Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais cheguei, conversamos lá em baixo.
Boa leitura.



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Capítulo 20


“Nenhuma religião poderia me salvar

Não importa quanto tempo eu passo ajoelhado

Então lembre-se dos sacrifícios que eu estou fazendo

Para te manter do meu lado

E evitar que você saia pela porta

Porque não haverá luz do sol

Se eu te perder, amor

Não haverá céu claro

Se eu te perder, amor

Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo

Se você for embora

Todo dia, irá chover, chover, chover”

(Bruno Mars – It Will Rain)

Narrador: Isabella.

Os dois últimos dias tinham passado muito rápidos, e hoje já era sábado, dia do casamento da Alice. Eu queria estar ao lado dela, vendo-a ser preparada para o casamento e lhe dando força – porque o nosso momento quando ela esteve aqui, me fez querer ser uma grande amiga dela.

Ainda eram oito horas da manhã, mas eu já estava de pé, não era como se eu tivesse o dia todo sem nada para fazer. Eu ainda queria conversar com Edward, ele não tinha me dado certeza se iria ao casamento e nos últimos dias ele andava como se quisesse falar algo comigo constantemente.

Alice tinha mandado o vestido para mim – era um vestido curto, preto e azul, com alguns detalhes em renda. Quando eu experimentei o vestido, fiquei um pouco sem graça, sendo eu como sou e nada acostumada com roupas nesse estilo. Porém, já consegui me acostumar e até gosto um pouco agora.

Tomo um banho rápido e coloco jeans e camiseta para ir até a mansão preparar meu café da manhã e o de Edward. Faço o de sempre, bacon, ovos mexidos e torradas e pego um suco de caixinha.

Olho o relógio e percebo que ainda é cedo e fico na duvida se devo levar a comida para Edward mesmo assim – ele anda dormindo até mais tarde e eu não quero incomoda-lo. Dou de ombros mesmo assim e sigo a caminho da escada, pensando que se não levar agora vai ficar tudo horrível.

Chego à porta do quarto dele e bato bem devagar uma vez. Nenhuma resposta. Bato de novo com um pouco mais de força e espero, mas continuo sem ter resposta alguma. Preocupada de que algum evento horrível como os de antigamente tenha voltado a acontecer, deixo a bandeja no chão e abro a porta do quarto, preparada para encontrar a destruição.

Muito diferente do que eu esperava tudo está no mais perfeito estado e a cama está arrumada e vazia. Caminho para perto do banheiro e vejo a porta aberta e o cômodo vazio. Edward não está em lugar nenhum.

- Deu merda! – Resmungo preocupada e saio do quarto correndo.

Vou de quarto em quarto e nada de encontrar ele, sendo assim, desço as escadas no desespero e gritando o nome dele – e mentalmente fazendo uma prece para que esteja tudo bem, para que ele não tenha se ferido.

Com o coração acelerado vou até o escritório, seu antigo refugio, e abro a porta. O cômodo está vazio, mas diferente de como eu havia deixado no dia anterior há papeis em cima da mesa. Caminho até a mesa e remexo em alguns papeis tentando achar pistas e é ai que eu encontro um específico que só olhando por cima, há meu nome em todos os lugares.

Sinto-me impelida a começar a ler, mas algo no fundo da minha consciência me avisa que é pessoal.

- Ler ou não ler? – Murmuro e começo a ler mesmo assim.

No papel há a data de hoje e algumas manchas como se água tivesse batido na tinta.

Eu não deveria ficar escrevendo coisas sobre ela, minha Isabella. Mas a questão é que desde o dia em que eu sai dessa prisão em forma de casa meu coração começou a querer mais e mais dela.

Hoje é o casamento de minha prima Alice e eu irei junto com a minha dama, que provavelmente será a mulher mais linda de toda noite – não desmerecendo é claro, o incrível brilho que a noiva irá ter.

O dia começou quase agora e a alvorada nem ao menos começa a mostrar sua chegada. Da janela do meu quarto eu podia assistir a noite engolindo o mundo e foi ai que eu senti que deveria escrever – eram sentimentos demais para ficarem apenas na minha mente e na ponta da minha língua.

Eu queria poder dizer tudo o que eu sinto, tudo o que eu penso para Isabella. Eu queria tantas e tantas coisas desse mundo que uma vez já me foi tão sombrio.

Por Deus, estou falando asneiras. Tudo o que Isabella está disposta a me oferecer já está bem claro, um carinho aqui, um abraço ali, mas é bem provável que nunca seu amor.

O que eu estou falando? Estou confuso demais... Confuso além do que eu posso aguentar. Preciso...

A suposta “carta” parava ali, o que me deixava atordoada. Aquelas frases eram estranhas e de uma forma imperdoável eu tinha invadido a privacidade de Edward lendo-as. Mesmo assim, foi impossível não fazer meu coração acelerar ao saber que ele queria o meu amor.

Deixei o papel em cima da mesa e reparei que havia outros papeis com a mesma letra curvada e alinhada que agora eu sabia ser a de Edward. Suspirei e dei as costas para a mesa, eu não deveria nem ter lido aquela, quem dirá ler alguma outra a mais.

Sai do escritório sem ideias de onde ele poderia estar. Ele tinha dito precisar de algo, mas o que seria? Provavelmente um pouco mais de tempo, sendo esse, um dos artigos mais utilizados por ele.

