[...]

– Ela foi embora... Junto com você... – falei, deixando toda a minha magoa escapar.

Capítulo 7 – Brigas e beijos

– Desculpe-me, Jake, eu realmente não queria acabar com a sua despedida de solteiro... – falei aos pratos, enquanto ele enxugava minhas lágrimas.

– Nessie, está tudo bem, você não acabou com a minha despedida de solteiro, ainda estão todos lá dentro, aproveitando a festa... – falou calmo.

– Todos, menos você!

– Eu realmente não me importo de estar aqui fora com você, afinal, você não está em condições físicas e psicológicas de ficar andando por ai, sozinha.

– Nada disso, eu estou super bem! – falei, tentando me levantar de seu colo, mas acabei caído em cima dele.

Sim, eu me esqueci de mencionar que eu estava como um bebê no colo do Jake.

Às vezes se embebedar tem seus benefícios.

– Eu estou vendo como você está “super bem!” – disse, fazendo uma careta. –Não consegue nem ficar em pé sozinha, quanto mais voltar pra casa, definitivamente eu não vou deixar você sozinha!

– Mas, Jake, eu vou me sentir mal por saber que fui eu quem tirou a sua última oportunidade de se divertir como solteiro! – falei, fazendo um biquinho.

– Quem disse que eu não posso me divertir com você? – ele falou, abrindo um sorriso malicioso.

É impressão minha ou tem uma pitadinha de maldade nessa frase?

– Ah, mas é claro que pode, é muito divertido ficar segurando no colo uma bêbada, com a maquiagem toda borrada, por que chorou feito uma condenada, na areia da praia, que fica logo ao lado da boate onde está rolando uma super festa, com direito a Stripers, que é a sua despedida de solteiro! – falei, fazendo toda uma encenação e ele riu.

– Você é uma bêbada borrada de maquiagem adorável, sabia? – proferiu, enquanto retirava uma mexa do meu cabelo que estava colada ao meu rosto graças às lágrimas.

– Já me falaram isso antes! – gabei-me, jogando meu cabelo pra trás.

A bebida realmente modificava o meu ego, por que se fosse a Renesmee normal, estaria vermelha feito um tomate.

– Mas então, vai mesmo ficar aqui fora comigo ao invés de aproveitar sua despedida de solteiro? – perguntei do jeitinho mais meigo que eu consegui.

– É, vou sim!

– Então tá, o que nós vamos fazer? – perguntei, enquanto ficava pulando no colo de Jake como aquelas criancinhas hiperativas.

– Primeiro, você vai ficar quietinha! – ele falou, segurando a minha cintura para que eu ficasse parada. – Segundo, que tal a gente conversar?

– Sobre o que exatamente? – perguntei com medo de sua resposta.

– Sobre o que aconteceu lá dentro!

– Você quer mesmo saber?

– Claro que sim, quero saber por que você bebeu feito louco e começou a tirar a roupa  na frente de todos aqueles caras do bar! – ele falou um pouco irritado.

– Jake, eu realmente não me lembro, foi como se não tivesse acontecido, só me lembro que depois da nossa “conversa” comecei a beber bastante, e depois me "empolguei" um pouquinho e comecei a dançar, e a partir daí, só me lembro de gritos, luzes e rapazes.

– Ok, mas por que você bebeu daquele jeito? Você nunca foi de beber tanto a ponto de quase entrar em coma alcoólico!

– Ah, Jake, também não exagera, não é? Eu nunca seria tão irresponsável a ponto de entrar em coma por causa de bebida. Mas eu bebi um “pouquinho” a mais por que... Er por que... Ah, Jake, por que eu quis! – falei, tentando não deixar transparecer o verdadeiro motivo de eu ter bebido tanto, ciúme!

Isso mesmo! Ciúmes de todas as coisas fofas que ele falou da Leah pra aquele tal de David, logo após ter me beijado!

Pode até parecer idiota, mas quem nunca afogou as mágoas com bebida?

– Nossa! Então você é assim agora? Quando você quer encher a cara, fica arrancando a roupa pra todo mundo? – ele perguntou irritado. – Bom, por que se for, acho bom você começar a tomar cuidado, por que se eu não estivesse lá, você correria o risco de ser violentada ou coisa pior, e tinha uma boa quantidade de mãos passeando pelo seu corpo.

