Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Fiz esse capítulo escutando as musicas:
Who you are - Jessie J.
Fix you - Coldplay
To só dizendo porque vai que da mais emoção ai para vocês lerem? rs...
Bom, conversamos depois, boa leitura!



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Capítulo 17

Não perca quem você é no borrão das estrelas

Ver é enganar, sonhar é acreditar

Tudo bem não estar bem

Às vezes é difícil de seguir seu coração

Lágrimas não significam que você está perdendo

Qualquer um se machuca

Só seja verdadeiro com quem você é

(Jessie J – Who you are)

Narrador: Bella.

Sento-me na cama como se minhas energias tivessem decidido ir embora após a minha tarde com Edward. Como se após beijar seus lábios finos e desprovidos de experiência tudo dentro de mim tivesse dado aquela maldita volta de 180º e me deixado perdida no meio do caminho – caminho esse que eu mesma trilhei e tenho que decidir como seguir em frente.

Não há mais voltas, não da mais para lutar pelo inevitável. Ele já se infiltrou dentro do meu coração de tal forma que seria impossível afastá-lo, ele me tem retida na sua magnífica sombra de mistérios e inexplicavelmente, eu não quero me afastar. Não quero partir do lado dele nunca mais porque eu ainda sinto aquela ânsia de protegê-lo, cuidar do seu bem estar, estar aqui quando ele surtar.

Coloco meus cabelos atrás da orelha e recosto minhas costas na cama. Como eu me meti nessa situação? Quando foi que eu fiquei tão terrivelmente apaixonada por ele e nem ao menos dei conta? Por Deus, Edward tem problemas o bastante para precisar de mais um, que seria nesse caso um relacionamento.

- Pare de se torturar Isabella, pare agora mesmo com isso! – Brigo comigo mesma em voz alta tentando controlar-me – Você não vai surtar, vai agüentar firme. – Incentivo-me. – Você fez a cama, agora deite-se nela.

Falar é muito mais simples do que realmente fazer. Posso ter me rendido e deixado claro para Edward nessa tarde que o que ele sentia eu também sentia, mas ainda havia uma parte minha que não queria isso, não conseguia aceitar que a minha alma se dissolvesse e se misturava com a dele quando estávamos juntos.

Há nossa questão não era apenas física – quisera eu que fosse um daqueles casos de patrão e empregada onde havia apenas química e desejo sexual. Mas não era bem assim, nós estávamos além desse nível, estamos envolvidos muito mais emocionalmente do que sexualmente. Ele precisava de mim, e queria-me junto de ti. Eu armei isso, eu me coloquei nessa posição logo quando cheguei à mansão, me deixei à disposição de suas crises emocionais e existenciais. Nunca pensei que a situação fosse ficar assim, é lógico. Mas tudo era culpa minha. E era por isso que eu não podia simplesmente da para trás.

Nunca fui uma mulher covarde. Nem mesmo quando menina eu era, e não seria agora que eu começaria ser. Já que tinha entrado nessa – mesmo que não intencionalmente – eu iria começar a ir fundo nos nossos sentimentos. Parar de ser chata e resmungona, como eu vinha sendo há alguns meses, e começaria a rir de tudo que acontecia a minha volta, como sempre tinha feito. Só precisava de um tempo para pensar e reorganizar todos os meus pensamentos. Talvez, se eu começasse a refletir sobre tudo o que aconteceu desde quando eu cheguei à mansão, poderia perceber quando foi que ficamos tão envolvidos dessa forma.

Quando eu cheguei aqui, achei que era o melhor trabalho que eu poderia ter. Eu estava desempregada há um tempo, o dinheiro era curto demais, e nunca poderia voltar para casa e pedir ajuda aos meus pais. Hoje eu sei que se tivesse voltado – seria humilhante – mas eles nunca me deixariam na mão. Mesmo assim, quando eu cheguei, a primeira impressão que eu tive, era que em uma mansão tão grande, um homem viver sozinho e não sair nunca de casa, significava que ele tinha problemas e precisava de ajuda. E foi exatamente isso que eu fiz logo após olhar dentro dos lindos olhos verdes de Edward que tinha tanta dor e sofrimento.

