Frostnatter escrita por Blue Dammerung


Capítulo 5
Capítulo 5: Ole Hyvä?


Notas iniciais do capítulo

"A vida fica bem mais fácil se você mantiver as expectativas de todo mundo baixas." - Gilbert refletindo depois de ficar novamente de castigo pelos pais que descobriram que ele tinha colado chiclete no cabelo de sua coleguinha de Quarta série. Coitada, teve que cortar quase todo o cabelo...



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Tentei mantê-la aquecida de todas as formas que eu julgava serem possíveis. Cobertores, o aquecedor ao máximo, meias nos pés e luvas nas mãos, embora estas peças de roupas fossem minhas e ficassem curiosamente, vejamos, engraçadas nas mãos e pés daquele garoto, tão menor que eu.

E ali fiquei por horas seguidas ao lado dela, esperando com demasiado esmero e quem sabe um pouco de medo, ela abrir os olhos ou menos ainda, apenas dar qualquer sinal de que não tinha entrado numa espécie de coma causado por frio.

Lá fora ainda nevava, afinal, era natal.

Deveria ligar para o meu irmão, para meus pais, mas nenhum deles pareciam tão importantes agora quanto aquela criança, cuja eu dedicava minha total atenção. Mas mesmo assim, no fundo, eu esperava que qualquer um deles ligassem para mim. Espera inútil e infundada, eu sabia, mas acabamos esperamos pelas coisas que queremos que aconteça.

Eu queria que alguém lembrasse de mim naquele natal.

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Na manhã seguinte, como meu professor prometera, chegamos antes até do porteiro chegar. Ainda estava com o corpo doendo e os olhos com duas manchas roxas embaixo de cada um por causa da falta do sono, mas no resto, estava bem.

E também viemos no carro dele, mesmo este último estando num estado deplorável... E apesar de tudo, Berwald não me perguntou como eu tinha ido parar dentro do porta-malas dele, mas eu tinha uma pequena intuição que dizia que ele sabia o que tinha acontecido.

Agradeci a ele e então fui para minha sala, onde cochilei até que as aulas começaram. Olhei para todos os alunos, e até no intervalo prestei atenção, ousando sair da sala e me encontrar com Gilbert e sua turma, mas ninguém parecia suspeitar de nada em relação a mim ou ao meu professor.

Suspirei, rezando para que aquele dia corresse bem, embora tivesse uma leve certeza de que quando chegasse em casa pudesse acontecer algo bastante desagradável. Na última aula, de matemática, quando Berwald entrou na sala pude sentir que por alguns segundos olhara diretamente para mim.

Preferi desviar o olhar. Eu já disse que ele é meio assustador na maioria das vezes?

Deixou suas coisas sobre a mesa e então começou a copiar a matéria enquanto o restante da sala se mantinha em silêncio. Era o único professor que realmente conseguia manter um silêncio estável em sala.

Foi então que a Senhora Elizabeta e o Diretor Roderich entraram na sala, pediram permissão ao Berwald, que assentiu, e então eles se postaram na frente dos alunos e começaram a falar:

-Como estamos já no meio do ano e em breve será o fim do mesmo, gostaríamos de anunciar uma espécie de Feira que será para todas as salas do Ensino Médio. A diferença é que, dessa vez, um grupo será formado por componentes de todos os anos, ou seja, ao invés de 3 alunos do 1º ano, serão um aluno do primeiro, outro do segundo e outro do terceiro.-Disse a senhora Elizabeta.

-Com isso, buscamos uma interação maior e mais saudável entre as classes.-Continuou o diretor.-O dia da apresentação será em 11 de Outubro, e uma vez que estamos no fim de Agosto, vocês têm pouco mais de um mês para organizarem um trabalho sobre a Segunda Guerra Mundial e apresentá-lo no dia marcado. O melhor trabalho lhes garantirá um prêmio, uma bolsa integral para o próximo ano, e mesmo aqueles que não a quiserem são obrigados a participar. Escolham bem seus grupos, pois mudanças na equipe não serão toleradas. Quaisquer dúvidas, mais tarde venham na minha sala. Obrigado.

Então eles saíram como se mal tivessem entrado e na sala ecoou um burburinho baixo, e no mesmo momento Berwald lançou apenas um “olhar mortal”, então o silêncio de necrotério voltou e o resto da aula seguiu normalmente.