Porém tempo era algo que eu não podia desfrutar, quem sabia o que realmente teria acontecido com ele ao decorrer desse tempo? Se tratando de Edward o inesperado era sempre algo que eu sabia poder acontecer. Sua melhora poderia começar a retroceder e só Deus sabe o quão isso iria me afetar – não tenho certeza se aguentaria tão firme tudo aquilo de novo.

Caminhando a passos largos fui em direção à porta da frente da mansão e a abri. A alguns metros de distancia Edward vinha caminhando em meio à brisa fresca da manha. Ele estava descalço, de calça de moletom cinza e uma camiseta sem mangas preta. Era evidente que tinha passado a noite em claro, mas mesmo isso não diminuía a beleza dele. Dei-me finalmente conta de que ele não era mais um menino no corpo de um homem, acorrentado às dificuldades de um adulto e tão transtornado e indefeso como uma criança. Agora, eu lidava com o Edward atual – ainda inseguro, mas mesmo assim se impondo diante as suas dificuldades de lidar com a vida.

Agindo no impulso corri em sua direção e lhe abracei. Orgulho borbulhando de dentro de mim e em meu coração, uma felicidade genuína prevalecia. Ainda tinha aqueles resquícios de preocupação, mas nada se comparava em saber que ele estava obviamente bem e que seu abraço agora era a minha casa, meu lugar de paz.

Narrador: Edward

Sentado na calçada da mansão, vi alguns carros com cara de caro e muitas pessoas que me olhava estranho toda vez que reparava na minha presença – ainda bem que eram só olhares, ninguém tinha chamado a policia ou qualquer coisa do tipo.

Eu estava a algumas horas do lado de fora da mansão – horas o suficiente para poder ver o sol nascendo. Tinha decidido que era uma boa escolha ficar do lado de fora, talvez eu pudesse espairecer um pouco e vendo como nada iria acontecer comigo do lado de fora eu poderia finalmente tomar a coragem de ir ao casamento.

Não era como se eu estivesse na duvida do que fazer, eu sabia o que eu queria, mas alguma parte insana e incurável da minha mente me afirmava que seria um desastre. Por isso não dormi durante a noite a logo após bater as 12 badaladas anunciando um novo dia eu desci e fui ao escritório escrever coisas para Isabella cujo eu não tinha coragem de dizer cara a cara – apenas mais uma “carta” no meio de outras que eu havia escrito durantes esses últimos dias – e sai.

Sem saber que horas era, levantei-me e entrei na mansão. Eu tinha deixado o portão encostado para não ter que recorrer a ninguém. Com passos tranquilos, caminhei para a porta principal, sentindo o vento batendo em minhas costas suadas e cabelos úmidos. Parecia tudo tão certo assim, comigo andando para onde eu sentia vontade, a brisa fresca e tendo a certeza de que assim que eu entrasse em casa encontraria Isabella.

Ao mesmo tempo em que eu ia chegando à entrada de casa à porta da frente se abriu e eu pude enxergar a minha garota. Isabella arregalou os olhos quando me viu e correu ao meu encontro. Sem saber o motivo de seu desespero parei onde eu estava e esperei até que seu corpo pequeno estivesse de encontro no meu.

Ela me abraçou com tanta força que fez minhas costelas doerem um pouco, porém eu retribuí o abraço, tomando o devido cuidado de não aperta-la demais para não machucar.

- Onde, em nome de Deus, você se meteu? – Exclamou assim que se afastou um pouco.

Seu rosto começava a ficar tingido de vermelho – mas eu duvidava muito que dessa vez fosse de vergonha, Isabella parecia estar fervendo de raiva agora.

- Eu estava do lado de fora. – Cocei minha cabeça ao responder. – Desculpe se te preocupei.

- Ta. – Ela resmungou e respirou fundo. – Eu é que peço desculpas pela minha forma exagerada, mas eu pensei que algo realmente ruim tinha lhe acontecido. – E mordendo os lábios nervosamente ela me encarou, me analisando, vendo se tudo estava em seu devido lugar.

- Bella, se o que você quer saber é se eu estou ferido, a resposta é não. – Falei de uma vez. – Estou bem, na verdade eu nunca estive tão bem como me encontro agora. – Busco sua mão pequena que se encontra ao lado de seu corpo e dou-lhe um beijo rápido. – Eu só precisava de um tempo, entende?

- Sim – Ela vira o rosto, momentaneamente envergonhada e resmunga algo como um “Isabella imbecil” para si mesma e depois me dar um sorriso. – Acho que estou ficando paranoica. – Dando as costas para mim ela segue para dentro da mansão. – Eu preparei seu café da manhã, está na porta do seu quarto. – Continuou dizendo. – Deve estar frio, desculpe.

- Tudo bem. – Respondo. – Mas antes de comer, quero conversar com você sobre outro assunto. – Entramos na cozinha e caminho para me sentar em um banco. – Senta aqui na minha frente Bella.

- Ta. – Ela se senta e me olha com um ponto de interrogação na testa. – Fala Edward! – Dando uma risada ansiosa ela me pede.

- Estou um pouco na duvida de como começar a falar... – Mordo a parte de dentro da bochecha. – Você já esta com tudo pronto para ir ao casamento, certo? – Isabella parecendo começar a entender onde eu quero ir faz que sim com a cabeça.

