Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora!
Boa Leitura mesmo assim, (:



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Capítulo 6

“Pois paz sem voz, paz sem voz
Não é paz, é medo!”

(Minha Alma - O Rappa)

Narrador: Bella

A situação toda se ajeitou de modo mecânico e rápido. Quando eu dei por mim mesma, eu já estava enfiada dentro de um avião, em um banco confortável e com varias aeromoças oferecendo-me aperitivos.

Acho que depois de algumas horas sai do chuveiro, e fui andando ainda enrolada na toalha molhada até a mansão, e avisei a Edward que eu precisava de uns dias para resolver problemas familiares.

Não tenho certeza, mas acho que eu vi Edward dar alguns passos em minha direção como se fosse perguntar o que houve ou me abraçar. Não sei ao certo se isso aconteceu, talvez eu estivesse em um momento de torpor tão grande que eu vi o que eu queria que tivesse acontecido.

Preciso de um ombro amigo nesse exato momento, mas eu não tenho. Em lugar nenhum. Estou tão só e pela primeira vez na minha vida, isso parece ruim demais. Isso dói, correi-me por dentro, como se eu fosse insignificante o bastante para ninguém se importar em como meu coração estava em pedaços.

Meu mundo virou de ponto a cabeça, e eu estou perdida.

Mesmo assim, eu continuo sem chorar, sem expressar o quanto eu sofro ou o quanto estou destruída. Pareço serena e conformada até.

Mas que ironia tudo isso não? Porque eu daria tudo para poder expressar toda angustia que eu sinto, assim como Edward faz, mesmo que para isso, eu precisasse parecer uma louca fora do controle.

Não consigo porém. Apenas permaneço com meu rosto na mesmice de sempre.

- Quer algo senhorita? – Uma aeromoça com traços asiáticos, perguntou-me com um sorriso incerto nos lábios.

Balancei minha cabeça negativamente, e ela se afastou, com um aceno.

O único lugar no voou que eu consegui foi para a classe executiva – não era uma viagem muito grande, por isso, não havia primeira classe.


Sem me importar que tivesse gastando todas as minhas economias, eu aceitei o lugar mais caro no voou que me era oferecido. 

Não era hora para eu ficar sendo mesquinha, e eu não faria isso de qualquer forma.

Olhei para a pequena janela ao meu lado e encarei o céu escuro que estava ao meu redor. Ele estava nublado e parecia tão angustiante que olhando para ele consegui buscar um pouco de conforto.

Talvez eu não estivesse só na real, já que o céu parecia compartilhar as angustias comigo.

(...)


Narração: Edward.

Há algumas horas atrás quando eu vi Isabella sair pelos grandes portões da mansão, eu me senti aliviado por saber que aquela criatura estranha não estaria por dias tão perto de mim, cercando-me e se infiltrando em meus pensamentos.

Sou muito idiota ao ter pensando isso, porque desde que eu há vi naquele estado – de toalha de banho, cabelos encharcados e um olhar tão perdido que muitas vezes eu também já tive – ela não saia da minha mente. Era como se eu estivesse ligado 24h em um programa de TV onde o único assunto fosse Isabella Swan.

Não sei qual e o meu problema, sinceramente. Eu queria descobrir o porquê dela se infiltrar tanto assim em minha mente. E angustiante, porque minha vida que fora traçada por tantos problemas e confusões – que antes eu sabia os motivos – agora recebia um problema a mais, mas sem descrições do porque estar ali.

O problema só tinha um nome, e havia vindo embrulhado em um corpo miúdo de uma mulher muito bonita, porém determinada demais para meu gosto.

Mesmo assim, eu sabia que não havia mais volta para o caminho que mesmo sem querer eu começava a percorrer com Isabella. Era um caminho ainda curto, traçado por incertezas onde ela comandava. Um caminho totalmente sem volta, já que só agora eu entendia como todo esse lugar sem ela era mais estranho do que sempre fora.

Eu deveria estar revoltado com isso, chutando tudo e quebrando tudo, como já fiz tantas vezes. Mas hoje, eu simplesmente não quero e não tenho forças para isso.

Atravessando a distancia que separava a mansão do quarto onde Isabella ficava, eu sentei-me em sua porta, e encostei minha cabeça na madeira.


