A Usurpadora escrita por Lorena Lima


Capítulo 1
Capítulo 1 - Dificuldades




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Dificuldades

  Isabella PDV

    Raios de sol escapavam pelas pequenas frestas da cortina branca. Pisquei sonolenta. O amanhecer já se instalava lá fora.

   Levantei-me vagarosamente, caminhei ate a janela e olhei para a rua, vazia, um silêncio solitário e frio se estendia naquela hora. Passei a mão pelos cabelos, piscando para que meus olhos se acostumassem com a claridade espetacular que vinha do norte.

 Respirei fundo. Mas um dia começava. Virei-me para meu quarto, uma cama de solteiro com lençóis floridos, a frente uma mesa de ferro já enferrujado com uma televisão antiquada, o quarto em si mantinha uma pintura desgastada. Minhas roupas, guardadas em um armário de madeira rústica. Não que eu precisasse de um closet grande ou ate mesmo bonito, minhas poucas peças de roupas não mereciam isso.

  Andei ate a porta, fechando-a silenciosamente atrás de mim. Ainda era muito cedo, e eu não queria acordar Brian.

Abri a porta de seu quarto, que ficava em frente ao meu.

Brian estava deitado de bruços, seus cabelos loiros jogados nos rosto angelical, seu semblante era tão inocente, ele estava perdido em seu mundo dos sonhos.

 Olhando-o assim parecia que estava tudo bem, mas não estava. Meu irmão de apenas onze anos já havia passado por tantas situações difíceis.

A morte de nossos pais, que foi quase insuportável para nós dois. Aconteceu a seis anos, em um fatídico acidente de carro. Desde esse dia, era apenas Brian e eu. Nossa família nunca teve muitos recursos financeiros, mas nós não reclamávamos, quando não ganhávamos a boneca mais bonita ou o carro de controle remoto no natal. Ou quando as outras crianças nos humilhavam, por temos apenas brinquedos inferiores. Nada disso importava.

Quando chegávamos em nossa casa, tudo era esquecido. Nossa mãe, Renée, nos recebia de braços abertos, pronta para dar um abraço quente e acolhedor. 

Nosso pai então, apesar de chegar cansado e sem forças, por ter tido mais um dia de árduo trabalho, não se deixava abalar. Colocava-nos na cama, perguntando sobre nosso dia e contando uma história de sua infância, ate que pegávamos no sono.

Lembro-me de um dia ter acordado ao ouvir o click da fechadura, meu sono era leve, levantei-me e coloquei meus pés descalços no chão frio, andei pelo corredor, indo para sala que era iluminada somente pela luz fraca de um abajur. Meus olhos se iluminaram ao ver a cena tocante.

Minha mãe estava deitada no sofá de dois lugares, envolvida pelos braços fortes de meu pai, ela descansava feliz em seu peito. Ele sorria, passando os dedos carinhosamente pelos cabelos dela. Nenhuma palavra era pronunciada, eles estavam apenas perdidos em seu momento.

Meu pai parecia recuperar todas as forças enquanto abraçava minha mãe, e ela apenas estava contente em saber que ele estaria sempre ali, dando esperanças á ela.

Lembro-me apenas de ter voltado para o quarto, deitado em minha cama e dormido profundamente, com um leve sorriso nos lábios.

Mas infelizmente, isso havia ficado no passado, apenas em minhas lembranças. As coisas já não eram assim. Sentei-me na cama, ao lado de Brian, passei a mão suavemente pelo seu rosto, tirando-lhe os cabelos dos olhos.

Nossa vida havia mudado drasticamente desde então.  Na época, eu tinha dezenove e ele apenas cinco anos. Não tínhamos mais ninguém, e mesmo sofrendo, eu tive que levantar-me, arranjar emprego para que pudéssemos nos alimentar.

A partir daí, nossa vida era assim. Eu sai de casa ao amanhecer, trabalha  em um restaurante, o mais refinado da cidade. Era uma espécie de faz tudo. Voltava tarde da noite para casa, ainda ajudando Brian com a lição de casa.

