Love And Hatred escrita por Mary Ayumi


Capítulo 22
Teimosa


Notas iniciais do capítulo

Obrigada aos leitores maravilhosos que ainda não me abandonaram. Esse capítulo é curto, eu sei. Mas o próximo já está pronto, por isso postarei no fim de semana. Eu vou prestar o vestibulinho para entrar no colegial técnico no domingo por isso, desejem-me sorte ^^



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Gaara acabara de chegar do gabinete. Já eram oito da noite. Temari havia reparado que ele desenvolvera o hábito de voltar cedo do trabalho e trancar-se em seu escritório. Ela sabia que ele não fazia nada de excepcional lá, apenas lia, e pensava.

Era fato que ele estava cansado. Quando ela o encontrava via seus olhos perdidos, sombrios e sem vida. Ele ao passar do tempo continuava na mesma rotina, sua aparência atormentada era típica de alguém cansado que carregava algo pesado em suas costas.

Algo, decididamente, estava errado com Gaara. Uma separação não faria isso com uma pessoa, faria? Ele sempre agia em uma aura monótona, nostálgica, e apática.

Não havia o que se fazer. – Pensava Gaara enquanto deitava em sua cama. Havia sido completamente estúpido com essa história.

Como havia deixado se envolver assim? Ino era realmente encantadora. Sabia que nunca encontraria uma pessoa tão extraordinária como ela, mais olhe só, na encrenca que havia se metido. Um kazekage. Sim, era isso que ele era. E devia, obviamente, agir como tal.

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Ino deitada em sua cama olhava para um ponto qualquer na parede. Dia após dia, suportava tudo sem reclamar. Torturas que massacravam seu coração. Não podia se mostrar ferida. Não podia mostrar que estava machucada. Seu orgulho era maior que a dor. Nunca mostraria a ninguém o que estava sentindo, na verdade. Porém, no meio de toda aquela agonia, algo a confortava: Gaara, não queria deixá-la ir.

Ela passava longas noites em claro, forçando ao máximo para alimentar-se. Por mais que quisesse não podia usar soníferos para melhorar seus problemas de insônia. Temari sempre a reprimia quando a pegava tomando algum comprimido sem autorização médica.

Por um momento seus pensamentos se voltaram para Gaara. Nunca nem por um segundo sequer havia cogitado a idéia de sair daquela casa. Sair do lado de Gaara. Pertencia a ele, de corpo e alma, e mesmo que estivesse sofrendo não poderia abandoná-lo. Mesmo se ele não a quisesse, tudo bem. Ele sempre foi sua vida, e isso não mudaria nunca, por mais mal que ele a fizesse. Era óbvio que ela continuava amando-o como no primeiro dia que o viu.

Perdida em seus devaneios tolos e sentimentais não percebeu quando a porta se abriu e Temari entrou no quarto com uma expressão entediada, e por assim dizer, totalmente insatisfeita.

- Ino. – ela a chamou. A Yamanaka virou o pescoço preguiçosamente para olhá-la.

- Sim, Temari?

- Gaara, pediu que eu lhe avisa-se que ele aguarda você em seu escritório.

Ino a encarou perplexa. Engoliu em seco ao ouvir o nome do ruivo. – Gaara, quer me ver?

Temari soltou um risinho. – Sim, Ino. Gaara quer vê-la. Ele deve ter assuntos importantes á tratar. – ela disse como se estivesse falando com uma criança.

- Bom... – Ino suspirou mexendo-se impacientemente na cama. – Diga ao ruivinho que eu irei assim que estiver mais apresentável.

- Claro. – Temari assentiu caminhando em direção à porta. – Direi a ele. Só não demore muito, por favor. – e com isso ela saiu.

Ino ainda ficou alguns minutos encarando pateticamente a porta fechada. O que diabos Gaara, de uma hora pra outra queria com ela? Pedir desculpas era uma suposição totalmente medíocre e errada.

Com um pouco de esforço, guiado apenas pela curiosidade, Ino levantou-se da cama e foi se trocar. Estava com a camisola preta desde manhã. Colocou a primeira roupa que viu em seu guarda-roupa e desceu, temendo o que viria a cada degrau da longa escada.

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Bateu na porta do escritório de Gaara com receio. Aguardou alguns segundos e pode ouvir uma voz baixa gritar de lá:

- Entre.

- Obrigada. – sorriu de mal gosto, passando pela porta e a fechando logo em seguida.

Gaara sentava imponentemente em sua cadeira, porém, seu olhar vago e perdido, denunciava em partes a tormenta que vivia.

- Sente-se. – ele ordenou apontando para a poltrona vazia à sua frente.