Aqui, olhando a noite escura e na porta do quarto onde ela ficava eu me sentia em paz. Isso era algo totalmente novo e revigorante, já que a paz em si, só esteve em minha vida, por pouquíssimos momentos.

(...)


Narração: Bella.

O voou havia chego a Port Angels a pouco mais de 40 minutos. Conseguir depois um táxi para Forks foi fácil, já que poucas pessoas iam para aquele rumo. Não era por menos, Forks não tinha nenhum ponto turístico bombástico, que atraísse gente.

Chovia, o que eu já esperava, porque raras eram as noites em que o céu não estava nublado despencado água sob as casas e a densa mata ao redor de cada.

Respirei fundo.

- Você e Isabella Swan. – O motorista afirmou olhando-me pelo retrovisor.

Dei de ombros, fazendo sinal afirmativo com a cabeça. Eu não me lembrava dele, mas se ele era morador de Forks, com toda certeza se lembrava de mim. Forks era uma cidade pequena, onde todos se conheciam.

- Sinto muito pela sua perda. – Sua voz era mansa como se não quisesse cutucar feridas não cicatrizadas.

- Obrigada. – Murmurei e voltei minha atenção para a mata.

Não havia pensamentos concretos rondando meu cérebro mais, por isso, quando o táxi parou em frente à grande casa dos Swan, eu tomei um susto.

Abri minha carteira e paguei o motorista, saindo logo do carro.

Não era preciso abrir a porta malas, já que a única mala que eu trazia era uma grande mochila, que ficara comigo o tempo todo.

Sem dizer nada a mais, eu caminhei pela entrada da minha antiga casa, onde a luz da varanda estava acesa e toquei a campainha. Poucos minutos depois, a Sra. Stanley abria a porta para mim. Olhou-me cheia de pena e deu passagem para que eu entrasse.

Como eu gostaria de dizer que olhar para a casa de moveis luxuosos e confortável em que eu estava, me era familiar. Não era, e eu sabia que nunca seria. Aqui, nunca teria aquele ar reconfortante de estar de volta para casa.

- Bells. – Escutei a voz do meu pai vindo da cozinha.

Agindo no modo automático, virei meu corpo para sua direção e caminhei em passos lerdos ate onde ele se encontrava.

Charlie não mudara nada. Nem o bigode, nem a forma pomposa em que gostava de se vestir e muito menos seu olhar de desgosto para mim.

- Olá. – Disse apenas e continuei parada encarando ele.

Nunca fomos do tipo de se abraçar ou dar apelidos super carinhos um para o outro. Ele me chamava de Bells e eu o chamava de pai. Era assim que sempre foi, e não era por estarmos nessa atual situação que as coisas viriam a mudar.

- Então, você veio. – Disse por fim.

- Ela e minha mãe, eu tinha que vim.

- Não, não tinha. – Franzi o cenho e olhei para o lado, dando de ombros. Tão inesperadamente, senti os braços dele ao meu redor e ele abaixar a cabeça para sussurrar em meu ouvido. – Você não chorou.

Meus braços continuaram parados sem retribuir o abraço. Não confirmei o que ele disse, mas também não contestei. Talvez ele me conhecesse o suficiente para saber quando eu tinha chorado.

Seus braços largaram meu corpo e ele deu um passo para trás analisando-me.

- Está mais magra do que antes. – Disse. – Pode ficar se quiser... Se as coisas não estiverem indo tão bem assim.

- Não preciso ficar aqui Charlie. - Retrai meu corpo. – Não preciso de esmolas sua. Vim aqui apenas para o enterro da minha mãe, e depois, estou de partida.

- Não seja tola Isabella. – Resmungou baixo para que os vizinhos que estavam em nossa casa não ouvissem. – Sei muito bem como esta sua vida, no que trabalha ou o que anda fazendo. Fique, e largue essa vida imunda de empregada domestica.

Abri minha boca surpresa que ele soubesse tanto assim de como estava minha vida. Dei de ombros depois e respirei fundo.

- Não e uma vida imunda, e pare de seguir meus passos. Pensei que tinha deixado de ser sua filha quando sai dessa porta a fora anos atrás.

Charlie virou o rosto para o lado como se começasse a sentir raiva. Suas bochechas estavam rosadas e sua boca tremia levemente.

- As coisas não funcionaram como eu queria. – Falou sem me olhar. – E aqui não e hora para ficarmos remoendo coisas do passado. – Concordei com a cabeça.

