Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Voltei antes do previsto.. tenham uma boa leitura (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/121268/chapter/24

Capítulo 23

“Você sabe que eu amo quando você me ama
Ás vezes é melhor quando é público
Eu não tenho vergonha, não importo que vejam
Nos abraçando e beijando, uma exibição de amor”
(John Legend - . P.D.A. We Just Don't Care)

1 semana depois..

Narrador: Bella

O outono estava no seu ultimo mês, afinal de contas, já era novembro. Imaginei que em Forks, já estaria frio e chuvoso, com mais cara de inverno do que tudo e por momento senti falta. Lá nevava antes de muitos outros lugares e os dias de neve eram os que eu mais me sentia feliz. Ninguém ligava de fato para quem tinha a posição social certa e todos costumavam se divertir no meio de bonecos de neves e guerrinhas.

Aqui na mansão, alojada em meu novo quarto que ficava ao lado do de Edward, eu via a chuva cair fininha pela janela, e foi assim que eu me vi tão longe, me vi em um lugar aonde um dia chamei de casa.

Sei bem que aquele lugar, aquela cidade, não tinha mais tantas pessoas que eu quisesse olhar, mas senti uma pontada no peito ao lembrar que meu pai que estava lá, sozinho, e a minha mãe que já não estava mais em lugar algum.

Apertei os olhos tentando controlar as lagrimas de saudade e de dor pela perda da minha mãe. Fazia uns bons meses que eu não pensava nela, nela de fato como era agora, minha doce e querida mãe falecida. Mas o frio, a paisagem, me deixou perdida em pensamentos demais, e era quase inevitável não deixar o meu corpo aqui enquanto a minha mente partia em busca de memorias a muito esquecidas.

Apertei o celular que estava do meu lado, tentada em ligar para Charlie ou deixar tudo como estava. Eu andava bem demais para querer brigar com ele, mesmo que eu não fosse mais capaz de pintar ele como o tirano que eu dia eu achei que era. Meu pai, nada mais era que um homem com opiniões diferentes da minha, e que um dia tentou impor as mesmas sobre os meus conceitos de certo e errado. O erro dele foi só não aceitar que eu fosse quem eu queria ser, e era por isso que eu estava do outro lado do país, vivendo um amor de verdade, sendo feliz sem precisar estar de olhos fechados. Ele não era tão tirano, tão horrível, tão cruel. Meu pai era só humano, com tantas falhas como eu, sem jeito para dar um jeito de tudo o que estava a sua volta, mesmo querendo muito.

Parei de pensar tanto e disquei o numero de casa. Chamou duas vezes até uma voz sonolenta atender.

– Pai?

– Sim. – Respondeu parecendo confuso. – Bells? Está tudo bem? – Sua voz logo ficou em alerta.

– Sim pai, está tudo bem. – Ri do desespero dele. – Eu sei que não é normal essa minha ligação, é só que eu queria saber como o senhor está.

– Ah Bells, minha filha. – Não consegui entender a sua voz. – Eu estou bem, levando, as coisas andam bem solitárias por aqui, mas já aprendi a viver com isso.

– Também sinto falta da mamãe. – Digo entendendo aonde ele quer chegar.

– É, a saudade é um peso que só os vivos podem carregar. – Ele suspira.

– Sim. – Engulo em seco. – Pai, eu só liguei para saber como o senhor estava.

– Entendi. – Ele responde e imagino-o alisando sua barba, com o ar pensativo, que eu mesma puxei. – Eu estou bem de verdade querida, não precisa se preocupar.

– Tudo bem. – Coço a cabeça nervosa. – Você pode me ligar se precisar de algo. – Mordo os lábios e fecho os olhos. – Se quiser conversar.

– Ligarei, e você faça o mesmo.

– Pode deixar, eu prometo.

– Eu também. – Ele ri sem jeito. – Foi uma surpresa boa essa ligação Bells, senti a sua falta. – Ele suspira, como se outras palavras quisessem lhe escapar, mas ele não deixa. – Boa noite, minha filha.

– Boa noite, meu pai. – Desligamos o telefone juntos.

Me encolho embaixo das cobertas sem saber direito se aquela conversa tinha sido boa. Meio monossilábica, mas cheia de significados. Era um novo passo que eu dava numa tentativa talvez meio falha de trazer aquele homem de volta para a minha vida. Mas pelo menos eu tentei.

Esses meses com Edward me ensinaram muitas coisas, e uma delas é saber seguir em frente sem deixar que as magoas me acorrentasse as tristezas do passado. Assim como ele vem tentando todos os dias, eu resolvi tentar também, mesmo que eu sinta que é uma grande loucura fazer isso.

Eu nunca fui muito normal mesmo, sempre gostei de mergulhar nos lugares mais improváveis, aonde era mais provável encontrar pedras a agua. Nunca tive medo de fazer o que o meu coração deseja, e dessa vez não seria diferente. Eu teria a minha família de volta, mesmo que agora ela estive bem menor.

Narrador: Edward.

Já passava de meia noite. Isabella tinha decido dormir no quarto dela, diferente do que ela vinha fazendo todas as noites. Era por isso que eu rolava para todos os lados da cama, mas o sono não me alcançava. Eu precisava do calor dela, do seu olhar que sorria, do seu beijo de leve, para finalmente adormecer.

Peguei meu travesseiro e sai do meu quarto, rumo ao dela. Parei antes de bater na porta, escutando sua voz abafada se despedir de alguém no telefone. Senti uma leve angustia no seu tom de voz, e assim que o silêncio predominou, bati de leve na porta esperando a permissão para entrar.

– Bella? – Chamei seu nome.

– Entra Ed.

Coloquei a cabeça pra dentro do quarto que tinha as cortinas abertas e o abajur ligado. Isabella me olhou com um sorriso de lado, como se eu tivesse chegado na hora certo.

– Achei que você precisaria de companhia essa noite.

– Você achou certo. – Ela se arrastou para o lado da cama me dando espaço.

Tranquei a porta e caminhei ate ela, que tinha olhos perdidos no tempo, e me deitei.

– Aconteceu alguma coisa? – Deitados de frente um pro outro eu pergunto.

– Você sabe, são só essas coisas da vida. – Sua mão fez carinho na minha barba que começava a crescer. – Não quero mais ter magoas com meu pai, estou tentando resolver as coisas.

– Isso é bom. – Fecho os olhos com o carinho que ela faz. – Como ele reagiu?

– Bem, parece querer resolver as coisas também. – Com o silencio dela abro meus olhos, fazendo um pedido mudo para que ela continue. – Não restam mais tantas pessoas na nossa família Ed, e sempre fomos todos muito desapegados uns aos outros. – Ela suspira. – Cresci em uma família que só tinha a minha mãe e o meu pai, meus tios nunca quiseram se misturar conosco.

– E agora, só com vocês dois, você não quer que seu pai esteja só?

– Sim. As pessoas da minha cidade não são as mais simpáticas do mundo, e nem são do tipo que se apegam também. – Ela sorri um pouco. – Eu sai de lá e encontrei um verdadeiro lar aqui, meu coração, a minha alma, vive feliz aonde eu estou agora. – Ela da de ombros. – Sei que meu pai considera aquela cidade um lar e tudo mais, mas eu sei que sem a minha mãe para fazer um bolo no aniversário dele ou a ceia de natal, ninguém vai aparecer, ninguém irá levar uma torta ou um presente para os Swan, meu pai vai conhecer a solidão, e eu não quero isso para ele.

– É duro viver só. – Entendo aonde ela quer chegar.

– Machuca viver só. – Ela tira a mão do meu rosto e busca a minha mão. – Se eu puder amenizar isso, mesmo que um pouco, ficarei feliz.

– Você vai conseguir. – Chego mais perto e deixo meu rosto bem próximo ao dela. – E se você precisar de ajuda para algo.. – Me afasto um pouco abrindo um sorriso. – Você sabe com quem pode contar.

– Sei sim. – Ela finalmente sorri pra mim e me da um beijo estalado na boca. – Agora me abraça, pra que eu possa finalmente dormir. – Ela vira de costas pra mim e ficamos de conchinha.

Coloco meu braço em volta da cintura dela e respiro o cheiro doce de seus cabelos.

– Então, não fui só eu que não conseguiu dormir porque faltava alguém. – Comento alguns minutos depois.

– Claro que não foi. – Ela ri baixinho. – Agora fecha os olhos e vamos dormir.

– Sim, senhorita. – Beijo de leve seu pescoço e me preparo para dormir.

Isabella permanece quieta e aos poucos sinto ela relaxar em meus braços. Me sinto sortudo, me sinto merecedor. É e com esses pensamentos que eu entro no mundo dos sonhos, e com o calor da mulher que eu amo aquecendo o meu coração.

~*~

Acordo sozinho no quarto. O dia está claro, diferente de ontem, e lá fora o sol reina com toda a sua força. Me espreguiço preguiçoso na cama, imaginando que Isabella deve estar na cozinha a todo vapor fazendo o nosso café da manhã. Ela nunca se da um descanso, mesmo quando eu imploro para que ela diminua o ritmo e relaxe comigo. Somos só eu e ela, não é como se tivesse mais alguém para dizer o que devemos ou não fazer.

Escuto batidas na porta e levanto a cabeça sem entender nada.

– Entra. – Falo por habito e uma Isabella com cara de arteira entra com uma bandeja no quarto.

– Você lembra do dia em que eu preparei um café pra você e você me escorraçou aos gritos? – Ela comenta rindo e fecha a porta com o pé. – Eu fiquei tão pe da vida, quis chorar e te dar um tapa naquele momento.

– Me desculpa. – Digo sentindo meu pescoço e rosto esquenta, certamente ganhando um tom vermelho. – Não é como se eu fosse um príncipe nem nada naquela época.

– Você era cruel. – Ela ri baixinho. – Acho que foi assim que eu acabei toda caidinha por você. – Isabella morde os lábios e da de ombros. – Sempre tive um gosto meio assim... Duvidosamente certo.

– Um gosto perfeito.

– Um gosto que me trouxe para você. – Ela senta na cama e seus cabelos soltos caem no rosto. – Trouxe pra gente. – Ela coloca a bandeja em cima das minhas pernas, que tem cereais e frutas cortadas.

– Sem bacon e ovos? – Comento levantando a sobrancelha.

– A dispensa ta vazia, preciso ir comprar algumas coisas. – Mordisca um pedaço de maça. – E achei que assim, quem sabe, talvez, um certo rapaz pudesse me acompanhar.

– Bella.. – Minha voz morre um pouco, e de repente um medo que há dias eu não sentia se aloja no meu peito.

– Eu sei, eu sei. – Ela da de ombros e coloca um pedaço de maça na minha boca. – Foi só uma ideia, achei que poderíamos ter um dia diferente.

Fico analisando ela toda esperançosa, como se quisesse apenas me dar coisas novas para degustar, como se só quisesse que eu tivesse um pouco mais do mundo em mim. Relaxo os ombros e solto a respiração, fazendo que sim com a cabeça. Não era como se fosse o fim do mundo, eu podia fazer isso, sem duvida nenhuma. A vida era minha, eu estava no controle.

– Certo. – Digo por fim. – Vamos tentar, mas você sabe.

– Sei, sei, sei! – Ela sorri feliz e me da um beijo desajeitado por cima da bandeja. – Nós vamos apenas a feira e podemos dar uma volta no parque, nada demais, só vamos respirar um ar diferente. – Isabella faz uma careta. – Tudo bem, um ar mais poluído. – Ri sapeca. – E ver gente estranha por todos os lados que não estão nem ai.

– Acho que você não ta ajudando. – Comento, mas não consigo evitar sorrir enquanto olho para seu jeito animado.

– Vai ser demais, você vai ver. – Colocando a bandeja no criado mudo ela me puxa da cama. – Agora vai se ajeitar.

Saio do quarto sem falar nada, ainda com o coração apertado, mas sabendo que isso vai ser bom para mim. Isabella não me faria fazer isso se não soubesse que eu sou capaz. Não vou decepcionar a minha menina, e acima de tudo, não vou me decepcionar comigo mesmo.

Agora é a hora, mais um passo a frente, menos peso do passado em minhas costas. E seja o que tiver que ser.

Narrador: Bella.

Coloco um casaco grosso e um cachecol, e finalmente me olho no espelho. Jeans, botas, cabelos soltos, nada além do normal.

Olho para o sol que vai enfraquecendo do lado de fora e fecho o casaco. Os dias quentes realmente não estão ao nosso favor, mesmo assim a ideia de levar Edward lá fora me invadiu logo quando eu acordei. Era uma época boa, mesmo com as arvores perdendo a cor, a cidade era quase tão bonita quanto na primavera.

Saio do quarto e encontro um Edward meio desajeitado amarrando os tênis na porta do quarto.

– Detesto essas coisas. – Ele resmunga e levanta a cabeça. – Sempre fica frouxo, prefiro ficar descalço.

– Edward, para com isso. – Me agacho e amarro seus tênis. – Você é um homem adulto, tem que se vestir de acordo. – Olho para ele e percebo que a blusa está no lado ao contrario e toda amassada. – Troca a blusa, ta toda errada. – Solto uma risada pegando-o pela mão e entrando em seu quarto.

Ele ainda tem um olhar meio perdido sem entender o erro. Faço-o tirar a camiseta branca e entrego uma camiseta vinho em suas mãos.

– Essa aqui não precisa passar. – Continuo rindo enquanto ele coloca. – Bem melhor, lindo.

– Você que é linda. – Reviro meus olhos e pegando sua mão descemos as escadas correndo. Hoje vai ser um dia e tanto.

~*~

Faz uns dez minutos que estou dirigindo e Edward não tira os olhos da janela. Ao mesmo tempo que parece fascinado, há receio, até mesmo um leve pavor no seu jeito todo parado.

Coloco uma mão em sua perna e ele me olha dando um sorriso amarelo.

– Vai dar tudo certo, você sabe que vai.

– Sei. – Suspira pesado. – Acho que é só estranho, não é como se eu fosse dar um passeio todos os dias, ou uma vez no ano. – Ele ri. – Tirando aquele dia do casamento, você sabe como ir a cidade é algo além da raridade para mim.

– Sim. – Coloco o carro para o acostamento e paro. – Ed, se isso for demais, se você quiser voltar, voltamos agora. Não quero te forçar a nada, você tem todo o tempo que quiser pra fazer isso, e eu estarei sempre, entende isso, sempre com você. Pode ser hoje, amanhã, daqui a dez anos, mas eu vou estar ao seu lado. – Seus olhos brilham e uma lagrima escorre. – Vou voltar pra casa, não chora, por favor. – Limpo suas lagrimas que descem sem parar.

– Não, nada disso. – Ele segura a minha mão em seu rosto. – Nada disso. – Faz um movimento com a cabeça. –Eu estou pronto, vim até aqui não foi? Acho que estava só surtando um pouco. – Ele sorri amarelo. – Dando mais emoção ao nosso passeio. – Faz graça.

– Ed..

– Não Bella, é serio, vamos seguir, eu estou bem. – Sinto minha mão sendo apertada de leve e logo ele leva-a aos seus lábios. – Vamos?

– Vamos. – Dou um sorriso incerto para ele, e prossigo até o centro.

Narrador: Edward.

A noite já estava chegando, tínhamos perdido totalmente a hora em que fizemos as compras, almoçamos e lanchamos, e ficamos brincando de adivinhar o jeito das pessoas enquanto estávamos no central parque.

Isabella parecia brilhar mais ainda no meio das pessoas, seus olhares carinhosos pareciam ainda mais meu enquanto os outros achavam que éramos turistas estranhos em sua cidade. Eu não liguei por nenhum segundo. Eu não temi eles em momento algum. O mundo, afinal de contas, também era meu, e pela primeira vez eu fui muito feliz em poder sentir um pouco do que me aguardava aqui.

– Sorvetes. – Ela entregou uma casquinha para mim e se jogou na grama rindo. – Não podia faltar, não é?

– Não. – Provei meu sorvete de chocolate. – Ou até sim. – Ri um pouco. – O dia já estava perfeito demais.

– Está. – Sua cabeça se recosta no meu ombro. – Podíamos ter isso todos os dias. – Ela me olhou ainda apoiada em mim. – Ou pelo menos mais vezes, nunca vi você tão feliz assim, tão livre.

– Vamos ter Bella. – Acaricio sua perna com a mão livre. – Ou você acha que depois de hoje eu vou querer ficar dentro de casa todos os dias sabendo que existem tantas coisas que eu ainda não vi? Não conheci?

– Nós só comemos e brincamos no parque feito crianças. – Ela comenta rindo.

– Exato! Você não me mostrou quase nada ainda. – Isabella se afasta de mim e me lança um olhar doce.

– Não conheço muitas coisas também. – Seus ombros se encolhem um pouco. – Na infância não pude e depois a grana e o tempo eram curtos demais. – O sorvete começa a pingar em sua calça e ela lambe apressada. – Vamos conhecer muitas coisas juntos.

– Isso só vai deixar tudo ainda mais especial.

– Pensei a mesma coisa.

Ficamos em silencio, cada um saboreando seu sorvete e olhando um ao outro, sorrindo e fazendo caretas.

– Oi? – Um rapaz jovem, de cabelos loiros raspados de um lado chama a nossa atenção e se senta ao nosso lado sorrindo.

Rapidamente eu fecho a cara e chego mais para perto de Isabella, que me olha alarmada, preocupada com a minha reação.

– Oi? – Ela responde educada e da um sorriso tentando amenizar a tensão que rapidamente se formou.

– Me desculpa se eu assustei vocês. – Ele estica o braço em minha direção e eu aperto sua mão relutantemente. – Eu me chamo Josh, sou estudante de fotografia e tenho como o trabalho do semestre fotografar casais apaixonados. – Ele ri meio sem graça. – Eu não estava aqui com essa intenção hoje, mas vocês me chamaram muito a atenção, e queria saber se poderia tirar uma ou duas fotos de vocês.

– Olha eu não sou fotogênica e o Edward não gosta de fotos. – Isabella fala e me olha, e eu faço que sim com a cabeça.

– Eu daria uma para vocês, minha câmera é instantânea. – Ela coloca a câmera no colo e faz um sinal implorativo com as mãos. – Pra ser sincero eu já tirei uma foto. – Ele ri e entrega pra gente, e sinceramente, é uma das coisas mais lindas que eu já vi. – É de vocês, desculpe.

– Não, tudo bem. – Seguro a foto entre meus dedos. – É perfeita. – Olho para a Bella que sorri. – Acho que podemos tirar a sua foto.

– Jura? – Fazemos que sim com a cabeça e ele levanta num pulo.

Olho para a Bella, que aperta a minha mão.

Num segundo ele já segura três fotos nas mãos e sorri todo empolgado.

– Vocês são demais! – Mostra a foto para a gente. – Devo a minha vida a vocês. – Diz fazendo a gente gargalhar.

– Que exagero. – Bella comenta. – Mas as fotos realmente ficaram muito boas. – Ela me cutuca com o cotovelo. – O que acha de uma nova profissão?

– Só se você for sempre a minha parceira. – Respondo rindo e mais uma foto é tirada.

– Sério mesmo gente, ficou bom demais. – Ele suspira. – Terminei o meu trabalho bem antes do esperado. – E puxa um caderno. – Se não for pedir muito, pode me falar seus nomes?

– Edward Mansen.

– Isabella Swan. – Falamos juntos.

– Obrigado, obrigado. – Ele guarda tudo na mochila. – Vou indo nessa. – O menino aperta as nossas mãos de novo. – Continuem sendo felizes. – E sai correndo em direção a um grupinho de jovens.

– Agora somos modelos. – Isabella comenta mexendo as sobrancelhas.

– Os modelos mais felizes desse mundo.

~*~

Finalmente tomamos coragem para deixar aquele lugar magico e voltar para casa. A maioria das pessoas que tinham a nossa idade na praça vai recolhendo suas coisas e os mais jovens vão chegando. Em todo lugar há muita luz, muita musica, barulho e gargalhadas. Sinto vontade de morar aqui, de largar aquela quietude que não me parece mais tão agradável estando nesse lugar que irradia vida.

Isabella está parada em frente a uma arvore e se balança de um lado para o outro com um papel na mão. Chego por trás dela e abraço-a, fazendo a suspirar. Ela se apoia em mim e sobe o papel que tem nas mãos para que possa ler. É um anuncio de parque de diversões.

– Seria perfeito para fechar a noite. – Ela comenta.

– Você sabe chegar ai? – Pergunto.

– Você está aceitando a ideia? – Se solta e olha pra mim espantada.

– Bom, tirei uma foto para um estranho, encarei a feira, uma fila dentro de uma cafeteria, um garçom ignorante. – Seguro seu rosto entre as minhas mãos. – Você tem alguma duvida de que eu estou aceitando?

Ela pula em cima de mim me abraçando, suas pernas enroscadas de um jeito torto em minha cintura e seu rosto um palmo mais alto que o meu. Ficamos nos encarando por uns segundos e então a única coisa que tinha faltado durante todo o dia acontece. Isabella me beija em publico, sem pudor, sem vergonha, como se os meus lábios fosse o único lugar aonde a sua boca poderia estar.

– Senti falta disse o dia todo. – Ela comenta e eu abro meus olhos. – Eu amo você. – Sorri e beija de leve meus lábios mais uma vez. – Você enche meu coração de orgulho e felicidade.

– Bella.. – Beijo ela de novo. – Eu também amo você, amo tanto que se você falasse “ vamos nós mudar para esse parque e dormir com as arvores” eu não pensaria duas vezes.

Ela solta uma gargalhada alta e pula do meu colo.

– Até que é uma excelente ideia. – Segura minha mão. – Mas podemos pensar nisso depois. – Arregala os olhos balançando o papel em preto e branco no meu rosto. – Agora vamos nos divertir.

– Que nem crianças outras vez, não é? – Pergunto caminhando com ela até o carro.

– Sim! – Entramos no carro e ela da partida. – Você sabe que não tem jeito melhor.

– É claro que eu sei.

~*~

Chegamos a um lugar colorido, com musica alta, gente gritando e crianças correndo parecendo loucas. Tinham muitas pessoas para todos os lados, e foi fácil a gente se misturar por ali. Comemos pipoca e doces com cara estranha, e fomos de brinquedo a brinquedo buscando emoções novas.

Eu estava em um estado de êxtase que só o primeiro beijo de verdade que Isabella me deu poderia superar. Eu já tinha aprendido nesses últimos meses que viver era bom, mas ainda não tinha percebido como podia ser tão divertido.

Isabella ao meu lado parecia que tinha sentido a bateria arriar um pouco, e caminhava devagar pelas barracas segurando minha mão.

– Sono? – Perguntei enquanto ela me guiava para um brinquedo sem fila.

– Acho que sim. – Me olhou com um sorriso de lado. – Foi um dia e tanto.

– Foi mesmo. – Colei meu corpo ao dela enquanto esperávamos o brinquedo parar.

– Nosso últimos ingressos. – Ela amostra os papelzinhos verde. – E vamos finalizar na tão querida roda gigante. – Olhou para a roda parada e as pessoas com o rosto grudado na janela. – Acho que fui só uma vez nisso, acredita?

– Eu não fui nenhuma. – Comento rindo. – Não gosto muito de altura. – Coço a cabeça. – Mas estou achando que esse ultimo passeio da noite vai ser o melhor de todos.

– Uma pausa para sentir tudo o que aconteceu durante o dia. – Ela se vira para mim e eu balanço a cabeça.

– Uma pausa para que eu possa te olhar um pouco mais. – Chego perto do seu ouvido. – E quem sabe, te beijar.

– Mas você já me beijou hoje.

– Muito pouco. – Beijo seu rosto. – Quero mais. – Ela ri e um rapaz pede nossos ingressos, entregamos e entramos no brinquedo, lado a lado.

Ficamos em silencio, cada um olhando por sua janela a cidade iluminada que agora parecia tão distante. Sem olhar levei a minha mão até a de Isabella e a segurei.

Finalmente respirei fundo e senti todo o meu coração amolecer. Eu queria chorar, gritar, rir daquele momento, mesmo que se eu fizesse isso do nada fosse parecer insano. A verdade era que eu estava muito emocionado com todas as coisas que tinha feito durante o dia inteiro, eu sentia tanto orgulho da pessoa que eu estava virando que parecia que algo dentro do meu peito fosse estourar.

Senti Isabella tocar delicadamente meu ombro e percebi que a emoção não era apenas minha. Seus olhos castanhos tinha um brilha que só lagrimas poderiam dar, um brilho diferente que deixava tudo meio turvo.

– Conseguimos. – Foi tudo o que ela disse antes de se arrastar para o meu colo e envolver meu pescoço com os braços.

Agarrei ela com força e respirei o cheiro da cidade que estava nela. Respirei mais fundo e ainda pude sentir o cheiro doce do shampoo em seus cabelos.

– O que fazemos depois disso tudo? – Sussurro.

– Nunca mais ficamos parados. – Ela levanta a cabeça e me olha.

Suas mãos tremem um pouco ao limpar as lagrimas, e ela sorri enquanto encosta a testa na minha, ainda de olhos abertos.

– Bella, eu amo tudo o que temos aqui, mas preciso saber uma coisa. – Ela afasta a cabeça e me olha confusa. – Somos namorados oficialmente agora? – Ela morde o lábio inferior e faz que sim com a cabeça.

– Mas só se você quiser. – Fala baixo.

– Isso é tudo o que eu quero. – Abraço ela. – Tudo.

Isabella recosta a cabeça na minha e observados a cidade com a roda gigante parada no seu ponto mais alto.

Mais um dia feliz, mais um dia completo, mais um dia nosso. Essa agora é a minha vida, esse agora é o meu sonho sendo vivido. Nenhum livro, ninguém além de mim e de Isabella saberia dizer como é bom o que vivemos. Porque é isso que é amar, é sentir tudo ao mesmo tempo na maior intensidade de todas e querer mais, mais e mais do outro, sem ter medo de dar mais e mais de você ao mesmo tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá queridos leitores (as), eu estou muitoo, mas muitoo feliz mesmo com a recepção que a fic teve na sua volta, mesmo depois de tanto tempo sem ela ser postada. Quero agradecer por todos os comentários, que eu infelizmente não consegui responder (pelo cel o nyah é muito ruim, sai do nada e trava demais, e por isso acabei cansando de tentar).
Eu fiquei muito emocionada, queria poder colocar como melhor comentário o de todo mundo viu!
Bom, é isso, o próximo capítulo já está quase sendo terminado (comecei ele antes desse, da pra entender? hahaha) E em uma semana ele sai!!!
Espero que estejam gostando dessa reta final da fic, beijos, beijos e mais beijos em vocês, que são as leitoras mais carinhosas que eu já vi.
Até!