Espera aí, ele estava com ciúmes?

Ah, não, agora eu vou provocar um pouquinho...

– Jake, eu já falei que você não precisa se preocupar comigo, eu já sou adulta e já posso me cuidar sozinha, além disso, talvez eu goste de ter umas boas quantidades de mãos passeando pelo meu corpo! – falei e automaticamente a expressão de Jake me fez gargalhar de tão engraçada, parecia que ele estava dizendo: ”Eu não acredito que ela falou mesmo isso!”. – Eu estou brincando, bobinho! Eu gosto do jeito que você se preocupa comigo, obrigada por cuidar de mim... – disse, aninhando-me em seu peito, feito um bebezinho, tenho que aproveitar as oportunidades, não é?

– Que bom, por que enquanto eu estiver por perto, vou cuidar de você... – falou, abraçando-me.

Nossa! Tudo seria tão mais fácil se ele fosse um pouco menos fofo!

– Então, eu espero que você esteja sempre por perto...

– Se depender de mim... – disse, dando de ombros.

– Mas não depende só de você, daqui a duas semanas você vai estar casado e mais nada vai depender só de você Jake... – disse, abaixando a cabeça e fitando minhas mãos.

– Não quando o assunto for você! – falou, levantando meu rosto para encará-lo. – Nessie, será que é tão difícil pra você entender que eu só vou me casar? Não ser preso, nem morto, mas só me casar?

Pra mim é como se você tivesse morrido – pensei.

– É que às vezes eu sinto que eu vou te perder de novo, Jake... – falei, fazendo uma voz de choro e apertando seu corpo mais ao meu.

– Ei, quantas vezes será necessário te dizer que você nunca vai me perder? –ele perguntou, sorrindo pra mim.

– Você poderia repetir várias vezes pra eu ter certeza, não acha? – perguntei, fazendo biquinho e ele riu, eu era definitivamente muito manhosa bêbada!

– Você nunca vai me perder, Renesmee Cullen, por que eu sei que sem mim você não vive! – ele falou, fazendo cara de metido.

– Seu bobo! – falei, dando-lhe um tapinha no braço e arrancando-lhe um belo sorriso. – Mas você tem razão, eu não vivo sem você, por que eu te amo! – falei, pedindo a Deus que ele entendesse o sentido da frase “eu te amo”.

– Eu também te amo, minha bêbadazinha borrada de maquiagem! – ele falou e por um minuto, meu coração se encheu de esperança. – Se não amasse, como permitiria que você fosse a minha madrinha? Você é muito especial pra mim, por isso quero que faça parte desse passo importante que eu vou dar...  – ele falou todo orgulhoso. E lá se foi a minha esperança!

– Hum, você também é muito importante pra mim, Jake, fico feliz em estar te ajudando... – falei, encolhendo meu rosto em seu peito, deixando uma pequena lágrima escapar, por perceber que se eu o quisesse de volta, teria que me esforçar muito mais.

De repente, instalou-se um silêncio, que chegava ser perturbador, entre nós, então, decidi começar outro assunto...

– Você está sentindo? – perguntei de olhos fechados, encostada em seu ombro.

– O que eu deveria estar sentindo? – indagou confuso.

– Essa brisa de praia... – falei ainda de olhos fechados. – É tão boa, não é? Acalma-me, parece que os problemas somem...  – falei, sorrindo. – Meu pai costumava me trazer na praia toda sexta-feira à noite, era como uma terapia pra mim...  – recordei-me das lembranças da minha infância. – Quando eu era pequena, meus pais costumavam brigar muito, e na praia era o meu refúgio, o único lugar onde eu tinha paz. – falei, sorrindo. – Meus pais costumavam brigar por motivos extremamente banais, parecia que a correria do dia a dia os fazia esquecer o verdadeiro motivo de estar juntos, o amor que sentiam um pelo o outro... – falei e virei para encará-lo. – Mas por uma obra do destino, quando eu tinha seis anos, nós sofremos um acidente de carro, meus pais ficaram bem, tinham ferimentos leves, mas eu acabei me machucando muito gravemente e acabei ficando em coma, e eu fico feliz por isso... – falei, sorrindo.