Mas eu não reclamo, meu irmão estava na escola, e eu faria qualquer coisa para que nunca nos faltasse nada. Ele iria continuar os estudos e se formar para ser alguém na vida.

- Brian, meu amor. Acorde, você tem que ir para a escola.  – Tentei desperta-lo. Mas ao contrario de mim, o sono dele era muito pesado. Brian apenas resmungou e virou o corpo para o outro lado.

- Ha Bella, me deixar dormir mais cinco minutinhos...

- Brian... Eu te conheço. Esses seus “cinco minutinhos” se transformam em meia hora, que depois se estendi por uma hora e assim vão ate que você dormi o dia todo! – Falei, sorrindo.

Ele gemeu e se virou para mim. Seus incríveis olhos azuis encarando-me, sonolentos.

- Hum... – Gemeu mais uma vez. O canto de sua boca virando-se para cima, em seu sorriso brincalhão.

- Vai, levanta, você precisa ir para a escola. Vou esperar você para tomarmos café juntos – Debrucei-me sobre a cama e dei um leve beijo em sua testa. Saindo do quarto e indo direto para o banheiro.

Tomei um banho rápido, entrei em meu quarto e vesti rapidamente meu uniforme, dei rápidas escovadas em meus cabelos castanhos avermelhados, amarrando-os em um coque alto.

 Caminhei rapidamente para cozinha, Brian colocava em sua xícara um pouco de café preto. Nossa cozinha simples, continha apenas uma geladeira, um fogão, uma pia, um armário amarelado para guardar alimentos (que, no entanto, zelava apenas por dois quilos de arroz) e por ultimo uma mesa de quatro lugares ao meio do cômodo.

Peguei minha xícara e sentei-me de frente a Brian, não era de ser admirar, ele havia feito o café. E para não desanpotá-lo, tomei o café sorridente. Quase queimando a língua nesse trajeto. Mas não demonstrei a dor. Após mais alguns goles, apressei Brian, para que não se atrasa-se mais. Saímos de casa.

Desejei um bom dia para Dolores, nossa vizinha. Ela já era uma mulher de idade, mas poucas pessoas no mundo tinham o coração como o dela. Dolores cuidava de meu irmão quando eu precisava fazer hora extra no restaurante, eu nunca teria palavras suficientes para agradecer a tudo que aquela senhora fazia por nós.

Passamos em frente à escola de Brian, despedi-me com um beijo em sua bochecha e esperei que ele chegasse ate os amigos. Caminhei ate o restaurante, não queria me atrasar, não poderia dar-me o luxo de perder aquele emprego. Eles pagavam bem e apesar tantas dificuldades, o com o dinheiro que ganhava com o restaurante, comida não nos faltava na mesa. 

Jack, o dono do restaurante sempre fora muito gentil, dizia que meus olhos cor de chocolate conquistavam qualquer cliente, eu apenas ria e negava com a cabeça.

- Isabella Marie Swan! – Matilde gritou, assim que entrei no “La Belle”. Madilte era a gerente geral, eu ainda não havia descoberto o porquê, mas sentia que seu maior desejo era me ver fora dali.

- Sim senhora. – Aproximei-me rapidamente.

- Esta atrasada! – Olhou-me com superioridade.

- Perdão senhora.

- Se isso acontecer novamente, será descontado de seu salário!  - Abaixei a cabeça. Nessas horas era sempre melhor ficar quieta. Não poderia dar motivos para que minha demissão fosse mesmo real.

Entretanto, se eu imaginava o que me aguardava naquele dia, um desconto no salário ou ate mesmo uma demissão, seria o menor dos meus problemas.

               Eu não estava preparada. Havia caído em uma ardilosa armadilha, e mais do que isso, era perigosa... Muito perigosa.

Se eu soubesse que aquele dia mudaria para sempre toda a minha vida...

Continua...



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Notas finais do capítulo

Oi Lindas! Primeiro capitulo! Preciso saber o que acharam!Se querem que eu continue? Ainda vem muito mais por ai.Deixem reviews com sua opiniões...Ate aproxima... ;*