Capítulo 4

Segunda feira. Para todos os alunos o dia de tortura. O pior dia da semana, pois é o dia que as aulas começam, mas Rachel e Quinn não pensavam assim. Na verdade elas estavam ansiosas o final de semana todo desde a noite que se encontraram e agiram como duas crianças felizes. Havia um bom tempo que elas não se divertiam assim e a noite de Sábado foi uma ótima saída para ambas. Era notável como as duas estavam próximas, mas ninguém sabia o que realmente as duas estavam sentindo. Aliás, nem as duas sabiam ao certo o que estavam sentindo, mas sem sombra de duvida estavam se apaixonando uma pela outra.

Apenas depois de levar Rachel até sua casa que Quinn percebeu que tinha ficado com seu cachecol. O Tecido quente e aconchegante encantou Quinn e ela não largou a peça até na hora em que foi dormir. Ainda assim, ela o pendurou na haste da cama e adormeceu o mais próxima possível do objeto da morena. Ao menos a loira conseguiu dormir. Rachel ficou a noite inteira acordada pensando nos últimos acontecimentos. Ela não tirava o rosto de Quinn da cabeça, sempre se lembrando do breve momento em que estavam perto demais no jardim da casa de Quinn. O olhar indecifrável da loira, sua respiração quente batendo no rosto da morena a deixando sem saída. A única coisa que ela pode fazer foi rolar para o lado e rir. Era o máximo que a situação lhe permitia fazer.

Quinn andava pelos corredores do McKinley olhando atentamente, procurando uma morena simpática que havia lhe emprestado o cachecol na noite de Sábado. Ela então a viu parada em frente ao seu armário guardando alguns livros e rapidamente sorriu. A cheerleader caminhou mais rápido em direção a morena. Rachel teve um vislumbre da cheerio correndo em sua direção e sorriu rapidamente enquanto fechava seu armário.

__Oi!

__Oi! Aqui... –Disse Quinn estendendo o cachecol para Rachel. __Você esqueceu comigo Sábado.

__Oh. Obrigado Quinn, eu nem me lembrava disso... –Pegou o cachecol da mão da garota loira. Ela não pode evitar sentir uma sensação inexplicável quando sua mão tocou a de Quinn, mesmo que brevemente. A loira também sentiu e suspirou a apreciando. O sino tocou.

__Vamos, vamos perder a aula de Inglês e o Mr. Williams não vai ficar muito feliz se nos atrasarmos. –Disse Rachel disfarçando. As duas teriam aula juntas agora. Quinn não pode fazer muita coisa além de assentir, ela sabia que se insistisse em falar sua voz falharia expondo-lhe. Então ela apenas seguiu a morena até sua classe.

XXX

Era a hora do almoço. Como sempre Rachel se dirigia ao banco “dela e de Quinn”, era uma tradição. Dessa vez ela andava o mais devagar possível sob o céu completamente nublado.

__Você está se apaixonando... Só tome cuidado.

__Eu não vou me machucar... E eu –Sophie não deixou ela terminar e logo disse divertida.

___Não estou falando disso! Pedofilia é crime, você sabe! –Riu. __Se liga! Você está caidinha por essa Quinn! –Disse Sophie, amiga de Rachel do outro lado da linha.

__O quê? Você está louca?! Ela é minha amiga, só isso!

__Aham... E eu sou a Madonna... “Like a virgin... Touched for the very first time...” –Começou a cantar zombando da morena.

__Pare agora mesmo! Você está fazendo meus tímpanos sofrerem! Eu preciso da minha audição! –A outra riu.

__Pare você! Eu tenho uma voz linda!

__Aham... Se você começar a cantar para um surdo ele irá te implorar para parar antes de você terminar a primeira palavra!

__Isso, fica se achando só porque está em um coral.

__Ok, tenho que ir.

__Isso, corre para sua namoradinha e deixe sua amiga ao relento... Bela amiga você é Rach! –Disse Sophie fingindo mágoa.

__Tchau Sophie! –Resmungou a morena se sentando no banco e desligando o celular antes que sua amiga falasse alguma besteira. Quando chegou perto do banco, notou que Quinn estava distraída, sua expressão facial estava serena e Rache se viu admirando a garota. Então teve uma idéia.