– O que? Como assim, você fica feliz por ter ficado em coma? – Jacob perguntou aparentemente horrorizado e eu ri da confusão que provavelmente estava em sua cabeça.

– Eu não fiquei feliz por ter ficado em coma, Jake, fiquei feliz pela consequência que isso trouxe, não só pra minha vida, como para a dos meus pais... –falei, encarando seus lindos olhos negros. – Graças a Deus, um mês depois do acidente, eu consegui me recuperar totalmente, e quando recebi alta e fui pra casa, o ambiente onde eu vivia estava totalmente mudado, meus pais não eram aqueles dois adultos estressados que viviam brigando, eram dois jovens apaixonados, aqueles dois jovens que minha mãe costumava me mostrar no seu álbum de casamento, os que eu me inspirava pra lutar e ter certeza que um dia encontraria alguém que me amasse como eles se amam... – falava, enquanto Jake me fitava interessado. – O meu acidente, Jake, fez com que minha família ficasse unida de novo, mostrou aos meus pais que a vida é muito curta pra ser desperdiçada com brigas, ao invés disso, deveriam demonstrar seu amor um pelo outro, enquanto ainda havia tempo, pois ninguém sabe o que pode acontecer amanhã, o meu acidente foi um dos motivos pra eu ter me tornado médica, por que um dia, eu queria ajudar uma pessoa como aqueles anjos me ajudaram! – falei, já sentindo meus olhos marejados. – E muitas vezes, a vida pode parecer injusta, cruel, pode te tirar uma coisa que você ama muito, mas tudo tem um motivo, talvez se aquele acidente não tivesse acontecido, meus pais provavelmente estariam separados e eu não estaria onde estou agora, como uma médica...

– Uau, Ness, eu nem sei o que dizer, eu nunca soube disso, por que você nunca me contou essa história?

– Por que ainda não era à hora...

– E por que agora é? – ele perguntou meio confuso.

– Por que você vai se casar, Jake! Eu estou tentando te amostrar que o casamento não é esse conto de fadas que você está pensando, se você não amar a Leah, realmente pode ser apenas uma perda de tempo, pode atrapalhar a sua vida e te impedir de tomar decisões que podem ser as certas, eu estou tentando fazer você ver que mesmo amando outra pessoa, você vai encontrar dificuldades no caminho, mas o amor, pelo menos o verdadeiro, consegue superar os obstáculos, mas se você nem a ama, como você vai aguentar tudo isso?

– Nessie, eu...

– Não, Jake, nada de “Nessie, eu...”, isso é uma coisa muito séria, é a sua vida que está em jogo, só vou te fazer uma pergunta, bem simples, e prometo que essa será a última vez, ok? Só me responda com sinceridade... – falei, encarando-o séria. – Você ama a Leah? Você realmente a ama, a ponto de morrer por ela?

– Ness, eu realmente não sei...

– Como assim, você não sabe? Eu acabei de te...

– Renesmee, me escuta, tá bom? – falou, interrompendo-me. – Quando eu pedi pra Leah casar comigo, eu realmente pensava que a amava, realmente acreditava que nós tínhamos algo que poderia dar certo, mas eu não sabia o que me aguardava no futuro, desde alguns dias atrás, eu tenho andado confuso, sem saber o que eu realmente quero, pois houve um acontecimento inesperado na minha vida, que mexeu com todas as minhas estruturas, com a minha cabeça, com os meus pensamentos e principalmente com o meu coração.

– Que acontecimento foi esse? – perguntei curiosa

– Você... – disse e na mesma hora, eu fiquei desarmada, sem respostas. Quando eu pensei em falar algo, aconteceu uma coisa, que eu realmente não esperava...

