PVO JACOB
Tentava abrir os meus olhos mas eles pareciam que pesavam quilos. E não eram só os olhos, o resto do corpo também parecia que pesava uma tonelada. Com muito esforço abri os olhos, lentamente, mas depois eles pareciam que tinham mais força que eu.

Com as minhas últimas forças consegui, finalmente, abrir os meus olhos e olhar para o tecto branco e a sua luz.

Olhei para o meu lado e pude ver a minha mãe, sentada no sofá vermelho que estava perto da minha cama. Dormia profundamente, consegui ver o seu rosto manchado, parecia que tinha chorado muito. O meu coração apertou-se com esse pensamento. Odiava ver a minha mãe sofrer, ela mostrava como se sentia, deixando uma pessoa de rastos.

Tentei-me lembrar do que é que aconteceu mas nada me vinha à cabeça. Só várias imagens desfocadas. Pequenos pontos de situação. Lembro-me de ver a Renesmee… Renesmee… Hoje seria a nossa noite especial e algo estragou tudo. Mas o que é que foi?

-Jacob…-ouvi a voz da minha mãe a chamar-me. Virei os meus olhos e pude ver a minha mãe levantada, a sorrir e a chorar ao mesmo tempo. -JACOB! -gritou e abraçou-me com força.

-Mãe…-pronunciei baixinho. -O que é que aconteceu? -perguntei, suficientemente alto para ela perceber.

-Ti-veste um aci-dente de ca-rro, querido. Mas o importante é que… es-tás bem e aqui… comi-go. -disse entre soluços provocados pelo choro.

-A Renesmee? Porque é que ela não está aqui? -perguntei tentando elevar a minha voz mas sem sucesso.

-Querido… Eu não sei como é que te hei-de dizer isto mas… -fez uma pausa. -A Renesmee estava no carro e… está muito mal. -o meu mundo desabou quando ouvi essas palavras. Como? Como é que eu pude magoar o amor da minha vida!? Eu acabei de transformar o meu sonho mais lindo num pesadelo enorme, e o pior é que não consigo acordar.

Comecei a chorar e a minha mãe abraçou-me, tentando me reconfortar com palavras carinhosas.

-Calma querido! Ela vai ficar bem. Calma amor! Não fiques assim! A Renesmee é uma rapariga forte. -ela dizia mas eu continuava a chorar. Parecia que me tinham arrancado o pedaço mais importante do meu coração e não mo da vão. 

-COMO É QUE EU ME POSSO ACALMAR!? O AMOR DA MINHA VIDA ESTÁ A SOFRER E EU SOU O CULPADO! -gritei e comecei a debater-me na cama. Eu tinha que sair dali e ver como é que ela estava. Era uma necessidade.  A minha mãe chamou os médicos que vieram a correr.

-PASSA-ME A SERINGA! -alguém gritou e nos segundos seguintes estava, os meus olhos acabaram por vencer e eu fiquei inconsciente.

…

Abri os olhos e as memórias anteriores vieram-me à cabeça. Renesmee… A minha Nessie… Estava a sofrer e a culpa era minha. Eu não valho nada! Como é que um ser tão perfeito como ela é capaz de ter algum sentimento por mim!? Eu sinceramente nunca entendi o porquê de ela se ter apaixonado por mim. Eu posso levar qualquer rapariga que eu quiser para a cama mas com a Nessie é diferente… Eu só a quero amar e protege-la de tudo o que a possa magoar.     

-Acordaste filho…-pude ouvir a voz do meu pai. Virei-me e ele tinha umas olheiras enormes. Parecia que não dormia há duas semanas. As olheiras são exactamente iguais às que a minha mãe tinha quando acordei.

-Sim… Preciso de ver a Nessie…-murmurava. Só pensava em voltar a sentir o seu calor e ver se ela estava bem. Queria ter a certeza que nada de mal lhe tinha acontecido.

-Depois filho. Agora precisas de recuperar, para saíres daqui. -ele disse, mexendo nas mãos. Algo estava errado! O meu pai só mexia as duas mãos quando algo de mal tinha acontecido. Ouvi a porta a abrir e virei-me para ver quem era.  A minha mãe, a minha irmã Rachel e o médico.

-JAKE! -a Rachel gritou e veio abraçar-me. -Ti-tive sau-dades tu-as… Pen-sei que te ti-nha per-dido. -dizia no meio de muitos soluços, causados pelo choro compulsivo. 

-Estou aqui… -disse alto o suficiente para ela puder ouvir. -Podes dizer aos pais que eu preciso de ver a Nessie. -pedi. 

-Jake está não é a melhor altura para a veres. Acredita em mim! -disse com uma cara triste. Mas será que ninguém me vai dizer o que é que se passa!?

-Vamos lá ver o que temos aqui. -o médico interrompeu o nosso momento familiar. -parece que a tua capacidade de visão está óptima. -disse, apontando uma luzinha para os meus olhos. -Consegues ouvir bem. Só estás um pouco cansado. É natural! Um acidente deixa sempre marcas. Mas ainda vais conseguir sair hoje! -garantiu com um sorriso.

-Muito obrigada doutor! -o meu pai agradeceu.                                                                                    

-De nada! A minha função é lutar pela saúde e o bem-estar dos meus pacientes. -disse e apertou a mão do meu pai. -Agora tenho que analisar a paciente Renesmee Cullen. O caso dela já é mais delicado. A mãe está a fazer-se em pratos lá fora. Eu entendo como ela se sente. -disse com um semblante triste.

