Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito, muito mesmo pela demora. O capítulo nem ficou grande depois de tanto tempo sem postar, mas espero que ao menos gostem. Enfim, conversamos lá em baixo. Boa leitura.



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Capítulo 21

“E todas as estradas que temos que percorrer são tortuosas

E todas as luzes que nos levam até lá nos cegam

Existem muitas coisas que eu gostaria de te dizer

Mas não sei como

Porque talvez

Você vai ser aquela que me salva

E no final de tudo

Você é minha protetora”

(Wonderwall – Oasis)

Narrador: Isabella

Verdade, eis uma palavra que pode ter o peso do mundo sendo carregado em um ombro magro. Porém, quando escondida de alguém que deve sabê-la pode causar uma destruição imensa. No meu caso, a verdade tinha sim um peso gritante, mas muito mais para a pessoa que estava disposta a compartilhar a sua verdade comigo.

Edward estava muito nervoso com isso, era tão visível que chegava a ser palpável. Eu queria passar a mão em seus cabelos e lhe dizer para não me contar nada, porque eu não precisava disso. E eu não estaria mentindo, realmente não precisava de nada daquilo, eu queria o Edward atual e não o seu passado, porém eu entendia que isso era necessário, fundamental até, para nós dois.

- Não vai dizer nada Bella? – Edward sussurrou. – Não vai me dizer para parar, que não preciso falar. – Em seus olhos eu podia ver a coragem tentando escarpar-lhe.

- Não. – Balanço minha cabeça e seguro a sua mão. – Não vou desencoraja-lo nunca a soltar o que tem vontade. Estou aqui só esperando que você fale, independente da hora que seja.

A realidade era que talvez essa fosse a minha única chance de conhecer Edward por inteiro. Não consigo imaginar outro momento em que estejamos tão abertos para verdades e banhos de água fria com sabor de passado ruim.

- Não sei como começar. – Ele rangeu os dentes. – Vou te contar como se fosse uma história qualquer, mas centralize-me como o personagem principal dessa narrativa.

- Certo. – Faço que sim com a cabeça e aperto a mão dele.

Edward solta a mão da minha e fecha os olhos. Sua língua passa pelos lábios ressecados pelo medo, mas mesmo assim vejo ele respirar fundo e se preparar para o que vai me contar. Sinto um pouco de receio que seja algo muito serio – mais serio ainda do que eu já tenha imaginado, muito pior do que a minha mente seca é capaz de supor.

- Era uma vez um garoto de cabelos cor de ouro e olhos muito verde, cujo aos nove anos era magro, alto e muito inocente para sua idade. Eis que esse garoto morava em uma linda mansão, um dia habitada por ele, seu pai e sua mãe. – Seus olhos ainda estavam fechados e suas mãos tremiam um pouco, mesmo assim, tentei ignorar tudo isso para apenas me ligar no que saia de sua boca. – A mãe desse menino tinha ido embora sem motivo aparente e ele andava muito triste por isso. Sendo assim, seu pai convidou sua prima mais nova para passar o final de semana com ele e eles se divertiram como se não houvesse nada além daquilo, daquela doce e maravilhosa brincadeira e risada na tarde livre e ensolarada.

“Mas as coisas estavam prestes a mudar. Seu pai louco e maníaco andava armando algo para o jovem garoto, assim que sua prima partisse. Não tardou muito e sua tia apareceu para levar a prima e assim ia-se lá mais um final de semana maravilhoso – o seu ultimo.

O pai do rapaz nunca tinha demonstrado-se muito fora do comum. Era um homem forte, com uma postura impecável e acima de tudo respeitado. Vinham de uma família de renome pelos Estados Unidos, não poderia ser diferente.

Sua mãe já era uma mulher mais simples, e para ele naquela época, também era a dona do desastre. Vivia com manchas rochas pelo corpo que ele pensava ser algo envolvido a baques que ele mesmo vivia fazendo. De qualquer modo, o garoto nunca tinha reparado algo fora do comum antes de uma noite qualquer sua mãe aparecer de madrugada em seu quarto, sussurrar palavras doces em seu ouvido e lhe fazer uma promessa de que voltaria por ele em breve.

