Longos Passos até a Felicidade escrita por Yasmim Carvalho


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oiii!! Esse saiu mais rápido né gente (milagre)!
Bom, a gente conversa mais lá em baixo. Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/121268/chapter/12


Capítulo 11

“Espero que não me veja corar

(...)Baby me diga qual é a sua história.”

(Katy Parry - If We Ever Meet Again)         Narrador.   Alice estava tendo um dia daqueles, onde tudo dava errado. Acordará naquela manhã com uma dor de cabeça infernal, e para piorar tudo, quando chegara à empresa de advocacia, seu rival tinha conseguido virar sócio, e isso era algo que ela tinha batalhado tanto. Era desolador.     Mas muito mais que desolador era revoltante!     Ela tinha trabalhado tanto por aquilo, quase tinha jogado a vida amorosa dentro da privada e ele, aquele grande idiota prepotente tinha conseguido virar sócio.   Sua vontade era de pedir as contas, e gritar para todos ouvirem, que aquela empresa era uma grande fechada, cheia de hipocrisia e que abusa dos funcionários... Mas era obviu que ela não faria isso. Tinha engolido sapos demais para simplesmente desistir de tudo assim, só porque perdeu essa batalha.   Logo, todos veriam o quanto Sam era incompetente e viriam correndo pedir para que ela desse um jeito nas besteiras que ele iria fazer. Ela tinha certeza disso, era só questão de tempo.   Sentada no seu cubículo – porque aquilo não poderia ser considerado um escritório nunca – ela relia uma papelada sem interesse algum.   - Alice? – Chamaram seu nome e ela virou o rosto para encarar quem a chamava.   Era Rosalie, a secretaria, que vinha com um buque de margaridas para ela. Alice deu um sorriso de leve e ergueu os braços para pegar, presumindo que Jasper tinha as enviado.   - Obrigada Rose.   - De nada querida. – Ela disse e quando ia saindo, se virou para Alice e deu um sorriso acanhado. – Sinto muito por não ter conseguido virar sócia. – E saiu andando.   Alice soltou um suspiro longo e alto, e foi procurar o cartão das flores, imaginando que Jasper era o mais lindo e maravilhoso de todos os noivos, por saber que ela estava se sentindo péssima mesmo sem nem terem se falado.   Rapidamente ela achou um envelope amarelo, que na frente não tinha nada escrito. Ela abriu-o e encontrou uma caligrafia feia, dedicada a ela.       “Não conseguiu essa ein Brandon? Não sei nem porque você imaginou que conseguiria. Essa já era minha!” Sam   - Filho da puta – Alice grunhiu enquanto amassava o papel e o jogava no lixo junto das flores.   Ela queria ir imediatamente embora, mas sabia que passaria por fraca se fizesse isso. Não daria esse gostinho para o desgraçado do Sam, de jeito nenhum.   Precisava falar com alguém que ouviria ela reclamar sem jogar na sua cara que tinha gastado seu tempo atoa, e foi por isso que ela pegou o telefone e discou rapidamente o numero da mansão. Precisava de Edward, ele deixaria ela falar sem questionar nada.   O telefone chamou algumas vezes até que Isabella atendeu, com uma voz ofegante.   - Bella? É a Alice. – Disse logo depois de ouvir um “alô”.   - Ah, oi Alice! Como você está? – Ela perguntou.   - Já estive melhor... – Respondeu invasiva. – Será que eu poderia falar com o Edward?   - Claro, espere só um segundo.   