico – e suas mãos se movimentando freneticamente guiando o aspirador.


- So raise your glass if you are wrong,

Então erga seu copo se estiver errado

In all the right ways,

De todas as formas corretas,

All my underdogs,

todos os meus oprimidos

We will never be, never be anything but loud

Nós nunca seremos nada além de barulhentos

And nitty gritty, dirty little freaks

E piolhentos sujos louquinhos

Won't you come on and come on and raise your glass,

Você não virá e virá e erguer o seu copo?

Just come on and come on and raise your glass

Apenas venha e venha e erga o seu copo


Fiquei tentado em interrompê-la, porém deixe-me assisti-la alguns minutos mais em seu remexer de quadris. Ela parecia bastante à vontade enquanto se movimentava, como se esses atos fossem comuns de serem feito aqui na mansão – na verdade, como se a mansão fosse um lugar propício para se ter muita vida, danças, e até alegria.

- Ah... – Comecei a falar, mas ela não me escutou. – Isabella? – Falei de novo.

Eu estava bancando o estraga prazeres fazendo isso, mas era como se ao mesmo tempo que partes de mim quisesse ficar olhando-a, outras me recriminavam pelo meu ato e por eu sentir prazer em apreciar todos os movimentos dela. 

Sai de onde eu estava arrastando meus pés no carpete limpo, e caminhei ate ela. Sem ter consciência real das minhas atitudes, eu parei atrás dela e tirei um de seus fones do ouvido. Sua cantoria morreu na hora em que ela deu um pulo se assustando.

- Deus, você tem que parar com isso. – Ela reclamou enquanto respirava fundo para tentar acalmar seu coração. – Parece até que gosta de me vê assustada. – Resmungou de novo e corou.

Na verdade, eu gostava. Suas bochechas sempre ficam coradas, e seus olhos sem ganhavam um tom de chocolate muito mais intenso, sem contar com o tamanho de bolas de gude que apresentavam. Os lábios dela ficavam sempre entre abertos, enquanto ela respirava fundo, intercalando me fuzilar com o olhar, e reaprender a respirar. Reparando bem, Isabella tinha lábios levemente carnudos e muito vermelhos – era algo realmente chamativo.

- Desculpe. – Dando um passo incerto para trás, voltei para a porta do quarto onde eu tinha dormido, e encostei-me à madeira. – E só que e muito interessante vê você assustada. Suas reações são fascinantes. – Falei rápido sem passar minhas palavras pelo meu filtro mental e senti um calor subir meu pescoço enquanto minhas bochechas iguais as dela, ganhavam um tom rosado.

- Oh... – Sua boca ficou em um pequeno formato oval, mas rapidamente ela a fechou e olhou para os lados sem saber o que dizer.

- Desculpa. – Sai de onde eu estava de novo, um pouco atrapalhado. – Eu... Eu não ia dizer aquilo! Eu... – Minhas bochechas estavam ficando mais vermelhas, eu podia sentir. Ainda próximo de Isabella, coloquei meu rosto entre minhas mãos, muito envergonhado. Isso não era normal, eu quase nunca ficava envergonhado.

- Hey, estamos quites agora, não precisa se envergonhar de nada. – Ela cutucou meu ombro de leve com o indicador. – Deixe de bobeira. – Olhei para ela, que sorriu genuinamente para mim. – Vamos, isso e só mais um de nossas coisas. Nossos segredinhos. – E sorriu mais abertamente, cúmplice.

Isabella estava tentando me passar confiança e ser ainda mais legal do que eu já a achava. Mas suas bochechas ainda estavam coradas enquanto ela falava.

- Preparei umas panquecas para você. Não e por nada, mas posso lhe garantir que estão muito boas. – Ela fez que sim com a cabeça. – Você deveria descer para comer, porque eu tenho quase certeza que se esqueceu de se alimentar enquanto estive fora. – Ela encostou o aspirador de pó na parede e passou as mãos na bermuda. – Vamos, eu coloco para você.

Ela saiu andando pelo corredor e desceu rapidamente pelas escadas, já familiarizada. Acompanhei seus passos rápidos em silencio. Estava ainda mais constrangido, porque certas palavras dela rondavam minha mente. “E só mais uma de nossas coisas” Aquilo pareceu-me tão intimo, e fez meu corpo se sentir totalmente relaxado.

Nossas coisas. Eu poderia viver com isso.

(...)

Narração: Bella.

Não vou nem me recriminar por estar tagarelando desse jeito ou muito menos por onde eu estou me metendo. Eu falo sem parar para preencher o ar tenso e constrangedor que paira entre eu e Edward. Sei muito bem onde estou me metendo, e pior ainda, sei que e território minado, mas o que eu posso fazer, se eu o considero agora como um grande amigo?