- Já se decidiu não é? Se vai ou não, quero dizer. – Parecendo um pouco chateada ela passa a mão nos cabelos e da de ombros. – Se você não quiser ir não tem problemas, e se você quiser que eu fique também...

- Calma Bella, não é isso. – Abro um sorriso breve. – Eu vou ao casamento, era isso que eu queria dizer! – O meu sorriso vai se alargando na medida que o de Isabella aparece tão forte como o sol. – Nós vamos na verdade... Era sobre isso que eu estava pensando, quer dizer, eu já fui lá fora mesmo, e isso iria fazer Alice tão feliz que não posso dizer não ou muito menos fazer essa desfeita.

Isabella ainda sorrido faz que sim com a cabeça enquanto pula de seu banco e se joga aos meus braços me dando um enorme abraço.

- Não precisa se explicar, sabe disso. – Sussurra. – Só o fato de você ir já é excelente. – Ainda em meus braços ela puxa o rosto para olhar dentro dos meus olhos. – Você é o meu maior orgulho Edward. – E afundando o rosto em meu pescoço de novo ela sussurra tão baixo que eu quase não posso escutar. – Meu Edward.

Aquelas simples palavras são o suficiente para que eu possa me sentir a pessoa mais feliz do mundo – eu tenho afinal de contas, uma grande chance de conseguir o amor dela e só em saber isso basta. Uma chance é tudo o que eu preciso.

(...)

Passei o dia inteiro com Isabella, mas diferente de fazermos um piquenique ou qualquer coisa no estilo, cuidamos do meu “visual”. Isabella cortou um pouco meu cabelo e fez minha barba, deixando meu rosto como de alguém bem mais jovem. Depois ela foi até meu armário escolher um terno.

Digamos que eu tenho muitos ternos – algo que Alice sempre gostou de comprar porque ela achava que um homem deve se vestir bem, mesmo quando vive nas minhas condições.

Isabella no final decidiu por um preto elegante, afirmando que eu ficaria realmente lindo – mais ainda do que eu já sou com roupas de dormi. Admito que essa declaração dela me deixou um pouco encabulando, considerando que eu não me vejo como alguém bonito ou realmente atraente.

Depois disso tudo ela me deixou dizendo que tinha que se cuidar também, pois não queria passar vergonha e estar toda mal cuidada. Concordei, mesmo achando que Isabella poderia ir descabelada que ela nunca passaria vergonha, era afinal de contas, uma mulher linda.

Fui tomar meu banho, sabendo que faltava uma hora para o casamento que iria começar às 18 horas. Alfredo iria deixar eu e Isabella lá – mesmo ela tendo insistido que poderia dirigir ele afirmou que preferia levar o carro e que Alice também tinha convidado ele e por isso, não teria problema nenhum.

Tomei um banho rápido e logo coloquei o terno. Senti-me estranho usando a roupa, mas logo me veio a cabeça o quanto Isabella tinha gostado e isso anulou um pouco meu desconforto. Tentei dar uma penteada no cabelo, mas quando eu me olhava no espelho não tinha uma visão de algo que me agradasse, por isso baguncei ele um pouco e decidi ir encontrar logo Isabella.

No meio do corredor, vinha uma Isabella de cabelos preso, com um vestido até o meio das pernas e maquiada. Usava sapatos altos e parecia tão incrivelmente bela, que eu estaquei no lugar. Não era como se ela não fosse linda no dia a dia, mas arrumada, tinha um ar tão incrivelmente superior, encantador... Era como se fosse uma Isabella diferente, uma que eu nunca tinha visto.

- Oh, você já está pronto. – Ela comentou e sorriu. – Está mais elegante do que de tarde. – E ainda sorrindo me estendeu a mão e deu uma piscadela. – Eu até que fiz um bom trabalho nesse cabelo, não fiz?

- Acho que sim. – Passei a mão nos cabelos bagunçando ainda mais.

- Nem perguntei. – Exclamou assim que começamos a descer as escadas. – Como estou?

- Linda. – Respondi na hora sem nem pensar. – Muito linda. – Repeti e fiquei sem graça assim que falei.

Isabella deu uma risadinha baixa, visivelmente encabulada e me olhou de lado balançando a cabeça.

- Obrigada. – Agradeceu enquanto saiamos de casa, indo para o carro. – Mas não estou nada demais, acho que é o salto. – Murmurou. – Estou quase do seu tamanho, percebeu? – Gracejou me tirando uma risada.

- Não está mesmo, você ainda teria que crescer mais de 10 centímetros para me alcançar. – Ela fez uma careta e concordou com a cabeça, mesmo parecendo levemente contrariada com sua estatura mediana.

- Você é tão desanimador. – Resmungou e apertou minha mão parando de andar. Estávamos a alguns metros do carro, onde Alfredo nós esperava do lado de fora. – Eu sei que já falei muito essa tarde o quanto estou feliz sobre isso, mas eu queria acrescentar que a minha felicidade não é só por estar indo a um casamento que vai ser sem duvidas nenhuma maravilhoso. – Parou para respirar fundo e olhou dentro dos meus olhos. – A minha felicidade é por você, entende? Estar com você lá vai ser como um sonho realizado, ou qualquer coisa que se possa equiparar a isso.