Alice esperou, e logo ela escutou a voz de Edward, rouca como sempre, porém com um tom de algo a mais.   - Está tudo bem com você Alice? – Edward perguntou para ela.   - Sim... Bom, na verdade, eu é que te pergunto isso! – Respondeu tentando analisar mais uma vez a voz do primo que parecia estranha.   - Estou bem. – Ele respondeu como sempre, só que dessa vez, não pareceu uma grande mentira.   Alice ficou em silencio por uns segundos, tentando saber o que dizer para ele agora que ele parecia “bem”. Não era justo despejar toda a sua frustração em cima de Edward, ainda mais quando ele estava bem.   Era um milagre, e isso, ela podia sentir, tinha o dedo de Isabella Swan no meio.   - Que bom então! – Ela soltou uma risadinha para descontrair. – Só liguei para isso mesmo, e para que você saiba que a sua prima aqui não se esqueceu de você!   - Eu sei que você não se esqueceu de Alice, você nunca se esquece. – Ele respondeu tranquilamente. – Agora fale o real motivo de você estar me ligando no horário de trabalho.   - Não é nada Ed.. – Ela resmungou baixinho. – Bom, vou desligar. Tenho que trabalhar.   - Alice... – Ela escutou Edward dizer seu nome e respirar fundo. – O que aconteceu?   - Eu perdi a promoção, não vou virar sócia porcaria nenhuma! – Falou baixo, porém com um tom indignado.   - Na próxima você consegue. – Ele afirmou.   - Próxima? Pelo amor de Deus, isso só vai acontecer quando eu estiver caquética, e o Sam nunca iria aprovar que eu virasse sócia também.   - Você está certa. – Alice virou o rosto e deu de cara com Sam olhando para ela e sorrindo vitorioso.   - Tenho que desligar, tchau. – Disse e bateu o telefone sem esperar resposta.   - Falando no telefone em horário de expediente? Que coisa, tsc, tsc.. – Sam disse e balançou a cabeça.   - Hm. – Alice respondeu e virou a cadeira giratória de volta para a papelada.   - Foi por isso que eu ganhei e não você! – Sam jogou na cara dela, entrando mais ainda no cubículo para que ela olhasse para ele.   - Que coisa... – Alice resmungou. – O interessante é que eu tenho muito mais processos ganhos do que você! – Ela levantou a cabeça e respirou fundo para manter a calma. – E você só conseguiu porque a sua madrinha é casada com o dono!   - Você tem certeza disso? Porque se eu fosse você eu morderia a língua antes de falar qualquer coisa! – Sam sibilou para ela, abaixando a cabeça para que ficasse próximo do rosto da jovem. – E acho bom você já começar a procurar algum emprego Alice, porque isso aqui não vai durar muito mais para você. Não precisa nem esperar ficar caquética. – Falando isso ele saiu e deixou Alice com a cara no chão.   “Vou ficar desempregada, depois de tudo que fiz?” Alice pensou.   Revoltada com toda a situação, e chutando o balde, ela jogou o papel que estava nas mãos em uma pilha qualquer, pegou a bolsa e o blazer, e saiu a passos duros da empresa.   “Já que todo o meu esforço está sendo jogado no lixo, vou ir recuperar de uma vez por todas o meu noivado! Foda-se essa empresa de merda, eu consigo coisa melhor!” E com esse pensamento ela pegou um táxi para o apartamento de Jasper, sabendo que ele estaria lá. Daria para ele todo o amor e o carinho, que tinha se negado para ficar no trabalho   A vida é muito curta para deixar o amor de escanteio e viver só em função de trabalho.   (...)     Narrador: Bella.  

