Uma vez disseram-me que o amor é para se viver e a dor para se evitar mas como é que eu irei evitar a dor que o meu amor me está a dar. Como é que eu me posso tornar fiel se o meu coração me diz uma coisa e a minha cabeça diz outra coisa. Como? Eu quero amá-lo, quero perdoá-lo e ser a mulher dele mas… não quero ser traída, espezinhada como fui. Quero poder viver com um sorriso mas sem medos.

Estas perguntas dão-me a volta à cabeça. Amar e ser amada com receio, ou esconder-me do grande amor e tentar ser feliz com outro? É tudo tão confuso! A dor não parece diminuir, parece é que aumenta com o tempo.

Após chorar o que tinha e que não tinha, remoendo-me com perguntas, saí do banheiro e fui preparar-me para a minha aula de português. Como já tinha tocado à aproximadamente três minutos, de certeza que a s’tora não está na sala.

Caminhei até chegar á sala onde ocorreria a aula. Ainda fiquei alguns segundos a olhar para a porta, tinha medo de voltar a olhar para o seu olhar negro e me perder, não pensando com clareza na melhor hipótese. No final entrei e dirigi-me para a carteira onde estava Claire. Ela parecia preocupada com o meu estado, digamos lastimável.

-Já estás melhor? -perguntou com uma expressão extremamente preocupada. Odeio quando chateio as minhas amigas com os meus dramas! 

-Dentro do possível. Obrigada pela preocupação, és uma boa amiga. -respondi, tentando esboçar um pequeno sorriso, para acalmar o seu coração. Desviei os meus olhos, procurando Jacob pela sala, quando o vi a olhar para mim, censurei-me por não ter resistido e fitado aquelas pérolas negras.

Mas como se Deus me quisesse ajudar, a professora Joana entrou na sala para começar a aula.

-Muito bom dia caros alunos. Antes de mais quero dizer que estou bastante feliz pelo regresso da nossa querida Renesmee Cullen. Que tudo fique bem para ti querida. -sorriu e eu assenti. -Hoje quero fazer uma aula um pouco diferente, de vez em quando temos que inovar. Hoje quero que escrevam um pequeno texto sobre o amor. -um murmurinho invadiu a sala. -Por favor deixem-me continuar! Quero que escrevam o que vocês pensam que é o seu significado, mas quero um texto bem directo. Podem começar, depois quero ouvir algumas ideias.

Boa! O texto sobre o amor!? Porque raios eu não ouvi a minha mãe e não faltei hoje? Era só o que me faltava!!!

Comecei a escrever bem devagar, para puder deixar a minha ideia de amor o mais directa possível e não enrolar muito nisto. O resto dos alunos fizeram o texto sempre a falarem uns com os outros, menos Jacob. As vezes que olhei para ele, parecia bem concentrado.

-Pronto acho que tiveram mais do que tempo para fazer o texto. Vou começar por ouvir o de… Alex! Querida podes começar. -a cabra pegou no papel, ajeitou os cabelos e começou a ler.

-O amor é mais lindo do que flores mas não tão lindo como eu. Fim! -começa-mos todos a rir muito. Principalmente quando olhámos para a cara que a s’tora Joana fazia.

-Isso é que é o teu texto? Valha-me nossa senhora… -a última parte ela murmurou baixinho mas deu para ouvir. Ainda ri mais.

-Não gosta s’tora? -a Alex fez aquela carinha de anjo, que para mim é cara de cabra enjoada.

-Adorei Alex! Está… b-bom. Jacob? Será que podemos ouvir a tua? -Jacob assentiu e pegou no papel.

-“Amor”, eu não sabia o que era na realidade, apesar de o sentir com a minha família e amigos, nunca estive realmente apaixonado. Até ela aparecer! O amor pode pegar na pessoa mais feia e transformá-la num verdadeiro tesouro mas com ela não era preciso, ela já era deslumbrante. O amor que sentia pela minha família, a lealdade para com os meus amigos, o meu nome, o meu eu, voou para o espaço no momento em que vemos a verdadeira pessoa dos nossos sonhos. Nesse momento nós dedicamos tudo para a nossa vida, essa pessoa. O amor faz-nos sentir mais fortes para enfrentar todos os perigos que a pessoa amada sofrer. E apesar de ser para toda a eternidade, há sempre obstáculos, que passaremos com a força do verdadeiro amor. Porque o que o amor constrói, o ódio não destrói. -já sentia as lágrimas a embaciarem-me a visão, mas fiz um esforço descomunal para elas não rolarem pela minha face. Todos aplaudiram o seu texto, menos eu que mal tinha forças para reagir.