É bem provável que por causa daquela partida todo o horror de uma vida toda tenha começado, mas ele nunca poderia reclamar realmente por ela ter ido, cada um nessa vida tem que carregar seus próprios demônios e talvez a mãe do rapaz não pudesse carregar mais aquilo, estava desgastada demais.”

Olhei para Edward que respirava ofegante e puxei meu corpo para mais perto dele. De olhos fechados ainda, as lagrimas escorriam pela sua bela face. Limpei sei rosto e com isso ele abriu os olhos e puxou meu rosto para si.

- Por favor, não sinta tanto nojo do pobre garoto.

- Nunca sentiria nojo de um garotinho. – Minha voz era tão baixa e mansa, como se não quisesse assustar realmente uma criança. Fiz uma vez mais carinho em seu rosto e continuei. – Nunca sentiria nojo de qualquer coisa que aconteceu com você Edward, entenda isso.

- Você... – Ele olhou para baixo e ainda com as lagrimas escorrendo pelo rosto soltou uma risada que não trazia nem um pouco de felicidade. – Você não sabe de nada Bella, nunca precisou conhecer o horror para saber que da sim para sentir nojo de um garotinho. – Seus olhos verdes brilhavam por causa das lagrimas. – Nojo de mim.

- Conte-me o que vem depois da mãe que vai embora, quero saber o final dessa história.

- A história ainda não tem fim, apenas um começo escandaloso e horrível.

- Eu quero ouvir. – Segurei seu rosto com firmeza. – Não tenho nojo de você, vou continuar aqui colando meu corpo no seu para provar isso.

- Por favor, não... – Edward me empurra delicadamente, mas eu continuo no mesmo lugar.

- Eu sei que não chegou na parte que mais te feriu Edward. – Ele faz que sim com a cabeça e ao invés de fechar os olhos para voltar de onde tinha parado, ele me encara.

- Por favor... Perdão. – Ele sussurrou e eu nada respondo, mesmo que não fizesse sentido o seu pedido de desculpas a mim. – Naquele dia quando a prima do garoto se foi o pai do menino logo mandou que ele subisse e fosse tomar seu banho. Aquele garoto magro era tão obediente e estava apenas com o pai, nunca deixaria de fazer algo na mesma hora que o pai tinha mandado, então ele seguiu as ordens impostas.

“Subiu, tomou um banho rápido, coisa de garoto daquela idade e foi para o quarto se secando. Naquele exato momento seu pai abriu a porta do quarto apenas de roupão, o menino não estranhou, o pai adorava andar de roupão pela casa e provavelmente estava ali apenas para verificar se ele tinha realmente tomado banho.

Mas para a surpresa do garoto, aquelas não eram as intenções do pai. O homem então mandou o garoto não se vestir assim que entrou no quarto e trancou a porta. Susto foi pouco para o que aquela criança sentiu. Ele não poderia nem começar a imaginar como as coisas ficariam terríveis, mas em seu jovem coração, sentia que nada de bom iria acontecer naquele momento.”

Edward parou de novo de falar e eu nada disse. Não era hora de interromper, na cabeça dele deveria estar passando mil imagens do passado. Na minha cabeça eu sentia que ele tinha sido espancado quando criança ou qualquer coisa nesse gênero.

- Não há forma bela de dizer isso Bella. – Ele falou finalmente. – Fui abusado, estuprado pelo meu pai durante toda a minha infância e adolescência. Sou esse lixo de ser por causa disso, fiquei muito tempo perdido dentro de mim mesmo sem ver a luz no fim do túnel até que você apareceu. – Choque foi tudo o que eu consegui sentir, nada em minha mente funcionava como deveria mais. – Foi por isso que eu não queria que você ficasse perto de mim, sei que está com nojo. Desculpe fazê-la beijar um homem tão imundo como eu, tão podre tão...

