Living In The Sky With Diamonds escrita por Cat_Girl


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oi gentê!Décimo capítulo prontinho!
Boa leitura!



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O sol de 06:30 AM foi invadindo meu quarto através da janela, fazendo-me apertar os olhos e colocar um travesseiro por cima da cabeça. Eu tinha quase certeza de que havia fechado a janela na noite passada. Senti o cobertor deslizar rapidamente pelo meu corpo. Imediatamente arremesso o travesseiro na direção do puxão e ouço um “ai”.

 - Vamos lá, minha filha. Isso pode ser fácil ou difícil, você escolhe. - meu pai tentava fazer um acordo.

 - Ah... - bocejo. - Deixa eu dormir mais um pouquinho... - falei sem vontade nenhuma.

 - Acorda, menina! - falou um pouco mais alto.

 Continuei deitada, com os braços cobrindo o rosto, até sentir algo segurando meu tornozelo e me puxando. Sentei-me e percebi que estava quase na ponta da cama.

 - Vamos lá, minha filha! Primeiro dia de aula! Você não está animada? Não se sente em um filme americano? Com aqueles ônibus amarelos e tudo!

 - Não. - respondi com sinceridade, o que o  fez me olhar sério.

- Se arrume logo e desça para o café. Daqui à uma hora seu ônibus vai chegar.

  Levantei-me com relutância e olhei para a porta. Mallorie observava tudo, calada, na porta do quarto. Acenei com a cabeça e me encaminhei para o banheiro.

  Tomei um banho rápido e me vesti. Estava indecisa sobre o que usar no primeiro dia. Como muitas escolas americanas, a Barrington High permitia que seus alunos fossem de roupa. Eu não sabia ao certo o que usar. Abri o armário e vi roupas que considerei simples demais ou espalhafatosas demais. No final das contas, optei por usar algo que combina muito comigo: uma blusa cinza com estampas em preto com um colete por cima, também preto, uma calça skinny vermelha e meu All Star com aspecto de velho. Peguei minha mochila cheia de bottons de várias bandas e animes e desci.

  Tomamos café em silêncio, Mallorie havia feito panquecas - estavam muito boas - e todos estavam muito ocupados desfrutando delas para falar qualquer coisa. Fiquei olhando a cadeira vazia à minha frente, sentindo algo estranho. Era a cadeira que Will costumava sentar e me importunar durante todas as refeições. Talvez fosse alívio por finalmente me livrar dele. Foi o que mais ansiei. Deve ser isso. Espero que seja isso.

  Os últimos 3 dias não foram o que eu esperava que fossem. Entediantes. Ociosos. Vazios. Meu pai pensava que eu havia adoecido. Não era isso. Eu só estava aproveitando enquanto eu podia meus últimos dias sem responsabilidades. E não foi como eu gostaria.

  Eu devia estar animada por hoje. Finalmente o dia em que iria interagir com outras pessoas, fazer coisas mais produtivas. No entanto, a única coisa que conseguia sentir era nervosismo. Talvez a animação chegasse mais tarde.

  Terminei a refeição e me despedi do casal. Ela beijou minha testa. Ele me abraçou e depois segurou meus ombros.

 - Boa sorte. Tome cuidado com esses valentões ou coisas assim. Se acontecer algo, liga para mim, que o papai te busca num instante. – falou como se estivesse lidando com uma criança de cinco anos.

 - Eu já sei me cuidar, pai. Não sou mais uma criança. - disse eu, o fazendo revirar os olhos.

 - Para mim você vai ser sempre uma menininha. –puxou minha bochecha direita com força.

  Saí de casa massageando o lado direito do meu rosto. Passei pelo portão e cumprimentei um dos seguranças que ficavam por lá.

  Cheguei à parada de ônibus, esta, completamente deserta. O nervosismo aumentava a cada segundo. Comecei a bater um dos pés, num típico sinal de impaciência. Olhei o fim da rua e nada. Aguardei um tempo e olhei o horizonte outra vez. Finalmente o ônibus chegou. Subi e cumprimentei o motorista. Fiquei parada, correndo meus olhos pelo local, em busca de um assento. Todos me encaravam e comecei a ficar envergonhada. Será que eu vim simples demais? Achei um lugar e segui até ele, sentindo vários olhares me acompanhando.

  Sentei do lado de uma menina que visivelmente era mais educada do que qualquer outro aluno presente no ônibus, pois ela era a única que não me encarava. Ou pelo menos se dava o trabalho de disfarçar.

