Lua e Sol escrita por Tina Granger


Capítulo 15
Capítulo 14




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Capitulo 14

Saori acordou, o cheiro de amêndoas doces impregnado na coberta. Sentou-se, sonolenta. Olhou para os lados, a realidade se pôs para os olhos incrédulos.

- RIKO SUA FILHA DA P... DESGRAÇADA, CRETINA, VAGAB... – Saori falou todos os palavrões que conhecia, para em seguida, inventar alguns. Quando a primeira onda de raiva passou, saori reparou na mochila ao seu lado. - Riko-chan... Você está, na falta de uma palavra melhor... DUPLAMENTE FERRADA! – Saori esbravejou, enquanto chutava as cobertas. Colocou-se de pé.

Levantou-se e arrumou as coisas. Hesitou por alguns minutos sobre qual direção tomar. Decidiu-se após fechar os olhos, a imagem de sua avó lhe sorrindo apontando para a esquerda.

Andou por horas. Não havia por que ter pressa, por horas ou minutos,  para alguém que estava a quatro anos na estrada por aquele motivo. Chegou na entrada de uma vila, o sol iniciando sua descida diária.

Olhava com uma certa desatenção as casas, as pessoas. Foi até a casa da velha guardiã, imaginando como ela estaria. Lembrava-se que ela dizia, que seus filhos tinham herdado seus cabelos e o temperamento do pai.

Era verdade. Pelo menos Saori podia afirmar isso do pai, homem de cabelos tão vermelhos quanto o fogo e temperamento esquentado. Ficou observando a fachada da casa da avó por minutos, sem pronunciar nenhuma palavra. Quando decidiu-se a entrar, um garoto, de uns onze anos, correndo, a empurrou. Ela não iria importar-se... Se não tivesse caído na lama.

- Seu... DOBE! NÃO OLHA POR ONDE ANDA NÃO, RETARDADO?

As pessoas que estavam em volta olharam para ela. Saori não se importou.

- Hei, desculpa tia!

- Tia é o que eu espero não ter a desgraça de ser tua! Olha por anda, pivete!

- Hei, não sou pivete!

- Está certo... Nanico. – O tom de deboche serviu para inflamar o garoto.

- Escuta aqui sua doida, fica sabendo que eu não sou um nanico.

Saori colocou a mão em cima da própria cabeça, enquanto  com a outra, mostrava a altura dele. As bochechas do garoto inflamaram-se. Ele avançou para tentar bater nela, sendo impedido por um homem, que observou Saori com atenção.

- Hei, você está bem? Às vezes Hiei tem o geniozinho esquentado.

- Geniozinho esquentado? Humf, esse pivete tem é muita sorte que eu não arrebento fedelhos cheirando a leite. – Saori desviou sua atenção, fixando na casa.

- Escuta aqui sua bruxa...

Saori nem o escutou, mais preocupada em gritar para quem estivesse dentro da casa escutar.

 - EI VOVÓ KIYO! VOVÓ KIYO! ADIVINHA QUEM VOLTOU!

- Você já morou aqui? – o homem a olhou, de maneira estranha.

- Sim. – Saori o encarou. – Sabia que você tem a mesma cara de pastel que um amigo meu tinha?

- Cara de pas... – ele arregalou os olhos, empurrando o garoto para trás. – Escuta aqui, sua... Sua... – ele encarou o corpo de Saori, como se procurasse algo que pudesse ofendê-la. Sorriu, fixando os olhos nos seios dela. – Pelo menos eu não sou despeitada como você!

Saori baixou o olhar para o corpo. As bochechas tingiram-se de vermelho... E avançou para cima dele.

x

Quem são os idiotas que estão brigando na frente da minha casa? –a mulher idosa pediu a uma vizinha. A única coisa que ela conseguia ver,era uma nuvem de poeira.

- Bem, eu não sei o nome da garota, mas...

- Garota? – ela sorriu.

- Sim, Kiyo-sama. Yusuke está brigando com uma garota.

- YUSUKE KATSUNA! – O grito de Kiyo serviu para fazer os dois pararem. A poeira assentou, revelando Yusuke sentado no chão, com uma loira grudada em suas costas um dos braços passando pelo pescoço dele. O outro estava no ombro dele, obviamente fazendo pressão. Ela tinha as bochechas vermelhas, um olhar assassino que Kiyo sentira falta.