-Simplesmente lindo! Vou-te dar nota máxima neste texto Jacob. -a professora Joana parecia realmente maravilhada com as suas doces palavras. Eu também estava mas tentava-o esconder a todo o custo. -Renesmee? Podemos ouvir a tua ideia de amor? -peguei na folha.

-“Amor”, sempre imaginamos um príncipe encantado no cavalo branco, todo elegante à nossa espera. Quando o encontramos criamos ilusões e visões de um futuro feliz mas… não é assim! Quando abrimos o nosso coração a alguém, essa pessoa limita-se a entrar com uma faca e cortar todas as coisas boas dentro dele, deixando-nos com uma violenta dor no nosso coração. Eu simplesmente não acredito nos contos de fada, em que à anjinhos á volta da princesa e do príncipe enquanto eles se beijam. Porque é que eu não acredito? Porque isso simplesmente não existe, é pura ficção. -todos olharam-me espantados, a professora Joana de boca aberta. Por um momento tive de olhar e ver a reacção de Jacob e quando o olhei os meus medos confirmaram-se. Ele já estava a chorar baixinho.

Fechei os meus olhos e deixei a dor voltar ainda com mais força, começando a chorar baixinho, para ninguém notar.

-Bem… A escrita estava óptima e não posso concordar nem discordar da tua ideia de amor, por isso… dou-te nota máxima. Fizeste exactamente o que eu pedi. -a professora Joana não parecia muito convencida.

-Pro-fessora posso… ir ao banhei-ro? -pedi, vendo os soluços a apoderarem-se de mim.

-Sim, vai querida. -ela consentiu e eu sai disparada para o banheiro. Cheguei lá, tranquei a porta e comecei a chorar tanto. Doía-me tanto o coração por lhe ter feito aquilo.

As lágrimas não paravam, a dor não cessava, a cada minuto o meu coração doía mais e mais. O meu maior sonho transformou-se no meu pior pesadelo.

Quando me consegui acalmar, percebi que faltei ao resto da aula de português, à de matemática e já eram horas de almoço.

Fui andando para a cantina, até ver a Bree na minha direcção.

-As meninas disseram-me que estavas mal. O que é que aconteceu? -perguntou, tentando ver se me ajudava.

-Nada de importante. -dei de ombros.

-Nada de importante? Tu disseste provavelmente a pior coisa que poderias dizer ao Jacob e não foi nada? Os teus olhos estão vermelhos! -ela falava muito alto, fazendo as pessoas olharem para nós.

-Estou bem! Acredita em mim Bree, isto vai passar! -murmurei baixinho, sentindo as lágrimas a formarem-se novamente. Deixei a Bree para trás e fui em direcção à mesa onde estavam as minhas outras amigas. Sentei-me e fitei a mesa, sem dizer absolutamente nada.

-Nessie… -Leah começou e eu fitei-a. -Nós estamos muito preocupadas. Tu andas muito esquisita e… acho que esta separação do Jacob não te está a fazer bem. Devias-lhe dar uma segunda oportunidade.

-Eu tenho medo… -sussurrei baixinho. -Medo de me magoar novamente.

-Eu compreendo mas… -a voz da rádio da escola interrompeu.

-Pessoal temos um pedido super especial para uma música. É uma dedicatória de Jacob a Renesmee. Espero que gostes querida.

When I Look At You – Miley Cyrus [Acho a música super romântica! Depois digam-me o que é que acharam!]

Everybody needs inspiration

Everybody needs a song

A beautiful melody

When the nights so long

Cause there is no guarantee

That this life is easy…

And when my world is falling apart

When theres no light to break up the dark

That’s when I. I. I.

I look at you

When the waves are flooding the shore

And I can’t find my way home anymore

That’s when I. I. I.

I look at you

When I look at you

I see forgiveness

I see the truth

You love me for who I am

Like the stars hold the moon

Right there where they belong

And I know I’m not alone!

Yeah when my world is falling apart

When there’s no light to break up the dark

That’s when I. I. I.

I look at you

When the waves are flooding the shore

And I can’t find my way home anymore

That’s when I. I. I.

I look at you

You appear just like a dream to me

Just like kaleidoscope colours that

Cover me

All I need every breath that I breathe

Don’t you know you’re beautiful

When the waves are flooding the shore

And I can’t find my way home anymore

That’s when I. I. I.

I look at you

I look at you

Yea yea yea

And you appear just like a dream to meeee

Como é que eu não o perdoo-o?