- Para mim isso é mais do que um sonho Bella. – Olhei para o céu que começava a escurecer e a brotar algumas estrelas. – Você não tem ideia do quanto já me imaginei vivendo isso. – Balancei minha cabeça e voltei a olhar para seu rosto, que me olhava atento. – Mas sabe, viver é bem mais gostoso, nada pode se comparar com isso, nem mesmo o mais maravilhoso sonho. – Deixei um sorriso acanhado brotar em meus lábios.

- Então me sinto honrada de poder estar presente nisso, na sua vida, no seu momento. – Murmurou e puxou a minha mão para que continuássemos andando.

Não deixei que ela saísse do lugar o que fez ela se virar para mim e me olhar com uma interrogação no rosto.

- Nada disso teria acontecido sem você. Nada. – Minha voz tremeu um pouco no final.

Isabella abriu a boca meio surpresa meio assustada, mas logo se virou e continuou andando. Segui seus passos largos e logo já estávamos deixando a mansão para trás, com Alfredo no volante e nós dois sentados no bando de trás.

- Fico feliz de qualquer jeito. – Escutei sua voz doce no meio do silencio e virei para encontrar seus olhos chocolate.

- O que?

- Você disse que nada teria acontecido sem a minha presença, então eu fico feliz por ter aparecido na sua vida, por todos os meus problemas que me levaram para aquela mansão.

- Isso é meio louco. – Murmurei para mim mesmo.

- A loucura nunca me desagradou. – Respondeu me empurrando levemente com os ombros.

Ficamos em silencio depois da sua declaração. Em momento algum, eu senti medo ou vontade de voltar para casa e me esconder debaixo da cama. Não houve tormentos do passado, apenas uma ansiedade pelo futuro, uma vontade louca de viver mais e mais aquilo.

A verdade era que eu passava barreiras impostas por mim mesmo e isso me fazia sentir orgulho de quem eu estava me tornando – um homem e não mais um menino amedrontado.

(...)

Narrador: Isabella

O carro parou em frente ao local onde iria ocorrer o casamento, instintivamente segurei a mão de Edward querendo lhe passar segurança. Senti seus olhos grudados em mim e virei meu rosto para ver que ele sorria de leve.

- Não precisa se preocupar. – Falamos juntos e sorrimos.

Descemos do carro e fomos andando para a entrada. Havia uma pequena fila – dois casais a nossa frente – na recepção onde eles falavam o nome e uma moça bonita e de cabelos ruivos olhava na lista. Momentaneamente me senti importante, como se eu estivesse participando de um grande evento, já que em Forks os casamentos normalmente eram nos quintais de casa.     

Chegou a nossa vez e a mulher deu um sorriso. Percebi só agora que Edward ainda segurava a minha mão.

- Sr. e Sra.? – Perguntou depois da nossa demora em falar.

- Isabella Swan e Edward Mansen. – Responde sentindo minhas bochechas ficarem quente com a suposição de que fossemos casados.

A mulher sorriu se desculpando e conferiu nossos nomes, logo permitindo nossa entrada indicando a mesa que deveríamos ficar.              

- Nunca estive em um casamento assim. – Sussurrei para Edward que olhava tudo com atenção.

- Nunca estive em um casamento. – Ele respondeu.

Apertei mais a mão dele que começava a ficar suada – não sei se por nervosismo ou porque ele começava a entrar em pânico.

- A mesa é essa. – Indiquei quando chegamos mais perto.

Na mesa só tinha um homem de ombros largos e parecendo bem alto e forte, ele tinha os cabelos raspados e sorriu para nós quando chegamos mais perto.

- Boa noite. – Falei.

- Boa noite. – Edward disse também.

Ele olhou curioso para Edward e depois desviou o olhar para mim, sorrindo ele fez um aceno com a cabeça.

- Boa noite. – E depois que estávamos sentados ele esticou a mão. – Emmett McCarty. – Edward rapidamente esticou também a mão e com o rosto serio respondeu.

- Edward Mansen. – Eu encarei o meu acompanhante estranhando sua voz tão formal e equilibrada.

Aquele afinal de contas, era o meu Edward? Parecia tão imponente e autoritário e finalmente eu conseguia ver um homem rico em sua postura e que fora bem educado. Tentando parecer agradável e não deixar o homem que dividiria a mesa com a gente sem graça dei um sorriso para ele e estendi minha mão também – cuja ele não apertou e sim beijou.

- Isabella Swan. – Eu podia jurar que estava começando a corar.

Edward ao meu lado ficou tenso e fuzilou o homem até ele soltar minha mão. Assim que ele o fez, dei um apertão por debaixo da mesa na perna de Edward para que ele parasse com aquilo – eu queria que tudo desse certo e que ele não se irritasse hoje, em um dia tão importante para ele, dia de mais um vitoria e etapa vencida.

Emmett pareceu perceber que tinha irritado Edward e tentou puxar assunto. Edward respondeu meio seco para o homem mais alguns minutos depois eles já conversavam um pouco – Edward dando respostas curtas o suficiente para não deixar o outro falando sozinho, mas nem longas o bastante para que parecessem amigos.

Enquanto isso, eu olhava tudo atentamente e conversava um pouco com eles também, tentando deixar Edward mais tranquilo e fazer com que ele parasse com aquela atitude estranha.