- Saori... – fechou os olhos por um instante. Quando os abriu, uma expressão de repreensão tomara conta dela. – A ultima lembrança que tenho de você criança, é você brigando com Yusuke.

- E a primeira de mim adulta é arrebentando a cara dele. – embora estivesse descabelada e tivesse levado alguns bofetes, Yusuke estava pior. Saori levantou-se e encarou a avó com firmeza. – Mas olhe pelo lado positivo. Eu podia estar BEIJANDO ele... ECA! – Se arrepiou. Em seguida, como se tivesse lembrado de algo, colocou um joelho no chão e curvou-se perante ela.

- Seja bem-vinda, minha filha, que os desígnios de Kami-sama permitam que você fique por um longo tempo em minha companhia. – Kiyo desejou, emocionada.

- Se os desígnios de Kami-sama permitirem, eu permanecerei um longo tempo em sua companhia. – Saori replicou. – Pois ele lhe dará muita saúde e sabedoria para seja minha guia.

- Viu isso?

- Tão claro como seus cabelos estão brancos. – ergueu o rosto, revelando um sorriso travesso.

- Algum problema, Kiyo-sama? – um dos espectadores da briga, não compreendia o desenrolar.

- Nenhum, Atsushi. Apenas minha neta voltou para casa. – falou, colocando a mão na bochecha esquerda de Saori, analisando cada detalhe daquele rosto. As cores dos olhos, dos cabelos eram diferentes. Mas no resto, Saori era a cópia fiel de Kushina Uzumaki.

x

Hinako deu um passo para trás, uma expressão de surpresa tomando-lhe conta do rosto. Lentamente, um sorriso surgiu, rejuvenescendo o rosto sofrido da mulher. O homem loiro que a acompanhava, pode ver, uma pequena esperança surgindo nos olhos dela.

- Senhora Hinako? – ele questionou, recebendo um abraço apertado dela.

- Minha filha. Está lá fora.

Ele a olhou, sem entender. Antes que pudesse questioná-la, ela lhe entregou a calça que ele pegou com rapidez, colocando-a com cuidado por cima dos curativos. Em seguida, saiu do quarto, da casa. Estivera esperando por aquele momento a vinte anos. E agora que ele chegava, estava muito nervosa. Engoliu em seco, ao ver a figura loira, vestida com os antigos trajes.

- Saori... – murmurou, sentindo o coração se alegrar. Não conteve a impulsividade e foi em direção à filha, os braços estendidos. Parou apenas, quando a jovem mulher se desviou.

- Perdeu o direito a me abraçar, há muito tempo... Hinako. – o tom de desprezo que Saori foi o mínimo que a loira demonstrou, para todo o ódio que sentia dentro dela. – Vim apenas pelo homem. Onde ele está?

Fitou-a friamente, reconhecendo de quem herdara a cor de cabelos e olhos.

- Não se atreva a me menosprezar, Saori.

- Para não fazer isso, eu teria que ter algum sentimento bom por você. Mas você se encarregou de matar tudo, mamãe. – a ultima palavra foi dita com ironia.

Saori voltou sua atenção para a porta da casa, que correu com o mesmo barulho de quando ela era criança. Um homem loiro, não tão alto, usando uma túnica laranja com um cinto e calças marrons saiu de lá. Ele tinha um rosto que mesmo Saori negando, ela reconhecia.

As riscas nas bochechas, a solidão, o sofrimento. Sentimentos que a alma dele carregava, eram extremamente fortes, perceptíveis para alguém que, como elas, conseguiam enxergar além das coisas insignificantes.

Suas mãos estavam geladas, seu corpo rígido. Mas ao mesmo tempo... O reconhecimento do que aquela alma sentia...

Saori estava diante do homem a quem deveria matar. Mas ao mesmo tempo, sentia-se como se estivesse na segurança de Tomoyo ou de Riko. Aproximou-se dele, ficando a dois passos dele. Encarou os olhos azuis, buscando algo neles que ela pudesse usar como desculpa para libertar a alma unida ao servo de Oni.

Havia apenas o vazio, de quem sofreu, de quem sabia o que era não ter esperança.


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