 - Oi, sou Jamile Sullivan, mas me chame só de Jay. Ou Mile.- estendeu a mão.

 - Diana. - apertei sua mão.

 - Oh, posso te chamar de Dee Dee?

 - Pode sim. – sorri. Ela parece legal.

  Algo nela me parecia familiar. Ela tinha pele morena, só que mais clara que a minha, cabelos cacheados, castanhos e curtos. Fazia o estilo romântico, com seu vestido de bolinhas e faixa na cintura. Mesmo sentadas, dava para perceber que ela era alguns centímetros mais baixa.

 - É verdade que você veio do Brasil? - como ela sabia disso?

  -Sim. - disse rapidamente.

  -Que legal! - parecia fascinada. - E por que você veio para cá?E teve sorte, hein, nesse bairro chique.

  - Longa história. - desconversei.

  - Vai me contar um dia?

- Talvez... – fiz uma falsa cara de pensativa e ela riu.

  Acho que agora eu tenho uma amiga.

  Depois de uma viagem que durou em torno de meia hora, chegamos ao colégio. Era uma construção grande, com as paredes externas pintadas de pêssego e com um jardim na frente. Ao lado, uma grande área era reservada para o estacionamento.

  Descemos do ônibus e entramos. O chão parecia um tabuleiro de xadrez, com azulejos pretos e brancos alternados. As paredes eram brancas e nelas estavam encostados armários pintados de um laranja berrante. Essa escola precisa de um decorador.

  Mile me acompanhou até a secretaria, que estava um pouco cheia, pois vários alunos também vieram pegar seus horários. Depois disso, seguimos pelo corredor abarrotado de alunos.

 - Que aula você tem agora?- perguntei.

 - Hum,-mexeu em alguns papéis.- Biologia. E você?

 - Cálculo avançado. - sorri. Nada melhor do que encher a cabeça de problemas matemáticos. Ok, na verdade tem coisa melhor sim.

  Ela fez uma careta significativa.

 - Que foi?- fiquei curiosa.

 - Você fala como se gostasse disso. - fez uma cara de nojo e tremeu o corpo como se sentisse repulsa, o que me fez rir.

 - Eu gosto.

 - Argh.

  Ri mais uma vez.

  Cheguei à classe, que estava sem o professor. Alguns alunos estavam sentados na mesa dele, outros ao fundo, porém, todos conversavam alegremente. Quando entrei na sala, todos me encaravam. Senti um deja vu. Alguns me olhavam dos pés a cabeça. Comecei a achar que estava simples, outra vez.

  Sentei em uma carteira no meio da sala, pois o fundão estava totalmente ocupado. As conversas altas e alegres se transformaram em cochichos. Aquilo era irritante.

  Para meu alívio, logo o professor adentrou a sala, fazendo os grupos dispersarem. Ele colocou seu material em cima da mesa, encostou-se nela e ficou olhando a turma.

 - Tem alguém que não estava aqui ano passado?

  Ergui o braço lentamente.

 - Hmm, venha aqui na frente se apresentar para a turma.

  Uma das coisas que eu temia era isso. Eu não tinha medo de multidão quando estava tocando. Mas falar, bem, aí é um pouco diferente.

 - Me diga, qual é seu nome? De onde você veio? -  me enchia de perguntas.

 -Bem...me chamo Diana Perez. Eu vim do Brasil e não vou citar o nome do colégio porque ninguém vai saber qual é mesmo! - coloquei uma mão na cintura e fiz um gesto com outra, como se tentasse dizer “Deixa para lá!”. Ouvi algumas risadinhas.

  O professor estava calado e me virei para ver o que fazia. Estava escrevendo meu nome no quadro. Fiquei confusa. E surpresa, porque ele escreveu errado.

  Dee Ana Perez.

  Comecei a rir e ele me olhou sério.

 - Algum problema, senhorita Perez?

  Pigarreei, numa tentativa de fazer o riso parar.

 - Err, meu nome não se escreve assim, professor.

  Ele pareceu mais surpreso que eu, porém, logo recompôs a expressão. Ainda eram audíveis algumas risadinhas. Ele me estendeu o giz e me apressei em corrigi-lo.

  Assim feito, ele olhou para o quadro negro e depois para mim, com uma expressão que duvidava da minha capacidade de escrever meu próprio nome.

 - Ok, Diana. - pronunciou ‘Daiana”.