Não que ele saiba disso na verdade, mas... Isso não tem muito importância, tem?

Coloquei algumas panquecas na frente dele, junto com algumas coberturas, como mel, chocolate e morango. E enchi um copo com leite puro.

- Estão realmente boas. – Ele comentou enquanto devorava a terceira panqueca.

Não pude deixar de sorri largamente para ele por causa do elogio. Mesmo assim, ainda tinha reparado em como ele estava com um apetite um tanto quanto fora do comum. Edward não era o tipo de homem que comia muito. Ou pelo menos, se era, nunca havia feito isso em minha frente.

Segurei minha língua e não comentei sobre o assunto, apenas me retirei da cozinha voltando para minha limpeza no andar superior.

Não posso negar que fiquei mais que surpresa quando entrei na mansão e encontrei tudo – ou pelo menos quase tudo – da forma que eu tinha deixado. A casa estava meio suja, e esse era o maior dos problemas e diferenças que eu tinha visto. Não havia moveis fora do lugar ou despedaçados. Tudo estava na mais perfeita ordem. Isso chegava até ser um pouco assustador.

Não acho que dessa vez minha mente fantasiosa esteja me fazendo imaginar coisas, porque eu consigo vê que Edward está diferente. Ele parece estar mais... Solto? Descontraído? Livre? Não sei como definir. Mas que ele está diferente ele está.

Eu por outro lado, também não fujo das mudanças.

Não tive uma boa noite de sono anteriormente, e por isso, passei horas e mais horas, apenas pensando. Pensei em Charlie, em Forks, em tudo que aquela cidade tinha a me oferecer e o que me ofereceu. Pensei na mamãe. E até Edward não escapava da minha interminável linha de pensamentos e reflexões.

Ainda estou muito chateada e triste pelo o que aconteceu, pela morte prematura de minha mãe. Mas eu nunca fui do tipo de ficar remoendo durante muito tempo certos assuntos, e por isso, eu decidi fazer o mesmo com esse em especial. Isso era para meu próprio bem, caso contrario, eu estaria destinada a um futuro totalmente de lamurias e lamentações. Não quero isso, e não posso deixar que isso aconteça.

Então, durante boa parte da noite enquanto meus olhos estavam fechados e minha mente trabalhava rapidamente, eu deixei-me imaginar uma boa e duradora conversa com minha mãe. Expliquei-me tudo que aconteceu em minha vida durante esses anos longe, disse que sentia muito que ela tivesse partido antes mesmo de podermos ter nossa ultima conversa.

Contei sobre como Charlie parecia querer que eu ficasse em casa ao seu lado. Que ele parecia triste pela perda dela, e que estava se sentindo só. Que nós dois éramos um posso de pessoas sozinhas, que mesmo tendo de certa forma um ao outro, nunca poderíamos nós completar. Eu consegui explicar para ela que certa parte de mim sentia muito por tudo isso, mas que tudo era muito mais complexo do que se parecia. Meu coração fechado em relação a Charlie impedia que pudéssemos nos consolar.

E por fim, eu falei para ela sobre Edward.

Disse para ela que eu trabalhava para um homem bom e que era tão solitário quanto eu. Mas que ele tinha problemas, e que eu achava que coisas ruins tivessem acontecido no passado com ele. Contei para ela que ele não sabia, mas que era considerado um grande amigo, que ele tinha chorado comigo quando ela morreu.

Em minha mente, estávamos em uma campina que costumávamos visitar só nós duas quando eu era criança em Forks. Era o nosso lugar especial e particular, descoberto apenas por nós e poucos animais.

Mamãe não falava muito, apenas escutava com atenção tudo o que eu dizia.

No final, nós nos abraçamos, e dissemos que nos amávamos, e que a partir de agora, cada uma continuaria seguindo seu caminho, seja lá qual for o dela. Nosso caso estava encerrado, e agora, eu tinha que me forçar a esquece de sua morte prematura, e de como isso era doloroso. Pelo menos, eu ia tentar.

Depois disso tudo, eu ainda assim não preguei os olhos durante toda a noite, e por isso, fiquei apenas repassando a cara de espanto de Edward quando beijei-lhe o rosto. E foi impossível deixar de pensar se ele já tinha recebido algum beijo, de alguma mulher tanto no rosto como na... Boca. Lógico que Alice e a tia dele não contavam.

Eu sei. Sei que era um pensamento atrevido. Mas isso tudo era culpa dele, de sua reação exagerada ao meu ato de agradecimento. Foi só um beijo no rosto e ele ficou totalmente sem graça.

