Severo se sentia nervoso. Conheceria sua filha naquele dia. Olhou para o antigo escritório anexado ao quarto que fora transformado em um quarto para a pequena. Os pertences dela foram enviados um dia antes e tudo já estava arrumado. O quarto era todo em tons de lilás e branco. As paredes eram listradas em branco e lilás, um armário branco que continha seus brinquedos, uma cômoda branca que continha suas roupas com uma pequena divisória para os sapatos, um berço branco, uma cadeira de balanço, um tapete lilás, e o teto enfeitiçado para aparecer o céu.

Ele olhou para o relógio e levou um pequeno susto. Se não saísse dali agora, chegaria atrasado. Dessa forma, ele saiu dos aposentos de sua filha e correu (não literalmente) para a ala de aparatação da escola de Hogwarts. Ao chegar ao lugar, viu uma garotinha segurando a mão de Madame Promfrey, provavelmente Dumbledore pediu para que buscasse a menina. Ela era linda: Cabelos pretos lisos que iam até o meio das costas com uma franjinha no meio da testa, olhos levemente verdes, pele clara como porcelana, bochechas e lábios rosados, rosto arredondado e inundado de lágrimas. A menina era linda, mas, o momento era muito triste. Ela perdera sua mãe havia poucos minutos.

Severo pegou a menininha no colo e a mesma o abraçou, chorando compulsivamente. Madame Promfrey olhou para a menina com pena e se retirou. Severo foi para o quarto da menina. Quem sabe ele conseguiria animá-la um pouco?

Ele quase corria para chegar ao quarto da pequena, abriu a porta lentamente e Liz prendeu suas mãozinhas ao redor do pescoço do rígido professor de poções. Severo percebeu que a respiração de Liz estava lenta e regular, então, olhou para o rosto dela. Ela havia dormido. Ele desfez o nó das mãos de Liz ao redor do seu pescoço e se sentou com ela em seu colo na cadeira de balanço.

Ele começou a tentar reconhecer Sophia em alguns dos seus traços, mas só conseguiu ver os olhos. Ela era igual a ele, menos pelo formato do rosto que era muito parecido com o da sua mãe, Eileen. A única coisa que tinha em comum com Sophia eram os olhos verdes. Severo se sentia sem saber o que fazer. Nunca cuidara de uma criança antes e não imaginava que saberia lidar com ela. A surpresa maior para Severo foi quando a menina acordou.

– Quem é você? – ela perguntou muito sonolenta – Onde eu estou?

– Eu sou o seu pai. E este é o seu quarto, Liz. – ele respondeu devagar e carinhosamente – Gostou?

A pequena olhou em volta e meneou um sim com a cabeça. Severo sorriu (coisa que ele raramente fazia) abertamente. Liz olhava em volta e pulou do colo do pai. Foi direto para a cômoda, a abriu, e procurou por suas roupas. De lá tirou: um vestido verde com jeito de boneca, uma meia-calça preta, sapatinhos de boneca também pretos, um arco de cabelo verde da mesma cor do vestido, um par de brinquinhos de pérola e uma pulseira também de pérolas. Liz sempre vestia essa roupa para ir ao parque com sua mãe e se sentiu mais triste por lembrar que ela não estava mais ali. De repente, Liz lembrou que ainda não sabia nem tomar banho e nem se vestir sozinha. Teria que pedir ajuda.

– Pode me ajudar? Mamãe não me ensinou como tomar banho e me vestir sozinha. – falou Liz, um pouco (leia-se bastante) receosa da reação do seu pai que ela nem conhecia.

– É claro que sim, Lizzie. Sei que vai sentir a falta da sua mãe, mas, você vai se adaptar. O lugar aqui é enorme e posso chamar algumas crianças se você quiser. Vem. – falou Severo puxando a menina para o seu colo.

Severo pegou uma toalha, levou Liz para o banheiro, ligou a banheira e pegou um xampu e um condicionador. Ela mergulhou na banheira. Severo deu banho nela e mudou suas roupas.

Severo a levou de volta para o seu quarto e conheceu Liz um pouco melhor. Liz era uma menina encantadora. Ela amava música (sua mãe cantava com ela no piano), histórias, moda (sua mãe era estilista) e suas bonecas, era muito meiga e gentil, educada e singela. Severo passou a se permitir ser ele mesmo com ela. Liz amava a companhia do pai e vice-versa. Para ela, aquele final de semana fora perfeito. E Severo compartilhava a mesma opinião.