- Quietinho. – Resmungo colocando um dedo sob seus lábios úmidos. – Não diga bobagens Edward. Eu só estou tentando pensar, é tudo tão... Absurdo. – Percebi então que eu tinha começado a chorar. – Não sinto nojo de você, nunca vou sentir. O que você me contou nunca poderia ser considerado uma forma de desprezar alguém, é a coisa mais triste que já escutei na minha vida.

- Triste? – Ele parece surpreso.

- Sim. – Me joguei em seus braços e o abracei com força. – Mas isso me faz admirar mais a você. – Coloquei meu rosto em frente ao seu e segurei com força encarando seus olhos já inchados por causa das lagrimas. – Como pode sentir nojo de si mesmo quando é um guerreiro? Quando já enfrentou mais demônios do que uma pessoa deveria enfrentar, como pode não enxergar que muito mais do que a merda que o seu pai lhe fez você continua sendo um grande homem? Que encara a situação mesmo quando todas as coisas do universo dizem que não dá mais.

- Ah Isabella, se você soubesse a metade das loucuras que já tentei fazer. – Seus lábios se transformam em um sorriso amargo. – Mas sou tão miserável que nem a morte quis me aceitar, porque só eu sei como eu anseia que ela me levasse desse mundo.

- Estou feliz que a morte não tenha lhe aceitado. – Dei um sorriso de leve e fiz um carinho no rosto dele aproximando meu rosto mais ainda do seu e selei nossos lábios. – Você não é um miserável, nunca mais repita isso. – Dou um beijo em sua bochecha. – Você não faz ideia mesmo do quanto é importante para mim não é? – Beijo o outro lado do seu rosto.

Só então percebo que Edward está encostado na cabeceira da cama e eu em seu colo. Me sinto estranha desse jeito tão intimo com ele, como se de alguma forma estivesse violando algo que tínhamos – como um trato mudo. Ameaço sair de cima dele, tentando não deixar a situação constrangedora, mas sinto as mãos de Edward não permitirem que eu saia. Muito pelo contrario, sou envolvida pelos seus braços em um abraço apertado.

- Você me faz tão bem Isabella. – Sua voz é baixa. – Obrigada por não me odiar.

- Não me agradeça por isso, se eu te odiasse por causa do seu passado, mereceria um soco no meio do meu rosto para quebrar todos os meus dentes. – Seus braços ficaram mais leves e eu volto meu rosto para o dele. – Só um tremendo idiota sentiria ódio por algo que não se pode controlar.

- Ele poderia ter se controlado.

- Mas você não poderia controlar o que ele ia fazer, não tinha como se defender, era apenas um menino.

- Menino idiota. – Sua boca faz uma careta de nojo. – Deveria ter matado ele quando pude. – Ele me olhou nos olhos, prestes a fazer mais uma confissão. – Tive muitas chances disso, de matá-lo, mas não conseguia. Mesmo depois de tudo, eu não conseguia matar aquele maldito desgraçado. – Uma risada de desgosto sai de novo das profundezas de sua garganta. – Mas uma coisa que eu sou, um tremendo de um covarde.

- Não vejo covardia nisso, não mesmo. – Tentando trazê-lo de volta para o mundo real, seguro com força seu rosto com as duas mãos. – Você é a pessoa mais corajosa e guerreira que eu conheço, por favor, pare de se diminuir.

- Juro que não consigo entender como você pode me ver desse jeito. – Ele balança a cabeça escondendo o rosto momentaneamente de mim, mas assim que levanta-o eu posso visualizar um pequeno, quase inexistente, sorriso brotar em seus lábios. – De uma forma estranho eu gosto, me faz bem, acho.

Dou um sorriso acanhado, mas satisfeita por poder fazer algo que ele goste. Não sei mais o que posso falar para ele, a situação foi muito inusitada, uma tremenda de uma bomba que é quase impossível de se abrir um debate sobre o assunto.