- Quando será o velório?

- Amanhã pela manhã. – Puxando minha mão, voltou a fitar meus olhos. – Seu quarto continua do jeito de sempre, sei que deve estar cansada, deveria ir deitar.

- Muito obrigada. – Puxei minha mão e dei as costas para ele.

- Bella. – Ainda de costas, virei levemente minha cabeça para trás para que ele soubesse que eu estava ouvindo. – E muito bom te vê de novo.

Sem dizer nada sai andando. Quando passei na sala, dei boa noite para antigos vizinhos e subi para eu antigo quarto me jogando na cama.

O quarto ainda tinha o leve cheiro da minha mãe no ar.

E então, as tão esperadas reações finalmente chegaram. Eram lagrimas grossas que escapavam de meus olhos e soluções altos.

Eu queria ter estado com ela nos seus últimos dias.

(...)


Narrador. 

Alice caminhava pela mansão Masen a procura de seu primo.

Havia recebi poucas horas atrás um telefonema do motorista da mansão avisando-a que Isabella tivera que se retirar por alguns dias, pois sua mãe havia falecido, e assim Edward estaria sozinho por alguns dias.

Isso para ela foi uma luz no fim do túnel, já que seu clima com Jasper andava horrível e estar cuidando do seu primo, ajudaria a esquecer um pouco dos problemas com seu noivo. Estar na mansão, presenciando o mundo de Edward, normalmente fazia isso com ela, esquecer-se que havia outras pessoas fora dos grandes portões e que ela tinha problemas.

Era bom, mas quando o choque de realidade chegava, ela ficava sempre cabisbaixa.

- Edward? – Apesar de ser noite, Alice sabia que encontraria o primo acordado. Não era como se ele dormisse cedo ou tivesse um sono pesado.

Passou pela sala sem encontrá-lo. Percebendo que a luz da cozinha estava acesa, caminhou até lá. Dessa vez, desviou da mesinha que ficava sempre no caminho, e que era culpada das diversas vezes em que sua perna teve manchas roxas.

Edward não estava na cozinha também, mas a porta que dava passagem para os fundos encontrava-se escancarada. Temerosa de que seu primo tivesse feito alguma loucura, apressou os passos, mas ao passar pela porta parou ao vê uma cena que pensou que não veria tão cedo.

Seu primo estava sentado na porta do quarto de Isabella, olhando para o céu, tão tranqüilo que em passos leves, Alice deu meia volta e voltou pelo caminho que antes tinha ido.

Seu primo estava tranqüilo, e não seria ela a estraga prazeres que chegaria para acabar com isso.

Não, isso não era o seu tipo. Amava Edward demais, para saber que ele merecia mais do que qualquer pessoa aquele momento de paz.

(...)

Charlie Swan sentou-se na cadeira da ponta da mesa que havia na cozinha após o ultimo vizinho ir embora.

Estava cansado tanto fisicamente como emocionalmente, confuso e muito mais triste do que um dia sonhou estar, e tudo que ele queria, era apenas ficar só, ou com alguém que ele amasse de verdade.

Porém, uma das pouquíssimas pessoas a quem ele amou em toda a sua vida, havia acabado de morrer, e a outra, estava no segundo andar, tão triste quanto ele. Não gostava, porém, de admitir seu total apego e amor por Isabella. Ela não era o menino que ele tanto sonhara em ter, mas mesmo quando seus lábios eram impossibilitados pela sua dureza natural de dizer seu amor por ela, ele pensava que seus olhos o denunciavam.

- Eles não dizem nada... São tão silenciosos quanto eu. – Charlie murmurou triste.

Percebeu o total desprezo de Isabella por ele quando ele disse que era bom que ela estivesse de volta.

Charlie agora acreditava que ela pensasse que ele era apenas mais um homem importante de uma cidade pequena, que se importava apenas com seu próprio umbigo e nada mais. Como era tola, porque em todos esses anos que esteve fora, sempre houve homens de confiança de olho nela. Charlie não poderia simplesmente deixar sua pequena Bells solta pelo mundo a fora sem noticias – mesmo que muitas vezes ele quisesse que ela nunca aparecesse por ser tão orgulhosa; teimosa e tinhosa.