Escutei os passos de Edward enquanto arrumava a nossas cestas de piquenique. Uma com as duas mantas – para o caso de esfriar – e outra com a nossa comida.


 Olhei para trás quando percebi que Edward já estava dentro da cozinha e dei um sorriso amostrando todos os meus dentes para ele. Não queria assusta-lo nem nada, mas era bom que ele soubesse o quanto me deixava feliz o fato de ele estar saindo de dentro da mansão.


Mesmo assim, virei o rosto rapidamente, para que ele não percebesse que eu reparava nas roupas que ele vestia.


Pela primeira vez em todos esses meses que eu estava dentro da mansão, Edward usava uma bermuda – tirando aquelas habituais calças de moletom – e uma camiseta preta, que deveria a tempos não sair da gaveta. Ele estava bonito... E bem, não vou ficar refletindo sobre isso!


- Aconteceu alguma coisa com a Alice. – Ele murmurou enquanto puxava um banco.


Olhei de relance para ele esperando que ele continuasse a falar. Nunca tinha visto ele falar assim, por livre e espontânea vontade, e isso ainda me deixava meio surpresa. Esse dia no geral estava me deixando totalmente surpresa.


- Porque diz isso? – Perguntei.


Edward apoiou os cotovelos na bancada e colocou o rosto sobre a mão fechada em punho, pensativo.


- A voz dela estava muito chateada, e bem... Alice não é o tipo de pessoa que fica chateada facilmente... Na verdade, ela é o tipo de pessoa que parece sempre estar feliz, e dar as costas para os problemas, mesmo quando eles estão ali, bem no meio da sua cara. – Ele me encarou.


- Hm.. – Murmurei sem saber o que deveria falar.


Então ficamos nessa, eu arrumando nosso piquenique enquanto ele ficava sentado lá, analisando tudo o que eu fazia ou deixava de fazer.


- Você deveria trocar de roupa. – Edward falou de repente, depois de tanto silencio.


Dei um pulo e virei meu corpo em sua direção. Encarei minhas roupas e olhei para ele de novo, não vendo nada de errado. Ta certo que eu não estava toda arrumada nem nada assim, mas também, não havia problemas nas minhas roupas!


- Por quê?


- Bom... – Suas bochechas começaram a ficar rosadas. – É só que.. Bom, você disse que esse piquenique era para chatear aquele cara... Quer dizer... – Ele engoliu em seco e passou a língua pelos lábios secos. – Nada, esquece.


Percebi que ele estava totalmente constrangido, e que ele deveria ter somente pensando em voz alta. Então juntei as palavras soltas dele e meio que entendi o porquê de trocar de roupa.


Edward queria que eu aparecesse bonita na frente de Caius para que ele percebesse que eu estava bonita para outra pessoa, e não para ele. Para mostrar para Caius tudo o que ele não tem e nunca teria.


Era muito estranho esse tipo de atitude vindo dele – tenho que admitir – porém, a ideia era boa, e de certa forma, mostrava-me outro lado de Edward. Um lado onde ele era homem e entendia os efeitos de uma mulher bonita na frente de alguém que ela desprezou.


Ele era escritor, afinal de contas. Era natural que tivesse esses tipos de ideias, que normalmente sempre apareciam em livros.


Ainda encarando-o fiz um sinal afirmativo com a cabeça e dei-lhe um sorriso.


- Vou fazer o que você disse. – Vendo que as cestas já estavam prontas comecei a sair da cozinha. – Volta rapidinho, okay?


Ele deu de ombros, e eu corri para o meu quartinho.


(...)

Eu joguei uma água rápida no corpo e fiz uma trança embutida nos cabelos. Coloquei uma calça jeans justa e uma blusa roxa com decote. Sei bem que não é como se eu estivesse toda arrumada e tudo mais, e sei também que estou melhor do que antes.


Também, seria totalmente bizarro se eu aparecesse com um vestido ou qualquer coisa desse gênero para fazer um piquenique com Edward. Porque vejamos bem:


Ele ainda é meu patrão. Eu ficaria com cara de ridícula. Os motivos anteriores já são bons.

Então vamos deixar isso aqui assim mesmo. Eu sei que estou no meu estilo bonitinha.


Calço minas sapatilhas – to usando sapatilhas, então tecnicamente, isso já me deixa com um ar mais menina – e corro de volta para a cozinha. Pego Edward no flagra olhando dentro da cesta curioso.



- Ah, você voltou. – Ele diz debilmente, e eu dou um sorriso cúmplice.


- Vamos? – Ele faz que sim com a cabeça e paga a cesta mais pesada me passando a mais leve.


Saímos da cozinha sem dizer mais nada, e enquanto caminhamos a uma curta distancia da mansão – para onde já cortaram o mato – continuamos calados. Sei bem o que se passa pela cabeça de Edward, pois acredito que é a mesma coisa que ronda meus pensamentos: O que nós estamos fazendo?


