Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Fiquei super contente pelos comentários anteriores, mas a gente conversa lá em baixo.



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Capítulo 2

“Cada um sabe a alegria, e a dor que trás no coração...”

(Titãs – Epitáfio)

Narração: Bella.

A primeira coisa que eu vi quando eu finalmente levantei minha cabeça e olhei para o homem parado na entrada da mansão, foram lindos olhos verdes. A segunda, lindos olhos verdes tristes. E a terceira, olhei todo o conteúdo em minha frente e só conseguia enxergar tristeza. Fiquei meio desconcertada ao reparar isso logo de cara, ainda mais sabendo que aquele homem era meu futuro patrão.

Eu sinceramente não queria bancar à intrometida ou fofoqueira, mais eu queria tanto tocar em seu ombro, guiar-lhe para o grande sofá de couro e fazer-lo sentar, e depois pedir para que ele me contasse o que o fazia ter aqueles olhos, olhos de quem um dia já sofreu mais do que devia.

Mas ao invés disso, eu o seguia e prestava atenção nas poucas palavras, porém bastante explicativas que ele dizia.

- E como eu sei que é bem provável que vai ficar entediada, a biblioteca está aberta para você quando quiser. – Sorri largamente para ele enquanto adentrávamos a grande biblioteca da mansão, onde em cada pedacinho das paredes parecia querer contar uma historia diferente.

- Muito obrigada. – Agradeci contente.

Edward me deu um olhar cheio de perguntas, onde provavelmente a maioria deveria ser “Ela realmente ficou feliz com isso?” ou qualquer coisa do tipo.

- De nada. – Ele deu a volta pelo calcanhar e me encarou. – Não precisa se preocupar em fazer faxina por aqui, gosto dela do jeito que está.

- Certo. – Fiz que sim com a cabeça, e depois o segui para fora da biblioteca.

Eu também preferia bibliotecas que tivessem um pouco de poeira e aquele reconfortante cheiro de livro velho, fazia-me querer lê mais e mais, como se aquele cheiro me prendesse ali.

Depois de conhecer a biblioteca, fomos do segundo andar onde tinham tantos quartos que eu sinceramente achava um exagero. Fiquei imaginando quanto tempo eu demoraria a limpar aquilo tudo sozinha. No mínimo eu levaria uns dois dias só no segundo andar.

Edward me encarou e levantou uma sobrancelha parecendo se divertir com minha cara de sofrimento. Bom, pelo menos alguém estava se divertindo. Eu ganharia pontos com a Alice por isso.

Subimos outro lance de escada e chegamos a uma sala de jogos, onde tudo parecia um mundo de última tecnologia. Arfei surpresa e encantada. Queria eu ter crescido em uma casa onde houvesse tantas coisas divertidas, já que em toda a minha infância, as únicas coisas que eu fazia de divertido era uma vez ou outra brincar na rua com as crianças da vizinhança.

- E isso. – Ele disse depois de alguns minutos quando já descíamos as escadas para o primeiro andar.

- Ta. – Respondi sem saber direito o que falar, já que eu queria ficar em um cantinho resmungando que era muito serviço.

- Vejo pelos seus olhos que está desesperada Isabella, mais sinceramente não precisa. Preocupe-se apenas com o primeiro andar e o meu quarto, o resto pode ser limpo uma vez por mês, ou qualquer coisa assim. – Edward disse tentando me acalmar.

Ri meio sem graça não querendo passar atestado de porca ou preguiçosa logo no primeiro dia.

- Que isso Sr. Masen.

- Edward, me chame só de Edward. – Fiz que sim com a cabeça e ele virou a cabeça olhando para os lados.

Vi no exato momento em que os olhos dele pareceram perde-se em um mar de lembranças ruins. Dei um passo para trás sem saber o que fazer. Deveria tocar nele e trazê-lo de volta para o presente? Passei minhas mãos suadas no cabelo, e apenas fiquei encarando o chão, esperando que ele voltasse logo de onde quer que ele estivesse se perdendo.

Passou exatos cinco minutos e Edward continuava com o olhar vago. Percebi então que esse deveria ser um dos problemas que Alice havia me avisado para não me assustar.

Edward deu um passo para trás e sem dizer mais nada saiu andando rumo à escada e eu continuei parada sem saber o que fazer.

Olhei para os dois lados procurando uma luz, ou qualquer coisa que me indicasse o que eu deveria fazer, e a única coisa que veio em mente era que Edward provavelmente nada havia comido até agora.

Sem me preocupar com minhas malas que há tempos já havia sido colocada em meu quartinho de empregada, Alfredo, o motorista, disse que as guardaria para mim.