O fato era que eu sabia desde o começo que seria difícil estar aqui, mas eu não esperava que ele fosse ficar com esse rosto serio e frio e essa voz cortante – às vezes cortante até comigo. Eu esperava algo como, ele querer ficar em algum canto e pedir para ir embora – eu tinha vindo preparada para isso.

Decidi então que seria melhor dar uma volta para ver se ele relaxava um pouco. Coloquei minha mão em cima da de Edward e apertei, o que fez ele olhar para mim querendo saber o que eu queria.

- Emmett, nós vamos ali rapidinho. – Dei um sorriso de lado, pedindo desculpas, o que ele deu de ombros e fiquei em pé, puxando Edward que me acompanhou sem protestos.

- Não gosto dele. – Edward resmungou assim que nos afastamos um pouco da mesa e íamos andando na direção do pátio onde havia alguns casais andando perto de um lindo chafariz.

- Por quê? – Sinto o braço de Edward passar pela minha cintura e ele fuzilar um garoto que deve ter no máximo 19 anos. – Edward, você não ta com...? – Não consegui nem pronunciar a palavra, não era possível.

Ele começou a ficar vermelho e com a mão livre bagunçou os cabelos. Era tão evidente agora que ele estava com ciúmes que poderia até ser engraçado se não fosse trágico e sem sentido.

- Não estou com o que? – Perguntou baixo.

- Nada. – Dei uma risadinha baixa e balancei a cabeça.

- Não é ciúmes, se é isso que você está pensando. – Ele resmungou e virou o rosto fugindo dos meus olhos.

- Eu sei. – Olhei para os lados e percebi que tinha muitas mulheres olhando para ele, para seu rosto quadrado e seus lindos olhos verdes.

Entendi na hora o que ele sentia. Não era bem ciúmes – ta certo, era – mas algo a mais. Vivíamos normalmente no nosso mundo, sem que ninguém mais nos notasse, um dando atenção ao outro. E agora, do nada, havia outras pessoas analisando-nos, e acredito que até interessadas – no caso de Edward.

Uma parte nada racional minha queria grudar nele para mostrar que ele estava acompanhando. Não era como se nós fossemos namorados, mas tínhamos algo, e eu queria deixar isso evidente. Mas uma outra parte minha sabia que estávamos no território de Alice e que ela ainda não sabia sobre o que acontecia com a gente e era melhor sermos discretos.

- Por que você está vermelha? – Escutei a voz de Edward e olhei para cima, encarando seus olhos.

- Não estou. – Coloquei as mãos na bochecha e sorri. – Para de me olhar. – Ele de uma risadinha e balançou a cabeça.

- Somos estranhos. – Afirmou e eu tive que concordar balançando a cabeça.

- Pelo menos estranhos se entendem. – Cutuquei o peito dele e sorri e ele sorriu de volta. – Vamos voltar para a mesa. – Comecei a puxar ele na direção da mesa e na mesma hora o rosto dele voltou a ficar serio. – Edward, por favor, o homem só está tentando ser simpático com você, não precisa ficar irritado com isso.

- Ele é simpático demais. – Resmungou começando a ficar irritado. – Me olha como se já me conhecesse.

Não respondi nada porque era verdade, o homem olhava para ele como se realmente já soubesse tudo de sua vida.

Voltamos para a mesa e sentamos. Agora a mesa tinha mais um mulher loira – que estava sentada ao lado de Emmett – e Alfredo também já estava lá, e sorriu ao olhar para nós dois.

Mal tínhamos sentado e começou a tocar a musica da entrada das damas, noivo e tudo mais. Ficamos de pé e todos começaram a entrar. Era evidente que a ansiedade passava pelos convidados à espera da noiva. Eu tinha certeza de que Alice estaria linda, mas nem isso conseguiu tirar a minha vontade de querer ver ela passando pelos tapetes para chegar até Jasper.

Aquela musica tão habitual da entrada da noiva começou. E olhei atentamente para a entrada até que Alice apareceu. Ela estava mais linda do que eu poderia imaginar, com um vestido com detalhes em renda, delicado, que dava um realce nos seus seios e na sua cintura pequena.

Alice sorria sem parar na entrada e passou os olhos por todos os convidados até chegar em Edward, que foi onde ela parou por alguns segundo e prendeu os lábios, evidentemente tentando não chorar. Em seus lábios ela formou as palavras “você veio” e então ela desviou o olhar, agora focada em Jasper, que sorria sem parar.

Foi lindo a travessia dela até ele, a emoção era tão evidente no rosto de ambos que era como estar dentro de um filme. Logo o homem que eu supus ser o pai dela entregou ela a Jasper e beijou a testa dela, que sorriu acanhada.

O pastor começou a falar, mas não durou muito. Logo cada um já entregava seu voto um para o outro, com o pastor falando e eles repetindo.

Eu sorria sem parar, sem conseguir desgrudar meus olhos de toda a cena.

- Eu vós declaro, marido e mulher. – O pastor riu para eles. – Vamos, pode beijar a noiva. – E Jasper rindo deu um selinho em Alice.

Depois disso começou a tocar uma musica animada pela banda que tinha um pequeno palco no canto. Os convidados começaram a se sentar, e conversar animadamente uns com os outros.

Olhei para Edward que tinha estado o tempo todo atrás de mim, me fazendo apoiar em seu peito. Ele tinha os olhos cheios de lagrimas mais sorria, um sorriso tão forte que eu tinha visto poucas vezes.  Seus olhos ainda não tinham desgrudado da prima, que agora começava a ir falar com as pessoas – e desviava de algumas para vim até a nossa mesa.