Eu sei que eu estou tentando fazer Edward sair da jaula e melhorar seu jeito. Sei também que Caius nada tem haver com isso, e que aquilo foi só uma desculpa idiota para conseguir o que eu queria. Isso já estava nos meus planos muito antes de Edward acordar totalmente diferente ou de Caius rir dele e me convidar para sair.


Olho de relance para Edward e vejo-o olhando tudo, do mato em que pisamos a alguns canteiros afastados de flores. Vejo-o olhando para trás onde Caius e seus amigos trabalham a analisar tudo. Edward está encantando, como se não visse isso a tanto, mas tanto tempo, que tudo parecesse novo. Mágico. Magnífico.


Há quanto tempo ele não sai da mansão? Há quanto tempo ele não vê como as coisas aqui fora podem ser belas, quando queremos? Há quanto tempo ele é prisioneiro da sua própria vida? Não sei... Mas, sinceramente, parece tempo demais.


Eu já to sabendo a um bom tempo que a vida pode ser bem filha da puta com a gente, mas me privar de ao menos tentar vive-la me prendendo dentro de casa, parece tão absurdo! Talvez seja porque esse é o meu jeito de encarar as coisas, lutando, não deixando a peteca cair... E só que a mera palavra desistir aos meus ouvidos parece à coisa mais errada do mundo. Desistir pra que? Diga-me! Sempre haverá chance para conseguir o que naquela hora, lhe foi negada.


Estendo minha mão livre e seguro a mão livre de Edward, entrelaçando nossos dedos. Quero que ele sugue um pouco das minhas forças, das minhas crenças onde a palavra desistir estar excluída. Onde ela é só uma desgraça inexistente.


Edward olha para mim sem entender, mas não desgruda a mão da minha. Sua mão é quente, grande e... Confortável. Aperto sua mão, e ele retribui o aperto. Ficamos nisso, eu aperto, ele aperta, e quando percebemos, estamos ambos rindo disso.


- Você é estranha. – Ele solta no meio das risadas.


Não fico ofendida, já que hoje em dia ser estranho é o que há de melhor.


- Você também não foge disso. – Rebato.


- Eu sei. – Ele ri de novo, e eu também.


Sinto os pelos do meu braço e minha nuca arrepiarem-se. Na risada de Edward eu consigo sentir uma inocência, que parece que mesmo quando de alguma forma tendo sida perdida, ainda está presente nele. Não sei explicar, mas é uma risada tão gostosa e bonita de se ouvir, que deveria ser usada mais.


Sinto meu estomago se revirar me sentindo de repente ansioso. Pelo o que, só Deus para saber, mas a sensação estranha não sai de dentro de mim.


E como quando eu era criança, e James ainda não tinha sido um grande babaca comigo. Eu sempre sentia esse reboliço louco dentro do estomago, essa ansiedade chata e ao mesmo tempo gostosa. Esse nervosismo que a gente só sente quando está perto de pessoas queridas.


- Acho que aqui já está bom. – Digo tentando soltar minha mão da dele, e por um breve instante não conseguindo. – Está bom para você? – Pergunto, e ele faz que sim com a cabeça, meio encabulado.


Abro a minha cesta e forro o chão com aquela típica manta quadriculada. Deixo a cesta no chão e me jogo em cima da manta, sorrindo. Edward continua parado me olhando, como se não soubesse o que fazer.


Estendo os braços e ele me passa a cesta que segurava. Começo a tirar todas as guloseimas, sanduiches, sucos, frutas e os copos e pratinhos de plástico que eu tinha colocado ali dentro. Espalho tudo no meio, e então olho para cima para vê Edward ainda na mesma posição.


- Eu sei que comer em pé e bom para a comida ir para as pernas e não para a barriga, mas pode, por favor, me acompanhar sentado? – Pergunto fazendo piada.


Ela faz que sim com a cabeça e se senta na ponta livre.


