Muito Bem Acompanhada escrita por MsWritter


Capítulo 2
a Família




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            O dia já tinha amanhecido há algumas horas. Pepper tinha tentado em vão cochilar, descobrindo que era impossível devido ao nervosismo. Ela se perguntava como Tony podia estar tão relaxado, dormindo desde o momento em que o avião partiu. Mal sabia ela que Tony estava simplesmente de olhos fechados desde que decolaram. Tony não queria conversar com ninguém, não queria ver ninguém. Não queria ver as aeromoças, não queria ter que decidir o que ia comer, o que ia beber, nada. Principalmente, não queria encarar Pepper. Ele estava se sentindo estranho, aéreo, vazio. Relutou muito em admitir para si mesmo, não admitiria nunca para ela, então preferiu fingir que dormia, porque sabia que no marasmo do avião acabaria falando o que não devia. Só que ele não percebeu que sua assistente estava tão nervosa que não perceberia aquilo tão cedo.

            Meia hora depois o avião tinha pousado. Pepper tocou o ombro de Tony suavemente, de certa forma surpresa com a facilidade com que o acordou:

            – Tony, chegamos...

            Ele começou a apalpar os bolsos. Pepper, em seu estado de ansiedade agudo só conseguiu rir da situação:

            – Sr. Stark, o que está procurando?

            – Aquele maldito papel que garante que eu não preciso ficar nu enfrente ao detector de metais e...

            Tony parou imediatamente de procurar assim que viu sua assistente com o tal documento na mão.

            – Ótimo, assim todas as mulheres do aeroporto não param para ver, de novo... – Ele disse, com um sorriso sarcástico no rosto.

            Pepper sorriu. Na verdade Tony não teve que ficar nu para entrar no avião, longe disso. Mas teve sim que tirar a camisa e dar milhões de explicações sobre o que era o dispositivo em seu peito. Depois de mais de vinte minutos de argumentação e uma ligação para um sonolento Coronel Rhodes, deixaram Tony passar, com milhões de pedidos de desculpas e uma recomendação direta para que ele passasse direto pelo detector de metais. Claro que ele não dispensaria essa regalia.

            Uma exaustiva hora no aeroporto, quarenta minutos tentando convencer Tony que não havia a menor necessidade de comprar um carro novo, meia hora para locar um carro que ele achasse razoável (o dono da locadora ofereceu o próprio), duas horas dirigindo e estavam finalmente adentrando a cidade natal de Pepper.

            O nervosismo tinha dado lugar a um sorriso vibrante, que Tony jurava nunca ter visto antes nos lábios de sua assistente. E aquilo apenas bastava para aquecer um pouco seu coração.

            Pepper sorria, apontando para os prédios ao longo da rua simples. Uma construção de dois andares que ela disse ter sido sua escola, uma praça, uma loja de suprimentos onde ela diz ter trabalhado durantes três verões, uma casa muito simpática que ela disse ser uma padaria, onde se faziam as melhores tortas do mundo todo:

            – A gente podia voltar mais tarde e ver se ainda é o mesmo padeiro. – Tony disse, simplesmente.

            – Sério? – Os olhos azuis de Pepper se arregalaram. Não era normal Tony fazer qualquer tipo de agrado que fosse.

            – Por que não? Eu já comi muitas tortas ao redor do mundo. Posso atestar se é a melhor ou não.

            Pepper deu um soco leve no braço dele, no fundo achando graça do comentário.

            – Eu deixo de ser seu chefe para ser seu namorado há menos de um dia e já estou apanhando... – Tony comentou, enquanto virava o carro para entrar em uma pequena rua, que o GPS indicava.

            Pararam o porsche na frente de uma casa que não era muito grande, mas longe de ser pequena, com uma cerca simpática ao redor de um extenso e bem cuidado gramado. Pelo padrão das construções que Tony viu ao longo do caminho, estava claro que apesar de não gozar de uma grande fortuna, a família de Pepper devia ter muito prestígio na região.

            Antes que Stark pudesse concluir a linha de raciocínio, no entanto, sua leal assistente-agora-fingindo-ser-sua-namorada já tinha saltado do veículo e estava prostrada na porta da frente, tocando a campainha. Tony respirou fundo, pegando algumas das primeiras malas que estavam mais a mão, para descer do carro e se juntar a ela.

            Quando estava no meio do caminho feito de pedras brancas no gramado, percebeu que alguém tinha aberto a porta e estava abraçando Pepper aos pulos, gritando alguma coisa para as pessoas de dentro da casa.

            –Ginny! Que bom que você veio! – Gritava a loira saltitante. – Mãe! Vem ver!

            Tony ficou parado no meio do caminho, com as malas nas mãos, vendo com cara de bobo o alvoroço na porta da frente da casa.

            Prestando mais atenção, aquela definitivamente devia ser a irmã de Pepper. Era mais nova que ela, com certeza. Era um pouco mais baixa também, coisa que dava pra perceber mesmo com os pés da loira descalços, pulando dentro de um shorts jeans, uma camiseta regata e os cabelos loiros e lisos presos em um rabo-de-cavalo. Agora, parando para pensar, era uma roupa realmente estranha de se usar, visto que apesar do sol forte, estava frio o suficiente para ele estar confortável em seu terno e gravata.

            Depois de alguns minutos uma senhora muito elegante apareceu na porta, abraçando Pepper, com muito mais recato que a irmã. Em seguida um senhor, de cabelos já brancos, cujo abraço Pepper retribuiu com muito mais fervor. Tony ficou ali, parado, esquecido, sem saber como reagir.

            Uma eternidade depois, Pepper estendeu uma mão para o chefe-agora-namorado, fazendo menção de apresentá-lo para a família:

            – Minha mãe, Vitória, meu padrasto, John e minha irmã, Elizabeth...

            – Lisa! – A loira corrigiu, aproximando-se para abraçar o homem que não conhecia ainda.

            – Anthony Edwar... – Tony começou, tentando se apresentar, subitamente nervoso por estar em um ambiente familiar de verdade, pela primeira vez em anos.

            – Meu namorado. – Pepper disse em um tom baixo, como que ainda se acostumando com a mentira.

            Os dois mais velhos se entreolharam, sem acreditar muito na novidade. John estendeu a mão para Tony apertar:

            – Seja bem vindo, Anthony.


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