*~ Capítulo II - Proposal Made ~*

- Hermione! Hermione acorda. Eu já estou pronta você não vem? - Gina tentava acordar a Granger que dormia profundamente segundos atrás.

- Ahn... Gina, pelas barbas de Merlin que horas são?! - Perguntou dando um salto para sair da cama já arrumando os cabelos castanhos volumosos.

- Tarde. Vem, pega seu uniforme e corre. - Alertou a ruiva. Hermione viu a Weasley sair do dormitório e ela correu para tentar se vestir.

Quinze minutos depois, a Granger estava devidamente pronta, a não ser pelo fato de estar suada por estar correndo de um lado para o outro do quarto. Mas isso não era um problema, o tempo estava frio e certamente depois que se acalmasse voltaria ao normal.

Deu uma última olhada no espelho, recolheu os livros que usaria naquele dia, e acabou notando mais um do lado do travesseiro na cama. Se tivesse sorte, Draco estaria matando aula e como ela já tinha mesmo perdido a primeira, só lhe restava procurá-lo nos últimos dez minutos que faltavam para o primeiro período acabar.

Antes de sair, uma idéia louca lhe ocorreu. Se quisesse percorrer livremente pelo castelo em horário de aula, não poderia ser vista.

Agarrou seu próprio cobertor e lançou sobre ele um feitiço da Desilusão. Apertou os livros contra o peito, e se cobriu com o cobertor. Respirou fundo, estava quebrando as regras e se fosse pega, poderia até mesmo ser expulsa. Não, isso já seria um exagero. Mas pelo menos uma detenção pegaria.

Atravessou os corredores vazios na esperança de ver algum sinal da silhueta de Malfoy, mas não encontrou nada. Como poderia trocar os livros se nem ao menos podia achá-lo? Talvez ele estivesse mesmo estudando.

*~*~*~*

Saiu do dormitório olhando duas vezes para cada lado. Dar passos devagar era horrível, mas se tivesse de andar mais rápido, seus sapatos fariam barulho.

- Droga! - Sussurrou ele. Teve de recuar dois passos para o lado oposto, para o corredor que daria acesso as escadas móveis que o levariam direto para os dormitórios da Grifinória se entrasse.

Uma pontada de medo percorreu-lhe a espinha. O gato asqueroso e estranho de Filch, estava à espreita. Sabia que ele não poderia vê-lo, pois estava usando uma capa enfeitiçada para ficar invisível, mas aquele gato lhe dava muito medo. O animal foi andando diretamente na direção de Draco Malfoy que não viu escolha a não ser recuar para a escada.

O gato recuou e saiu de vista, mas quando o loiro finalmente se viu livre dele, as escadas resolvem mudar. O jeito seria esperar elas voltarem para o lugar de antes, pois aquele ambiente nas cores vermelho e amarelo não lhe agradava nenhum pouco. Sorte sua que estava invisível também para os quadros, pois se não, não parariam de gritar que ele estava fora da sala de aula.

Mas uma vez as escadas mudaram. Draco desceu mais uns dois degraus e chegou ao chão. Parou quando pensou ouvir algo, mas não deveria ser nada. Mesmo assim, parou subitamente de andar para verificar se não tinha mesmo ninguém, e quando o fez, sentiu alguém dar de cara com suas costas.

- Ai!... O que? Tem alguém ai? - Sussurrou uma voz particularmente familiar para ele, que revirou os olhos e sem dizer nada virou-se na intenção de ignorá-la e seguir seu caminho. - Harry é você? Não devia estar na aula? Por que... ?

- Não sou o ''Harry''. - Disse em uma imitação mau-sucedida da voz dela. Acabou despindo parte da capa para lhe mostrar o rosto, e ela fez o mesmo.

- Malfoy? Mas o que...? - Ele tampou-lhe a boca para lhe impedir de falar e ela permitiu ser arrastada para a coluna mais próxima. - Que está fazendo?

- Quer que algum quadro idiota escute? - Perguntou-lhe grosseiro. - Eu acho que não. Mas que estava fazendo a uma hora dessas?

- Não é da sua conta. E o que você estava fazendo a uma hora dessas hã? E ainda por cima, não sabe que o andar em que você provavelmente estava é da Grifinória?

- Bem que eu tinha achado que tinham exagerado no vermelho nesse andar. - Respondeu-lhe com ironia - Agora eu sei o por que, obrigada por esclarecer tudo. E a propósito, não é da sua conta.

- Muito engraçado. Não vai querer seu livro de volta? Porque se não quiser eu posso muito bem...

- Você está com ele ai?

- Você está com o meu ai? - Retrucou. Sabia ser muito irritante quando queria.

 - Vai me dar ou não? Nós não temos muito tempo. Toma. - Ele tirou o livro dela da proteção invisível da capa e lhe entregou.

- Certo, aqui está o seu. - E ela repetiu o mesmo ato que ele.

- Ótimo. - E ele cobriu novamente a cabeça, e com um breve aceno que Hermione não viu, ele saiu.

- Espere! - Sussurrou ela.

- O que quer Granger?! - Mesmo assim, o tom irritado dele não a intimidou, e só a estimulou a prosseguir no que estava brutalmente entalado na garganta. Ele tirou a capa sem se importar de alguém ver.

- É que... Eu só queria saber... Você gostaria de namorar comigo de mentira? Por favor... Eu andei observando todos os garotos de Hogwarts mas não achei ninguém que pudesse... Por favor, eu faço o que você decidir em troca. - Ele não podia vê-la, mas sabia que ela estava desesperada só pelo tom que usou.

