Capítulo 5

Rose PDV

Definitivamente, por essa eu não esperava. A Lissa está louca, internada em Tarasov!?! Por isso eles não estão com a menina. Eu olhei para a garotinha, tão linda e distraída naquele momento, conversando com Gean e pensava no que aquela menina teria que passar.

“Qual o nome dela?” Apontei a garota.

“Rosemarie. Rosemarie Dragomir Ozera.” Quem respondeu foi Dimitri. Natasha se pudesse, arrancaria a garganta dele ali mesmo. Principalmente depois de que ele me chamou de Roza, o que eu fiz questão de ignorar e Adrian também, pelo visto.

Aquilo me chocou. Porque Lissa daria o meu nome à filha única dela depois de ter me chamado até de meretriz de sangue. Eu acho que ela estava maluca já há muito tempo e ninguém havia percebido antes.

Eu não tinha como perceber porque depois de tudo o que houve, meu pai me trouxe uma corrente de prata e aço, forjada com espírito e terra por pessoas do seu conhecimento e me bloqueava totalmente de qualquer efeito do espírito. Eu não o tirava do pescoço, principalmente com o Nazar que ele havia me dado. Ele dizia que era para proteção e acredito que deu certo! Ela estava louca e eu não. Ótimo!

Mas ao olhar para aquela menina, tão linda, delicada e indefesa, aquilo me deu um nó na garganta. Uma dor na alma! Era tão difícil para mim, que fui criada pela Academia, longe de meus pais, era tão dolorido, mas pelo menos eu nunca tinha conhecido a convivência em família antes, mas e ela??? Ela já estava acostumada a ter seus pais por perto! Como seria para aquela menina, meu Deus!!!

Bem, isso não é da minha conta, pensei. Isso não me importa! Não sei nem porque eles estão contando isso para nós.

Eu estava tão imersa em pensamentos, que só percebi que eles falavam comigo depois que Adrian apertou a minha mão.

“Amor, você está bem?” Ele me olhava, analisando a minha aura. Eu sorri levemente.

“Me desculpe, eu me distraí. Bem, vocês diziam que ela está internada em Tarasov? Por que Tarasov? Não tem nenhuma clínica mais perto? Lá tem criminosos...”

Foi Tasha quem respondeu.

“Tarasov porque ela estava completamente descontrolada e essa não foi a primeira, digamos, crise. Só que dessa vez, precisou que o Dimka interviesse para ela não sair de lá em uma camisa de força na frente da criança.”

Aquilo mexeu realmente comigo. Fiquei tentando imaginar a Lissa em uma camisa de força e a garotinha, completamente assustada, presenciando a cena. Aquilo me revirou o estômago.

“Desculpe-me, preciso ir ao banheiro.” Falei entre dentes para não vomitar ali mesmo. Anne me acompanhou.

Vomitei tudo o que eu nem sequer tinha comido ainda. Anne segurava os meus cabelos e acabou amarrando eles com uma presilha. Ela me ajudou a me sentar em um dos sofás e ficou me abando por alguns minutos.

Passado mais algum tempo, entrou no banheiro Tasha acompanhada de Rosemarie.

“Rose, ta todo mundo preocupado com você. Você está melhor? Precisa de alguma coisa?” Parecia até autêntica a preocupação dela. Rosemarie me abraçou subitamente.

“Titia Rose, você é tão bonita! Sabia que a minha mãe me deu o seu nome porque ela te ama?!? Ela sempre me falava de você e ela me mostrou fotos.”

Eu primeiro, fiquei sem ação. Anne me olhou com aquele olhar de “por favor, não seja péssima e abrace a menina” e eu a abracei e a puxei para o meu colo.

“Obrigada, querida. Você também é linda! É realmente uma princesinha.” Ela sorriu genuinamente e me abraçou de novo. Eu já me sentia melhor e voltamos para a mesa. Eu pude perceber que Tasha não gostou dessa demonstração de afeto da menina Rose comigo e Anne também percebeu.

“Amor, sente-se, pedi uma tônica com limão para você. Eu sou um idiota. Não devíamos ter vindo aqui.” Adrian disse. Eu sorri e passei a mão pelo seu rosto e cabelo.