Empenhei-me muito para conseguir estabelecer um contato real com ele. No começo, Edward gritou comigo, maltratou-me e mesmo assim eu persisti. Acho que foi por isso que ele começou a achar que eu era uma mulher forte, batalhadora. Logo, recebi a noticia que a minha mãe havia falecido e mostrei para ele como eu era fraca, ele não deveria me vê tão forte assim, não depois que chorei tanto pelo telefone e ele permaneceu ali comigo, totalmente companheiro, amigo e fiel. Acho que esse foi o primeiro sinal de que começávamos a traçar uma relação, afinal, éramos estranhos e ali estamos nós, chorando juntos, ajudando-nos.

Agora posso perguntar-me se isso foi uma peça do destino, ou uma benção. Eu seria sua benção? Ele seria a minha? Afinal, éramos seres que tínhamos marcas difíceis ao longo da nossa vida, ele provavelmente tinha uma trajetória muito mais complicada, mas sejamos sinceros, cada um sabe o peso da sua dificuldade, ninguém tem menor dor que o outro.

Enfim, depois daquele dia quando choramos, as coisas começaram a mudar creio eu. Os meses aqui na mansão ficaram meio confusos a ponto de às vezes eu me perder a quanto tempo estava aqui. São exatos 5 meses desde que bati na porta e ele me atendeu de pijama. 5 meses onde criamos um laço forte o bastante para fazer Edward mudar radicalmente e tomar uma iniciativa que acredito que ele nunca pensou que iria tomar. Por Deus, ele se declarou para mim hoje, beijou-me com um fervor e uma confiança que eu nunca pensei que um homem poderia ter. Foi tão delicioso que sinto um arrepio se alastrar pela minha coluna.

Eu fiz isso? Eu ajudei ao Edward a se tornar esse homem decidido e relativamente confiante? Eu, Isabella Swan? Não posso deixar de sentir um breve embrulho no estomago de orgulho. Eu ajudei ao homem que agora começa a dominar o meu coração a sair daquela vida de desespero que ele vivia antes, como, só Deus sabe. Mesmo assim, não sabia o que havia feito-o ficar daquele jeito. Quais marcas tão profundas o passado tinha deixado nele a ponto de fazê-lo parecer tantas vezes fora de si? Eu só podia supor, e isso, definitivamente não me levaria a lugar algum.

É claro que não era de hoje que toda essa situação de não saber o que aconteceu na vida do Edward me deixava curiosa – a curiosidade era algo que nasceu comigo – mesmo assim, há certo limite que mesmo agora que estamos nessa situação eu não posso ultrapassar. A privacidade dele é algo que ele só pode e vai compartilhar comigo quando estiver pronto e isso, nem mesmo uma curiosa por natureza como eu seria louca de tentar se intrometer.

Mas posso dizer que senti hoje que quase, realmente quase, ele se abriu comigo. Provavelmente não falou apenas para não “estragar o nosso momento”, mesmo que eu ache que um problema que ele fosse compartilhar comigo nunca iria estragar nada. Eu sempre estaria ali o ouvindo mesmo que ele viesse falar besteiras e grosserias como antigamente, porque cada palavra que saia de sua boca parecia sempre ter algo mais profundo, algo a ser revelado.

Fecho meus olhos e afundo meu rosto no travesseiro começando a achar que pensar também não é a solução. O que eu precisava agora era de um ombro amigo cujo eu pudesse despeja minhas duvidas e incertezas, o único grande problema disso tudo é que meu único amigo companheiro é o causador de toda essa confusão mental.

Edward... Edward... Acho que no começo te causei a maior dor de cabeça com minhas atitudes loucas e sem noção e agora você está me dando o troco. Mas se você aguentou, quem sou eu para não aguentar?

Agora é seguir em frente e vê no que toda essa situação vai dar. E eu sei, a cada dia, cada hora, minuto e segundo que se passar, eu vou me apaixonando mais e mais por você. Só espero que nada de errado, que ninguém saia machucado e que finalmente exista algum final feliz – porque finais felizes são bons e todos merecem ele.

(...)

Narrador: Edward.

Eu deveria estar orgulhoso, não é? Rindo muito ou pulando de felicidade, quem sabe até cantando. Não sei bem... Sinto vontade de fazer todas essas coisas e ao mesmo tempo, me isolar em algum canto para poder pensar sobre o dia que passei com ela. Isso é normal? Faz parte do processo de sentir algo por uma pessoa especial? Deve fazer, só pode fazer.