Tiro minhas sapatilhas jogando-as pela grama recém cortada, e começo a servi suco para mim e para ele. Pego um sanduiche e começo a comer em seguida.


Edward ainda está meio parado, e começo a ficar com medo de que todo aquele pique tenha começado a se esvair. Pronta para não deixar isso acontecer, bebo um pouco de suco para preparar a minha boca a matraquear sem parar.


- O que foi? – Pergunto, colocando um mine sanduiche em um pratinho e entregando para ele. – Ah vamos.. Está sendo legal! – Dou um sorriso animado para ele.


Nem me lembro qual foi a ultima vez que eu pareci tanto com uma adolescente empolgada, onde tudo era motivo para sorrisos animadores. É bem provável que eu nunca tenha sido assim, e só por Edward, eu esteja me forçando a descobrir uma Isabella que eu pensava que nem existia.


Não sou uma garota infeliz, mas também não sou a rainha da animação. Tenho meus momentos.


- Faz muito tempo que eu não faço um piquenique. – Edward diz, e então me olha. – E você?


- Também. – Como um pouco e continuo. – A cidade onde eu cresci não costumava ter o melhor tempo do mundo, e piquenique eram raridades.


- A ultima vez que eu estive em uma coisa assim eu tinha oito anos.


- Eu também! – Exclamei e dei um sorriso largo para ele. – Estamos revivendo os velhos tempos juntos então.


- Mesmo sendo obvio que os meus “velhos tempos” é bem mais velho do que os seus. – Ele rebate, e eu solto uma gargalhada.


- Ei, quantos anos você pensa que tenho? Eu já estou quase na casa dos trinta!


- Faça-me favor Isabella. – Ele soltou uma risadinha. – Vinte cinco anos não é estar na casa dos trinta. Você ainda é jovem.


- Nem tanto assim, por favor. – Pego um dos bolinhos que eu trousse e como. – Quer dizer, quantos anos você tem? 


- Trinca e cinco.


- Pra mim parece vinte e oito e olhe lá!


- Bom.. Obrigado, eu acho. – Edward resmunga ficando vermelho.


Solto uma risadinha, mas não comento de suas bochechas vermelhas. A conversa está boa demais para eu ficar alfinetando – pelo menos por agora.


(...)

 Narrador: Edward


Isabella nunca pareceu tanto uma garota perfeita como me parece agora. Uma mocinha dos romances modernos.


Não que ela pareça perfeita, ou que ela demonstre que sua vida e rodeada de glammur ou qualquer coisa do tipo. Muito pelo ao contrario. Ela demonstra que tem problemas, que cai, que toma porrada da vida mas que mesmo assim, ela está aqui para isso. Apanhar da vida e levantar, não permanecendo no chão nunca.


Lembro que tento sempre tomar como base nesse tipo de personalidade nos livros que escrevo. Porém, mesmo quando eu queria que fosse real pessoas desse tipo, eu duvidava que elas existissem.


Como eu estava enganado.


Na minha frente eu tinha uma criatura que não deveria existir no mundo real, mas que existia e se esforçava para estar na minha vida.


Isabella não era linda para qualquer pessoa que há visse por ai, mas para mim, ela tinha uma beleza tão extraordinária. O seu dente meio falhado na frente lhe dava um charme junto com as sardas que ficava em seu nariz e bochechas. Ela parecia tão moleca e nunca uma mulher de vinte e cinco anos.


Mas isso eu sabia que era só na aparencia. Ela já havia demonstrado para mim o bastante da sua maturidade.


- E muito constrangedor quando você fica me olhando desse jeito. – Isabella para de rir de repente e diz baixinho. – Diga logo que estou com os dentes sujos e pronto. – Resmunga passando os dedos nos dentes, e depois amostra para mim. – Ta limpo?


- Não estava sujo. – Dou um sorriso meio de lado e viro o rosto.


- Então porque diabos você estava me encarando?


- Não pode? – Pergunto com desdenha.


- E se eu disser que não? – Rebate com um sorrisinho.