-O que é que aconteceu à Renesmee? Será que ninguém me explica! -exclamei com raiva. -Eu só quero saber como é que está a minha namorada.

-Depois falo consigo. -o médico garantiu-me e saiu porta fora. A minha irmã e a minha mãe começaram a fazer um questionário para saber se me estava a sentir mesmo bem. Ainda tentei perguntar mais cinco vezes o que é que se tinha passado mas ninguém me respondia.

Ao final da tarde pude sair daquela cama horrível de hospital. Nunca me deitei em algo tão desconfortável!

Ia caminhando lentamente pelos corredores à procura de alguma pista para encontrar o quarto da Renesmee até a mãe dela nos aparecer à frente, com uma expressão furiosa.

-COMO É QUE TU O PUDESTE FAZER!? SEU ASASSINO! TU IAS MATANDO A MINHA FILHA! -gritou e se não fosse o marido dela e os cunhados a puxá-la, acho que neste momento estava a levá-las da Sra. Cullen.

-PARE COM ISSO! O MEU FILHO NÃO TEVE CULPA! -a minha mãe meteu-se à minha frente e gritou para ela.

-Não teve culpa… NÃO TEVE CULPA!? -gritou, rindo-se em seguida como uma louca. -ELE IA MATANDO A MINHA FILHA!

-Eu não sei o que é que eu fiz! -disse, tentando me desculpar por uma coisa que nem sequer me lembro que aconteceu.

-Mas eu sei uma coisa! -disse com uma voz grossa. -TU NUNCA MAIS VAIS MAGOAR A MINHA NESSIE! NUNCA MAIS VAIS FALAR COM ELA! NUNCA MAIS VAIS TE APROXIMAR DELA! SE NÃO EU ACABO COM A TUA RAÇA! -disse, explodindo de tanta raiva.

-Você não é ninguém para ameaçar o meu filho! - a minha mãe exclamou.

-Não lhe faço nada se ela nunca mais magoar a minha filha. -fez uma pequena pausa e virou-se para mim. -Eu vou fazer de tudo para que a minha filha arranje uma pessoa melhor que tu. E acredita que não é difícil. -garantiu com um sorriso.

-Vamos querido! -a minha mãe puxou-me, deixando a família da Renesmee para trás. -Não dês ouvidos para aquela mulher. Ela é louca!

-E se o que ela disser é verdade! E se a Renesmee não voltar para mim? -perguntei, com lágrimas nos olhos.

-Se a Renesmee te amar, ela vai-te perdoar. O amor perdoa. -a minha mãe garantiu-me. Entrámos no carro e logo a minha mãe deu partida. Estava eu, ela e a minha irmã. O meu pai tinha ficado para resolver o meu caso e saber mais notícias sobre a Nessie… A minha Nessie. Eu não sei se conseguirei ficar sem ela. Acho que é impossível.

Chegámos a casa e eu corri escada a cima em direcção ao meu quarto. Fechei a porta e deitei-me na minha cama, pegando no meu telemóvel e indo directamente para a pasta que continha as fotografias e os vídeos.

Abri a foto do meu primeiro encontre com a Nessie. Ela estava a usar um vestido vermelho com alças e umas sapatilhas da mesma cor. Nós tínhamos ido até à praia, ver o mar e beber um sumo na esplanada. Foi aí que eu descobri que ela seria minha para sempre.

Ainda me lembro da primeira vez que a vi.

FLASHBACK ON:

Primeiro dia de aulas, que seca! Agora fico sempre pendurado porque os meus amigos andam apaixonados. É muito fofo mas depois cansa ver tanto amor! Estava completamente cansado porque a Alex tinha dado cabo de mim a noite anterior. Como ela é gostosa! Mas é uma grande chata. No que ela tem de beleza e fogo tem de chatice.

Entrei na sala e fui directamente para o último lugar, bem no fundo da sala. Não estava com paciência para aturar ninguém. O s’tor já tinha entrado e ia começar a aula quando alguém bateu à porta.

O s´tor levantou-se com dificuldade, é o que dá ser tão gordo, e abriu a porta. Nela apareceu a rapariga mais linda que eu já tinha visto. Tinha uma face de anjo. Cabelos castanhos acobreados, olhos negros e doces, covinhas arredondadas e uma boca carnuda e convidativa.

-Desculpe o atraso mas é que eu sou nova aqui. Posso entrar? -perguntou com a voz mais linda que já pude ouvir.

-Claro. Sente-se ao pé do Black. É o único lugar vago na sala. -o s’tor disse e ela virou-se para ver quem era o “Black” e quando olhou para os meus olhos, pude notar que os seus estavam a brilhar.

FLASHBACK OFF

E agora ficarei sem o seu brilhante olhar, quem me analisava sempre a mostrar um sorriso.

Ouvi alguém bater à porta.

-Querido posso? -a minha mãe perguntou, colocando a cabeça para dentro do quarto para espreitar.

-Claro. -respondi, batendo com a mão na cama, para ela se sentar. A minha mãe sentou-se e passou o seu braço pela minha cintura.

-Sabes querido eu e o teu pai também já passámos por muitas dificuldades para ficarmos juntos mas o nosso amor era e é demasiado forte para acabar. Só quero dizer que se a Renesmee te amar realmente, vai-te perdoar. -eu deitei a minha cabeça no seu colo. E comecei a chorar.

E se a Renesmee deixar de me amar!?