Sendo assim, arrasto-me para fora do colo de Edward, e mesmo a contra gosto, ele me solta.

- Devo ir agora. – Fico de pé ao lado da cama.

Edward me lança um olhar que é claro “não vá”, e na verdade, fico realmente tentada a isso. Mas penso que talvez seja a hora de deixá-lo em paz por algumas horas, porque sei que quando estou junto dele, a única coisa que ele não tem é uma paz plena, de uma forma louca, sempre arrumo um jeito de trazer sentimentos e emoções para os nossos momentos.

- Bella, por favor, fique. – Como se estivesse lendo meus pensamentos ele murmura. – Fique a noite toda aqui.

- Mas...

- Acabo de compartilhar com você quem realmente sou. – Edward estica a mão e eu a seguro, sentando ao seu lado na cama. – Preciso de você aqui. – Sua voz sai baixa.

- Desculpe. – Respondo no mesmo tom baixo levemente corada. – Não queria te incomodar, achei que esse era um momento que você queria ficar sozinho, pensando, não sei bem.

- Esse assunto já esteve comigo por tempo demais. – Me puxando mais para ele, continua. – Não preciso de mais tempo a sós com ele. – E em um toque tão leve, Edward faz carinho em meu rosto. – Eu preciso de você aqui Isabella, só disso.

Narrador: Edward.

Isabella se aconchega mais em mim e logo já estamos deitados, suas costas batendo em meu peito, e sua respiração calma. Ela está estranhamente quieta, como se de repente, todos os assuntos do mundo tivesse se escapado e a única coisa que ela pode fazer agora é aguarda que alguém os traga de volta. Esse alguém supostamente sou eu, claro.

Mas nada digo, a noite já foi rodeada da minha voz demais, não há mais nada que eu possa dizer.

Como uma noite que só era para ter momentos felizes se tornou algo tão tumultuado e revelador é realmente uma incógnita, porém posso agora dormi em paz, sabendo que a minha Isabella sabe quem está ao seu lado, e que mesmo com todos os mil e um problemas ela ainda está aqui, por mim.

Afundo meu rosto em seus cabelos e colo meu corpo mais no seu, abraçando-a pela barriga. Isabella se remexe um pouco procurando ficar do jeito mais confortável e então fica paradinha.

- Você cheira tão bem. – Sussurro em seu ouvido, ainda sentindo o aroma doce de seus cabelos.

Ela solta uma risadinha baixa e vira o rosto para me olhar, com um sorriso meio incerto atravessando seus lábios rosados.

- Você também. – Responde.

Sua boca é tão convidativa ali, bem próxima a minha que tenho vontade de lhe beijar. Mas me reprimo, não sabendo se é o certo. Ela pode dizer que não sente nojo, mas será que beijar-lhe não seria demais?

Começo a morde minha bochecha e encaro seus olhos que agora estão negros e muito intensos. Isabella vira-se totalmente para mim, ela parece um pouco abatida, como se tudo o que eu tivesse lhe dito de alguma forma a tivesse matado por dentro.

Acaricio seu rosto tentando de alguma forma fazer com que ela fique bem. Ela fecha os olhos e suspira, para depois me dar um sorriso tímido.

- Posso te dar um beijo? – Seus olhos se abrem e por um momento toda a vida volta a seu rosto.

- Mas que pergunta! – Ela resmunga. – Desde quando precisa pedir permissão para me beijar Edward? – Soltando uma risadinha baixa Isabella aproxima o rosto do meu e beija meus lábios.

Sua boca é tão suave sob a minha, que eu sinto vontade de abraçá-la com força para que o nosso beijo fique mais forte, mas entendo que ela está sendo cautelosa não querendo me assustar ou qualquer coisa assim. Porque quando o assunto envolve nós dois entrelaçados fisicamente, ela é sempre cautelosa.

Mas hoje, um dia cujo eu quebrei diversas barreiras, anseio por quebrar mais uma. Não quero cautela em nossos beijos, pois tenho fome de carinho, fome de toques, fome dela.