Não demorou muito para que terminasse, e assim que o sinal tocou, todos se levantaram e saíram rapidamente. Arrumei minhas coisas e vi que Berwald já me esperava na porta, pronto para fechar a sala.

Passei por ele enquanto o via girar a chave na porta e sorri, embora doesse um pouco por causa da surra. Estranho também que até aquele momento ninguém nunca havia perguntado sobre minha aparência, constantemente baqueada como se eu lutasse luta-livre ou algo do tipo, mas acho que por me verem sempre apanhando do The Bad Friends Trio, eles já deviam saber.

Ele se virou para mim e me fitou então, comigo ainda sorrindo. Não sei, eu gostava de sorrir para ele, talvez pelo fato de que jamais o vi sorrindo... Não que fosse algo da minha conta, veja bem, não era, mas mesmo assim, eu sorria. Era uma das formas de eu conseguir encarar tudo que acontecia comigo, minha péssima sorte.

-Até amanhã, professor!-Eu disse, me afastando então, acenando enquanto ia em direção à saída. Ele, como de praxe, não disse nada, mas dessa vez parecia ponderar se dizia algo ou não.

Enfim, saí do colégio e peguei o caminho até minha casa. Não estava esperando nenhuma boas vindas, longe disso, mas estava rezando para que meu pai ou minha mãe não estivessem me esperando com um porrete para me espancar.

Eu amava meus pais, demais, foram eles que me deram pela primeira vez na vida um lar de verdade e cuidaram de mim como ninguém, segundo a minha memória, tinha feito, e era por isso que eu não os tinha deixado ainda. Não tinha fugido, entende? Até porque, para onde eu iria? O que eu comeria? Como continuaria estudando?

Eu os amava e precisava deles, e mesmo que eles não me amassem mais e na verdade me odiassem, pelo o que eu conseguia entender, uma vez que me culpavam pela morte do meu irmão, eu continuaria ali até ser maior de idade ou então até que não aguentasse mais. Mas seria hipocrisia minha ainda acreditar que lá no fundo eles ao menos gostassem de mim?

Só queria que eles não sofressem mais do que já haviam sofrido, e mesmo que não fosse culpa minha meu irmão ter morrido, eles me culpavam e tinham raiva de mim, já que alguém precisa sofrer com isso. E eu preferia que fosse eu do que eles.

Pares de minutos depois eu cheguei em frente à minha casa. Estava frio, pessoas olhando de esguelha. Os vizinhos nunca gostaram muito de mim, tinham uma preferência natural pelo meu irmão.

Tirei a chave de dentro do bolso da calça e abri a porta lentamente, como quem espera um urso prestes a atacar. Já era noite também, e as luzes da sala e da cozinha estavam apagadas. Atravessei a porta e a tranquei atrás de mim, olhando em volta. As venezianas das cortinas estavam fechadas, e todo o cômodo estava meio que macabro.

E eu tinha um péssimo pressentimento.

-Bem vindo de volta, Tino.-Ouvi uma voz e olhei para de onde vinha. Uma silhueta estava sentada na poltrona da sala, com algo nas mãos. Pela voz, eu sabia que era meu pai, esta cheia de ironia.

-Ah, o-oi, pai.-Respondi. Ele não deveria estar em casa, e sim no trabalho, e se tinha chegado mais cedo, foi para apenas esperar por mim, me punir. Senti um calafrio na nuca.

-Onde você estava?-Ele perguntou, sem se mexer.

-Eu... Ham... Meu professor não avisou o senhor?-Disse, sem entender.

-Não seja convencido, moleque. Onde você esteve ontem a noite?-Ele voltou a perguntar, com mais raiva. Berwald teria esquecido de ligar então? Senti outro calafrio.

-Eu estava... Na casa de um amigo. Tá tendo um trabalho em grupo e...

-Não minta pra mim!-Ele gritou, se levantando e se aproximando de mim, me dando um tapa no rosto rapidamente.

Engoli em seco, instintivamente levando uma das mãos até a bochecha, agora provavelmente vermelha, com os olhos lacrimejando. Rezei para que ele fizesse somente isso, mas a coisa que ele carregava nas mãos me assustava, embora eu não tivesse completa certeza do que era.