Edward se levantou da mesa e começou a ir em direção a Alice, que ia na dele também. Fiquei assistindo a cena e como se fosse o reencontro mais esperado do mundo, ele abraçava ela apertado e tirava seus pés do chão. Alice sussurrou algo no ouvido dele que ele concordou com a cabeça e respondeu depois, fazendo ela rir sem parar.

Percebi então que Edward estava em boas mãos e levantei da mesa querendo circular um pouco e tentar pegar uma taça de champanhe. Caminhei até depois do chafariz que eu tinha ido e consegui pegar uma taça. Fiquei parada olhando para o canteiro de flores e deixei minha mente por um momento viajar.

Olhando tudo isso a minha volta, eu sentia vontade de me casar também, de sorrir para o meu futuro marido como Alice tinha sorrido e poder ser feliz como eu tenho certeza que ela estava sendo. Não, eu não estava com inveja, era apenas um querer viver emoções belas e agradáveis daquele jeito, sem complicação.

O pior de tudo – ou talvez mais complicado – era querer viver tudo isso com Edward. Era loucura minha obviamente pensar em algo tão avançado assim quando nós nem namorados éramos. Mas quando a gente gosta de alguém, é quase inevitável não fazer fantasias de um futuro bem improvável, e sendo eu – Isabella que sonha mais do que realmente vive – não podia ser diferente. Sempre fui uma garota criativa e não seria agora que tudo isso iria mudar.

Senti que alguém se aproximava de mim e virei para encarar quem era. Eram apenas um garçom, então eu voltei a fitar o canteiro.

- Bellinha, que mal educada, não vai falar comigo. – O garçom continuou falando e eu senti todo o meu corpo ficar tenso.

Eu poderia ficar séculos sem escutar essa maldita voz que mesmo assim iria reconhecê-la. Continuei parada como se nem fosse comigo, na tentativa de que ele se tocasse e fosse embora. Porém, sendo James, um homem desagradável, ele continuou andando até parar ao meu lado.

- Eu vi você com seu homem rico, safada. – Ele murmurou perto do meu ouvido e eu dei um passo para o lado, tentando me afastar. – Sempre soube que essa sua cara de santa, era uma fachada. Isabella fácil, lembra? – Ele gargalhou. – Fácil e pelo jeito nem tão burra assim.

Senti meu rosto esquentar e virei para encarar ele que ria cheio de escárnio de mim. Eu não era mais uma garotinha que iria aceitar esse tipo de coisas e ficar acuada como uma imbecil. Tratei de colocar meu olhar mais superior a ele e fiz cara de nojo.

- Acho que você está em horário de trabalho e deveria seguir a função ao qual é pago para fazer, que é servi os outros, ao invés de ficar analisando a minha vida. – Virei as costas para ele me preparando para sair de perto. – Ou será que não consegue me esquecer nunca?

James fechou a cara e avançou para mais perto de mim, bloqueando a minha saída. Era tão evidente que ele estava com raiva.

- Não fale comigo como se fosse melhor do que eu, sua vagabunda. – Ele sussurrou e abaixou o rosto para ficar bem próximo ao meu e desse jeito, me ameaçar. – Eu conheço você Isabella, sei que não é melhor do que ninguém. – Ele riu e me olhou dos pés a cabeça. – Na verdade é bem pior, na cama então... – Borbulhando de raiva levantei a mão para dar um tapa no rosto dele, mas ele segurou meu braço ainda no ar e apertou, fazendo-me resmungar de dor.

- Me solta, está me machucando. – Resmunguei.

Percebi que começávamos a chamar a atenção e que alguém vinha andando por trás de mim – provavelmente algum segurança.

James continuou apertando meu braço – como se quisesse na realidade quebra-lo em pedaços. Não entendia o motivo dele estar com tanta raiva de mim,  eu é que deveria estar, eu é que era a ofendida da estória, sempre tinha sido.

Tentei puxar mais uma vez meu braço e dar um paço para trás quando uma mão de punho fechado acertou o rosto de James. Na mesma hora dei um pulo para trás e esbarrei em Edward que olhava fixamente para James no chão.

- Edward... – Comecei a falar mais ele não me escutou.

Passou por mim sem nem olhar para trás e acertou outro soco na cara de James – que já tinha o nariz sangrando, provavelmente quebrado. Corri até o dois e puxei o braço de Edward, tentando fazer ele parar.

- Edward, pare com isso, por favor. – Pedi.

- Ele ia machucar você Bella, ele ia... – Ele balançou a cabeça e deu um outro soco.

- Não, não ia. – Menti. – Vamos, pare com isso. – Puxei ele com toda a minha força. – Para com isso. – E ele então parou, deixando James com uma parte do rosto meio deformada.

Eu tinha total ciência de que Edward poderia ser um homem agressivo – os primeiros meses na mansão tinham me mostrado isso – mas olhando para James agora, eu percebia que existia um lado dele que era como se fosse indomável.

Arrastando Edward para dentro da festa, passamos apressados pela nossa mesa, apenas dando tempo deu eu tocar no ombro de Alfredo e sussurrar um vamos, o que ele entendeu na hora. Alfredo passou na nossa frente e foi em direção ao carro. Logo, já estávamos dentro do carro indo para a mansão.