Jake me tomou em um beijo desesperado. O gesto dele era tudo que eu mais desejava fazer, então, rendi-me ao momento, enquanto seus lábios buscaram os meus com urgência, meus braços subiram até a altura do seu pescoço, quase como se eu quisesse agarrar o momento, fazendo-o ficar para sempre ali, junto a mim, uma de minhas mãos deslizou até seu peito, podendo assim, sentir seu coração, que batia em perfeita sintonia com o meu. Uma de suas mãos envolveu minhas costas, apertando-me contra o seu corpo, enquanto a outra se encaixou na minha mão, que estava depositada em seu peito, senti calafrios na minha espinha quando nossos dedos se entrelaçam perfeitamente.

O beijo havia se tornado tão carinhoso que envolvia meu coração.

Estava tudo perfeito! Como em um conto de fadas, mas eu sabia que teria que acordar, só não queria que fosse agora.

Ele foi separando-se de mim, depositando leves selinhos em meus lábios com sua boca macia e doce, que eu poderia beijar pelo o resto da minha vida, não me importaria.

Eu permaneci alguns minutos de olhos fechados, com nossas testas coladas, ouvindo apenas o som da nossa respiração levemente alterada.

– Nessie, desculpe-me por isso, é que eu realmente não consegui me controlar e...

– Não se desculpe! – falei, interrompendo-o. – Se você não fizesse, eu faria! –falei com toda naturalidade.

De onde veio essa coragem, Renesmee Cullen?

– O que? – perguntou incrédulo.

– Isso mesmo que você ouviu... – falei séria. – Jake, eu só queria que você soubesse que ter te reencontrado, fez o meu coração bater de novo, você é e sempre foi muito importante pra mim, e nesses dias que nós passamos juntos, eu só pude perceber mais e mais a pessoa maravilhosa que você é! Mas o que eu realmente queria que você soubesse é que eu...

– AH! SOLTE-ME! – ouvi um grito que me interrompeu.

Deus, eu mereço! Da próxima vez que eu estiver abrindo o meu coração, nem se um meteoro cair na terra, eu paro!

– O que foi isso? – perguntei assustada pro Jake.

– Não sei, parece que o barulho ta vindo de lá. – Jake apontou.

– SOCORRO, LARGUE-ME! – ouvimos uma voz feminina gritar, e enfim, avistamos três pessoas, dois homens e uma garota.

– Nessie, fica aqui que eu vou ver o que está acontecendo. – Jake falou, levantando-se e me colocando sentada na areia.

– Não, Jake, não vai, pode ser perigoso! – sussurrei, tentando puxar a barra da sua calça, mas não deu muito certo e acabei batendo na areia.

Jake já estava um pouco longe do meu campo de visão, ele já estava bem perto de onde estavam as três pessoas.

Então, decidi me levantar e ir atrás dele, já que poderia ser perigoso, não o deixaria ir sozinho, não é?

– JAKE! – gritei, correndo em sua direção antes dele chegar perto daquelas pessoas, até então, desconhecidas.

– Nessie, eu não falei pra você me esperar lá? O que faz aqui?

– Jake, você não sabe quem são, pode ser perigoso, vou com você e ponto final! – falei, cruzando os braços, feito uma garotinha mimada.

– Tudo bem, mas vai atrás de mim!

– Ok... – apenas concordei.

– POR FAVOR, SOLTE-ME! – gritou a menina mais uma vez, já em prantos, enquanto os dois rapazes riam do sofrimento da garota.

– Vocês ouviram a garota, solte-a! – Jake falou autoritário, e na mesma hora, um dos rapazes soltou a garota, e veio encarar Jake.

– Por quê? Você a conhece? – perguntou, arqueando as sobrancelhas.

– Não te interessa, apenas solte-a!

– Eu acho que esse assunto também não te interessa!

– É, Jake, vamos embora daqui! – falei, puxando seu braço inutilmente, pois ele se soltou com muita facilidade, ainda fuzilando o garoto.

– A garota está certa, “Jake”, vai embora, aqui não tem nada que te interesse.

– Por favor, não me deixe aqui sozinha com eles! – pediu a menina, chorando, chegava a dar pena, ela parecia ter uns 16 anos, enquanto os garotos pareciam ser bem mais velhos, por volta de uns 22 ou 23 anos.

– Quando você decidir soltar a garota, eu vou embora! – Jake cruzou os braços e ficou parado, encarando o garoto.