Ino sentou-se. E depois de longos minutos de silêncio, ela o encarou com uma expressão curiosa. – Então ruivo, o que quer afinal?

Ele arfou abrindo a gaveta e tirando de lá um envelope bege com “Família Sabaku No” escrito em grandes e brilhantes letras douradas. Entregou-o para Ino.

- O conselho da vila está preparando uma confraternização para os membros do gabinete. Estão comemorando o tratado que assinaram com Konoha. – ele explicou.

- Isso é bom. – ela sorriu fracamente. – O tratado foi assinado com que cláusulas?

- Em troca de proteção. – Sentou-se mais ereto e continuou. – Konoha tem uma ótima equipe de medicina, você mesma sabe. E para nós, isso é por deveras proveitoso. Não queremos perder nossos guerreiros em batalha.

- Entendo. – ela assentiu colocando o envelope sobre a mesa de Gaara. – E por que razão está me informando isso?

– Como minha esposa, logicamente, você irá comigo. – ele exclamou mantendo o tom impassível. – Sei que é sua aldeia, e por isso creio, que tornará isso um pouco mais agradável.

Ela suspirou pesadamente. – Confesso-lhe que meu humor não é um dos melhores para confraternizações. Não quero, de forma alguma, ser um problema em seus negócios.

- Você nunca foi um problema.

Ela sorriu e colocou uma madeixa de cabelo atrás da orelha. – Eu sinto muito, e sei que isso é importante para Suna, mais realmente, não estou bem.

Gaara a encarou e desviou o olhar do dela massageando as têmporas. – Yamanaka, acredite, se eu tivesse escolha, com certeza não a obrigaria à isso, porém, eu mesmo que não queria estou ordenando que vá.

- Poderia me pedir de um modo mais gentil, no mínimo. – ela bufou estreitando os olhos.

- Sempre soube, desde o começo, que eu não fazia o tipo gentil. – ele entrelaçou os dedos a encarando mais profundamente. – Sabia desde o começo que eu não era como Sasori, Chouji ou Shikamaru.

- Eu nunca pedi que fosse como eles.

- Não foi o que me pareceu, Ino. – ele deu por encerrada a conversa. – Nossos assuntos acabaram. A festa será amanhã a noite. Não se atrase, não quero inconvenientes.

- Claro, senhor Kazekage.

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- Temari, você tem que ir. – Ino conversava com a cunhada enquanto voltavam para casa após fazer compras na feira que havia pelas redondezas. – Não quero ficar sozinha junto com os membros do gabinete.

A Sabaku deu um sorriso. – Não se preocupe, Gaara vai ficar com você.

Ino bufou olhando para o lado. – Duvido muito. – ela disse com desdém. – Matsuri me disse que irão muitos representantes querendo assinar acordos sobre troca de mercadorias.

- Não ouça o que ela diz. – Temari alertou. – Você bem sabe que Matsuri faria todo o possível para mantê-la longe de Gaara.

Ino arfou tristonha. – Ela deve estar muito feliz com o acontecido. Eu realmente não sei como Gaara não a escolheu como esposa. Afinal, ela sabe muitas coisas sobre as finanças da vila, tem uma boa aparência, e trata-o muito bem.

- Não se deixe iludir, Ino. – A cunhada tocou de leve o seu braço. – Matsuri pode ser tudo isso. E é exatamente esse tipo de coisa que Gaara nunca quis numa esposa. Ele sempre me diz que as finanças da vila são exclusivamente assunto dele, em questão de aparência e tratamento, você ganha dela sem sombra de dúvida.

Ino deu um fraco sorriso. – Obrigada Temari.

- Oh não, não se cabule. Eu realmente estou dizendo a verdade. Por mais que Matsuri seja por deveras, muito eficiente, não teria condição nenhuma de Gaara casar-se com ela.

- Tema, confesso-lhe que estou com receio desta festa. Os membros do gabinete são pessoas que reparam muito nas atitudes. E como estarei com Gaara, seremos o centro das atenções.

- Isso posso assegurá-la que sim. – Temari soltou uma risadinha tímida. – Não quero deixá-la ainda mais nervosa. Mais os anciãos são realmente, muito observadores.

- Você e Shikamaru irão, não é? – Ino perguntou esperançosa. Temari pensou por um momento e Ino insistiu. – Oh Tema, diga que sim! Vou precisar de você lá.

- Ok Ino. Eu irei. – A Sabaku deu-se por vencida. – De qualquer modo, serei obrigada a participar. Shikamaru foi chamado, pois pelo que sei, Suna queria saber como funciona as habilidades estratégicas dele.

- Que ótimo. – exclamou Ino. – Isso seria muito proveitoso para ele.

- Pois é... Concordo com você.