E nessa hora que sinto meu estomago dar um nó, e começar a aparecer suor sob meus lábios. Dou de ombros e viro o rosto, enquanto Isabella da uma risadinha.


- Se eu disser que não, você então não olha, é isso? – Ela pergunta de novo, parecendo achar muito engraçado zombar de mim.


- Acho que sim.


- Bom, não vou dizer que todas as regras devem ser quebradas. – Ela diz e olho para ela pela visão periférica. – Mas se você quer encarar alguém você encara, mesmo que essa pessoa não queira. Quer dizer, os olhos são seus né? – Ela se estica e cutuca meu ombro.


- Acho que sim. – Repito.


Estou tentando com todas as minhas forças ser o mais extrovertido que posso, e acredito que Isabella também está tentando fazer isso. Acho que ela quer que isso der certo, mesmo eu não fazendo ideia do que isso aqui significa.


Imagino que ela não seja tão desanimada quanto eu, mas posso perceber que em alguns aspectos ela está muito mais extrovertida, animada e ate falante do que nos outros dias.


Pensar que isso é uma dificuldade para ambos me deixa um pouco mais calmo, mas nem tanto a ponto de fazer aquele nó estranho se desfazer.


- Fale um pouco sobre você. – Peço virando o rosto para ela.


- Sobre mim? – Ela pergunta apontado para o peito. – Não.. Fale você um pouco sobre si mesmo para mim.


- Não.. Fala você.


- Então que tal, eu falo uma coisa sobre mim e você me fala outra sobre você. Sem perguntas, para ninguém ficar sem graça.


- Não. – Balanço a cabeça. – Isso não é legal. – Mordo meu lábio inferior. – Você me diz cinco coisas sobre você, e eu te digo uma sobre mim.


- E desde quando isso parece algo legal? Ou justo? – Pergunta indignada.


- Ninguém está falando de justiça por aqui. – Dou um sorriso torto sem amostrar os dentes.


- Não, eu falo algo sobre mim e você fala algo sobre si. – Faz sinal negativo balançando a cabeça.


- Você diz três e eu uma.


- Eu digo duas e você uma.


- Okay. – Olho para o céu azul vitorioso.


Passam-se alguns minutos, com Isabella pensando até que finalmente ela me cutuca para que eu preste atenção.


- Meu nome é Isabella Swan, e eu tenho vinte cinco anos. – Ela sorri arteira.


- Isso não vale. Tem que ser coisas que nem um nem o outro sabe.


- Droga. – Ela resmunga. – Certo, eu era uma “nerd” na minha adolescência e fugi de casa para fazer faculdade.


- Por quê? – Pergunto surpreso com o que ela diz.


- Sem perguntas, camarada. Apenas afirmações. – Encolho meus ombros pensando no que eu poderia dizer da minha vida que não fosse muito revelador ou a deixasse perturbada.


- Eu sempre estudei em casa. – Isabella faz uma ameaça de quem vai perguntar, mas eu balanço a cabeça. – Sem perguntas. Apenas afirmações.


- Sou formada em letras e estou escrevendo meu primeiro livro. – Ela sorri acanhada.


- Sou escritor. – Falo rapidamente. Isabella faz um sinal como se já soubesse. – Não fiz faculdade.


- Serio? – Pergunta, e então cobre a boca e faz um gesto com a mão para eu esquecer. – Eu não tenho amigos fora daqui. Ninguém me espera lá fora.


- Eu não tenho ninguém além da minha prima.


- Hey! – Ela resmunga, como se para que eu pudesse perceber que eu tinha ela.


- Eu quero dizer alguém que conheça todos os meus segredos, todos os detalhes da minha vida.

- Certo, entendi. – Isabella começa a catar a comida que está em cima da manta deixando só o pacote de guloseimas. – Nunca tive um namorado. E acho que amar machuca muito. – Diz acanhada. – Acho que isso foi constrangedor.


- Também nunca tive uma namorada. – Digo tentando deixar ela menos constrangida.