– Cara, você não desiste, hein?! – ele falou e olhou pra trás, acho que pensou em soltar a garota, mas de repente, olhou para Jake e me viu atrás dele, um sorriso safado surgiu em seus lábios. – Tudo bem, então, se você quer tanto essa idiota aqui, pode ficar com ela! – ele falou, tirando a menina das mãos do outro rapaz e jogando em cima de Jake. – Mas eu vou ter que ficar com ela! – falou, puxando-me.

– Solte-me, seu idiota! – falei, enquanto tentava me livrar dos seus braços, que estavam em volta da minha cintura.

– Você é bem nervosinha, hein? – ele falou com aquele mesmo sorriso nojento de antes. – Mas eu não ligo, essas são as minhas preferidas! – ele disse e avançou nos meus lábios, virei meu rosto rapidamente para que aquela sua boca imunda não se encostasse à minha, porém, em segundos, eu já não tinha braço nenhum envolta do meu corpo, eu só vi o garoto jogado na areia da praia e Jake em cima, acertando socos em seu rosto.

Eu ainda estava parada, olhando a cena sem saber o que fazer, até que vi o outro garoto surgir com uma faca. Ele estava indo pra cima de Jake, que no momento, estava de costas para ele.

– JAKE, CUIDADO! – gritei desesperada e Jake automaticamente se virou, dando tempo dele segurar o rapaz, antes dele enfiar a faca em seu corpo.

– NESSIE, VÁ PEDIR AJUDA! – Jake falou e eu comecei a correr feito uma louca pela praia em direção a boate.

Cheguei lá em menos de dois minutos.

– QUIL! – comecei a gritar quando entrei. – QUIL! – gritei mais uma vez quando avistei o garoto num grupo de rapazes, conversando.

– O que houve, Renesmee? Você está mais pálida que o normal.

– O Jacob se envolveu numa briga com dois garotos na praia e um deles tem uma faca, você precisa ajudá-lo, Quil, ele pode se machucar! – falei desesperada.

– Está tudo bem, mostre-me onde ele está! – ele falou e eu fui correndo em direção a praia, Quil veio logo atrás de mim e um grupo de rapazes seguia-o.

Chegamos ao exato momento em que o garoto iria machucar Jake com aquele objeto pontiagudo.

Quil tirou o garoto de cima de Jake, enquanto os outros meninos foram quase arrastando o outro de lá.

– Pra onde vocês vão levar eles?

– Pra delegacia, Ness. – Quil respondeu.

– É melhor mesmo! – disse finalmente mais calma, e só ai, eu me lembrei que Jake poderia estar machucado... – JAKE! – gritei, correndo em sua direção, enquanto ele permanecia sentado na areia da praia, com uma cara não muito boa. – Jake, você está bem? Tá machucado? – perguntei preocupada.

– Tá tudo bem, Nessie... – falou, dando um sorriso amarelo, mas não me enganou por muito tempo, rapidamente ele fez uma careta e colocou a mão na barriga, exatamente onde se localizava as suas costelas – Ai... – reclamou ele, provavelmente de dor, e quando retirou a mão do local, estava todo ensanguentado e eu rapidamente me aproximei para ver a gravidade do ferimento.

– Jake, tira a blusa! – quase ordenei.

– Por quê?

– Por que eu preciso ver esse corte, tira logo essa blusa! – falei um pouco mais alterada.

– Tudo bem! – ele falou, desabotoando calmamente botão por botão, o que já estava me deixando impaciente, aproximei-me dele e com um puxam fiz todos os botões abrirem, o que fez Jake olhar-me assustado.

– Nossa! Isso está horrível! Vamos lá pra casa que eu vou cuidar disso... – falei, enquanto o ajudava a levantar. – Empresta-me o seu carro?

– Ei, espera aí! – ele falou, livrando-se dos meus braços. – Eu não vou deixar uma garota bêbada, levar-me pra casa, dirigindo o meu carro!

– Jake, pára de bobeira, você está machucado e eu nem estou tão bêbada assim, o álcool não faz muito efeito em mim, eu já me sinto bem lúcida!