Caminhei ate a cozinha e ao entrar me senti um pouco acanhada e até perdida. Eu não era nenhuma cozinheira de primeira, mas pelo menos ninguém morreria de fome por minha causa.

Em cima da bancada de mármore havia pães de forma, frutas que parecia já ter uma semana, caixas de leite aparentemente vazia e até caixas de sucos. O que no final davam varias moscas e um leve cheiro de azedo.

Caminhei até lá, e peguei as caixas vazias e as joguei na lixeira. Peguei um pano úmido que estava próximo a pia e passei na bancada limpando todos os vestígios de sujeira.

Abri o pacote de pão de forma e percebi que estava embolorado. Enojada fechei o pacote e joguei na lixeira junto com todas as caixas vazias e fedidas de azedo. Suspirei alto já pensando em desistir.

Sem pensar muito caminhei até a geladeira e a abri. Estava praticamente vazia, por sorte ainda tinha bacon e ovos, o que teria que servi para o café da manha de Edward. Retirei a comida da geladeira e as levei para a pia, perto do fogão de inox.

Peguei as frigideiras que estavam dentro do grande armário inoxidável, e as coloquei em cima do fogão. Liguei o fogo e coloquei os ovos para fritar enquanto eu cortava em fatias os bacons. Os coloquei para fritar também e fui da uma olhada nas frutas.

Grande parte estava estragada e dando aqueles mosquitinhos pequenos de coisa podre. Ignorei meu nojo e catei as frutas estragadas e gosmentas para jogar fora. As poucas que sobraram eram maças, goiabas e laranjas. Peguei as laranjas e fui preparar um suco natural com elas.

De olho nas coisas que estavam fritando e no suco que era espremido, eu preparava meu primeiro café da manhã na mansão Masen, e sinceramente, não acreditava que estava me saindo tão bem assim, já que praticamente não havia comida e as poucas que ali tinham estavam estragadas.


(...)

Preparei uma bandeja toda bonita para deixar uma boa aparência e para que Edward não continuasse com o pensamento de que eu era uma preguiçosa. Dentro havia uma bonita jarra de suco de laranja, ovos e bacon em um prato, secos sem gordura, uma maça cortada em pedaços em outro prato.

Eu tinha até pensado em colocar uma florzinha, mas ai eu percebi que estaria forçando a barra demais.

Lavei minhas mãos e as sequei em um pano de parto que tinha perto da pia. Peguei a bandeja com as mãos tremulas de nervoso e comecei a andar rumo à escada. Subi os lances necessários e logo eu já estava andando pelo grande corredor do segundo andar.

Passei devagar pelas portas dos quartos de hospedes até chegar à porta do quarto de Edward. Dei uma leve batida na porta.

- Senhor... – Não completei o que eu iria falar, e recapitulei as minhas palavras. – Edward? – Bati novamente na porta.

Ele nada respondeu, então eu bati novamente. Edward continuou mudo. Fiquei preocupada de que ele tivesse cometido alguma loucura, já que ele já tinha dado a entender que tinha alguns – grandes – problemas.

Abri a porta devagar e enfiei minha cabeça para dentro do quarto. Lá estava Edward, parado como uma estatua em frente às grandes janelas fechadas. Seu olhar ainda era tão perdido e alheio a tudo que acontecia em sua volta.

Empurrei devagar a porta do quarto não querendo assustá-lo e adentrei ao cômodo bagunçado.

- Edward? – Chamei novamente, dentro do quarto, próxima a porta.

Ele virou a cabeça em minha direção e me olhou cheio de frieza. Depositei a bandeja em uma cômoda mais próxima a mim.

- Trousse seu café da manhã, deduzi que o senhor não tivesse..

- Eu pedi algo Isabella? – Ele me cortou frio e ignorante.

Abaixei minha cabeça e a balancei em forma negativa.

- Então, suma daqui! – Sem dizer nada sai do quarto fechando a porta.

Encostei-me à parede e suspirei alto. Aquilo tinha sido desnecessário, ele realmente não precisava ter sido tão ignorante.

Olhei para o teto prendendo as lagrimas e fazendo-as voltarem de onde tinham vindo. A vida seria assim, não era como se eu pudesse pular no pescoço dele e dar socos e chutes por ter sido bruto. Ele era meu patrão. Eu era apenas uma empregada substituível, e com isso, eu teria que engolir muitos sapos ainda por dia.

Eu dependia dele, e não ele de mim.


(...)

Joguei-me na cama exausta. Eu tinha limpado todo o primeiro andar da casa, feito compras e comida. Eu nunca estive tão cansada em toda a minha vida.

Não vi Edward depois do corte que tomei. Ele não desceu para comer e eu também não fiz questão de subir para saber se ele estava com fome. Fiquei preocupada sim de que ele estivesse deitado na cama com a barriga roncando, mas se esse fosse o caso, era só ele desce as escadas que teria comida pronta para ele.

Eu deduzia sinceramente que Edward tinha transtorno de personalidade, e com esse tipo de gente e melhor não mexer muito ou contra atacar seus ataques.

Olhei para o teto do meu novo quarto e sorri contente em não vê mais marcas de mofo. Era bem reconfortante isso, ainda mais quando se está deitada em uma cama que tem um colchão macio ao invés de um sofá cama que só da dor nas costas. Suspirei.

Eu teria que agüentar essa rotina por um bom tempo até que eu conseguisse juntar dinheiro o suficiente para eu me mandar de volta para Nova York, em um apartamento em melhores condições que o antigo e pelo menos com algum emprego garantido. Não podia deixar tudo a mercê do destino como eu havia feito da última vez, era tolice, e agora eu sabia disso.

Guardar dinheiro para mim seria algo muito fácil e pratico. Eu provavelmente tiraria 200 dólares apenas para comprar coisas de higiene pessoal e o resto seria guardado para quando eu voltasse a pisar nas ruas movimentas que não me receberam muito bem.

Eu tinha extrema facilidade de guardar dinheiro, desde a época de quando eu era criança e recebi uma surra do meu pai por ser gastadeira e sem ambição. Aquilo foi uma lição para mim, e eu aprendi direitinho.

Pensar na minha infância fazia-me pensar em como deveria estar a minha mãe. Renne era uma boa mulher e até boa mãe. Dona de casa desde que eu me entendo por gente, ela sempre esteve muito presente em toda a minha vida, porém ela era totalmente subordinada ao meu pai, Charlie.

Charlie era o chefe de policia da pacata Forks, lugar onde nasci, infelizmente. No geral, ele era bem legal, acho. Recebia um salário razoável, me dava presentes uma vez por mês e nunca me deixou faltar nada. Mas o que acabava com ele era o fato de ter um pensamento tão pequeno de que filha mulher tinha que se casar quando completasse seus 20 anos e ser dona de casa. Para ele, mulher só deveria trabalhar com a barriga no fogão fazendo comida para o marido e filhos. 

Charlie nunca ligou muito que eu tivesse notas altas, e que muitas vezes os professores queriam me pular de serie por ser bem adiantada. Ele achava simplesmente que eu estudava apenas para não ser analfabeta, já que na concepção dele, aquilo ali nunca faria parte da minha vida. Logo, eu iria me casar, virar um trambolho e dar para ele vários pirralhos que ele mimaria como se fossem seus. Isso era o que ele esperava de mim. E isso era o que eu nunca sonhei para mim.

Quero sim um dia me casar, ter no máximo uns dois filhos. Isso e tudo que toda mulher ou garotinha sonha. Mas Deus que me livre de ficar queimando a barriga na beira de fogão para marido e crianças ingratas. Eu quero mais, muito mais.

Sei que em minhas atuais condições como empregada domestica, eu não estou em tantas vantagens assim.  Mas eu sei também que esse emprego aqui e passageiro. Logo, vou completar o meu romance, vou enviar para varias editoras e uma vai aceitar minha historia. Vou viver uma vida simples em uma casa de dois quartos com quintal e um cachorro. Vou me sustentar fazendo a coisa que eu mais amo na vida, que é escrever.

Quando eu tinha dez anos eu decidi o que eu seria quando ficasse mais velha. Eu decidi que seria uma grande escritora e que anos depois que eu morresse minhas historias ainda estariam rondando pelo mundo igual a William Shakespeare. Acho que eu decidi isso depois de apanhar do meu pai por ser gastadeira.

Eu comecei a economizar dinheiro depois daquele dia. Era dinheiro do lanche na escola, era dinheiro para ir a parques de diversão, doces, sorvetes, qualquer coisa supérflua. Todo aquele dinheiro seria para o meu futuro, a minha faculdade. Foi ai que eu comecei a ser taxada de garota estranha, mas para ser bem sincera, eu não liguei na época e ainda não ligo hoje em dia.

Essas pessoas, garotas, que me taxaram de esquisitona, provavelmente hoje em dia já estão gordas, cheias de pirralhos á seu redor, tem maridos infiéis e são infelizes. Eu fui a piada daquela época, e elas são a piada de hoje em dia.

Claro que tudo isso e apenas uma suposição, já que eu sai de casa quando tinha 18 anos e nunca mais voltei. Isso quer dizer, 4 anos se passaram, e muitas coisas podem ter acontecido.

Fui escorraçada de casa por querer ir à faculdade, e assim Charlie deixou um aviso bem explicito para mim e todos os vizinhos, de que eu era uma filha ingrata e que só lhe dava desgosto, e que eu nunca, mas nunca mais mesmo, voltasse a pisar naquela casa. Achei bem dramático e duro o discurso dele, mas eu não olhei para trás nenhuma vez pensando em retornar para casa.

Como Charlie ficou sabendo que eu iria à faculdade? Simples, ele abriu uma das cartas de aceitação da universidade. Para ser mais específica ele abriu a carta de aceitação da universidade de Nova York. E a rasgou em pedacinho bem na minha cara. Naquele dia eu chorei mais do que recém nascido, mas logo eu me reergui sabendo que eu nunca poderia ir para aquela universidade por não ter dinheiro suficiente.

Mesmo assim, não desisti. Fui para uma universidade não muito grande em Port Angeles onde eu cursei letras.

Aqueles foram os melhores e piores anos da minha vida. Melhores porque eu finalmente estava fazendo algo que eu realmente gostasse e piores porque eu sentia falta de casa. Não curti a faculdade como as outras pessoas, mas curti o suficiente para aquilo marca minha vida para sempre.

Enquanto eu estudava também trabalhava para conseguir manter as contas. Trabalhava durante os dias da semana na biblioteca da universidade na parte da noite, pois era à hora em que ninguém queria pegar e a hora que os estudantes de direito estavam lá enchendo todos os cantos possíveis. E aos finais de semana eu trabalhava de baba. Foi cansativa mais quando eu peguei o meu diploma, nada mais importou. 

Depois disso eu parti para Nova York pensando que a vida lá seria fácil. Era uma cidade grande, cheia de oportunidades e aonde as pessoas cresciam profissionalmente. Não tive sorte, ou pelo menos não momentaneamente.

Isso não me abala, pode até me desanimar um pouco, mais eu não desisto. Nunca.

Muitas coisas na minha vida já me abalaram, mexeram com a minha estrutura que balançou, balançou e mais não caiu. Acredito que a vida e assim, bate, chuta e nos maltrata, mais que no final das contas tudo isso é só um teste para vê se você realmente merece as coisas boas que ela está guardando para você. Essa é a filosofia da minha vida, e é com essa frase que eu sempre consigo superar muitas coisas.

Muitas coisas menos os males que foram causados ao meu coração.

Quando fecho os olhos ainda consigo sentir a dor que senti há anos atrás. A dor da traição de um amigo. De um amor.

Seu nome era James. Eu o conhecia desde sempre, e sempre fui apaixonadinha por ele. Ele era meu amigo antes da fase da garota estranha e continuou a ser meu amigo depois de eu ter virado a chacota do povo. Seus lindos olhos azuis claros fora o que me deixou encantada quando eu o vi pela primeira vez na pré-escola.

Mamãe dizia que eu fiquei toda vermelha quando eu o vi pela primeira vez e me escondi atrás de suas pernas, olhando-o escondido. Ela disse também que foi ele quem me tirou de trás de suas pernas e me levou para brincar com as outras crianças. Foi o meu primeiro amigo de verdade, ou pelo menos foi o que eu pensei.

Lembro a data e à hora exata de quando ele destruiu esse nosso laço de amizade. E eu tinha só 15 anos.

Não coloco nenhuma auréola em minha cabeça pelo o que aconteceu, obviamente tive minha parcela de culpa. Mas ele.. Ele me sacaneou. Ele brincou com os meus sentimentos e me influenciou. Fui sua marionete e sinto muita vergonha em admitir ate para mim mesma isso.

Estávamos no seu carro na reserva dos quileutes. Ele era um ano mais velho do que eu e já tinha seus 16 anos e carteira de motorista. Naquela noite ele disse que me amava e que me queria junto dele para sempre. Ele me beijou, foi o meu primeiro beijo, e naquela mesma noite foi a minha primeira vez. Entreguei-me totalmente para o cara que eu pensei amar e que me disse amar-me também.

Mas ele não amava. Nem ao menos gostava de mim. Eu era apenas o estorvo em sua vida, a Bella esquisita que ninguém queria por perto e que ele igual aos outros também não queria. Ele me usou e eu fiquei sabendo disse da forma mais vergonhosa e humilhante que se podia esperar. Foi cruel.

Ainda éramos calouros no ensino médio e éramos uns Zé ninguém, mesmo assim, eu não deixava de ser a Bella esquisitona Zé ninguém. James por outro lado, era um bonito, atlético Zé ninguém. Ele tinha futuro naquele antro de idiotas e logo já seria bem popular, já eu, bem não tinha tantas chances de mudar minha posição social.

Por isso, fui usada por ele para que chegasse mais rápido ao topo. Transar comigo foi só uma brincadeirinha que na segunda feira a escola toda já saberia. Ganhei mais um apelido com isso, o de esquisitona puta, ou para as pessoas que eram um pouco mais razoáveis, esquisitona fácil.

Aquilo me massacrou totalmente, e eu senti que depois daquilo meu mundo tinha acabado. Lamentei-me na biblioteca publica de Forks lendo romances velhos e comendo barrinhas nutritivas escondido.

E então, eu já era uma nova Bella, curada – em partes exteriores – de toda aquela vergonha.

Ninguém sonha que por dentro eu ainda sofro vezes ou outra pelo o que eu passei, só eu sei como aquilo me machucou feio. Meu coração sangra, mas cada dia, ano, que passa, tudo só fica menor, menos dolorido. As cicatrizes ainda estão aqui, prontas para se abrir, mais se depender de mim, nunca mais abrirão.

Superei! A melhor forma de realmente superar a coisa toda e afirma algo que ainda não aconteceu por completo, mais que está próximo. Por isso repito isso vezes ou outra no meu dia a dia. Superei! Eu superei meu passado! Às vezes dou até alguns pulinhos para espanta as coisas ruins que adoram vir átona.

Levantei da cama e caminhei para meu pequeno, porém muito jeitosinho, banheiro. Tirei minhas roupas sujas de poeira e as coloquei em um cesto de roupa suja que ali tinha. Nua, caminhei em direção ao chuveiro.

Deixei aquela água morna e deliciosa cair sob minhas costas limpando-me da sujeira do dia a dia e a pequena ferida que aos poucos ia se abriu com o decorrer dos meus pensamentos. Deixei a água purificar meu ser.

Fiquei cerca de 20 minutos no chuveiro até que finalmente sai me sentindo outra pessoa, uma pessoa muito melhor. Sequei meus cabelos com a toalha os deixando rebeldes e desalinhados. Sequei meu corpo e coloquei roupas confortáveis.

De moletom velho e gasto eu calcei um chinelo e sai do meu quarto para ir até a cozinha. Eu precisava comer algo urgentemente caso contrario desmaiaria de fome.

Atravessei à pequena distancia que separava a casa do meu quartinho de empregada e cheguei à porta da cozinha. Eu podia vê que havia alguém na cozinha pela luz acesa.

Abri a porta devagar não querendo assustar Edward, já que a única pessoa sem ser eu a ter acesso a casa tão livremente assim era ele, e entrei. Lá o encontrei batendo um bom prato de macarronada que eu havia preparado para o almoço e que só eu mesma havia comido. Ele não me viu.

Fiquei com medo de entrar e tomar outro fora dele, mas mesmo assim o fiz. Caminhei devagar ate estar no meio da cozinha e parei para olhar para ele que parecia estar totalmente alheio a minha presença.

- Boa noite Edward. – Falei com ele não querendo ser mal educada.

Novamente ele não me respondeu. Suspirei levemente irritada e caminhei até o armário pegando um prato para mim. Coloquei macarronada no meu prato e peguei um pouco de suco.

- Posso me sentar aqui? – Tentei contato de novo com ele, apontando em direção a bancada da cozinha onde tinha vários bancos.

- Quer mesmo ficar perto de mim? – Ele perguntou baixo com a voz rouca. – Não está com raiva?

- Não. – Respondi direta sem enrolar. – E desculpe por ter entrado em seu quarto daquela forma.

Edward deu de ombros e não falou mais nada. Me sentei ao seu lado e comemos em silencio.

Aquela noite depois do jantar, eu tive um sonho, e nele eu resgatava Edward da morte.




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Notas finais do capítulo

Então, oi gente, antes de qualquer coisa eu queria agradecer muito pelos reviews, isso e muito importante para mim, e como recompensa (porque sinceramente, vocês merecem), o capítulo saiu super rápido (não sei se está bom, mas espero que esteja né). Tentei.Esse capítulo e mais para vocês conhecerem a verdadeira Bella, do mesmo modo que eu fiz com o Edward.Então, o que acharam? A Bella tem personalidade bem forte, isso deu para vocês perceberem né, vamos vê o que vai sair disso ai...E isso, deixem um reviews dizendo a opinião de vocês, e acompanhem a fic.Beijooos, e até logo.