Narrador: Edward

Eu não podia deixar aquele homem machucar minha Isabella, não podia mesmo. Eu tentei me controlar a todo custo quando ele se aproximou dela e eu a obsevava de longe. Eu até me controlei quando ele aproximou o rosto do dela – mesmo que isso tenha quase me matado por dentro. Mas quando eu o vi apertado seu braço e ela tentando fugir dele, aquilo foi demais para mim.

Passei a passos largos a nossa distancia e fiz a única coisa que eu era capaz, aceitei-lhe um soco no rosto. Eu queria ver aquele desgraçado sangrar e urrar de dor, apenas por ter pensando em fazer mal a Isabella. Eu poderia ter matado ele se não fosse por ela estar ali, na minha frente, me implorando para que eu parasse.

A verdade era que eu já tinha passado a noite toda com ciúmes dos olhares que ela recebia. Isabella já tinha saído de casa linda, mas no meio das pessoas, era como se o brilho natural dela aumentasse. E quando ela sorria, tudo ficava ainda mais lindo. A noite toda em si, já tinha me desgastado, me feito querer matar vários homens por apenas olhar para a minha Isabella. Porém, estes homens apenas olhavam, não tocavam ou muito menos machucavam, mas aquele filho da mãe... Ele tinha passado dos limites.

Dentro do carro, Isabella me abraçava com carinha e passava a mão entre os meus cabelos. Deixei que ela me acolhesse em seu colo, deixei que seu carinho me acalmasse aos poucos.

A agressividade daquele homem com Isabella tinha me remetido ao passado e pensando com um pouco mais de clareza agora, eu conseguia me visualizar indefeso como Isabella tinha sido e aquela cara, sendo meu pai. Talvez, o meu ódio maior tivesse sido isso, agora eu era capaz de lidar com isso, de encarar, de me impor, e todo aquele ódio que eu senti na hora, não fosse só por causa da situação em si – tinha todo um envolvimento com o passado.

Respirei fundo e vi que já estávamos longe de onde o casamento tinha acontecido. Não tão próximos ainda de casa, mas longe o suficiente para que eu conseguisse relaxar e respirar calmamente.

- Pode me soltar agora se você quiser Bella, estou bem. – Falei baixo tentando não assustar ela.

- Não, fica aqui. – Ela me puxou para dentro de seus braços novamente e continuou mexendo em meus cabelos.

- Sinto muito por acabar com a sua noite. – Olhei para cima para encontrar os olhos dela. – E só que aquele cara... Ele ia machucar você.

- Não estragou nada. – Me respondeu ignorando a ultima parte do que eu disse.

Retirei meu corpo dos domínios de seus braços para conseguir olhar bem para ela, que se encolheu um pouco, escondendo evidentemente o braço cujo ele segurou. Estiquei minha mão e fixei meus olhos em seu braço escondido. Isabella não deu trégua, continuou a esconde-lo, evidentemente chateada pela minha insistência.

- Eu sei que está machucada, eu quero ver. – Falei agora olhando para seu rosto.

- Não é nada demais, esqueça isso. – E parecendo finalmente perceber que eu não desistiria ela esticou o braço para mim. – Como eu disse não é nada demais.

Mas era sim. Sendo sua pele branca por natureza, tinha uma mancha de dedos em volta do pulso, que começava a ficar roxo. Respirei fundo tentando segurar o impulso de mandar Alfredo dar a meia volta para que eu acertasse mais socos na cara daquele desgraçado.

- Isso vai ficar feio. – Puxei seu braço com delicadeza para perto de meus lábios e beijei. – Não gosto disso. – Falei mais baixo. – Não aceito que ninguém machuque você Bella, entende isso?

Isabella morde o lábio inferior nervosa e balança a cabeça em concordância. Percebo que seus olhos estão úmidos, como se estivesse com vontade de chorar. Ela desvia o olhar e olha para a mancha em seu pulso, que eu ainda seguro entre as minhas mãos.

Momentaneamente suas armas e escudos são abaixados e eu consigo enxergar a mulher vulnerável que existe dentro dela. Ela tem noção de que eu percebi e parecendo deixar a situação simplesmente acontecer ela apoia a cabeça em meus ombros. Papeis invertidos, eu faço um carinho em seus cabelos, tentando não bagunça-los.

No meio do nosso silencio nossas respirações começam a entrar em um ritmo igualado. Não há desconforto em estarmos ali, escorados um no outro, cada um com seu pensamento.

Olho através da janela e percebo que estamos muito chegando em frente de casa. Alfredo desce e abre o portão. Paro de fazer carinho em Isabella quando ela levanta a cabeça. Não quero que a noite acabe, quero continuar com ela, quero ter ela por perto mais tempo.

Isabella abre a porta do carro e salta para fora sem dizer nada. Sigo seus passos que são direcionados para os fundos da mansão e não para a porta da frente. Não posso deixar que a noite acabe assim, ainda há muito a se falar – eu tenho uma promessa a cumprir comigo mesmo.

Chegou à hora, Isabella tem que saber a verdade, talvez assim ela entenda o motivo de eu ter ficado tão perturbado quando aquele homem agiu daquela maneira – entenda que aquilo foi muito mais do que apenas instinto de proteção.

- Boa noite Edward. – Ela fala quando chegamos perto da porta da cozinha.