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A noite estava agradável. Não estava fazendo frio nem calor. Era um daqueles dias em que você não sabe ao certo a temperatura. Algo que Ino apreciava, afinal, em Suna geralmente a maioria dos dias eram de um calor insuportável e a noite de um frio congelante. Suna sempre foi a aldeia dos extremos. Sempre foi oito ou oitenta. Ino gostava disso até certo ponto. Depois de tudo aquilo que houve entre ela e Gaara ela estranhamente começou a odiar mais coisas do que se lembrava. Ela não suportava flores, sol, vento, areia... e uma outra lista infinita de coisas. Temari também havia percebido isso, mais o que ela poderia fazer afinal, Ino já era bem grandinha para cuidar dela mesma, não é? Pois bem, não parecia que era...

- Eu estou péssima! – A Yamanaka choramingava baixinho enquanto encarava seu reflexo no espelho de corpo inteiro. Temari suspirou revirando os olhos.

- Ino! Será que você é cega? Você está maravilhosa. – Temari tinha razão. Ino estava extremamente graciosa com um vestido roxo de ceda até os joelhos, os cabelos soltos levemente enrolados nas pontas e uma leve maquiagem que acentuava sua beleza. A barriga já aparecia levemente por baixo do tecido de ceda.

- Não precisa mentir para mim, Temari. – Ino sussurrou baixo saindo da frente do espelho e caminhando até a sua cama. Sentou-se exausta, suspirando pesadamente enquanto apertava o máximo possível os olhos.

Passou algum tempo assim. Imóvel. Com um respirar totalmente silencioso.

- Não seja boba, Ino. – Temari murmurou sentando-se ao lado dela. – Você sabe que não pode continuar vivendo assim.

- Eu não estou vivendo, acredite.

- Tudo bem. Temos alguns minutos ainda. Pode ficar sozinha por enquanto, se quiser. Eu vou descer para apressar Shikamaru. Volto depois para chamá-la, ok?

- Sim. – Ino assentiu. – Obrigada.

Ino apreciou o silêncio quando viu Temari sair. Não queria mesmo ir naquela festa inútil com Gaara. Tudo aquilo era só questão de formalidades, nada extremamente importante na opinião dela, mas... o que podia fazer. Isso também tinha a ver com Konoha.

                    ******************

O lugar não estava lotado mais tinha uma grande quantidade de pessoas. Todos muito bem vestidos e apresentáveis. Era uma festa bastante formal, praticamente uma confraternização oficial. Suna e Konoha haviam assinado um tratado em troca de proteção. Ino achava irrelevante mais admitia que havia ficado chateada por não ser informada do que acontecia em Konoha, afinal, por mais que estivesse morando em Suna há mais de dois anos, Konoha continuava sendo sua aldeia natal. 

Ino passou pela porta de vidro da entrada segurando firmemente o braço de Gaara. A atenção da maioria das pessoas presentes se voltou para o casal. Oh, como eles estavam lindos juntos. Porém, Gaara não estava gostando nada daquela situação. Procurou andar o mais apressadamente possível até a mesa reservada para a nobre família Sabaku no canto mais afastado do salão. Dalí eles tinham uma ótima visão geral de todo o salão e podiam ver claramente quem entrava ou saía. Dalí Ino via também algumas garotas de Konoha sussurrarem entre si algo sobre “Como Ino conseguiu casar com o kazekage?”. Ela tinha vontade de ir até lá e socar todas elas, mais lembrou-se de quem era, e do sobrenome que carregava por isso apenas respirou fundo e tentou ao máximo ignorar aqueles comentários idiotas.

Logo Ino viu um homem de cabelos loiros muito bem vestido se aproximar. Jurava que assim, ao longe, ela quase não reconhecia quem era. Naruto estava extremamente diferente desde a última vez que ela o vira. Tinha uma pose muito mais formal e respeitosa. Ela se lembrava de ter ouvido que ele se tornara Hokage mais não sabia que ele havia mudado tanto.

- Ino. Gaara. – ele exclamou animado aproximando-se da mesa com uma taça de champanhe. – Como estão?

- Muito bem, Naruto. E você? – Ino murmurou com um belo sorriso. Ele meneou de leve a cabeça afirmando.

- Estou bem. – Naruto murmurou e seu olhar se voltou para um homem de cabelos brancos parado em um canto do salão lendo um pequeno livrinho. – Kakashi! – ele gritou. – Oh, por favor. Podem me dar um minuto. – ele pediu se voltando para Ino e Gaara que assentiram ao mesmo tempo.

- Ino, venha comigo. Preciso falar com Hiroshi. – Gaara sussurrou se levantando. Ino assentiu prontamente e se levantou também. Sabia que aquilo não era um pedido. Ele nunca pedia.