Como eu consegui viver tanto tempo sem sentir essa coisa estranha e ao mesmo tempo maravilhosa eu não sei, sinceramente. Provavelmente por ter sofrido tanto há anos atrás eu não tenha pensado mais em como poderia ser bom ter esse sentimento que eu ainda não dei nome se apossando de mim ao invés de só dos livros que eu escrevia.

Anos atrás... É tão estranho pensar assim e ao mesmo tempo libertador. Quando em meus mais alucinados sonhos eu pude sentir a liberdade que sinto agora? É como se de alguma forma, as amarras que antes eram impostas por eu mesmo estivessem sendo desamarradas aos poucos – eu estava deixando elas caírem, cederem, podres como sempre foram. Não tinha mais pesadelos, nem sonhos tentando me dizer o que fazer, eu simplesmente começava a resurgir das cinzas sendo uma pessoa nova, com conceitos e sentimentos novos – mesmo que os antigos ainda estivessem ali presos em meu coração, eles já não ocupavam a maior parte.

Tenho obviamente que agradecer minha Isabella por isso, porque acredito que sem ela, não teria conseguido. Nunca teria enxergado a porta de saída daquele horror, ou imaginado como poderia ser melhor estar do outro lado, sentindo coisas normais, sendo apenas um homem, não mais um garotinho amedrontado.

Eu quis sim fugir de quem eu era e me reinventar em outro ser. Odiei ser eu mesmo e fugir sem um rumo concreto era algo que eu ansiava. Não queria mais os meus demônios me perseguindo, não queria ter nascido naquela família e ter tidos os meus pais. Mas eu nasci, fui abusado e não há maneiras de voltar no tempo e mudar tudo, porém há maneiras de fazer um novo tempo, criar minhas possibilidades e tentar ao menos deixar a infelicidade permanentemente para trás.

Não vou negar que estou um pouco inseguro. É tudo tão novo! Mas acredito que possa tentar e conseguir. Porque eu quero isso, e quero muito mais do que isso. Quero Isabella ao meu lado e quero que ela seja feliz, que não tenha medo de estar comigo e que não me deixe. Eu quero continuar a ter noites de sono duradouras sem pesadelos, sem medos ou receios.

Olho para o quarto escuro e sinto aquela queimação no estomago quando começo a levar minha mente para a nossa tarde. Tinha sido tudo tão maravilhoso, tão especial. E céus, quem diria que eu teria tudo isso, com a simples chegada de uma nova empregada? Sinto meus olhos úmidos e não me importo de deixar que as lagrimas caiam no meio da escuridão porque dessa vez são lagrimas de felicidade.

Hoje me sinto tão presenteado pelo destino, tão abençoado e tão, mas tão feliz. Como quando eu ainda era criança e brincava com Alice de ficar rodando no quintal. O meu mundo voltou a girar e agora eu o acompanho tendo alguém muito querido aquecendo meu coração. Vejo só isso, sou um homem de “coração aquecido”.

Solto uma risada me deliciando com toda a situação. É bom demais ser assim. Fecho meus olhos e soco o colchão por causa da empolgação.

Era assim que tudo deveria ter sido quando eu era adolescente. Eu deveria ter sentindo tudo isso quando garoto, essa empolgação louca e quem sabe, se eu tivesse tido uma vida normal, não seria eu a estar casando daqui a pouco tempo, como Alice.

Solto um resmungo odiando a minha mente por sempre voltar ao mesmo ponto. Não era hora e eu não queria mais isso, nunca mais. Foi por esse motivo que eu não contei nada a Isabella hoje à tarde, mesmo que sentisse toda a necessidade de despejar sob ela toda a minha estória.

Eu não queria estragar nosso momento, dizendo que tinha sido abusado pelo meu pai. Não só destacar que eu vivi com um monstro eu destacaria todas as atrocidades que ele fez comigo, e isso era nojento.

Rolo meu corpo na cama sentindo que toda a energia de antes começa a dissipar – deixando aquela angustia antiga, mesmo que em proporções menores.

O que Isabella pensaria de mim se eu contasse que... Fui abusado por um homem? E esse homem era meu pai! Ela sentiria nojo dele, nojo de mim, e provavelmente fugiria. Era tão vergonhoso e doloroso abrir a minha boca para falar sobre isso.