– Mas por via das dúvidas, eu dirijo. Nessie, eu nem estou tão machucado assim, é só um cortezinho! – falou, dando de ombros.

– Tudo bem!

[...]

– Ai! – Jake reclamou. – Seja mais delicada, Nessie!

– Jake, eu só estou limpando o corte, ainda nem vi se terá que levar ponto... –falei, enquanto limpava a ferida.

– PONTO? NEM PENSAR! – gritou, levantando-se.

– Jacob, pára de gritar, meus pais estão dormindo! – adverti-o. – E larga de frescura, está parecendo até um garotinho de seis anos!

– Tá, mas nada de pontos, Ness... – ele falou emburrado.

– Tudo bem, irei fazer apenas um curativo, já que o corte nem foi profundo... –falei. – Você deu sorte que ele não tinha uma arma... – brinquei e ele riu.

Enquanto tratava do ferimento de Jake, ficou um enorme silêncio entre nós, mas por pouco tempo, Jake fez logo o favor de acabar com ele.

– Nessie, eu queria falar sobre o que aconteceu na praia... – ele falou e eu imediatamente entendi o que quis dizer, mas tentei fugir do assunto.

– Sobre você ter sido um idiota, arriscando a sua vida por uma garota que nem se quer teve a coragem de te agradecer? Ela apenas saiu correndo e te deixou lá, achei muita burrice a sua...

– Não quero falar sobre isso, quero falar sobre o beijo... – ele falou, interrompendo a minha reclamação.

Quando eu ouvi a palavra beijo, gelei.

O que ele iria falar? Que foi um erro? Pedir desculpas? Eu realmente não queria falar sobre isso, não agora!

– Arg... Jake, eu tenho que descer pra jogar esses algodões fora, tá? – falei, levantando-me do banquinho que estava perto da minha cama. – Depois a gente conversa e...

– Não, Nessie, eu tenho que falar agora com você! – falou, segurando-me.

– Tudo bem... – assenti apenas, sentando-me e ficando calada, afinal não tinha outra opção, não é?

– Nessie, eu queria te falar que...

– Renesmee? – minha mãe perguntou, entrando no quarto. – Jacob? O que vocês estão fazendo aqui? – ela perguntou assustada. – Não era hoje a despedida de solteiro de Jake?

– Bom, mamãe, era sim, mas Jacob quis dar uma de “heroi” e acabou se machucando, e estou aqui, fazendo um curativo nele!

– Ok, então, querem alguma coisa? Um chocolate quente? Está meio frio hoje, não é? – minha mãe falou e eu sorri, ela ainda tinha aquele seu jeito fofo de antigamente.

– Eu aceito, mãe!

– Eu também, Bella.

– Tudo bem, eu trago aqui quando estiver pronto!

– Não precisa, mãe, pode deixar que quando eu terminar aqui, nós descemos.

– Então, tá...  – ela falou e saiu do quarto.

Levou mais ou menos uns cinco minutos até eu terminar o curativo de Jake.

E como era de se esperar, fiz isso no absoluto silêncio!

– Agora a gente já pode conversar? – ele perguntou, quebrando o silêncio.

– Bom, já terminei aqui, vamos descer pra tomar nosso chocolate? Deixe essa conversa pra depois, ok? – perguntei e nem esperei sua resposta, apenas caminhei até a porta.

Eu fui abrindo a porta e Jake veio atrás de mim.

Quando eu ia passar pela porta, senti uma mão me puxando de volta.

Eu girei cambaleante e fui direto ao encontro do corpo de Jake. Nossos lábios se encaixaram em um beijo. Fiquei tensa pelo choque, eu realmente não esperava isso, mas eu me recuperei logo quando ele colocou a mão em minha nuca. Com sua outra mão, fazia seus dedos passearem pela minha cintura, fazendo com que, os pelos do meu corpo se arrepiassem. Consegui erguer meus braços, no pequeno espaço entre nós dois, então, enlacei-os em seu pescoço. Era uma sensação tão boa ter ele pertinho de mim.

Fui me separando lentamente de Jake, pois já estava ficando sem ar.

– Será que agora a gente pode conversar?