- Estamos no mesmo barco furado então! – Isabella resmunga, se deitando, parecendo perder o pique.


- Não estamos não. – Me deito ao seu lado. – Você ainda é muito jovem Isabella, não precisa ficar com essa cara.


- Onde já se viu, uma mulher de vinte cinco anos, sem nenhum namorado... – Ela se calou me olhando.


- E um homem de trinca e cinco? – Pergunto olhando em seus olhos chocolates.


Não quero pronunciar as palavras de que eu nunca fora tocado por uma mulher. De que eu nunca soubera qual é o saber dos lábios rosados e delicados que uma mulher tem. Porque agora, isso me parece algo tão vergonhoso! Tão... tão... sem sentido.


Imagino que ela nunca tenha namorado a serio, mas alguém já deve ter lhe tocado. Beijado seus lábios cheios e sentindo tudo o que eu não senti. Que já devem ter passado as mãos em seus cabelos compridos e os puxado, fazendo com que ela ficasse mais e mais próxima dele. Imagino quem deve ter sido esse sortudo...


Desvio o olhar dos dela, totalmente constrangido sentindo meu rosto e pescoço começar a pegar fogo.


- Você é homem, certamente já deve ter estado com varias mulheres. – Ela comentou baixinho, levantando a cabeça para poder me encarar. – Certo?


- Hm, certo. – Forço-me a dizer, percebendo só agora como sou um péssimo mentiroso.


- Nunca? – Ela murmura bem baixinho. – Nunca esteve com alguém? Nunca beijou? – Sussurra o final.


Solto um grunhido totalmente envergonhado. Ela não deveria saber disso. Ninguém além de Alice deveria saber disso.


Não sei por que, mas começo a sentir meus olhos ficarem úmidos, meu suor aumentar e o nó do meu estomago triplicar. Estar aqui hoje foi uma grande idiotice. Ridículo da minha parte. Humilhante. Eu não deveria ter saído da mansão.


- Edward... – Isabella fala meu nome baixinho, e toca meu rosto.


Fecho os olhos e sinto a lagrima única escorrer. Ela passa a mão delicadamente pela lagrima secando-a.


- Não chore por isso. Não há nada que se envergonhar. – Ela abaixa o rosto e sussurra em meu ouvido. – Isso só deixa você mais lindo.


- Não... Não diga bobagens. – Resmungo.


- Não é bobagem para mim. – Sinto que Isabella está com o corpo em cima do meu, com o rosto bem na minha frente. – Por favor, abra os olhos. – Relutante, eu abro. – Eu só tive uma única experiência na minha vida. E acredite, foi algo que dilacerou o meu coração em tantos pedaços, que ainda hoje, eu às vezes penso que posso sangrar a qualquer momento. Eu tinha quinze anos, e dez anos depois, ainda dói. Você imagina o que é uma ferida doer por tantos anos.


- Sim. – Responde mesmo imaginando que fosse uma pergunta retórica. – Eu sei o que é isso.


- Uma ferida que não vem do físico, vem da alma. – Ela diz não se importando com o que eu disse.


- Que parece que nunca irá se curar, e por um momento quando você pensa que ela se foi, tudo volta a tona. – Eu digo baixo, completando o que ela diz.


- Massacrando, e massacrando seu coração. – Isabella continua.


- Sua mente, sua vida. – Isabella solta um som ofegante quando digo isso, mas não desvia seus olhos dos meus.


- Esse é o motivo, de tudo isso não é? Você amava alguém demais, e essa pessoa, simplesmente destruiu a sua vida. – Ela fala ressentida.


- Sim. – Respondo baixinho.


- Você não precisa deixar de experimentar as coisas da vida por causa dele. Não precisa! – Ela aumenta o tom da voz, aproximando mais ainda o rosto do meu, para que eu entenda bem. – Você ainda sabe que a felicidade é para todos, não é?


- Às vezes, eu duvido muito disso.