Por isso decidi que ela nunca saberia, eu nunca iria deixar ela enojada com o meu passado, com a minha estória lamentável. Ela não precisava mais desse problema meu para carregar nas costas, ela já sabia demais. Eu era louco, quebrava coisas e vivia isolado. Estava tentando mudar é claro, mas isso não seria apagado de sua memória. Isabella de agora em diante não me veria mais como o homem frágil que precisava de seus amparos, como eu vinha planejando há uns dias, eu tomaria as redias da minha vida.

Sento-me na cama ainda angustiado. As imagens do passado começam a passar em minha mente como um filme correndo rapidamente. Não as vejo tão nitidamente há um tempo – o que é muito bom – mas mesmo assim, ainda posso sentir o embrulho de nojo que elas me causam. E tudo tão vergonhoso.

Estava tudo bem, porque logo agora tudo isso? Respiro fundo para me controlar, eu não vou surtar, por que não posso e não quero. O que minha Isabella iria pensar se me visse surtar logo após a nossa tarde? Ia achar que tudo era culpa dela, e iria se afastar de mim. Não, não e não! Percebo agora que esse pensamento dói mais do que as imagens opacas do passado e em um puro incentivo masoquista comoço a pensar em como seria péssimo perde-la e é assim que eu entro nos trilhos de novo.

Criei meus próprios métodos de colocar minha cabeça no lugar e saber disso é reconfortante. Não preciso quebrar mais nada para me tranquilizar e esse é só um dos primeiros passos que eu tenho que dar para alcançar a meus objetivos, a minha felicidade.

Cansado de todas as fortes emoções do meu dia, esparramo-me na cama e começo a cair em um sono leve e tranquilo, esperando encontrar minha Isabella no mundo dos sonhos para podermos passar além da tarde a noite juntos.

(...)

Narrador

Alice olhava para a tela do computador ansiosa e com duvidas, estava prestes a fazer algo que fazia alguns meses que tinha parado. Pretendia ir a um psicólogo – já amigo – para conversar sobre a sua vida e a vida do primo... E esse era o problema, sempre se sentia muito culpada quando falava dos problemas do Edward para os outros.

Era lógico que Emmett McCarty – ou apenas Dr. McCarty – nunca iria contar nada sobre o que ela falava para alguém. Ele era um amigo afinal de contas e um homem totalmente profissional. Porém o fato dela falar sobre o assunto nas costas de Edward deixava-a com aquele sentimento de traição, esse afinal de contas, era o segredo dele, a vida dele.

Passando as mãos suadas na calça jeans, Alice pegou o telefone e discou o numero que via na tela do computador. Ela tinha até excluído de sua lista no celular para não cair em tentação, mas precisava conversar com Emmett, já que sua vida vinha dando uma reviravolta nos últimos tempos.

Não demorou muito para ela escutar a voz da secretaria dele e logo marcar uma consulta rapidamente, para o mesmo dia. Teria tempo apenas para um banho rápido e pegar um táxi. E quem sabe depois da consulta passar na mansão? Fazia tempo mesmo que não via Edward e estava com tanta saudade.

Ela tomou o banho rápido e colocou jeans novamente, sem nem secar os cabelos curtos, saiu rapidamente do seu apartamento e pegou o primeiro táxi vazio, voltando a sentir aquela ansiedade. “Não sei por que estou nervosa, não tenho nada para falar do Edward, não estou traindo sua confiança dessa vez.” E era o maldito dessa vez no final dos seus pensamentos que a deixava angustiada.

Os meses que não frequentará o consultório tinham se passado sem aquele peso, mas sempre quando ficava para ir lá novamente, sua cabeça latejava gritando palavras agressivas para ela.

Mas sinceramente, o que mais poderia fazer? Ela tinha procurado Emmett há uns sete anos atrás, quando Edward estava em uma crise tão grande que ela quase pediu ajuda no hospital local. Era só ela e a mãe, e as duas não podiam fazer grandes coisas quando ele tinha seus surtos e toda aquela situação já começava afetar mais seu emocional do que em outros tempos. Precisava de ajuda, precisava saber como lidar com o primo sem se meter no seu espaço, mas também o fazendo reagir, parar de se cortar e tentar se matar. Amava demais Edward para poder ligar para seu juramento de nunca dizer nada a ninguém, já que naquele momento havia coisas mais importantes.