- Sr. Kazekage. Que enorme prazer em vê-lo. – O homem disse fazendo uma sutil reverencia. Ele se vira e encara Ino. – E senhorita...?

- Sabaku. Sabaku no Yamanaka. – ela responde com um sorriso de canto.

O homem a olhou chocado por um momento. – Você é a esposa de Gaara? Kami Sama! Quer dizer então que o kazekage foi laçado?

Ino tentou ao máximo segurar o riso. – Eu não diria assim, senhor Hiroshi. Gaara teve seus motivos, de fato.

- Com certeza teve motivos, minha cara. – O homem continuou. – Se me permite dizer, você é belíssima.

- Muito obrigada. – ela falou enquanto o ruivo ao seu lado revirava os olhos, irritado.

- Teve muita sorte, Gaara. – Hiroshi murmurou olhando a mulher de cima a baixo. Ah sim, aquilo era demais. Como ele poderia ficar elogiando a esposa do kazekage assim?

- Sim. De fato, tive muita sorte. – Gaara falou de modo frio. Ino o observou de canto de olho. Sabia que ele estava nervoso. Ela sabia pelo jeito como seus lábios se curvaram e sua respiração ficava pesada e escassa.

Hiroshi sorriu. – Mas então Sr. Sabaku, sobre meus recentes investimentos em Konoha, estive pensando...

Gaara e o homem continuaram conversando e Ino não prestava a mínima atenção. Estava mais preocupada com a porta de entrada. Não havia visto Temari ainda. Será que ela de uma hora para outra resolvera não vir?

- Ino! – ouvira alguém chamá-la e virou-se lentamente para ver quem era. Era seu cunhado Kankurou.

- Pois não, Kankurou? – ela falou se aproximando do rapaz.

- Não quero interromper a conversa de Gaara, então diga a ele que já combinei com Baki-sensei e ele confirmou a viagem ao País do Vento. Terão que ir amanhã de manhã.

Ino o encarou perplexa. – Como assim viagem? Quem vai viajar afinal?

Kankurou suspirou. – Gaara terá que viajar amanhã. Ele tem alguns assuntos a resolver no País do Vento. Mas... ele não havia a avisado?

- Não. – Ino arfou encarando o chão pensativa. – Ele não disse...

- Eu ia dizer... Obrigado por fazer isso por mim Kankurou. – Gaara disse sarcástico aparecendo por detrás da Yamanaka. Kankurou tratou de sair de fininho.

- Você vai mesmo viajar? – perguntou Ino pesarosa.

- Sim. Tenho que ir. São assuntos importantes. Decididamente importantes.

Ino virou lentamente a cabeça encarando os olhos esverdeados de Gaara. Ele não expressava absolutamente nada. Nem ódio, nem emoção alguma, ele era um completo posso de frieza.

- Deixe-me ir com você. – Ino sussurrou abraçando o marido. – Por favor.

- Ino, são seis dias de viagem. Entenda, você está grávida, seria extremamente imprudente de minha parte se deixasse você ir.

Ino bufou. – Não seja bobo, Gaara. Isso não me fará mal algum. Podemos parar para descansar no caminho, então.

Gaara respirou fundo apertando Ino mais contra si. Como ela era teimosa. Será que ela não entendia que na verdade seu maior desejo era largar tudo e ficar apenas com ela? Sem pensar em nada. Mas não, ele não podia fazer isso. E ela? Sim, ela tornava tudo mais difícil.

Ino olhou rapidamente em volta. – Você por acaso viu Shikamaru?

- Não. Nem me interessa ver. – Respondeu seco com uma visível expressão irritada.

Ino revirou os olhos e se afastou dele. – Gostaria que você se preocupasse mais com as pessoas, Gaara.

- Eu me preocupo com você, já é o bastante.

Ino sorriu sutilmente. Não tinha condições nenhumas de tentar mudar Gaara. Ele sempre seria assim. Grosso, irônico e frio.

- Ótimo. Então amanhã vamos viajar. Que hora está pensando em sair? – Ino falou.

- Vou sozinho. – Gaara exclamou com raiva. – Quantas vezes mais terei de repetir?

- Francamente Gaara. Você está sendo estúpido. Eu vou com você, sim!

- Não vai Yamanaka! – Respondeu decidido com os olhos focados nela. Haviam até se esquecido onde estavam – É perigoso.

- Perigoso? Ah Gaara, poupe-me. Você não sabe nem inventar uma desculpa decente. Porque você não vai cuidar da sua vida?

Ele sorriu, se aproximou dela e sussurrou em seu ouvido. – Eu estou tentando mais ela é muito teimosa.


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