- Besteira! Não é porque ela não está na sua cara que significa que você não possa caminhar até ela. Na verdade, assim fica tudo mais gostoso. Podem ser longos os passos, mas se você buscar vai encontrar.


Fico absorvendo as palavras de Isabella. Ela me da um sorriso de leve, para tentar mostrar que o que diz é verdade. Novamente, Isabella me parece linda. Percebo que quando sorri ela tem uma covinha perto dos lábios.


Estico a mão e coloco o dedo na sua covinha. Isabella não se afasta. Ela ainda está ali, solida, tentando me mostrar que eu devo correr atrás da minha própria vida, das minhas experiências, da minha felicidade.


Não sei, juro que não sei o que eu deveria fazer nesse momento. Eu só sei o que eu tenho vontade de fazer.


Quero beija-la. Quero saborear seus lábios carnudos e descobrir que ali também há felicidade.


Subo minha mão acariciando o rosto dela. O contato dos nossos olhos não se perde nunca. Minha mão chega ao seu pescoço, e faço um carinho que sei, faz o corpo de Isabella estremecer. Isabella fecha os olhos e comprime os lábios, saboreando aquele meu toque. Surreal. Ela parece extasiada com tudo isso.


Mas eu quero mais. Quero saber como é o contato de dois lábios, então eu puxo com delicadeza seu rosto de encontro ao meu. Não é um caminho longo já que estávamos tão próximos. Isabella não abre os olhos, enquanto roço meus lábios nos seus. Fecho meus olhos em puro deleite com aquela sensação. Meu coração começa a acelerar, e meu corpo começa a ter sensações nunca sentidas antes. Prazer.


Pressiono meus lábios com força nos dela, sentindo ela retribuir a pressão. Imagino que eu deveria estar perdido, mas não estou. Confio em Isabella.


Ela abre um pouco os lábios, como se quisesse algo a mais. Faço o mesmo, e nossas bocas se encaixam. Me sentindo totalmente alerta e atrevido, passa a ponta da minha língua em seus lábios, até que Isabella faça o mesmo, e minha língua encontre a sua. Uma sensação de posse me passa, e o meu outro braço vai para cintura de Isabella, puxando-a para mim. Minha língua está dentro de sua boca, e brinca com a dela.


Ficamos nisso por alguns minutos até que eu afasto minha boca da dela, sugando seus lábios inferiores. Estamos os dois ofegantes.


Reencosto minha cabeça no chão e fico apreensivo de abrir meus olhos, pois sei que ela está me encarando. Respirando fundo, abro-os para encontrar uma Isabella meio perdida e acanhada, que ainda apoia o corpo no meu.


- Por Deus, o que eu fiz? – Ela murmura. – Eu sou só sua empregada. – Fala isso como se explicasse tudo.


- Não. – Eu sussurro. – Você é muito mais do que uma mera empregada. Você é minha amiga Isabella. É importante para mim.


Ela olho nos meus olhos de novo e então rola o corpo para o meu lado, amassando o saco de guloseimas.


Onde eu estou me metendo, eu não faço nem ideia. Mas agora eu sei de algo, que muda todo o meu futuro.


Eu quero ter para sempre os lábios de Isabella Swan nos meus. E eu não quero nunca mais deixar de andar a cada dia – mesmo que seja apenas um pequeno – passo até a felicidade.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, eu to tentando postar isso desde ontem, mas o nyah ta juntando tudo! Mesmo assim, acho que esse foi um dos capítulos mais rápidinhos que eu postei. Mas é porque eu to feliz, meu aniversário ta chegando (dia 7, se alguém quiser me dar presente to aceitando! (: )hihihi...
Agora falando de coisa seria: O capítulo!
O que vocês acharam? Gostaram? Ai gente, eu to meio coisa com o capítulo, porque eu gostei dele, e quero muito que vocês gostem. Essa não era a ideia inicial do capítulo, mas quando eu terminei já tinha saído isso!
Deixei reviews falando o que acharam! E recomendem a fic.
beijinhos e até logo!