Emmett não tinha muita prática com a situação que ela chegou jogando em cima dele, mas ele esteve disposto a pesquisar e passar dias em claro apenas para amparar aquela jovem determinada que lhe pedia ajuda tão desesperadamente.

Não deu outra, após receber alguns conselhos sábios do Dr. McCarty, Alice conseguiu acalmar um pouco Edward, mas não parou de frequentar o consultório já que ali ela podia tirar um pouco do estresse que o trabalho lhe causava. Foram anos frequentando todo mês até que decidiu que era melhor parar, que seu tempo era corrido demais e não tinha mais o que falar com Emmett.

Pouco depois a empregada que vivia na casa de Edward faleceu e Isabella Swan apareceu, tomando todas as dores do primo e fazendo assim, ela ir recuando pouco a pouco da vida de Edward até chegar a esse ponto – com saudade e preocupada, mesmo que sentisse que Isabella nunca iria deixar algo acontecer com Edward.

Ela precisa falar sobre o desemprego, sobre o casamento e também como achava que Edward e Isabella poderiam estar tendo algum tipo de relacionamento – e não iria dizer isso com desagrado, na realidade desejava muito que suas ideias fossem reais.

O táxi parou na frente do prédio onde ficava o consultório, ela pagou e desceu, para caminhar nas calçadas movimentas de NY. Entrou no prédio e subiu o elevador, logo já estava sentada esperando sua vez.

Suspirando Alice colocou os cabelos curtos e úmidos atrás da orelha e folheou uma revista velha.

- Alice... – Emmett colocou o rosto para o lado de fora de sua sala e lhe deu um sorriso. – Pode entrar.

- Obrigada. – Ela respondeu deixando a revista jogada no sofá e caminhou até ele.

Eles deram um breve abraça de cumprimento e ela se sentou no divã. Ele se acomodou em sua cadeira de couro confortável e olhou curioso para ela.

- Recebi seu convite de casamento, fiquei muito feliz. – Comentou. – Mas acredito que esse não seja o motivo de tê-la aqui, acertei? Já que na ultima consulta disse que ia parar.

- Minha vida anda meio bagunçada, e você sabe que a situação sempre parecer “clarear” um pouco depois que converso com você. – Ela respondeu dando um sorriso tímido.

- Poderia ter ligado para o meu celular e teríamos conversado como amigos normais, sem toda essa formalidade paciente e medico.

- Bom, eu apaguei o seu numero para não cair na tentação. – Ela riu um pouco. – Desculpe, lembre-me de anota-lo novamente.

- Pode deixar. – Ele riu também. – Agora vamos, conte-me o que te trouxe aqui novamente.

- Muitas coisas. – Ela suspirou. – Fui demitida, estou prestes a me casar e a cada dia que passa fico mais afastada do Edward. Não queria que fosse assim, o meu desemprego e o casamento eu consigo lidar, mas essa distancia que está tendo agora com o meu primo está começando a me enlouquecer...

- O que aconteceu com Edward? Outra crise? – Perguntou o doutor alarmado.

- Não, não. – Ela balançou a cabeça. – É tudo culpa minha sabe... Coloquei uma nova empregada na casa dele e então comecei a me afastar, minha vida andava tão lotada de coisas que eu acabei tendo que cortar alguns afazeres. Com Isabella por lá, fiquei mais tranquila e quando fui vê estava tão longe que tenho até vergonha de tentar voltar para o que éramos antes.

- Vergonha? Do que?

- Acredito que ele esteja apaixonado por Isabella. – Alice deu um sorriso pequeno mais feliz. – Ela é realmente encantadora... Não sei bem, acho que ele poderia sentir-se com sua privacidade sendo invadida. – Ela soltou outra risadinha. – Por que você sabe Emmett que caso eu aparecesse na casa dele não conseguiria segurar minha língua e começaria meu interrogatório.

- Sim, eu sei. – Ele passou a mão na barba por fazer. – Continue.

- Mas sinto medo por ele sabe? – Ela faz uma pequena pausa. – Não sei da trajetória amorosa de Isabella, e não quero que meu primo saia machucado dessa situação. Adoraria mesmo que ele estivesse apaixonado, mas não me sinto segura. Isso é normal?

