Capítulo 9

POV Dimitri

Que garota é aquela, pelo amor de Deus! A menina aniquilou o Gean e ele luta bem! Não tem a metade da força de vontade que eu ou a Roza tinha em ser bom, mas luta bem. E Anne acabou, simplesmente acabou com ele!

Pelo visto, eles treinam todos os dias, porque quando eu os vi em ação, coisa que eu acho que nunca mais vou esquecer, percebi a sincronia deles e a Roza... Ah! Roza! Tão linda! Até mesmo grávida que mais parecia estar de uns seis meses, não se deixou ser abatida naquela luta depois do jantar em nenhum momento!

Eu sabia, eu tinha certeza que ela se tornaria uma guardiã incrível, mas ela fugiu! Fugiu depois que eu a abandonei e a Lissa vez o que fez com ela, acabando por não se formar. Quanto talento desperdiçado! Quanto talento... Eu acho que suspirei, porque ganhei um cutucão no baço da Natasha.

“Eu posso saber por qual motivo você suspira tanto, Dimitri Belikov???”

Ai, ai, agora danou-se. O que eu ia dizer pra ela. Que adorei ver nosso filho ser totalmente desmoralizado na luta com a filha da Roza?!? Que eu estou suspirando pela bela ferocidade com que aquela família lutou no dia em que fomos todos atacados?!?

“Em nada especificamente. Estou pensando na proposta do Adrian e acho que você deveria reconsiderar...”

“Reconsiderar Belikov? Reconsiderar? Você acha conveniente que as crianças fiquem sob a responsabilidade daquela... Daquela...”

“DAQUELA O QUÊ? FALA? DAQUELA QUE SALVOU SUA PELE A NOITE PASSADA?” Eu fiquei furioso quando vi que a Tasha ia ofender a Roza de novo. Meu Deus! O que é que está acontecendo comigo! Dimitri, ela está casada, tem dois filhos e um a caminho! O que foi que te deu, Belikov???

Natasha me olhou com ódio puro, respirou fundo e disse:

“É, parece que aquela atração sexual louca que você sentia por ela voltou com toda força, hein?” Falou baixo, com voz controlada, mas cortante.

“Ah! Natasha! Que tal você parar de falar desse jeito deles? Nós, nós não, seu sobrinho e a mulher dele precisam, e muito, da ajuda daquela família e você ouviu bem o Sr. Mazur! Ele só está fazendo isso por um pedido de Rose! Não seja ingrata nem irracional!” Aí sim ela enlouqueceu.

“INGRATA? IRRACIONAL? Que ótimo, Dimitri, foi só você colocar seus olhos naquela meretriz de sangue que você começou a me tratar mal. Qual o SEU problema? Quer dormir com ela de novo? Acho que ela não vai te querer, você não tem presas!?!”

Quando eu vi já tinha dado um tapa na cara dela. Eu poderia tolerar tudo, mas jamais permitiria que ela falasse assim de Roza.

Ela saiu correndo, chorando e quando olhei para trás, eu vi meu filho me olhando com ódio puro nos olhos. Afinal, era na mãe dele que eu tinha dado um tapa. Eu sei o que ele sentiu, porque eu vi o meu pai espancar a minha mãe várias vezes, mas Gean não tinha a metade da minha fibra, que enfrentei meu pai e o coloquei para correr. Ele só me olhou, perplexo e quando eu fui tentar me explicar com ele, ele só me disse:

“Fica longe de mim!” E foi atrás de Natasha. Eu não sei o que está acontecendo comigo, não sei mesmo.

Mais tarde ela voltou, com o rosto corado de tanto chorar, creio eu.

“Tasha... Me desculpe... Eu não quis fazer aquilo, mas...”

“Mas você não podia ficar sem defender aquela vadiazinha, não é? Tudo bem. Nós, meu sobrinho e eu, precisamos mesmo da ajuda dela e do pai dela. E sim, ela salvou o meu traseiro ontem à noite, mas eu não vou mais admitir que você toque no nome dela. Se quiser preservar seu emprego, seu casamento e o respeito de seu filho!”