Não mente para si mesmo, que era machista a ponto de achar que filha mulher alguma devesse ir para a faculdade, e sim, deveriam se casar ter seus filhos, sua casa, seu marido, sua própria vida. Era isso que ele queria para Isabella, e não que ela fosse uma escritora falida.

Nunca havia parado para lê suas historias, mesmo quando ela tentava insistir que ele desse apenas uma olhada, para vê o quanto ela realmente era boa. Ele normalmente pedia sempre para alguém da um fim nas papeladas inúteis que Bella insistia em dizer que era seu livro, seu próprio romance.

“Talvez... Ela realmente fosse boa”. Charlie deixou esse pensamento vagar em sua cabeça.

Mesmo que não quisesse admitir, vivia em uma sociedade moderna o bastante onde homens e mulheres trabalhavam juntos, de igual para igual. Poderia até querer proteger sua menina da inveja, fofoca, intriga e desgaste que o trabalho proporcionava, mas acima de tudo, queria que ela fosse uma mulher de família, e não de negócios.

No entanto, não conseguiu.

Ele sabia que nunca conseguiria no final das contas, porque mesmo quando Isabella era uma criança ainda, já demonstrava o quanto havia nascido para ser livre, vivenciar outros ambientes e não só ficar com a barriga queimando no fogão.

Charlie sabia que sua menininha, na verdade, não era tão dependente de seus cuidados assim. E isso o irritava muito mais do que devia.

No passado, quando tudo o que mais queria era um menino, forte, saudável, que adorava esporte, inteligente e acima de tudo, totalmente independente. Isabella poderia não ter os quistos adorar esporte, mas os outros quesitos que ele tanto queria ela tinha. Não era forte fisicamente, mas emocionalmente, ela ganhava muito marmanjo, sendo uma das pessoas mais fortes e destemidas que ele já viu. Era uma garota muito bonita e saudável. Mas o acima de qualquer coisa, ela era independente, nunca havia precisado devidamente de ninguém, porque com ela era assim, se não havia ninguém disposto para ajudar, ela mesma conseguiria sozinha. Sempre fora uma garota que escolheu seu próprio mundinho da fantasia para viver, e não parecia ter problemas com isso.

No final das contas, analisando-a bem, Isabella era melhor do que qualquer suposto outro filho poderia ter sido. Da forma dela, ela era tudo que um pai normal poderia querer.

Charlie percebendo isso, sentiu seus olhos marejarem. Tinha perdido a filha, e saber disso, o destruía ainda mais do que já estava destruído.

Levantando-se da mesa, ele apagou as luzes do andar de baixo e subiu as escadas para se recolher em seus aposentos.

E mesmo com as portas e janelas de seu quarto fechado, ele podia escutar o som de choro do quarto ao lado.

Respirando fundo, concretizou sua linha de pensamento antiga... “Ate os mais fortes às vezes precisam chorar”.

E sentando-se no chão, ao lado da parede que separava seu quarto do antigo quarto da filha, ele deixou as lagrimas despejarem de seus olhos.

Não era apenas pela perda de Renné, e sim por ter perdido tudo e todos que um dia amou.

(...)


Narração: Bella.

Não estou bem, de verdade.

Nunca me senti como me sinto agora – no poço mais fundo que existe no universo, sem chances de subir e novamente ressurge na superfície.

Para ser sincera, eu também não estou me esforçando nem um pouco para que isso aconteça.

Estou no local onde passei diversas horas durante toda a minha adolescência, mas não me sinto a mesma garota que ficava aqui, imaginando diversas possibilidades para historias ainda não escritas. Acho que deixei de ser tão sonhadora como antes, mesmo que ainda velha, tenha alguns sonhos antigos entulhados em mim.

A minha mãe nunca foi do tipo de pessoa que animava muito as outras. Ela tinha suas próprias tristezas, problemas e desilusões para ter que ter força para se animar. Mas, eu acredito, que se ela me visse na minha real situação que estou agora, ela estaria deitada na cama comigo, acariciando meus cabelos, e olhando para o teto, sem dizer nada.

Mamãe não era uma mulher de muitas palavras, ela estava mais para o tipo que sabia a hora de entrar em ação e assim sempre quando preciso, ela fazia.

Não que eu tenha precisado muito de seus dotes consoladores em minha vida, já que sempre fui muito positiva para me reanimar, nunca deixando a peteca realmente cair.