Deixando meu corpo agir sem os comandos da minha mente, viro-me de uma forma que Isabella fica em baixo de mim e enfio uma mão no meio de seus cabelos, aprofundando nosso beijo. Ela suspira em meus lábios e então percebo que fiz a coisa certa.

Nossas línguas traçam a valsa do prazer e por alguns segundos, pensamentos muito mais ousados tomam conta de mim. Anseio Isabella de uma forma muito mais carnal do que em todos os dias que já estivemos juntos.

Por um momento posso me imaginar nisso, tendo-a por inteiro, encaixada em mim, fazendo loucuras cujo apenas ela foi capaz de enfiar – mesmo não intencionalmente – em minha mente.

Seus braços estão em volta de meu pescoço e suas mãos pequenas em meu cabelo, puxando-me mais para si. Ela realmente não tem nojo de mim, caso contrario nunca estaria tão entregue assim.

Solto uma risada em sua boca fazendo nosso beijo parar e me jogo pro lado, respirando ofegante. Ela não tem nojo de mim, agora tenho certeza de que suas palavras anteriores não eram apenas por pena.

Sinto o corpo de Isabella se apoiando em mim, e de repente seu rosto está em cima do meu, com seus cabelos fazendo uma cortina de privacidade para nós.

- Posso saber por que fez isso? – Sua voz sai meio ofegante.

- O que? – Pergunto bobamente.

- Parou de me beijar e começou a rir sem parar? – Sua sobrancelha se ergue e ela sorri marotamente para mim.

- Porque eu me toquei que você realmente não tem nojo de mim, fiquei feliz, e comecei a rir. – Abro um sorriso para ela e lhe dou um selinho.

- Mas que bobagem. – Isabella revira os olhos. – Eu já te disse mil vezes que não tenho nojo de você Edward, para de pensar isso.

- Eu sei. – Seguro seu queixo entre meus dedos. – Mas é bom quando a gente sente que a palavra da pessoa não é algo vazio, é bom quando se sente que é algo real.

- E você sentiu isso, finalmente?

- Senti em cada toque que tivemos. – Dou outro selinho nela. – Estou sentindo agora.

- Que bom. – Sinto os braços de Isabella rodeando meu corpo desajeitadamente enquanto sua cabeça se encaixa no vão do meu pescoço. – Muito bom. – Ela fecha os olhos e sinto todo o fogo que antes borbulhava em meu âmago começar a se apagar lentamente.

Ficamos quietos e depois de alguns minutos, a respiração de Isabella está calma e leve demais, o que me leva a crer que ela adormeceu. Porém, alguns instantes depois, ela se mexe e levanta a cabeça, sonolenta.

- Quer mesmo que eu fique aqui? Porque estou com um pouco de sono.

- Quero. – Ela faz um sinal de positivo com uma mão e rola para o lado, se aconchegando no meu travesseiro.

Não ligo muito por ela ter se afastado, assim posso olhá-la enquanto dorme tranquilamente. Arrumo meu corpo de forma confortável onde eu possa olhar Isabella dormindo e ao mesmo tempo pensar... E há tanto para se pensar.

Foram tantas coisas ditas, atitudes tomadas em tão poucas horas. Como paramos afinal, nesse mar de verdades e atitudes é realmente um mistério, ou talvez algo premeditado pelo destino, não sei. Mas gosto, gosto mesmo de poder falar a verdade e não sentir peso na consciência a cada toque que Isabella me dá. Gosto de saber que ela não sente nojo de mim, que me deseja. Céus, é maravilhoso saber que ela me deseja... Igualmente eu a desejo.

Isabella vira-se de forma que o rosto fica virado agora para mim. Tão calma, nem parece que a pouco escutou tamanha desgraça. Sinto vontade de tocá-la, como da primeira vez em que beijei seus lábios. Parece que passou muito tempo desde a noite onde assistimos filme juntos, e ela adormeceu em meu colo, como um grande presente enviado dos céus. Tinha sido um beijo singelo, naquela época, apenas algo que eu queria guardar na memória, o calor de sua boca, a maciez.