Talvez fosse pelo fato do nosso contato ser patrão e empregada. E tudo bem, depois que eu fechei a porta do quarto, quis me matar pelo meu ato impensado. E me senti muito ridículo e tudo mais. Ainda mais porque meu coração ficou meio que acelerado por causa do idiota beijo no rosto!

E... Na real, começo a achar que eu não deveria ter ficado pensando bobagens sobre Edward. Fiquei tão paralisada quanto ele.

Mas... O que foi aquilo no corredor? Foi muito constrangedor!

Edward disse que eu era fascinante! E depois ele corou. Na verdade, nos dois coramos, para vê o tamanho da vergonha e tensão que ficou entre nós naquele momento. 

Fascinante... Ninguém nunca tinha me dito isso antes, e eu juro que se não tivesse passado por certos momentos com Edward, e o tivesse conhecido – pelo menos, em alguns aspectos eu o conheço – eu acharia que ele estava tentando me cantar ou algo assim. Porém, eu sabia que isso não era do tipo dele. Não sei que tipo de “cantada” e o tipo dele. Sinceramente, acho que ele não e um cara que fica jogando cantadas por ai.

Pelo pouco tempo que passei por aqui, sendo uma pessoa muito sincera, acho que ele não e um homem que se envolva com os outros. Posso parecer bem ridícula por estar divagando sobre isso, mas para mim, e pelo o que eu entendi, Edward nunca saiu da mansão e com isso... Nunca teve nenhuma relação.

Droga. Sinto-me envergonhada de ficar pensando essas coisas, mesmo que seja só eu mesma que sabe dessa situação toda.

Parou Bella! Você não vai mais pensar nessas coisas! Nunca mais! Briguei comigo mesma, como uma forma para eu aprender a me controlar.

Minha mente não e do tipo que costuma ter um filtro e eu sempre acabo soltando ou fazendo algo. Sou impulsiva. Sei disso, e também sei que por causa dessa situação, se eu não me controlar vou passar vergonha e pior ainda, posso ate perder uma amizade que começava a acontecer ainda.

Eu ainda limpava o carpete do corredor quando notei que Edward estava parado no topo da escada me encarando. Ele percebeu que eu o vi e desceu as escadas rapidamente. Poucos minutos depois, ele estava no topo da escada de novo, e depois descia.

Imaginando que essa reação era o principio para algum de seus ataques. Parei novamente o que eu estava fazendo encostando o aspirador na parede.

Quando Edward apareceu de novo no topo da escada, e parou durante poucos minutos, chamei seu nome.

- Edward. – Ele me encarou, e seus olhos começavam a ganhar aquele ar transtornada que eu já havia visto outras vezes. Caminhei ate ele, ficando alguns passos longe ainda, não querendo que ele se assustasse com minha aproximação. Porque quando ele entrava no modo transtornado, eu não sabia o que esperar. – Está tudo bem?

- Sim. – Ele respondeu rapidamente.

Estudei as linhas de seu rosto um pouco mais, sabendo que ele não estava bem.

- Ah... Serio? – Franzi meu cenho. – Não e querendo força a barra mais... Você não parece bem, está agindo de modo...

- Estranho. – Ele completou a minha frase com um resmungo. – Eu sempre ajo de modo estranho Isabella, isso não deveria te deixar preocupada. – Ele olhou para o lado. – Porque não e da sua conta, você sabe. – O final da frase foi um pouco dura.

Senti meu corpo ficar um pouco tenso, mas logo passou. Ele afinal de contas, poderia ate ter mudado, mas não da água para o vinho, certamente. Sua relutância em deixar eu ser sua amiga e se abrir comigo era palpável, e com toda certeza não tinha mudado.

- E eu sei. – Sorri um pouco de lado tentando descontrair. – E você também sabe que coisas que não são da minha conta sempre me atrai. – Mexi minhas sobrancelhas para ele sugestivamente, e ele deu de ombros.

- Já percebi isso. – Resmungou e desceu as escadas de novo, de modo rápido, e voltou a subir. Sua blusa branca começava a mostrar marcas de suor.

Quando ele parou novamente no topo da escada voltei a abordar ele.

- Não vai mesmo falar o que esta acontecendo? – Ele praguejou baixinho e me encarou um pouco bravo. – Talvez eu possa ajudar.

- Não quero sua ajuda Isabella, eu já não lhe falei que quando precisar aviso? – Praticamente gritou.

Não respondi nada. E ele percebendo que eu não responderia, ou muito menos gritaria com ele, se sentou meio derrotado na escada.