O problema todo era que agora a minha peteca caiu e eu não tenho minha mãe para acariciar meus cabelos, e olhar para o teto junto de mim. Não tenho amigos que possam fazer isso como ela fez também, e a única pessoa mais próxima a mim, tem tantos problemas quanto eu – acredito que muito mais na real – e nem sonha que eu no fundo, o considere o mais próximo de um... Amigo.

Inferno, eu estou realmente me deixando levar por Edward, e isso e tão estranho.

Não sou o tipo de garota que se apega facilmente com as pessoas, mas ele simplesmente me faz querer estar sempre por perto, de olho nele, vendo se tudo esta certo, e se algo estiver errado, eu simplesmente quero ajudar, cuidar dele.

Se alguém de fora soubesse disso, ou apenas parasse para analisar toda a situação, me veria como uma mulher de má fé, aproveitando das fraquezas dos outros. Não sou isso, e não há de mim para ele, nenhuma segunda intenção maldosa.

Na real, se fossemos falar das minhas reais intenções, elas seriam basicamente querer ajudar um estranho/amigo que no momento, parece poder contar apenas comigo de verdade, mesmo que tenha uma prima que o apóie e ampare.

Não estou pensando nada de ruim sobre a Alice, ou julgando-a, porque eu não a conheço bem o suficiente para ter esse direito, e mesmo se a conhecesse, isso seria bem ridículo da minha parte, ficar apenas julgando as atitudes alheias.

Só acho que o Edward não se abre mais com ela, por ela ser tão incrivelmente gente boa, e ele ter medo de afetar sua boa vida, trazendo-a para a vida bamba e sem sentido que ele vive.

Acho também que eu pareço mais solida e capaz de segurar a barra com esses seus transtornos do que ela. Até mesmo eu acredito nisso.

Respirei fundo, tentando parar de pensar em todas as coisas e me levantei, arrastando-me para meu antigo banheiro.

Não quero mais pensar em nada, simplesmente quero deixar minha mente em modo robô, e fazer tudo que tem que ser feito hoje.

Tomei um banho rápido e frio, para ficar bem acordada. Sai do banho, me sequei. Coloquei um vestido preto de mangas comprimas sapatos pretos altos, e apenas passei a toalha nos meus cabelos volumosos, tirando o excesso da água.

Sai meu quarto, e encontrei com Charlie parado na escada como se estivesse esperando algo ou alguém.

- Você está bem? – Ele perguntou assim que me aproximei.

Sem olhar em seus olhos, continuei descendo as escadas. Não queria que ele visse meus olhos ou meu rosto de acabada. Não precisava de Charlie ao meu encalço, tentando ser algo que ele nunca foi de verdade. Um pai amoroso.

- Estou bem do jeito que da para se estar bem nessa situação. E você? – Resmunguei enquanto chegava aos degraus finais.

- Não estou bem, na verdade. – Ele respondeu tocando em meu ombro.

- Charlie... – Respirei fundo, e me virei para olhar seu rosto inchado, como se estivesse a pouco, chorado bastante. – Eu queria ter boas palavras para te consolar, mas não tenho nem para mim mesma. Só que sinto muito por isso tudo.

- Também sinto. – A campainha tocou, e ele saiu andando.

Sem fome ou vontade de fazer qualquer coisa, voltei para o começo da escada e me sentei.

Iríamos enterrar seu corpo no memorial de Forks e depois, viríamos para casa, fazer um típico velório americano – que para mim, era tão sem pé nem cabeça. Não entendo qual era a finalidade de fazer uma cerimônia com comida, musicas tristes e pessoas a fim de te dar um consolo falso pelo simples fato da boca livre. Era tão sem sentido, mas eu preferia não contestar nada disso com Charlie, porque no final das contas, eu logo iria embora mesmo e essa cidade finalmente se tornaria apenas parte esquecida do meu passado.

Um grupo de pessoas uniformizadas entrou pela casa, com caixas de comida e outras coisas. Provavelmente era um buffet que Charlie havia contratado.

Respirei fundo, e finalmente fiquei de pé, com minha coluna ereta.

- Devemos ir não acha? – Perguntei para Charlie. 

Charlie confirmou com a cabeça e pegou minha mão, puxando-me para fora da casa, batendo a porta antes de caminharmos para fora da entrada Swan.