-Você sabia que ainda não te expulsamos dessa casa porque você é adotado e ganhamos uma certa quantia por mês para não te mandarmos de volta para o orfanato? É apenas pra isso que você serve, mas você está nos dando tanto desgosto que talvez essa quantia nem vala mais a pena.-Ele disse, me empurrando até a parede e me prensando contra a mesma.-O governo quer que fiquemos com você, e em troca nos dá dinheiro, mas se você não vai para o colégio, tira notas ruins ou age mal lá, eles diminuem essa quantia.

-Desculpa, eu...

-Calado, moleque, ainda não terminei!-Ele disse, me batendo no rosto novamente.-Sua mãe está lá em cima, chorando, e é por sua causa, foi você que matou nosso filho, é culpa sua, e o mínimo que você pode fazer é voltar para essa casa todos os dias e sofrer uma pequena parcela do que fez conosco.

Engoli em seco, sentindo sua mão segurar-me pelo colarinho da camisa, quase me sufocando.

-Então, não ouse mais sumir assim, ouviu? E também nem ouse contar para alguém o que acontecesse aqui. Você acha que sofre? Se alguém souber disso, aí sim transformarei sua vida num completo inferno, entendeu?

-S-sim...-Murmurei, engolindo em seco novamente.

-Ótimo.-Ele disse, e então se afastou e me soltou. Levei uma das mãos ao pescoço, respirando melhor, agradecendo aos céus por ser apenas aquilo, mas eu estava completamente errado. Quando peguei minha bolsa, que tinha caído no chão, ouvi um riso baixo dele e então sua voz soou:

-Não acha que vai sair impune, acha, moleque? Cicatrizes marcam mais que palavras na memória.-Então ele acendeu uma luz da sala, a luz do abaju sobre a mesa de centro, e eu vi o que carregava. Um cinto de couro com algumas tachas de metal e ambas as extremidades também de metal. Gelei.

-Não, pai por favor, eu juro que não farei de novo, por favor...-Implorei.

-Cale a boca e tire a camisa. Não quero que suje a farda de sangue.-Ele disse, esticando o cinto nas mãos e se aproximando, a voz ameaçadora. Recuei alguns passos.

-Não, pai, por favor, eu prometo, me desculpa, eu juro, por favor...

Apenas vi seu braço erguer-se lentamente no ar, como se eu devesse sofrer com a expectativa da dor que sentiria, pior que dor de murros e chutes. Senti minhas costas contra a parede, e deixei-me deslizar até sentar no chão.

Eu já chorava. Meu deus, por favor, não, não, não!

-Isso é para que você pense duas vezes em me desobedecer.-Ele disse, e então a mão desceu com tudo, armada com o maldito cinto.

-NÃO! PAI, POR FAVOR!-Eu gritei.

Mas ninguém podia ouvir meus gritos.

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Não sei como acordei na manhã seguinte, não sei como vesti o uniforme do colégio, que acabou sujando de sangue, e não sei se tomei café ou peguei os livros certos para aquele dia. Saí de casa mancando, olhos pesados e todo o corpo doendo.

Sabe o que é estender uma mão e sentir dor? É, eu estava assim.

E eu não sabia mais o que fazer. Não podia simplesmente ir embora, mas estava começando a não querer ficar também.

Tomei o caminho da escola, fazendo tudo para não me mexer demais, uma vez que os cortes, as feridas, estavam ainda meio que abertas e o sangue estava sendo estancado por umas faixas de roupas rasgadas minhas.

Deveria ir ao hospital, mas provavelmente eles me fariam mil e uma perguntas sobre quem fizera aquilo, ainda mais por eu ser menor e chegar lá desacompanhado, e se eu dissesse que tinha sido meu próprio pai, eu sairia de casa e ficaria com a assistência social. Quem pagaria meu colégio? O governo certamente me mandaria para uma escola pública, além de que eu teria que voltar para algum orfanato e viver com outros adolescentes provavelmente piores que Gilbert e sua turma.

Suspirei, e me arrependi porque imediatamente senti dor, e a mochila em minhas costas não melhorava muito a situação. Me perguntei que desculpa teria que dar aos poucos que perguntavam o que teria acontecido comigo.

Virei uma rua, já na metade do caminho. Todas as manhãs eu passava por um cruzamento lotado de carros, e quando estava quase atravessando-o, um carro encostou no meio-fio, de frente para mim.

Era um Honda Civic novo em folha, só que prata, ao contrário do antigo do meu professor de matemática. Achei que estivesse só estacionado, talvez esperando por alguém, mas então o vidro abaixou e eu vi o rosto mesmo do meu professor.

