POV James

– Eu não sei mais o que fazer Henry. – eu estava descendo as escadas para tentar colocar alguma coisa no estômago quando escutei a voz de Meg. Já fazia três dias que eu tinha descoberto tudo e não, as coisas não estavam melhores. Tudo o que eu conseguia pensar era em Lily. E só ficou pior quando Dorcas me devolveu o anel que eu tinha lhe dado de presente – Ela está sofrendo tanto que tenho medo que cometa alguma loucura. Eu não posso deixar a minha filha, mesmo que o que ela esteja fazendo seja um erro. Mas por outro lado eu não quero deixar você.

– Você ouviu isso? – Sirius estava parado na porta de seu quarto me encarando.

– Eu não acredito nisso. – mas no fundo, eu queria que fosse verdade. Eu queria que ela sofresse tudo que eu estava sofrendo.

– Você e eu sabemos que isso não é verdade. Se eu fosse você, ia atrás dela antes que fosse tarde demais.

– Digo o mesmo para você e Marlene.

– É isso que eu estou indo fazer. Sabe James, eu já errei tão feio com ela, e mesmo assim ela me perdoou... eu não quero perdê-la de novo.

– E eu não acho que deva. Mas você não foi traído como eu fui.

– Tem razão. Só não se esqueça que foi você que traiu primeiro.

– James, você precisa sair de casa. – Sirius me encarava, com a mochila nas costas. Mais de uma semana tinha se passado e eu ainda não conseguia sair. Prova disso é que eu não estava indo à escola. Não queria ser obrigado a agir como se tudo estivesse bem entre nós e ao mesmo tempo tinha medo de que ela pudesse me dar esperanças falsas. Mais uma vez– Se te interessa, ela não está indo as aulas também.

– Não interessa.

– Tudo bem, você finge que é verdade e eu finjo que acredito. Ainda se lembra do baile, não é? É no fim da semana.

– Eu sei. E estarei lá. Eu só preciso de mais um tempo para superar as coisas. – e como eu queria acreditar que isso era verdade. Pela cara de Sirius, percebi que ele também não havia caído na minha conversa – Eu só não quero falar sobre isso agora. Temos um acordo?

– Se você levantar a sua bunda da cama e me acompanhar no videogame, sim. – eu sabia que ele só estava tentando me animar, por isso resolvi fazer o sacrifício.

– Eu vou arrasar com você.

– Isso é o que nós veremos. – ele riu quando disparei a sua frente – James? É bom ter você de volta, cara.

POV Lily

– Eu desisto. Se você quer mesmo se mudar, nós mudaremos. Mas não consigo mais vê-la desse jeito Lily. Você precisa reagir! – minha mãe me olhava desesperada. Durante uma semana eu não comi, não fui à aula ou chorei. Era como se eu estivesse morta por dentro.

– Quando nós vamos?

– Assim que eu conseguir arrumar as coisas.

– Se for por causa de mim e de Joan, já consegui nossas transferências para o fim de semana, só falta você assinar. E nossa casa em Washington já está desocupada.

– Você já estava com tudo pronto?

– Eu ainda tinha esperanças que você fizesse a coisa certa.

– Porque você está me tratando desse jeito? – ela parecia magoada, mas eu não me importava. Nada mais importava na verdade.

– Olha mãe, eu não estou te obrigando a ir comigo. Se você quiser ficar, fique. Só que deve saber que uma vez que eu sair desse lugar, eu não volto nunca mais. Joan pode ir me visitar nas férias. – tentei soar forte, mas a verdade é que a possibilidade de ficar longe de minha bebê me matava.

– Você não vai sozinha. Eu sou sua mãe, e se o que precisa para ficar bem é voltar para casa, nós estaremos lá esse fim de semana.

Eu gostaria de ter dito a ela que eu nunca mais ficaria bem novamente, que eu sabia disso desde que deixei a Mansão Potter e James para sempre, mas não tive coragem. Eu já estava estragando a vida dela demais.

– Você sabe que fugir não vai melhorar as coisas, não é? – Mandy estava sentada na minha cama. Já era sexta e eu estava empacotando minhas coisas. Nos mudaríamos no domingo. – Você sempre foi a mais forte de todas nós priminha. E me machuca ver você desse jeito.

– Eu não posso mais. Talvez eu sempre tenha sido igual a minha mãe, fraca...

– Nem você nem sua mãe são fracas, vocês são humanas. Ao contrário da minha. E se tem uma coisa boa nessa mudança repentina é o fato de você não precisar morar com ela, aquela mulher é o capeta. – ela tentou fazer piada e tudo o que eu consegui foi esboçar um sorriso. – Lily...

Ela ia dizer alguma coisa, mas nesse momento escutamos a inconfundível voz de Marlene no andar de baixo:

– Estou subindo. – segundos depois ela estava me encarando furiosa – Eu não acredito que você está se mudando e nem fez o favor de me informar sobre isso, Lily Evans.

– Eu ia te contar.

– Quando? – eu não conseguia encará-la – Você não ia me contar, não é mesmo? Não até estar bem longe para que eu não tentasse fazer você mudar de idéia.

– Me desculpe Lene, mas é que eu já estou decidida. E não queria mais atrapalhar sua vida.

– Atrapalhar a minha vida? – ela me olhava magoada – Você não me atrapalha. Nunca. Você é minha melhor amiga e eu não quero que vá.

– Nem eu. – Dorcas estava parada na porta, nos encarando com os olhos chorosos.

– Eu amo vocês. – as abracei chorando – Eu só não posso mais ficar aqui. Não consigo.

– Se você tiver que ir, vá. Mas não nos deixe de fora de sua vida.

– Nunca. Além disso, vocês nunca foram à capital, não é mesmo?

– Nem pensar. Eu não vou. - Depois que James e eu brigamos, eu tinha esquecido completamente do baile, até ser arrastada para um salão no sábado de manhã.

– Faça isso por mim e Lene, como a última noite que teremos juntas. – Dorcas me pedia, tentando segurar o choro. Eu sabia que elas tinham gasto muito tempo com a minha campanha para que eu furasse de última hora, mas a possibilidade de ver James antes de partir só me deixava pior.

– Lene, eu nem tenho um par.

– Errado, agora você tem. – Lene me interrompeu – Charlie concordou em ir com você.

– Nem adianta dizer que eu não quero, não é mesmo? – suspirei desanimada.

– Não mesmo. Agora vamos te deixar deslumbrante para essa noite.

– Eu vou sentir saudades, ruiva. – Charlie me abraçou assim que saímos de casa em direção ao baile. Lene iria com Sirius e Dorcas com Remus. Eu estava feliz que pelo menos elas tivessem tido o seu final feliz.

– Eu também Charl. Mas hey, você e minha prima hein? Quem diria! – os dois estavam cada vez mais próximos e eu sabia que se mereciam.

– Ela é especial. Como você.

– E como você. – sorri para ele – Você é o melhor amigo que uma garota pode ter, sabia disso?

– Vamos, antes que eu esqueça que sou um homem forte e independente e comece a chorar como uma garotinha te pedindo para ficar. E a propósito, você está linda.