Chegou minha vez. Eu olhei ao redor e vi um ministério borbulhando de vida. Peguei meu espelho/comunicador e visualizei meu rosto. Retirei todo o nervosismo dele e de algum jeito transformei minha cara de uma pessoa segura e confiante.

Guardei o espelhinho e andei, com minhas vestes negras de bruxa esvoaçando atrás de mim.

Eu sempre gostei do estilo bruxo. Um estilo meio dark, com capas e mantos negros.

Enfim, segui em uma sala cheia e o próprio ministro da magia centrado no centro. Eu conhecia o Shacklebolt, Kingsley Shacklebolt. Mas conhecido apenas como Quim. Antigo amigo da família. Sim, os Potter são bem relacionados. Mas isso não me fazia menos nervosa.

– Seja bem-vinda senhorita Selena Alexandra Joy. Primeiramente queremos agradecer pelo seu êxito como conselheira no acampamento meio-sangue e pela descoberta dos crimes dos irmãos Riddle. Vimos que o posto de embaixadora dos interesses bruxo-olimpianos está sendo bem cuidado.

– Obrigada,ministro. E é exatamente por assuntos neste cargo que eu lhes venho. – Me virei para o resto da bancada.– Sabemos que há anos  as relações bruxas-olimopianas tem sido evitadas. Nós temos usado a política, na linguagem vulgar, fica quieto que eu também não falo nada. Nós escondemos a existência desses seres que parecem ter tanta interferência na sociedade atual. Digo isto pois todos aqui sabem de minha condição de filha do deus do mar. Mas a verdade é que não podemos mais evitar isso. O fato é que nossos mundos estão cada vez mais fundidos num só.

Todos sabem que há anos a Academia de Magia de Beauxbatons, o Instituto de Durmstrang e a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts competem no Torneio Tribruxo. Uma das razões desse torneio seria para manter a paz entre as escolas da Europa.

Então me vi pensando, se isso pode acontecer com essas escolas, por que não com o mundo olimpiano?

Nós temos que conviver com ele, então por que não uma convivência harmônica e até mesmo apreciada?

Por que não unir os dois mundos a cada cinco anos, com as novas gerações, para que no futuro nós tenhamos essa relação boa e duradoura que nos garantirá o conforto e segurança de uma sociedade utópica?

– É uma boa idéia em teoria, mas você mesmo disse que as relações bruxo-olimpianas tem sido evitadas a anos, por que começar agora?– Perguntou uma bruxa vestida de roxo que anotava tudo em um caderninho.

Eu sorri em direção a ela.

– Ora, minha cara, para que deixar para amanhã o que se pode ser feito hoje? Esse tende a ser o começo de uma nova era. Uma era em que todos poderemos conviver em paz. Sejamos nós bruxos, trouxas ou meio-sangues. Ou como no meu caso, os três.

Nós ainda nos recuperamos das manchas de destruição que restaram da guerra de Hogwarts, do período em que Voldemort estava em poder. Concordo que ele estava enlouquecido pela sede de poder. Mas ele tinha um argumento ninguém pode negar. Nós convivemos por séculos com os trouxas e acabou nisso. Bruxos escondidos num mundo trouxa. Eu odeio Voldemort. Eu poderia ter sido da Ordem da Fênix,sim. Mas não posso deixar de concordar com ele que isso não é justo. Mas essa é a lei, e não discordo dela. E eu... Eu não quero que isto se repita com o mundo olimpiano. Me doeria... Me doeria demais ver os lados de minha família em guerra.– Eu disse, pela primeira vez mostrando uma emoção a não ser segurança e confiança. Agora eu não sei o que aparentava no rosto, tentei visualizá-lo e vi um rosto um pouco triste, mas minha voz estava um tanto quanto dilacerada.

O ministro me encarou e a corte também.

– Bem,a senhorita tem um ponto. Devo dizer que estou orgulhoso de minha escolha. Se estiver sempre com idéias tão boas como essa, nós poderemos no mínimo conviver em paz.– Kingsley disse.– Falarei pessoalmente com o chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. Estão todos de acordo? – Ele perguntou para os outros bruxos da pequena corte. A grande parte assentiu e murmurou, uns fizeram cara desgostosa, mas estes nada disseram.– Então, por ora, acho que pode retirar-se, senhorita Joy.

– Obrigada, ministro.

Eu sai da câmara. Soltei o ar.

Parecia que eu estava me segurando desde que entrara na sala.

Olhei para os lados. Procurando.

Achei Harry e fui dar-lhe um abraço. Ele estava vestindo seu uniforme de auror.

– Como você foi?

Antes que eu pudesse responder Kingsley apareceu saindo da camara e vindo até nós.

– Olá,Harry. Alexas, você se foi muito bem.

– Obrigada,ministro. Acho que eu estava quase morrendo de nervoso lá dentro.

Kingsley pareceu surpreso.

– É mesmo? Você parecia tão confiante.

Dei um sorriso forçado.

– Acho que sou boa em esconder o que estou sentindo.– E o que realmente sou. Adicionei mentalmente. De todas as pessoas eu não poderia contar para o ministro o que eu era, ri internamente.

Kingsley virou para mim e de repente pigarreou.

– Ministro?

– Desculpe, Alexas, mas há algo que devemos adicionar. Ah, não é sobre o torneio.– Ele disse ao me ver inquieta. – Um comensal fugiu recentemente. Ele era especificamente da roda de Joe, ou de quem o estava possuindo. E achamos que ele vai se reunir com os irmãos Riddle. Por isso, pedimos um prazo de... hum... o final desse semestre, do qual deveremos capturá-lo.

Eu fiquei confusa.

– Mas... O que eu tenho a ver com isso? E pra que esse prazo?

Kingsley pareceu sem jeito.

– Bem, Selena, haja o que houver, se o que você mostrou de sua missão for verdade, os Riddle querem especificamente você.  Nós queremos colocá-la num lugar seguro.

Minha boca escancarou-se.

– Vo-vocês querem m-me t-tirar de Hogwarts?

– Só por um tempo.– Kingsley pareceu penoso.– Você poderá ficar no acampamento. Você só terá que ficar até o fim das férias de verão, até lá o teremos capturado.

Tentei manter a calma.

– E se não capturarem?

Ele deu de ombros.

– Você volta sem pestanejarmos.

Respirei fundo.

– Olha, Selena, você estuda desde os oito anos. Sua educação não será afetada.

– Tio Harry?

– Eu sabia, Selena. E acho que ele está certo. Você não diz que ás vezes queria ser normal? Vá. Por que não estuda com Perseu? Você ainda poderá estudar um pouco os trouxas.

Talvez fosse só impressão minha,mas nessa última parte senti que Harry estava tentando não rir.

– Primeiro, eu disse que queria ser e não que poderia ser. Vamos ser sinceros, eu não sou normal nem nunca vou ser. Segundo, tio, eu tenho minha tia, tio por casamento, prima, o pai da minha prima, todos trouxas. Eu garanto que eu não preciso estudar trouxas. Eu só faço estudo dos trouxas por hábito.

Todos me encararam. Suspirei.

– Eu vou buscar minhas malas. Por favor, ministro, ou tio Harry, não sei, alguém ligue para Quíron. Eu vou estudar em Nova York.