O memorial de Forks ficava a poucos minutos da casa dos Swan, e seria desnecessário chegarmos lá de carro. O único carro que deveria ter no memorial seria o da funerária, contendo o caixão com o corpo da minha mãe.

Ainda de mãos dadas com Charlie, caminhei pela rua, até onde ela – ou parte dela – nos esperava.

Mamãe ficaria orgulhosa da cena que acontecia. Tenho certeza.

(...)

Um padre pediu pela alma dela, e a abençoou, para que ela descansasse em paz, tendo uma vida eterna ao lado do Senhor.

Eu pedi silenciosamente o mesmo, juntinho com o padre.

Não quis vê seu corpo pela ultima vez, porque eu preferia manter em minha mente a imagem da minha mãe viva, e não em um caixão. Seria demais para mim, e eu simplesmente não podia fazer isso comigo mesmo. Era contra a lei do racional me tortura tanto.

Já estava a caminho da casa junto com os outros moradores, que tentavam ficar me abraçando, para me consolar ou algo assim.

Precisava sim, de amigos, abraços, mas estranhamente, os deles não pareciam o certo. Não me acalmava, apenas me angustiava mais ainda, mostrando-me que eu não tinha ninguém, alem daquelas pessoas tão familiares que não passavam de estranhos.

Ao chegar a casa, vi diversas pessoas passar pela porta, mas ao invés de acompanhá-las, direcionei-me para um antigo pátio nos fundos da casa que eu costumava brincar a muitos anos atrás. Sabia que ninguém seria tão atrevido para vir para os fundos por isso, senti-me perto da arvore, sem me importar com o vestido, e peguei o celular que estava em meu bolso.

Sem conseguir controlar meu impulso, disquei o numero da mansão – que eu gravara logo quando cheguei – e escutei chamar. 

Parte de mim esperava que não fosse atendido, enquanto outra parte estava louca para que alguém – ou melhor, ele – atendesse o maldito telefone.

- Alô? – A voz de Edward vinha do outro lado da linha, parecendo um pouco sonolenta.

- Merda. – Resmunguei baixinho, por ele ter atendido o telefone.

- Isabella? Está tudo bem? – Perguntou, provavelmente estranhando minha ligação.

- Tudo... Bom, um pouco mal, na verdade. Mas, e você?

Edward ficou em silencio. Para depois perguntar meio sussurrado.

- Você precisa de algo? – Como se sua pergunta fosse um segredo, escutei sua voz rouca e grossa, chegar aos meus ouvidos de forma inocente e preocupada.

E sem conseguir me controlar que ele, uma pessoa que eu conhecia a pouquíssimo tempo, me passasse tanta preocupação por mim na voz – e olha que era pelo telefone – eu comecei a chorar.

- Seria pedir demais, que você fosse meu amigo consolador por algumas horas? – Perguntei ainda chorando.

- Não... Só me diga o que devo fazer.

- Apenas fique na linha comigo. Não precisa dizer nada... Apenas, fique comigo.

- Estou aqui. – Ele respirou fundo. – Eu estou aqui, não vou deixar você!

E sem dizermos nada a mais um para o outro, eu fiquei chorando baixinho. Por um momento, pensei que ele tinha deixando o telefone ligado e saído de perto, mas me surpreendi ao escutar ele chorando junto comigo no telefone.

Ele estava ali, para mim, uma estranha, empregada e intrometida. Edward estava lutando por mim agora, como lutei por ele tantas vezes na mansão. Era como se chorando junto de mim, ele tentasse fazer suas lagrimas lavarem minhas feridas, para que elas pudessem cicatrizar-se mais rápido.

Sem conseguir conter minhas emoções, virei o dia chorando junte de Edward ao telefone, ate que ambos, pegássemos no sono, juntos.



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Notas finais do capítulo

Oi gente, então, nem sei se ficou muito bom o capítulo ou o que vocês esperavam. Mas eu até que gostei (achei fofo demais) o final.
As coisas estão mudando, não? rs
Eu demorei muito pra postar? Nem sei quando foi que postei, mas se eu demorei, desculpa, ok?
Não se esqueçam de dizer o que estão achando, ta?
Ah, estou com uma one-shot nova, de comedia, se alguém estiver interessado, da uma passada lá:
Caçadores de vampiros: http://www.fanfiction.com.br/historia/136755/Cacadores_De_Vampiros