Prendo uma risada me sentindo um garotinho travesso, mesmo que na realidade eu esteja escondendo uma coisa de Isabella. Nosso primeiro beijo, meu primeiro beijo. Mas gosto disso assim, gosto mesmo.

Nunca pensei que em algum momento eu estaria assim, deitado ao lado de uma mulher, que não se preocupasse em dormir tranquilamente ao meu lado, apenas por querer, apenas por um pedido meu. Nunca pensei que em algum momento da minha vida, eu olharia para tudo que me cerca, e fosse dizer “O caminho foi longo, mas até que valeu a pena”. Está valendo.

Sou definitivamente um homem agora. Não mais um garoto amedrontado no corpo de um homem. Finalmente minha alma marcada pode acompanhar as evoluções do meu corpo. Involuntariamente me pego sorrindo de novo.

Não há mais medos de monstros do passado, muito menos medo de gente que nem me fazer mal mais pode. Quem mais me massacrou nessa vida está morto e nunca mais poderá me fazer nada. Demorei muito para conseguir perceber isso, para poder deixar que minhas correntes onde uma vez estive tão preso, se soltassem. Por medo, por idiotice, por apenas eu ser eu.

De qualquer modo, valeu à pena. Valeu à pena esperar Isabella, esperar que ela viesse me salvar de mim mesmo. Santo Deus, como valeu a pena.

- Edward, porque está sorrindo? – A voz de Isabella aparece no breu que é o quarto.

Apenas uma breve luz da lua nos ilumina, e isso deixa a pele já branca de Isabella ainda mais. Como em algum dos meus sonhos, onde ela era meu anjo, só que em carne e osso.

- Não estou sorrindo. – Olho para o outro lado não querendo me explicar para ela.

Isabella rir baixo e me puxa para mais perto dela, sua pequena mão está no meu pescoço e seu rosto quase colado ao meu.

- Me engana que eu gosto. – Ela me da um selinho breve. – Vem, vamos dormir, não quero você me vendo roncar. – E da uma risadinha.

 - Se soubesse como é linda enquanto dorme, pediria que eu ficasse lhe olhando. – Suas bochechas são atingidas pelo rosado tão costumeiro para mim, e com isso, é impossível não lhe lançar um sorriso.

- Muito esperto. – Resmunga. – Mas se me convidou para dormir aqui com você, tem que fazer as honras.

- Como desejas. – Faço gracejo e fecho os olhos com força e ela da apenas uma risadinha.

Os dedos de Isabella começam a dedilhar meus cabelos, em um carinho tão lento, que é quase impossível não ficar sonolento. Aos poucos, o sono me abraça, e como se soubesse que distante fico, Isabella sussurra.

- Durma amor... durma que hoje eu irei cuidar do seu sono.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, foi super mal da minha parte a demora, mas as coisas andam corridas. Não dá nem para explicar a metade aqui, mas estou doente, com problemas nos ossos, estudos, e mais um monte de coisa, sem contar a falta de inspiração para terminar o capítulo. Serio, parecia que eu nunca iria acabar, passei horas, dias, na tentativa e só saiu isso. Juro que não consegui me entender.
E por esse motivo, queria pedir a ajuda de vocês para que eu não demore tanto assim. Preciso de cobranças da parte de vocês, serio, me perturbem, falem na minha cabeça, só assim eu escrevo mais rápido, kkkkkkk. Estou sempre no meu tumblr (sempre pelo cel), então é uma boa me azucrinar lá. Mas nada de ofender ein!
Enfim... gostaram ao menos do capítulo? Espero de coração que sim!
Beijos e abraços, com carinho de uma autora que vacila muito, mas que não vai abandonar nunca a fic.
E voltarei muito mais rápido no próximo capítulo, promessa!
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