Engoli em seco, já sabendo que teria que mentir.

-B-bom dia, professor.-Eu disse, rezando para que ele não perguntasse o que houve comigo.

Ele me fitou, rosto impassível, e seu olhar acabou parando bem nas manchas da sangue da minha camisa branca. Então ergueu o olhar para mim novamente, e pensei ter visto uns lampejos de raiva, mas achei que fosse apenas minha imaginação.

-O que houve?-Ele perguntou, deixando claro que queria saber o que tinha acontecido comigo. Eu não podia contar senão meu pai me mataria de uma vez, além de que se eu contasse ele provavelmente tomaria alguma providência e meu pai acabaria sabendo e, novamente, eu que me daria mal.

-Eu... Caí ontem a noite, quando voltava para casa.-Respondi, sabendo que era uma desculpa falha demais. Ele me lançou um olhar suspeito e então olhou para frente.

-Entre no carro.

-Ah, o senhor vai me dar uma carona? Não precisa, eu sou acostumado a andar por aqui e...

-Entre no carro.-Ele repetiu, desta vez virando o rosto e me olhando nos olhos. Não ousei desobedecer, e entrei no carro antes que ele soltasse raios laser pelos olhos.

Logo estávamos na rua. Berwald dirigia bem, sempre concentrado nas coisas à sua frente e ao seu redor, ou pelo menos foi o que constatei em três minutos no trânsito, até que paramos por causa do engarrafamento, e um silêncio constrangedor se estabeleceu.

Não sabia se devia puxar assunto, quem sabe falar sobre o tempo, qualquer coisa menos sobre mim, e quando estava tomando ar para falar sobre o céu nublado, ele falou, ainda fitando o carro na nossa frente.

-Foi seu pai que fez isso?

E eu gelei.

Ele deveria supor que eu não tinha irmãos, atualmente falando. E claro que mãe alguma faria isso com um filho, então não deveria ser difícil chegar a suposição de que quem fizera aquilo fora meu pai, além de que estava uma coisa feia demais mesmo para o The Bad Friends Trio.

-Eu... N-não, eu s-só caí.-Menti, fitando o chão do carro.

E acho que deveria mentir muito mal, ou então era muito “bom” para mentir, porque senti uma pontada de culpa. Eu não queria mentir para ele, mas tampouco podia dizer a verdade. O que ele faria se soubesse?

O carro começou a andar novamente, o engarrafamento melhorando um pouco. Ele voltou a se concentrar só na rua e acelerou, virando noutra rua acho que para sair do engarrafamento, mas veio uma moto e se meteu na nossa frente, quase que aparecendo do nada, e Berwald teve que dar um freio bastante brusco.

Eu tinha esquecido de colocar o cinto, e apesar de não ter batido a cabeça no vidro nem nada, aquele movimento bastante brusco foi o bastante para abrir uma ferida que o metal do cinto do meu pai tinha causado.

Foi incondicional, não pude nem disfarçar. Soltei um gemido de dor e meus olhos lacrimejaram enquanto levava uma das minhas mãos até a alturas das costelas, onde era a ferida, e senti algo úmido. Olhei a mão novamente, vendo que o úmido da camisa era sangue e agora ela estava praticamente se encharcando.

Olhei para o meu professor, e vi que ele olhava para mim com um ar de descrença, surpreso de um modo não muito bom, e tão logo que ele viu meu sangue, acelerou o carro novamente e pegou uma outra rua que ia na direção oposta ao do colégio.

-Aonde vamos?-Perguntei, apertando a mão contra a ferida para impedir que sangrasse mais.

Ele não respondeu, e parecia até mesmo um pouco perturbado, meio tenso. Pensei em perguntar de novo, mas temi irritá-lo. Olhei para a ferida e vi que o sangue estava manchando os bancos, e fiquei com mais medo disso do que realmente pegar alguma infecção com aquele ferimento aberto, mas então paramos de repente e Berwald desceu do carro.

Olhei para frente e ao redor. Estávamos num estacionamento, e na nossa frente havia um enorme prédio, onde um grande fluxo de pessoas estravam e saíam. Um hospital. Senti um leve calafrio. Eu não deveria estar ali, até porque eu tinha um medo natural de hospitais, de agulhas e daqueles médicos de jalecos.

Mas a porta do meu lado do carro se abriu de repente e Berwald me pegou nos braços, fechando a porta com um leve chute e indo num passo apressado até o prédio. Eu ainda conseguia andar, mas tinha certeza de que pedir para ele me por no chão estava fora de questão.

Entramos no prédio e logo Berwald conseguiu que alguém me examinasse, dizendo ser meu pai para facilitar as coisas. Eles olharam minhas feridas, as enfaixaram, e eu só conseguia olhar para o relógio em cima de um armário, sabendo que chegaria atrasado. E se chegasse atrasado, meu pai saberia, e se ele soubesse... Bem, já dava para fazer uma ideia do que iria acontecer.

Quando os médicos terminaram, me deram alguns comprimidos e um copo d'água, além de uma daquelas roupas de hospital que te deixa seminu por trás. Algo me dizia que eles não queriam que eu deixasse o hospital ainda, e então Berwald entrou no quarto e fechou a porta.

Era um quarto pequeno, bastante simples, mas confortável até. Tinham flores na janela, e o ambiente todo branco dava uma sensação de pureza, de calma. Meu professor se aproximou até ficar ao lado da cama, onde eu estava sentado, apenas vestindo a calça do uniforme e o no resto, coberto de gazes e esparadrapos.

Bem, estar coberto daquela forma era melhor que estar sem nada, não era?

-Virei lhe buscar mais tarde.-Ele disse, me fitando enquanto colocava as mãos nos bolsos do sobretudo que sempre vestia.

-O quê? Não, eu não posso faltar aula.-Disse. Se eu faltasse aula, meu pai me escalpelaria vivo.

-Não está em condições de ir.

-Mas eu preciso ir.

-Não.

-Olha, professor, eu agradeço muito o que o senhor fez por mim, sério, mas o senhor não entende, eu não posso ficar aqui. Eu realmente preciso ir pra aula, senão eles vão ligar para o meu pai e perguntar porque eu não fui.

Ou deveria haver muito medo na minha voz ou ele já deveria ter entendido o recado, porque surgiu um brilho de compreensão em seus olhos, e eu soube que ele já sabia que aquilo tinha sido meu pai, e o que eu dissera, ou pelo menos na forma como eu dissera, tinha confirmado aquele fato.

-Não.-Ele respondeu, determinado a me deixar naquele hospital. Eu não queria, sei lá, machucá-lo ou magoá-lo, mas tinha mais medo ainda de chegar em casa e meu pai estar me esperando, chegando mais cedo do trabalho apenas para brigar comigo. E foi por isso eu falei:

-O senhor não ligou para meus pais ontem. Se tivesse ligado, eu não teria apanhado tanto assim.-Olhei para o chão, sabendo que não deveria dizer aquilo.-Se estou assim é culpa do senhor, então, por favor, me deixe ir para a aula senão meu pai vai fazer a mesma coisa ou quem sabe pior quando eu voltar.

Ele não disse nada por alguns minutos, e pude ver que havia, além do rosto sério de sempre, talvez uma pontada de culpa ou de dor ou dos dois juntos. Me perguntei por que ele se preocupava tanto comigo. Professores não eram tão bons assim com seus alunos, mas pensei em deixar aquele assunto para mais tarde.

Ele me fitou e se virou, indo em direção a saída e parando bem na porta, abrindo-a, e sem se virar, disse:

-Vamos.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, gostaria de pedir mil perdões por ter atrasado e só ter postado hoje, domingo, e não sexta, como sempre digo que faço. Sério, não cometerei esse erro novamente, sei como é chato uma pessoa dizer que vai fazer uma coisa e acabar não fazendo, enfim, por favor me perdoem.BUT HERE I AM! E espero que tenham gostado do chap!! Ah, e me perdoem também se o chap estiver com alguns probleminhas, ainda estou tentando me adaptar ao novo Nyah! então, bem, relevem, haha.Enfim, ESPERO REVIEWS SEUS BANDOS DE INGRATOS QUE ME FAZEM ESCREVER ATÉ AS 4 DA MANHÃ E FICAR MORRENDO DE DOR DE CABEÇA!! Okay, brinks, mas sério, isso acontece muito comigo... NÃO SEJA UM LEITOR INGRATO, SEJA UM LEITOR LEGAL E MANDE UMA REVIEW! VOCÊ PODE GANHAR UMA ESTRELINHA AZUL DA TIA SYN!! HAHAHAHAHA!!Kisses e Danke por ter lido!! Até sexta sem falta!!