__Búh! –Falou alto no ouvido de Quinn a fazendo pular de susto. A garota parecia mesmo assustada.

__Gáah! –Exclamou Quinn pulando. A morena se contorcia de rir enquanto se sentava.

__Mas o que...? Você?! Eu vou te matar! –Exclamou raivosamente a Cheerleader. Rachel riu do chilique da outra.

__Ah Quinn! Deixe pra dormir em casa!

__Grr –Quinn meio que rosnou.

__O que? Mau humor? –Perguntou divertidamente a diva. Ela estava amando irritar a loira.

__Ahh! Por que você não vai encontrar com seus irmãos gnomos, Rachel?! –Disse a loira arrancando uma outra risada de Rachel.

__Eles estão ocupados agora. Não são a toas como você não. O que você está pensando?! Eles têm de me sustentar! –Suspirou. __Qual o problema Quinn?

__Nenhum. Você me assustou. –Cuspiu. Rachel sorriu do comportamento da outra apesar de achar um pouco agressivo, mas o que ela não sabia é que Quinn estava pensando nela. Lembrando de sua respiração e do seu cheiro doce.

__Ok. Você está sensível... Então, tenho outras preocupações em mente agora... Ainda não levei nenhuma raspadinha hoje e estou com medo de que eles estejam me aguardando no final da aula com um balde de 10 litros. Acho que terei que me disfarçar para ir para as aulas... Quem sabe eu me vista de zelador... Ou de enfermeira... –Divagava Rachel.

__OMG?! Será que você não para de falar?- Xingou Quinn raivosamente. Rachel olhou para ela com uma expressão ferida e magoada.

__Se você não me quer por perto é só dizer, não precisa gritar. –Disse acidamente a diva.

__Rachel, você é irritante! Eu vim aqui para pensar e você apenas fica irritantemente zumbindo na minha cabeça?! –Quinn estava mesmo nervosa. A morena começou a se indignar com ela.

__Estou cheia disso! Pensei que éramos amigas, mas pelo visto... –Rachel disse se levantando. Sua voz estava carregada de mágua e decepção o que fez a loira se dar conta do que estava fazendo. Rapidamente ela lançou sua mão direita na perna esquerda de Rachel, fazendo-a parar.

__Me desculpe, eu só –Suspirou. __Você não merece isso. Eu estou um pouco nervosa e acabei explodindo em você, por favor, não vá. –Pediu a loira vulnerável olhando para os próprios pés. Rachel sentiu uma sensação de formigamento em sua coxa e se sentou de volta ao lado da Cheerleader.

__O que aconteceu?

__Eu vi meu pai hoje. –Rachel não entendeu e assentiu para que Quinn prosseguisse. __Quando ele soube que eu estava grávida, ele me expulsou de casa. Alguns meses depois minha mão o expulsou porque ele estava tendo um caso com uma tatuadora ai. –A loira falava com repulsa. __Hoje de manhã, quando eu vinha para a escola eu o vi. Ele estava bêbado e começou a me xingar no meio da rua, então eu vim para cá o mais rápido que eu pude. –Terminou Quinn.

__Sinto muito. –Disse Rachel vendo o quanto o encontro com o pai afetou Quinn. Ela colocou uma mão reconfortante sobre a de Quinn que pairava em sua perna apertando-a. As duas sentiram a onda de formigamento se estender para todo o braço no processo e para ‘piorar’ a situação Quinn virou sua mão e entrelaçou seus dedos dom os da agente -nessa hora a agente agradeceu que sua arma estava na perna direita. Era uma ação simples, mas que no momento tinha um milhão de significados.

Santana que passava pelo local, viu a cena e logo disse asperamente:

__Hey! Arrumem um quarto! –Mas as garotas estavam tão envolvidas em seu ‘mundo paralelo’ que nem notaram a latina, fazendo com que ela continuasse a andar franzindo o cenho em frustração.

As duas foram tiradas do transe pelo som estridente da campainha. Hora de voltar às aulas. As duas reforçaram o aperto que persistia desde o começo da conversa quebrando-o. Era como se algo estivesse se separando dentro das duas e então seguiram seus caminhos separados sabendo que algo havia mudado.