- Sim Alice, você e o Edward tem uma estória de afeto muito grande. – Sua voz era branda tentando deixa-la tranquila. – Você sempre esteve ali cuidando dele após a morte de seu tio, isso é muito normal.

- Mamãe fala que eu tinha que tira-lo daquela mansão, que só eu poderia fazer isso, mas sabe de uma coisa? Eu não posso. – Alice morde o lábio inferior. – Acho que a única que vai conseguir isso é Isabella. Ele parece muito apegado a ela, e não é que eu sinta... Esquece, eu sinto um pouco de ciúmes disso, mesmo sabendo que essa é uma coisa boa para ele e egoísta da minha parte.

- Outra situação normal Alice.

- Bom, pode ser, mas não acho legal, ainda mais eu sabendo de toda a sua trajetória.

- Entendo a sua angustia, mas Edward é uma parte importante demais na sua vida, que simplesmente começou a se apegar a uma estranha. Você teme porque não conhece os princípios dela ou como sua cabeça funciona. O ciúme é só um ingrediente a mais, isso é normal Alice, mais do que normal. – Emmett fez uma rápida anotação. – Mas se sente saudade porque não vai visita-lo? Eu acredito que ele nunca iria achar que você estaria ali para se meter em sua privacidade. Querida, só chegue lá e de um abraço apertado em seu primo, depois se ele estiver confortável irá contar tudo o que tiver de contar.

- Edward é complicado...

- Ele não contou sobre uma das piores coisas que um ser humano poderia passar durante toda uma infância e adolescência? – Ela fez que sim com a cabeça. – É bem provável que ele fosse querer compartilhar sua felicidade com você também Alice, porque se há realmente algo entre ele e Isabella isso é uma felicidade.

- É você está certo.  – Emmett deu um sorriso e fez sinal positivo com a cabeça.

- Um ponto resolvido. Continue.

- Bom, não há muito que falar sobre eu ter ficado desempregada, essa situação eu já recuperei. Só estou preocupada por não estar nervosa por causa do casamento, isso é muito estranho.

- Às vezes acontece com algumas noivas, e chega na hora todo aquele nervosismo que ela não sentiu antes ela sente na hora.

- Bem a minha cara mesmo essa situação. – Alice revirou os olhos. – Falta menos de duas semanas, e eu nem estou preocupada.

- Já está tudo resolvido?

- Sim. – Ela abriu um breve sorriso. – Talvez seja isso. – Olhando o relógio Alice pegou a bolsa. – Já estou aqui tem 1h! Santo Deus, como passou tão rápido? – Emmett riu e deu de ombros. – Obrigada por tudo. – Levantou-se. – Acho que eu vejo você no casamento?

- Pode contar com isso! – Emmett levantou da cadeira também. – Afinal, como você acha que eu mantenho esse corpinho charmoso? – Amostrou os músculos que não tinham nada haver com sua personalidade. – Só vou a casamentos e como muito, e melhor ainda, tudo de graça.

- Que vergonha Dr.McCarty. – Ela repovoou de brincadeira e depois deu um breve abraço nele. – Obrigada pelos conselhos, e até breve.

- Até. – Eles se despediram e Alice saiu de seu consultório, decidida.

No próximo dia iria até a mansão, falaria com o primo e de um jeito sutil e esperançoso tentaria tirar informações dele – ou esperar que ele mesmo simplesmente abrisse a boca e lhe contasse. E então, tentaria focar-se em seu casamento e no futuro. Seu futuro como uma mulher casada, prestes a abrir seu próprio negocio e com os problemas de uma das pessoas mais amadas por ela, resolvidos.


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Notas finais do capítulo

Oi, como vocês estão? Espero que esteja todo mundo bem!
Queria da boas vindas aos leitores novos (eu sempre fico para dar as boas vindas, mas esqueço)!
Agora falando do capítulo...
Foi algo mais leve né, o próximo tem mais coisas, é só que era necessário todo esse momento reflexivo, sabe?
Bom, to meio sem assunto e desanimada hoje (cansada na verdade), então é só. Espero não demorar muito para postar o próximo.
Ah, feliz dia das mulheres, que continuemos a progredir sempre!
É isso, beijoos e até qualquer dia! (: