O Torneio Bruxo-olimpiano escrita por Akanees


Capítulo 26
25. As Decisões de Peggy Jones - Por Peggy Jones


Notas iniciais do capítulo

Oi, Gente!
* Sendo Atingida por adagas, facas, espadas, flechas e balas de bronze celestial, todas compradas na Frederick's bazar*
- Por que vc sempre fala q foi na Frederick's Bazar? - Pergunta Selena, com um escudo.(Falta de consideração... Não tá vendo a autora saltando que nem nem-sei-o-quê aqui não?)
- É q eles q patrocinam a fic. A Annabeth pediu pra ele. Eu amo minha meia-irmãzinha.
*Parando*
- TÁ BOM, GENTE! PODE PARAR! EU ENTENDI O RECADO!
Eu sei que eu tenho sido uma autora, desleixada, relaxada sem-consideração e talvez até um pouco cruel. Mas desculpa, tá rolando muita coisa por aki.
E finalmente minha mãe colocou banda-larga, então perdi um pouco de tempo vendo anime.* Vermelhinha com um sorrisinho sem-graça*
Hmm... Tá Bom! Perdi um tempãaaaaaao vendo anime...
(E caso vcs queiram saber eu to vendo Tsubasa Chronicles... Amo a CLAMP)
Então aqui tem um cap. fresquinho pra vcs!



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P.O.V. Peggy Marie Sonny Jones

 Eu andava pelos corredores, ressentida.

 Ultimamente, só andava assim. Carranca na cara. Respostas mal-educadas. Mal humor.

 Tudo bem, dependendo da ocasião, minhas respostas não eram tão bem educadas antes.

  Minha cabeça parecia o tempo todo prestes a explodir. Eu não tinha paciência mais pra nada.

 A comida me enjoava por que eu me lembrava do que acontecera a cada vez que me sentava na mesa da Grifinória. Eu queria sempre dormir mais que o necessário, por que era agradável mergulhar na inconsciência.  E mesmo essa me decepcionava com sonhos repetidamente. As coisas que antes me divertiam agora me irritavam. Lunna parecia estar sempre tagarelando enquanto eu queria ficar quieta, toda vez que tinha dor de cabeça. Depois de um tempo percebi que era por que eu sempre estava assim. O menor esforço nos estudos fazia minha cabeça doer. Em conseqüência, eu recebia cada vez mais castigos, era cada vez mais expulsa das aulas.

 Veja só, o eterno espírito petulante está mais mau-humorado! Fujam para as montanhas!  Diria Selena. Por um breve momento, os cantos de meus lábios se curvaram num quase sorriso. Então me lembrei.

 Selena nunca viria a dizer isso. E eu me recusava a admitir que eu me importava com isso. E muito.

 Eu não conhecia uma família de verdade. Minha mãe sempre esteve ocupada demais mantendo sua fama, sua classe em meio a rebeldia, suas roupas perfeitas, aparência perfeita, imagem perfeita. Mas por dentro era só mais uma vida vazia.

 E eu era rebelde, petulante, crítica, um espírito tempestade, um furacão.

 E ela não tinha sonhado com essa criança. Ela queria uma criança que se importava mais com a embalagem que o conteúdo, passiva, submissa. Uma criança que gostasse de ir as compras com ela, glamorosa, e a fizesse ser sempre o centro das atenções por ter tudo simplesmente fabuloso.

 E eu era uma decepção.

Eu riscava e rasgava meus jeans, e não saia sem eles. Eu recusava seus sapatos de salto e brilhantes para usar meus surrados all star. Jogava Basquete com vizinhos trouxas a quarteirões de nossa aldeia bruxa e me recusava a sair com as filhas perfeitas de suas amigas fúteis para andar de skate com meus amigos garotos.    Dizia não as saias de babados. Recusava-me a usar sua maquiagem. A vestir seus vestidos, a ser glamorosa como ela queria. Questionava o que ela era e o que queria que eu fosse. Criticava seus namorados imbecis e fúteis, que no fundo ela não amava, seu modo de viver. Me negava a se parecer com ela. As brigas eram constantes entre nós. Algumas vezes, fazia isso mais para provocá-la.

  Mas se eu era um espírito da tempestade, era isso que ela fizera de mim.  Eu podia ser tranqüila, determinada porém sob controle, respeitadora de limites, doce, feliz. Mas eu só poderia ter sido isso se eu tivesse sido amada. Se ela tivesse desistido uma vez ou outra das festas durante a noite e visto filmes com pipoca comigo. Se ela tivesse desistido vez ou outra de ir aos restaurantes mais chiques para almoçar comigo. Se ela tivesse desistido pelo menos uma vez as suas idas ao salão de beleza, para ir a praia comigo.

  Eu não queria ser toda a vida de Guga Jones. Eu só queria fazer parte dela.

  Eu poderia ter sido uma brisa de verão. Mas ela fizera de mim uma tempestade.

  E eu não tinha meu pai. Ou pelo menos, até pouco tempo.

  Minha mãe dissera que havia se apaixonado por ele perdidamente.

 Disse que ela nunca havia amado alguém como o amara.

 Disse que amava sua pele clara, seus cabelos loiros e seus olhos azuis. Disse que jogaria tudo no ar para ficar com ele. Disse que ele a havia cativado como ninguém e se envolvido com ela profundamente.

 E disse que ele a abandonara assim que dissera que carregava uma criança.

 Mas isso não me impedira até uns oito anos de sonhar com um bonito senhor jovial me pegando no colo e me levando para longe da vida perfeita e simplesmente terrível de Guga Jones. Me sentava na janela de meu quarto com uma mala sempre a mão. Viajava nas horas em que ela dava suas palestras sobre como aparência era importante, sobre ser superior, sobre como não importava o que você era de verdade, mas o que você aparentava ser, para lugares claros em pequenos chalés em vales floridos banhados de sol, sendo balançada num balanço de árvore por um pai que nunca conheci, ou sentada com ele em uma casa da árvore comendo sanduíches caseiros.

  E nos dias de chuva, pegava meus cobertores e acampava na cadeira de balanço da janela de meu quarto, olhando a chuva e imaginando qual dos vultos embaçados se aproximaria da casa e fugiria comigo para um lugar onde o sol brilhasse com mais intensidade.

  E eu esperei. Esperei. Esperei.

 Mas nunca ninguém se aproximou da casa. Até que um dia eu percebi. Ninguém viria. Ninguém fugiria comigo. Ninguém me libertaria daquela vida. E eu me vi sozinha num mundo que não tinha mais espaço para mais uma garotinha frágil e abandonada. E a cadeira ao lado da janela ficou vazia.

  Mas se o mundo me recusava eu o obrigaria a me aceitar.

 E eu me transformara num furacão.

  Minha mãe, numa tentativa desesperada, me colocara naquela escola para princesinhas, a Beauxbatons. E eu dera meu jeito. Com minha rebeldia, fiz o que ninguém imaginava. Provoquei minha própria expulsão.

 Não por uma atitude, mas o conjunto. Não conscientemente, mas talvez subconscientemente.

 Vestidinhos azuis para as meninas? Não, obrigada.

 Aulas de boas maneiras? Dispenso.

 Aulas de dança e balé? Passo.

Respeitar as professoras fúteis e ridículas que davam estas matérias? Espere sentado, benzinho.

 Ser doce e submissa, uma brisa de verão, depois de tudo que eu passei? Até parece.

  Eu sou uma bruxa do século 21, poupe-me. Eu era o fogo, a desordem, um poder do caos.

 Ah, e ainda tinha Jean- Pierre, aquele idiota. Minha primeira detenção foi por causa daquele filhinho de professora mimado e mauricinho.

   Era aula de dança e tinham me colocado ele como meu par. Era valsa e tinha que dançar perto um do outro. Ele me ensaiava, enquanto a professora saiu. Ele disse para eu girar, e eu girei. Ele me analisou de cima a baixo, parando em partes que não deveria e disse com aquele sotaque ridículo em francês:

– É, até que essa não é de se jogar fora. Aí, gata, o que você acha de...

 Sua pergunta foi interrompida pelo tapa que o fez perder o rebolado.

 Apenas de uma coisa eu gostei. O piano.

 E a lira.

 Irônico? É.

  Eu era o caos, a tempestade. Mas amava a ordem e o mais leve ar.

 O piano me fazia calma. A lira dissipava minha rebeldia.

 A lira principalmente me fazia flutuar, e eu odiava isso. Odiava isso depois do que aconteceu.

 Mas pelo menos em Beauxbatons eu tive uma mãe. Ou quase isso.

 Miss Antonieta era bela, jovem e doce. Ela via um potencial em mim que até hoje me questiono se existi. Ela dava aulas de piano, e quando o tocava, eu apoiava a cabeça na mão e flutuava pelo ar. 

 Em apenas um ano eu estava em Hogwarts.

 E eu me senti bem.

 Podia não ter nem pai nem mãe, mas ganhara uma irmã. Eu tinha Selena.

 Outra rebelde, mais com mais classe que eu jamais tive.

 Mais doçura, delicadeza, carinho, compreensão e gentileza, mas o espírito, a determinação, era o mesmo.

 Mas eu não podia pensar nisso.

 Selena passara para o outro lado.

 Ela traira minha confiança. Eu finalmente poderia brilhar. Provaria que não era apenas a filha de Guga Jones, o título que era meu fardo.

Afinal de contas isso era tudo que eu era, certo? Uma filha insignificante da Gloriosa Guga Jones, Capitã do Harpias de Holyhead.

 Ó doce ironia do destino, lado ao que agora queriam me puxar.

 A maioria era contra os semideuses e bruxos juntos, mas havia aquela minoria.

Estava andando nos corredores do castelo.  Eu estava a caminho da aula de Transfiguração. Havia dormido demais, então estava atrasada.

 Olhei para os lados. Decidi tomar um atalho.

Havia um lugar onde poucas pessoas costumavam passar.

 Eu andei vendo as  pinturas nas paredes, quando vi algo que não esperava.

 Jay Jakes, da grifinória, estava aos beijos com uma garota de longos cachos loiros.

 Ela segurava a nuca de Jay, e pude ver que suas unhas estavam pintadas de um rosa chiclete.

 A surpresa nisso? Ela era uma semideusa.

  Surpresa, deixei os livros que eu segurava cair.

 Eles se soltaram e olharam para mim.

 A menina era bonita, de pele muito branca e lábios daquele rosa que parece que está usando batom, mas sabemos que não está. Ela tinha os olhos de um azul desbotado do tipo que fica o céu quando começa a clarear com um novo dia, mas ainda não tem realmente a presença do sol.

 Eles mostravam surpresa.

 Ele tinha a pele morena, e cabelos curtos bagunçados castanhos. Seus olhos eram de um castanho quase preto.

Os dois tinham por volta dos dezesseis anos.

  – Peggy. – Ele disse. – Precisamos conversar.

Nós havíamos sentado ao ar livre, matando aula, para as explicações.

 –Então...  Vocês não querem que eu conte nada a ninguém?

 – Bem, é. – A garota chamada Lysandra, que era filha de Eos  disse. – Se meu irmão soubesse... Bem, ele  nos mataria. Ele realmente não gosta dos bruxos. Ele não gosta de estar aqui.

 – É, e você sabe que ninguém falaria comigo na grifinória, aliás, na escola inteira, se  soubessem que namoro uma garota semideusa.

– Isso é errado.

– Por que, Peggy? O que tem de errado em ficar com a pessoa mais especial pra mim?– Perguntou Lysandra.

 – A pessoa... Mais especial pra você?

– É.

 Eu olhei para a ela.

– Lysandra...

– Me chame de Lise ou Lisa.

– Você... Tá vendo mangá da CLAMP?

Ela riu.

 O riso era como o de um  bater de sinos.

– Me pegou. Mas é a verdade. É o que ele é para mim. – Ela olhou num olhar apaixonado para Jay.

– E o que você é pra mim. – Ele olhou do mesmo jeito para seus olhos.

 Ai, essa doeu.

 Os dois estavam apaixonados.

 Sai de lá sem prometer nada, com mil pensamentos gritando girando sobre minha mente.

 

 Mas o que mais me incomodava era o sonho.

 Eu estava cansada. Era uma noite gelada. Parecia que iria nevar logo, logo.

  Eu bocejei e me espreguicei em  meu blusão cinza de mangas compridas e meus shorts amarelos.

 Lunna estava no salão comunal  e ia  ficar estudando até tarde.

 Sentei na cama e encarei ao beliche vazio onde Selena dormia.

   Decidi ir dormir.

 Antes de pousar a cabeça no travesseiro já estava dormindo.

 Eu estava em um campo iluminado fortemente pelo Sol.

 Havia alvos em todos os lados a frente. Havia alguém a uma certa distância de mim.

 Um garoto, de uns dezessete ou dezoito anos.

 Ele tinha  a pele  branca,  mas com um bronzeado perfeito. Tinha o cabelo dourado.

 Tinha uma blusa pólo branca, e calças jeans. Usava Reeboks.

  Seus brilhantes olhos azuis estavam concentrados em um alvo enquanto preparava uma flecha em seu arco.  Numa de suas mãos tinha aquelas luvas de arqueiro.

 Então percebi que ali era um campo onde se praticavam arco e flecha.

 Ele apontou bem o arco e lançou a flecha no alvo distante. Ele atingiu bem no centro.

 Ele abaixou o arco e olhou por um instante, então sorriu e se virou para mim.

– Olá, minha querida Sonny.

 Seu sorriso era branco, quase brilhava. Mais ainda assim simples, sincero.

 Era o sorriso com o qual eu tinha sonhado.

 Quando eu era pequena, costumava pensar que quando isso acontecesse, eu iria rir e me jogar em seu colo.

 Quando cresci um pouco, pensei que choraria.

 Se me perguntasse a dias atrás, eu diria que gritaria com ele.

 Abaixei a cabeça.

– Você...  Você aparece...

– Desculpe, ainda não nos  conhecemos. Meu nome...

– Sei... Quem é você.

Apolo pareceu perceber meu estado.

–  Peggy...

 – Eu sempre me virei sozinha, sabe?– Eu dei um sorriso sem real humor.– Afinal, de contas, nunca tive mais ninguém. Sempre me faltou alguém que  cuidasse de mim, me protegesse. Eu tenho a minha mãe, e culpei-a durante muitos anos, por sempre ter sido como se nem a ela eu tivesse.– Meu sorriso desapareceu.–  Mas... Depois de um tempo eu entendi... E não culpei-a mais.

 Sempre faltou alguém que a amasse também.  Os pais de minha mãe morreram num acidente.  Foi alguns anos depois desse acidente que ela lhe conheceu. Ela inha voltado a ser feliz, voltado a ter alguém para amá-la e cuidar dela.

 Não, desculpe, acho que me enganei. Não faltou a ela alguém que a amasse. Faltou a ela... Você.

 Mas eu sobrevivi. Sobrevivi e cresci essa adolescente problemática e de mau gênio que você conhece.   Mas cresci.  De corpo e maturidade, mais de corpo do que maturidade admito. Mas, apesar de ser uma menina triste, tive bons momentos também.

 Eu joguei bola, andei de skate, toquei música, fiz amigos, viajei, conheci o mundo. É,  apesar de triste, não me faltam momentos felizes.

  Eu  pude até ter sido triste, mas quer saber? Eu cresci e me fiz feliz. Feliz sozinha. E quer saber?

 EU NÃO PRECISO DE VOCÊ!– Gritei por fim, levantando o rosto, mostrando as lágrimas em torrencial que caiam apesar de meus esforços.”

 Apolo olhou-me, triste.

Ele veio até mim e me abraçou. E eu chorei.

 Acho que eu precisava disso.

 Ele me ofereceu um lenço e eu assoei o nariz.

 Ele parecia sem jeito.

– Olha eu não tenho muito jeito pra ser pai. Como Hebe, fui feito para ser um eterno adolescente, a perfeição tomando forma.  Mas forma perfeita, e não personalidade perfeita. Eu sou meio sem jeito pra essas coisas que os anos nos ensinam... Minha mentalidade sempre vai ser a de um adolescente. Peço desculpas por tudo que você passou, e não se engane, sei que passou por maus bocados.

– E passei mesmo!– Funguei.

Apolo pareceu ter vontade de rir e enquanto me olhava seus olhos brilhavam de um jeito que não estava  acostumada.

–  Sei que sim.– Ele continuou.–  Por que eu observava  cada um deles. Eu raramente peço favores a minha irmãzinha, Ártemis....

 Um trovão ressoou, o que não combinava com o campo de Sol.

 Apolo revirou os olhos.Uma atitude tão juvenil...

 Ele não estava mentindo.

– É minha irmãzinha, sim!

 Outro trovão.

–  Claro que sim!

 Outro  trovão.

– Sim!

Trovão.

– Ãnh... Apolo... Vocês não vão começar a discutir aqui, não é?

Apolo pareceu corar um pouco.

– Bem, de qualquer forma, eu pedi a Ártemis para enquanto a noite estivesse pelo céu, ela observasse sempre você de perto... E enquanto fosse o Sol, eu mesmo não retiraria os olhos de minha criança ensolarada.

– É, Apolo, mas seu olhar nada me afetou. Seu olhar não me secou as lágrimas. Seu olhar não me fez sorrir. Apolo, seu olhar não fez parar de doer. Fui eu que fiz isso.

– Eu sei.  Também sei que você não precisa de  nenhuma imagem.  Eu sei que você não precisa disto. Sei que você não quer um pai como este. Nem um  adolescente irresponsável que mais parece seu irmão...  Mas eu quero você, Peggy. Sei que você não precisa... Mas quero cuidar de você, Peggy... Proteger você.  Olhar por você. Eu a amo, Peggy. Acredite, não digo isso a qualquer filho meu.

– E você é o cara do Olimpo com mais deles, não se esqueça.

 Apolo corou fervorosamente.

– Olha, eu não tenho nada pra...

– Me poupe, por favor. Eu não preciso saber disso.

  – Bem, de qualquer modo, eu quero você dentre minhas crianças. E isto... Isto é para você, Peggy. – Ele me estendeu uma pulseira de ouro.– É ouro imperial, muito usado. Não costuma ser usado pelos membros do acampamento meio-sangue desde...– Ele parou e fez uma cara de quem tinha falado demais. Não me importei.

Tinha  pequenos pingentes de sóis pendurados. Pequei um e li a pequena  escritura quase transparente nele.

–  Revele-se.– Li.

 Surpresa.

 De repente, havia um arco dourado e flechas em minha mão. 

– Use-o com sabedoria.

Balancei a cabeça.

– Acha... Acha que sou tão fraca assim?  Acha que vou aceitar presentes e vai estar tudo bem? Que vai gastar um pouco de sua saliva comigo e eu vou te aceitar? Que vou perdoar o olhar pesado da minha mãe e o que você fez com ela? Ou comigo? Tome isto, Apolo.  Não preciso disto. Nem de você.

 O olhar  de Apolo era arrasado.

–  Não se devolve presentes uma vez aceitos. Isto é seu Sonny. Mas não é sua obrigação usar.

– Sonny... Por que fica me chamando assim? Este é meu nome do meio. Me chame de Peggy.

–  Por que? Antes de partir, antes mesmo dela engravidar, comentei com Guga que meu nome feminino preferido era esse, Sonny... Que em inglês era ensolarada. – Apolo sorriu, irônico.– Por que seria?– Então ele continuou.– Sua mãe sempre foi tão atenciosa...

– Minha mãe? Atenciosa? Estamos falando da mesma pessoa?

 Apolo olhou para mim.

– Peggy, sinto muito, mas infelizmente a Guga Jones que você conhece não é a mesma Guga Jones que eu  conheci a quinze anos atrás. Eu conheci uma garota doce, determinada, gentil e amável.  Meio de nariz empinado, sim. Orgulhosa. Mas era engraçada. Gentil. Gostava de proteger o que amava. Era forte e lutadora.

– Gostava de proteger o que amava...– Repeti, aos murmúrios.

 Apolo se levantou.

– Tenho que ir. Você tem que ter seu sono. Não irei incomodá-la mais.– Apolo disse. E depois sorriu.– Por esta noite.

– Por esta noite.– Também sorri, sarcástica.– Não esperaria menos de você.

– Não mesmo. Tenha uma boa noite, Peggy Marie Sonny Jones.

 Olhei ao meu redor.

– Tenha um bom dia, Febo Apolo.

 Ele também sorriu e deu de costas.

 Quando comecei a me afastar ele me chamou.

Sua cara era dolorida.

– E... Peggy ?

– Sim?– Me virei.

– Diga a sua mãe... Bem, diga a sua mãe... Que sinto muito a falta dela. Que... que a amei muito... E ainda a amo.– Ele abaixou a cabeça.

 Permiti-me um sorriso.

–  Direi.

Quando acordei não me lembrava de nada. Havia dormido profundamente, e recuperado a energia que me faltava a dias.

  Que  estranho... Nesta manhã acordei... Ensolarada.

Então me espreguicei e  sentei na cama.

 Na  frente da minha cama havia um arco e uma aljava com flechas douradas. Reparei ao mesmo tempo que havia algo  em minha mão. Um lenço.

 Nuvens de chuva se apossaram de meu dia ensolarado.”

 Eu não usei nem usarei aquele arco. Por que tomei uma decisão.

 Eu não usaria o arco até o dia em que eu seria filha de Apolo.

 Talvez esse dia chegasse. Talvez nunca acontecesse. O fato era que hoje eu não o sou.

 Continuei andando.

– LICENÇA! – Ouvi um grito. Olhei para trás.

 Um garoto muito branco de cabelos pretos corria pelos corredores, aos tropeços.

Sorri.

– Oi, Michael.

 Ele, que havia passado direto por mim, voltou.

 Seu rosto estava um pouco vermelho pela afobação mas seus lhos azuis continuavam os mesmos miosótis de sempre.

– Oi-Peggy-tudo-bem-como-vai-deixei-uma-lareira-com-certas-substâncias-acesas-e-isso-não-vai-dar-certo-ah-toma-pra-você-fui!– Ele jogou isso tudo em cima de mim e no final me deu uma pequena florzinha cor-de-rosa e voltou a correr.

 Com um riso baixo, vi ele voltando a tropeçar pelos corredores.

 Senti o perfume da flor.

– Ele parece realmente gostar de você.– Disse uma voz atrás de mim.

 Virando de costas, encarei um menino bronzeado, loiro, típico surfista, que me encarou com conhecidos olhos azuis.

– Apollo?!– Quase cai pra trás. O menino riu e percebi que não era Apolo.

– Não, chegou perto. Will Solace, conselheiro do chalé de Apolo... E seu novo irmão mais velho.

– Eu não tenho irmãos.– Respondi automáticamente.– Por que aquele cara, meu pai não é!

– Huummm... Tem certeza? Não é bem o que ele afirmou naquele dia.

 Encarei-o com olhos assassinos.

– Garota tempestiva... Engraçado, não faz bem o tipo “ Filha de Apolo”.

– Olha, desculpa, mas não vejo quem te perguntou alguma coisa! Eu não sei o que você..

– Não, desculpe.– Seus olhos eram sinceros mas eu já estava borbulhando.– Ninguém realmente me perguntou alguma coisa. Eu deveria estar aqui pra te tranqüilizar, não pra te deixar mais nervosa.

Franzi as sobrancelhas, e perguntei mal humorada:

– Me tranqüilizar? O que exatamente você quer dizer com...?

– Olha, eu sei que as coisas não estão sendo fáceis pra você. Mas, sabe, pra nenhum de nós foi. Mas um dia você se acostuma... E acredite, poderá ficar feliz com isso.

– Não vejo como.– Suspirei.– Vá, me dê um exemplo. Só quero um exemplo de como a vida dos meio-sangues é tão difícil como você diz. E como no Acampamento Meio-Sangue isso ficaria mais fácil, como você parece querer dizer. 

 Ele me encarou. Apesar do tom exausto e triste, ele percebeu meu desafio.

– Annabeth, de Atena.– Ele disse.–  Seus pai e sua madrasta não queriam muita coisa com ela, por que achavam que ela chamava monstros. Sua madrasta não a queria com seus filhos, por temer por eles. Ela fugiu de casa com sete anos. Rodou pelas ruas até achar mais dois meio-sangues que também fugiam, Luke e Thalia. Ela encontrou um lar e uma família no acampamento meio-sangue. Thalia Grace, filha de Zeus. Para salvar seus amigos, e atrasar alguns monstros, perdeu a vida e foi transformada em um pinheiro para não ser morta, forma que ficou durante 7 anos até que Percy Jackson a salvasse. Luke Castellan, Filho de Hermes, abandonado com uma mãe que foi levada a loucura graças ao envolvimento com o mundo olimpiano. Ele estava sozinho, com uma mulher que o amava, mais que era completamente louca. Clarisse La Rue, filha de Ares...

– Por favor, pare! – Eu disse, e minha voz era frágil.– Eu entendi.   

 O que ele me dizia tinha me assustado. Eu tinha medo do que ia acontecer comigo daqui por diante.

Ele me olhou, examinando-me.

 Depois ele soltou um suspiro pesado.

– Olha, eu não queria pegar pesado. Mas nossa vida não é fácil, Peggy Jones, huum, esse é seu nome, não é? Bem, a vida de semideus é difícil. Ás vezes não vale a pena. Mas olhar ao redor do acampamento e pensar : “Bem, este é meu lar. É aqui que eu pertenço.”. Isto... Isto não tem preço.

 Eu olhei-o. Por um instante isto me pareceu uma coisa boa.

– Olha, eu... Eu não sou uma...

– Uma Meio-Sangue?

– Bem, até que... Mas eu... Não posso ser ...

– Uma filha de Apolo? Tudo bem, Peggy. Não é o que estamos te pedindo. Estamos te oferecendo. Porque ninguém está te pedindo para aceitar ser filha dele, Peggy. Estamos te oferecendo um bando de irmãos. E sim, mas do que deveria ser possível... ou decente.– Ele riu.

 Eu quase sorri também, e isso me assustou.

– Agora, venha...– Ele passou o braço por meus ombros e me puxou para um outro lado.

– Vir? Pra onde?

– Jogar uma rodada  de baseball com seus irmãos. Não é bem quadribol, mas ainda vai poder acertá-los com um bastão.

 Em breve eu estava rindo feliz com um bando de garotos a que fui apresentada.

 Jogávamos baseball no campo de quadribol e era divertido.

 Eles tinham uma ótima pontaria, coisa que diziam ser coisa de Filho de Apollo.

 – Boa Peggy! Essa jogada foi genial!– Um deles me disse.

  Eu ri.

  Não se enganem, ainda não aceito um pai que me abandonou. Mas aceito um grupo de irmãos, que nada tiveram a ver com isso.

 De repente, pelo canto do olho vi um vulto.

 Uma capa roxa muito escura, com o rosto coberto por um capuz.

 Parecia ser de uma menina.

 Ela se encostava no  lado, quase atrás, das arquibancadas e apenas eu percebi sua presença.

 Apesar de coberto por um capuz  pude ver que ela sorria. Um sorriso muito conhecido.

 Um dos meus irmãos me chamou e quando voltei a olhar ela não estava mais lá.

 Sim. Ela.


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Notas finais do capítulo

Não era o q vcs esperavam?
Desculpa, gente, eu sei q vcs esperavam a continuação do último cap. mais esta parte é importante na história...
Mas não se preocupem q no próximo vou retomar de onde parei.
Mas vcs acham q o cap. ficou legal?
Eu achei importante colocar ele aki pq nos últimos cap., principalmente o anterior, a retratou como meio uma vilãzinha...
Ela é só uma menina profundamente magoada. Não má.
Na realidade, acho q ninguém é mau. Todo mundo tem motivos pra ser do jeto que é. Até Voldemort.
Tá que ele não foi maltratado feito o Harry. Nem tão bem tratado quanto Tiago, mas ele recebeu algo pior: A indiferença.
Então peço q comentem o q acharam e não sejam indiferentes comg!
Kisses&Kisses,
Mary.