Dito isso, ela entrou no quarto e voltou logo depois com umas cobertas e jogou no sofá. Se a Corte soubesse que eu tinha agredido a Natasha, eu estaria frito. Eu sou seu marido, de fato, mas ela ainda é a minha protegida e eu não posso, em hipótese nenhuma, fazer qualquer coisa que a fira ou a coloque em perigo. E eu acabei de lhe dar uma bofetada. Era briga de casal, ótimo. Mas isso não seria bem vindo no nosso mundo.

“Posso falar com o senhor, pai?” Disse Gean, muito sério. Eu assenti, já me preparando para que ele destilasse seu ódio em mim, mas fiquei surpreso com o que ele disse.

“Eu gostaria de ficar na casa dos Ivashkov.”

“Gean, depois do que houve hoje, acho que sua mãe...”

“Eu falei com ela. Ela disse que lá pelo menos, ela tem certeza de que eu estaria seguro. E, eu posso perguntar uma coisa?”

“Sim, Gean, o que você quer saber?”

“Por que a minha mãe odeia tanto a Sra. Ivashkov? E, por que o senhor fez aquilo com a minha mãe? O tapa...”

“Ai, Gean, eu era o mentor da Rose na Academia, onde ela estudava com a Lissa e com o Christian. Fui eu quem as resgatei quando elas fugiram e, quando a Rose foi brutalmente atingida pelos efeitos do espírito da Lissa, por ser shadow-kissed dela, eu que a contive e acabei... Bem, você sabe, com ela. Depois a sua mãe me fez a proposta de ser seu guardião e como nós já havíamos namorado antes e sua mãe sempre me amou, voltamos a namorar, acabei aceitando ser seu guardião e nos casamos. A Rose tinha má fama na Academia, mas na verdade ela não era a vadia que falavam. Bem você não é mais criança e então eu posso te dizer. Ela era virgem! Virgem e apaixonada por mim e eu, por impulso, acabei transando com ela e depois fui embora e ela fugiu da Academia e não se formou. Para completar, ela foi falar com a Lissa e a Lissa a chamou de meretriz de sangue! Só que até onde eu sei, a Rose só doou sangue para a Lissa porque quando elas fugiram, não tinha como a Lissa se alimentar. Elas viviam entre humanos e estava escondidas, então... É isso!”

“Nossa, então a Sra. Ivashkov tem mesmo motivos para odiar o senhor e a Lissa...” Gean falou pensativo e eu senti dor ao ouvir essas palavras proferidas por ele. “Mas, e o tapa?”

“Bem, depois de tudo isso, a Rose e o Adrian estão sendo ainda mais generosos do que nós todos merecemos e a sua mãe a chamou de meretriz de sangue e de vadia. Um dia depois da Rose salvar a vida dela do ataque dos strigois!!! Não achei justo, acabei perdendo a paciência com a sua mãe, que desde que chegou e viu a Rose, está insuportável e perdi a cabeça e dei-lhe um tapa. Mas eu juro, filho, eu jamais fiz isso antes e estou absolutamente arrependido! Mas acho que ela não vai me perdoar depois disso...” Eu me sentia mesmo arrependido de tê-la agredido, mas ela não precisava ter sido tão horrorosamente injusta. Nem com a Rose nem comigo.

Meu filho fez uma coisa que nunca tinha feito na vida. Ele me abraçou. Meio desajeitado, porque, bem, acho que é nossa culpa! Nenhum de nós, nem Natasha nem eu temos gestos de amor com ele, na verdade, o que é péssimo, mas ele me abraçou e eu realmente precisava sentir amor de novo. Retribuí.

“Pai, eu vou falar bem baixinho então, para a minha mãe não ouvir, mas eu gosto da Sra. e do Sr. Ivashkov. E quanto a Anne, eu meio que me sinto bem com ela, mas não como uma namorada, nem nada disso, mais como uma irmã. Como uma irmã que eu nunca tive...” Ele sussurrou.

Aquilo me comoveu e eu me lembrei de Anne. Ela me lembrava Victória na idade dela. Digo fisicamente. Será que... Não, não pode ser. Você ta ficando maluco mesmo, Belikov. Fiquei abraçado com meu filho por um tempo enorme e senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Acho que ele chorava também.