“Estou melhor e não é o restaurante. É a gravidez. Você sabe que eu enjôo mesmo quase a gravidez toda! Se acalme, estou melhor. Não tem problema, ok?!?” Disse bem baixinho e ele sorriu. Senti Dimitri enrijecer e Tasha me olhava com ódio puro. Andrew a encarou na mesma medida e a coisa começou a ficar estranha. Resolvi mudar de assunto.

“O que vocês pretendem fazer com relação a isso tudo? Ela vai ficar lá até quando? Tem como ela se recuperar?” Disse isso já pensando na menina.

“Pelo que se sabe, Roza, não tem previsão de saída. Ela perdeu totalmente a noção de realidade. Ela acha que está na St. Wladimir e que precisa ir fazer prova senão a média dela vai cair e ela não vai entrar na faculdade!” Ele abanou a cabeça tristemente. Tasha arranhou a garganta.

“Na verdade, foi uma sorte encontrar você aqui. Chegamos até em te procurar para ver se você podia ajudá-la...” Anne interrompeu.

“Como é que é? Mamãe, me desculpe, mas parece que eu não ouvi direito. Vocês iriam procurar pela minha mãe para o quê mesmo?”

“Bem, sua mãe é shadow-kissed dela e de repente ela poderia...”

“Poderia o quê? Enlouquecer no lugar dela? Ah! Que ótimo! Por que ela não se controlou ao usar seu elemento? O meu pai se controla e ele está muito bem, obrigada! É muita cara de pau sua, Natasha Ozera, querer procurar a minha mãe para enlouquecer no lugar daquela que a chamou no passado de MERETRIZ DE SANGUE!”

Nisso, Anne já estava de pé e gritava no meio do restaurante. Adrian a fez se sentar na base da compulsão porque ela não se acalmava de jeito nenhum.

“Filha, se acalme, sim, em casa a gente conversa.” Eu disse e o jantar estava estragado. Legal!

Ao sair do restaurante, a noite estava já fria e a rua estava meio deserta. Quando eu senti uma náusea fulminante e logo puxei Rosemarie para trás de mim. Só deu tempo de gritar “Strigois!”  e já estávamos sendo atacados.

POV Dimitri

Quando Roza gritou “Strigois”, eu a vi colocando Rosemarie atrás de suas costas e sacando de uma estaca. Achei que ela fosse proteger seus filhos e seu moroi, mas quando eu vi, todos eles estavam portando estacas e eu tive que admitir, Adrian não era o mesmo cara que eu havia conhecido.

Ele realmente tinha força e desenvoltura. Conseguiu se esquivar de dois strigois, os empalando graciosamente.

Aqueles garotos, bem, Anne era parecida com a Rose. A mesma graça e fúria ao lutar e caramba, ela tinha força. Eram muitos strigois e Tasha criou algumas distrações para me ajudar. Gean não tinha uma estaca, então ficou fascinado vendo Anne e Andrew lutarem.

Rose, ah! Roza! Como sempre linda, perfeita e letal. Anne tinha muito dela. Andrew era gracioso e rápido. Engraçado! Ele me fazia me lembrar de mim mesmo. Estranho! E prestando atenção em Anne, ela me lembrava a Vik, com quinze anos. Fisicamente, porque no gênio, ela era toda Rose.

Com isso, eu me distraí e fui para o chão arrastado por um strigoi. De repente, o strigoi estava morto. Quem me ajudou com esse, salvando a minha vida, foi Adrian. Ele me deu um sorriso preguiçoso e viu a minha surpresa estampada na minha cara.

“Acabou, Belikov! Nós demos conta de todos!”

Roza já estava ao telefone e conversava rapidamente.

“Vamos pra casa! Está feito!” Sorriu satisfeita.

“Mas temos que chamar os alquimistas! Você sabe disso, não é Roza?!” Me lembrando que ela não se formou e provavelmente ela não sabia desta parte. Ela sorriu, olhou para o Adrian e seus filhos que também sorriram e me olhou novamente. Com um olhar de condescendência.

“Foi o que eu acabei de fazer, Belikov! E por favor, pare de me chamar de Roza!” Sorriu de novo, o sorriso mais lindo do mundo e eu arfei. E Natasha, se pudesse, me mataria neste instante e o Adrian também.