- Não entendo essa sua louca necessidade de querer saber como eu estou ou tentar aliviar as coisas para mim. – Falou baixinho. – Você deveria pensar que sou louco, ou no mínimo perturbado. – Respirou fundo e olhou para o teto se encolhendo um pouco. – Ou talvez ache que sou um homem de 35 anos, totalmente derrotado. – Isso ele falou mais baixo ainda.

Sentei também na escada, um pouco afastada dele, perto do corrimão. Eu tinha sim o achado perturbado, mas nunca havia visto-o como um homem na casa dos 35 derrotado. Eu o via como um homem com problemas e ponto final. Nem louco ele chegava a ser... Não mais pelo menos.

- Você não acha que está falando besteira? Porque eu acho. – Disse apoiando minhas mãos atrás do meu corpo e olhando para o teto claro.

- As coisas não deveriam ser assim. – Continuou a falar baixinho com voz de injustiçado.

- E como deveriam ser então?

- Diferentes. Melhores. – Parei de encarar o teto para olhar para o homem que se encolhia ao meu lado.

- O que quer dizer com isso Edward?

- Que eu estou cansado. Que a minha vida e a maior piada de mau gosto, e que eu queria que tudo fosse diferente. Odeio tudo isso, essa mansão, as lembranças que estão cravadas nessa maldita mansão. Elas não são boas, sabia? São coisas ruins, que machucam, e que doem ainda hoje. Odeio minha maldita vida. Ela e dividida entre dor, tédio e tristeza. Eu odeio tudo isso. E respondendo agora sinceramente a sua pergunta, não estou bem. Nunca estive bem na verdade. Mas pelo menos, eu não era confuso... E só que agora, continuo odiando tudo e para acrescentar meu pacote de desgraça, sou a pessoa mais confusa que já existiu! E tudo tão frustrante. – Virei meu rosto rapidamente para frente chocada com o discurso.

Ele se abrira comigo. Foi um pouco confuso, mas... Ele se abrira comigo! Estamos dando passos, passos para o que me fez permanecer aqui. Passos para ele se encontrar. Talvez ate ser feliz de verdade.

Suspiramos juntos, e eu sorri um pouco de lado, mesmo com a situação estranha.

- Às vezes, também odeio minha vida. E odeio ser quem sou. – Falei devagar sem olhar para ele. – Porque sabe, meu passado foi uma grande merda. – Dei de ombros. – Mas eu sempre tento me lembrar, que o que passou realmente ficou para trás, e sempre afirmo para mim mesma que eu superei meu passado.

- Não e tão fácil assim Isabella. – Ele riu com amargor ao dizer isso.

- E você acha que eu não sei? – Respondi rindo amargamente também. – Mas sejamos sinceros, o que e fácil nessa vida? Eu te respondo. Nada. – Suspiramos juntos novamente.

- Nada. – Ele sussurrou. E então, finalmente buscou meu olhar. Olhei para ele meio acanhada, mas sem desviar meus olhos de seus belos pares de olhos verdes. – O que você faz quando está confusa? Quando nada se encaixa e quando você mesma não se reconhece? – Perguntou com um tom de voz tão ingênuo, que me fez olhar para ele como um garotinho.

- Nada. – Sua testa ficou franzida. – Eu espero que tudo se desenrole como deve ser. Espero que as respostas apareçam.

- E se elas não aparecerem?

- Elas sempre aparecem, sejam boas ou ruins. Acredite, elas sempre aparecem. – Afirmei para ele.

Ficamos durante um bom tempo em silencio, acho que horas, apenas cada um com seu próprio pensamento, esperando suas respostas aparecerem. Bom, na verdade, acho que ele ficou esperando suas respostas aparecerem, a minha já tinha aparecido.

Agora mais do que nunca, eu sabia que estar nessa mansão, com esse homem, ajudando-o com o que quer que seja era o certo a se fazer. 

Não dava para evitar lembrar-me de seu jeito ingênuo e precisando de ajuda quando ele me fez perguntas. E pior ainda, não dava para evitar, deixar que me escapasse o pensamento, de que ele precisava de mim, assim como dias atrás eu precisei dele.




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Notas finais do capítulo

Então, demorei? Se sim, eu juro que tentei se rápida gente.
Esse capítulo teve varias novidades não é? Edward e Bella finalmente estão dando um passo real para se aproximarem, *-*
Bom, e isso, vou tentar ser rápida para postar o próximo, mas não e garantia, porque meu tempo anda bem apertado.
Espero que tenham gostado, e comentem!Ah, to com uma fic nova, chamada De volta as Origens. Se alguém puder, da uma passada lá.
http://www.fanfiction.com.br/historia/137271/De_Volta_As_Origens
E isso, beijos e até logo. Não deixem de comentar ein gente!