- Espera. – Digo quando ela me da às costas e puxo sua mão, para que ela me olhe. – Não vai ainda, preciso conversar com você.

- Tudo bem. – Ela solta a mão da minha. – Só preciso trocar de roupa, está bem?

- Certo. – Passo a mão nos meus cabelos. – Também preciso, vou te esperar lá em cima. – Ela parece meio incerta com o meu convite, mas faz que sim com a cabeça e caminha em direção ao seu quarto.

Dou um sorriso idiota percebendo que em outras circunstancias a minha frase poderia ter parecido um convite ousado. “Vou te esperar lá em cima”, isso agora parecia maldoso até mesmo para mim. No entanto não havia maldade alguma nessa frase, talvez a maldade só fosse ser realmente escutada quando eu colocasse tudo para fora.

Subi as escadas de dois em dois degraus e logo eu já abria a porta do meu quarto. Tirei as roupas e coloquei uma calça preta e uma camiseta azul, me jogando na cama.

Não demorou muito para que logo Isabella aparecesse na porta do quarto, usando calças de moletom iguais a minha e uma camiseta branca. Tinha desfeito o penteado e usava apenas um rabo de cavalo agora. Em suas mãos carregava um pacote de biscoitos e duas latas de refrigerante.

- Estou faminta e imagino que você também esteja. – Ela me lança um sorriso de lado e bate a porta do quarto com os quadris.

- Não sinto fome, mas aceito o refrigerante. – Estendo minha mão e pego a lata.

- Acho que antes de você começar a falar sobre o que deveríamos conversar, eu tenho que te contar algo. – Ela se joga ao meu lado na cama e cruza as pernas, faço um sinal com a cabeça para que ela fale e começo a beber o refrigerante. – Sabe aquele cara que eu você socou hoje? Eu conhecia ele. – Fazendo uma careta ela prossegue. – Ele é da minha cidade, da cidade onde eu nasci... Já fomos amigos. – Seus olhos caem sobre um filme desfiado da colcha. – Não somos mais, acho que você percebeu isso. – E sorri de leve para mim.

- Por que não são? – Pergunto realmente interessado.

- Tivemos alguns problemas... – Parecendo indecisa ela encara meu rosto. – Ele foi o homem que eu me entreguei, eu era nova e idiota, era época da escola e eu só tinha a ele, éramos amigos de verdade, mas então... As coisas mudaram. – Seu rosto se contorce com as lembranças ruins. – Todos ficaram sabendo e do dia para a noite, eu não era apenas uma garota estranha, era uma vagabunda. Venho de uma cidade pequena e tudo saiu um pouco do controle. – Isabella para e bebe um pouco do refrigerante. – A questão é que até hoje se eu voltar a Forks, as mesmas pessoas que riram de mim vão continuar rindo. Lá nada é esquecido, entende?

- Sim. – Ela parece mais relaxada. – Mas porque ele estava te tratando daquele jeito.

- Ele veio rir mais um pouco de mim, não é a primeira vez que eu encontro com ele aqui em Nova York. Mas dessa vez eu encarei ele, respondi a altura e ele não gostou, me ofendeu mais ainda e eu não me controlei, parti para dar um tapa na cara daquele imbecil. – Ela da uma risadinha. – Não tive tanto sorte como você, obviamente. – Dou um sorriso fraco gostando de saber que o soco que dei no imbecil fora muito mais do que merecido. – E digamos que James não gosta de ser contrariado.

- Você deveria ter deixado eu bater mais. – Respondo.

- Para que? – Ela balança a cabeça. – Não queria que você se sujasse com aquela pouca merda. – Isabella pega uma mão minha e aperta. – E eu nunca deixaria você sair do seu progresso pessoal por causa daquela imbecil, nunca deixaria que aquele idiota estragasse mais alguma coisa na minha vida.

- Sou importante na sua vida então? – Pergunto tentando esconder o sorriso dos meus lábios.

- Sabe que sim. – Isabella não foge do assunto. – Agora diga, sobre o que quer falar comigo?

Fico mudo na hora e o sorriso me escapa dos lábios. É a hora, não posso mais evitar isso. Com nossas mãos ainda dadas, aperto a sua com força e olho em seus olhos.

- Está na hora de eu ser sincero sobre quem eu sou Bella. – Minha voz sai mais baixa e fraca do que eu esperava. – Está na hora de te contar toda a verdade.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, e então, o que vocês acharam?
Esse capítulo foi obviamente mais longe, e assim, era para ser até mais um pouco, eu ia colocar tudo nele logo, mas isso ia acabar enrolando mais um pouco a postagem, então eu decidi deixar para depois.
Enfim, minha demora foi por falta de vergonha na minha cara. Eu estou de férias (ainda né, porque segunda já começa a luta novamente) e estou a pessoa mais preguiçosa do universo, só durmo, como e fico no tumblr, hahaha.
Foi muito mal da minha parte não ter escrito, mas juro, não conseguia, tinha uma voz na minha cabeça falando "não faça isso, deixe para depois", ai eu deixei. Desculpa.
Ai lembrei, eu quero agradecer as recomendações viu gente, eu fico toda boba quando vejo, me sinto até importante, kkk
Queria desejar aos novos leitores também que sejam muito bem vindos.
É isso, logo tem o próximo capítulo.
Beijoooooooos no coração de vocês.