- Não, eu nunca... Espere, o que eu decidir? - Perguntou interessado. - Mas eu poderia ao menos saber o por quê? - E ele, em um simples gesto com a mão, retirou também parte da capa dela, que seria um cobertor, o suficiente para ver o seu rosto.

- É que... Você sabe que eu namorei o Rony. Apenas as coisa deram um pouco errado com a gente, e eu acho você precisa sempre perder para dar valor. É o que eu vou fazer. - A Granger sorriu tristemente.

- Sabia que aquele Weasley filhinho-da-mamãe não daria conta do recado. É como todos os Weasleys, fracos. Um bando de traidores do sangue, é só o que eles são. - O Malfoy sorriu para si mesmo com seu ar de superioridade.

- Escute aqui Draco. - Hermione o encarou, e ele viu sua fúria. -  Não é só porque quero a sua ajuda que vou permitir que você insulte meus amigos dessa forma. Pelo menos eles são gentis, excelentes bruxos, e sem a menor dúvida, muito melhores que você. - Ela sentia vontade de pegar sua varinha naquele exato momento e realizar a maldição Cruciatos nele, mas se conteve, era só um surto de raiva.

- Eu não sou um traidor do sangue. E eu jamais faria o que eles fizeram, porque apesar de serem sangue-puros, eles não agem como tal. E eu jamais, em hipótese alguma, me apaixonaria por uma sangue-ruim, como o adorado pai de Harry Potter. E muito menos, namoraria uma. Em outras palavras, a resposta para a sua pergunta é não.

- Tudo bem, eu já sabia. E você só não namoraria uma ''sangue-ruim'' por medo, não por ser superior, que você não é. Medo do que seu pai poderia pensar, e não só ele, toda Hogwarts. Não sei aonde eu estava com a cabeça quando pensei que você já tinha superado tudo isso. Adeus, Malfoy. - Ela se virou caminhando para uma enorme porta no corredor seguinte.

- Certo. Você conseguiu Granger, vou ser o seu namorado falso. Só não faça eu me arrepender depois, e olhe, eu vou cobrar o que me prometeu. O que eu quiser, lembra? - Ela se virou, olhando-o perplexa. Jamais achou que o seu plano de chamá-lo de medroso daria certo.

- Então... - Começou, mas ele foi mais rápido.

- Adeus. - Ele se cobriu e sumiu nos arredores do local. Ela teve de cobrir-se também porque os alunos começavam a descer e a transitar pelo local.

Foi para atrás de uma coluna qualquer e sem ninguém ver, ela retirou o cobertor e o guardou em sua bolsinha de contas que continha o feitiço de expansão e o escondeu no próprio uniforme.

Caminhou inocentemente para a porta da sala de aula de Poções e depois saiu, como quem acaba de sair da aula.

- Onde você estava? - Ouviu uma voz bem conhecida atrás de si.

- Estive na aula o tempo todo. Você não me viu? Eu estava bem lá atrás, Harry. - Disse ela, sem olhar diretamente para o par de olhos verdes a fitando.

- Claro que estava. - Respondeu-lhe com ironia fazendo-a sorrir.

- Bem, você vai agora para Runas Antigas ou Estudo dos Trouxas? - Tentou mudar de assunto.

- Estudo dos Trouxas. Você sabe muito bem que eu detesto Runas Antigas, é a única matéria que eu não consigo aprender. Tenho uma espécie de bloqueio. E você?

- Runas Antigas são fascinantes! Vejo vocês depois. - Se dirigiu a Harry e Rony que acabara de chegar como uma cara de tédio que só ele sabia fazer. Ela estava mais sorridente, os dois podiam notar.

- Hey cara, por que será que ela parecia estar tão feliz assim? - O Weasley perguntou ao Potter.

- Por sua causa não deve ser. - E ele caiu na risada deixando o ruivo muito irritado. 

*~*~*~*

- Tem certeza Hermione? Talvez o Draco seja muito...

- Imbecil? É, ele é. Mas ele concordou perfeitamente em me ajudar. E apesar da sua mania de sangue-puro, quando ele quer realmente, ele consegue.

- Você acha? Então tudo bem pra mim. Não vou considerar isso uma traição, isto é, se você prometer não se apaixonar. Porque você sabe que ele é lindo e tudo o mais, mas não se engane. Ele não valhe a roupa cara que veste. - Disse isso a castanha mais como um alerta e não como uma exigência que era.

- Prometo. E se tudo sair como eu planejei, logo o Ron vai voltar pra mim rastejando. E quanto a Draco, ele vai ter o que quer seja lá o que for e tudo vai voltar ao normal.

- Já está se referindo a ele pelo primeiro nome é? Isso não é bom. - Comentou já arrancando algumas risadas da amiga.

- Deixe de bobagens. Não vai acontecer nada demais, e como agora eu sou a 'nova ''namorada'' dele devo me acostumar a ter certo grau de intimidade certo?

- Claro, Sra. Malfoy. - Disse-lhe com ironia, mas só ela riu. Uma outra almofada veio em direção a seu rosto mas dessa vez ela a pegou no ar. - Você tem que parar com isso viu?

- Pode deixar, Sra. Potter. Não vou decepcioná-la.

- Ao contrário de você, eu até gosto de Sra. Potter. Soa bem, Gina Potter. - E ela sorriu abobalhada. 

- Acha mesmo que vai casar com ele um dia? - Perguntou-lhe séria, a Granger. 

- Talvez. Não se pode ter certeza do futuro, mas eu quero. - E as duas sorriram uma para a outra, cúmplices.

Continua...