 - Não, professor, se pronuncia “Dee Ana”, mas se escreve “Daiana”.- falei, tentando prender o riso, porém, sentindo um pouco de culpa por estar tirando uma da cara do professor.

  Resmungou e me mandou sentar no meu lugar.

  O tempo passou rápido naquela aula. Deve ser porque eu realmente gosto da matéria. Ainda sentia alguns olhares sobre mim, mas agora não me importava mais. Aprendi a ignorar isso.

  O sinal tocou, fazendo todos se levantarem apressados. Saí da sala em busca do local em que seria minha próxima aula, Artes. Achei a sala e me senti muito melhor. As pessoas lá eram muito mais receptivas e educadas. Estava conversando com um grupo bem divertido, quando a professora chegou. Essa aula também passou rápido e assim que o sinal tocou fui seguindo pelos corredores abarrotados.

  Por coincidência, encontrei Mile seguindo na mesma direção que eu.

 - Qual sua próxima aula?- perguntei.

 - História. - fez uma expressão de tristeza.

 - Hmmm,a minha também.- comentei, também infeliz, e percebi algo. - Hey, tem alguma aula que você goste?-  perguntei, rindo.

 - Não. - fez uma falsa cara de choro e depois arregalou os olhos levemente, como se lembrasse de algo. - Ah sim, tem uma!

 - Qual?

 - A de teatro! - falou alegremente.

 - É minha última aula. - falei, olhando uns papéis.

 - A minha também! - bateu palmas, dando pulinhos.

  Chegamos atrasadas na sala. Um professor de cabelo grisalho nos mandou sentar, não muito contente. Nessa aula, o tempo pareceu se arrastar, deixando todos os alunos entediados, inclusive eu. Apoiei os cotovelos na mesa e segurei o rosto com as mãos, como a maioria dos alunos. Realmente, essa foi a aula mais chata do dia. Uma hora falando sobre fatos que aconteceram quando eu nem era nascida e que, com certeza, não vão influenciar muito na minha vida. Que ótimo!

  O som do sinal foi como um coro de anjos anunciando minha liberdade. Cutuquei Mile, que dormia apoiada nos cotovelos. Deu um pulinho e olhou para os lados.

 - A aula terminou. - avisei.

 - Hã?Ah sim. Que bom. – levantou-se, parecendo meio perdida. Ri de sua expressão.

  Depois de uma interessante aula de literatura, encontrei Mile na hora do almoço – nós havíamos nos separado, pois ela tinha aula de Química. Ela me mostraria outra amiga dela.

  Seguimos para as mesas ao ar livre.

 - Ela sempre fica por aqui. - virava a cabeça para todos os lados. - Ah, está ali! - apontou para certa mesa.

  Ela estava sentada lendo algum livro. Parecia muito concentrada. Seus cabelos eram negros, muito negros e tinham um corte Chanel, com uma franja reta sobre os olhos. Tinha a pele branca e usava um vestido solto, azul. Parecia a branca de neve. Usava também uma tiara vermelha, o que reforçava essa imagem.

  Aproximamo-nos e Mile a cumprimentou com um abraço.

 - Essa é a Diana. - apresentou. - Ela deixou chamá-la de Dee Dee. - deu uma risadinha.

  - Oi, Diana! - acenou.

 - E essa é a Agnes. Não consigo imaginar um apelido para o nome dela.

  Agnes revirou os olhos.

 - Agnes Richter. –apertou minha mão.

 - Oi, Agnes.

  Almoçamos juntas e conversamos muito. Elas eram companhias muito agradáveis. No entanto, minha alegria só seria completa se as Diamond girls estivessem aqui também. Elas, somadas às duas amigas que fiz seria uma combinação perfeita.

 - É verdade que você veio do Brasil?- Agnes parecia fascinada.

  Balancei a cabeça, afirmando.

 - Que legal, agora a Jay tem com quem conversar em português!

  Olhei confusa para Mile.

 - Ela é brasileira também! - Agnes entregou.

 - Sério?

 - Longa história. - cortou.

 - Vai me contar um dia? - repeti suas palavras.

 - No dia em que você resolver contar a sua, eu conto a minha.

 - Tudo bem. – falei enquanto ria.

  Depois disso, tentei, sutilmente, mudar de assunto. Minha história. Isso não era uma coisa que eu gostaria de tratar tão cedo.


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Notas finais do capítulo

Leitoras lindinhas do meu coração....Reviews?



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